UM DRAMA SOBRE A DECADÊNCIA E A REDENÇÃO
Frank Galvin (Paul Newman) é um advogado em fim de carreira, alcoólatra, solitário e decadente, que passa os seus dias em busca de possíveis clientes em obituários de jornais. Teve quatro casos em três anos e perdeu todos. Seu melhor amigo, Mickey Morrissey (Jack Warden), lhe consegue um caso aparentemente simples que poderá equilibrar novamente suas finanças: Deborah Ann Kaye, uma jovem mãe que fora condenada à vida vegetativa após a administração de uma anestesia de forma inadequada durante o parto há 4 anos, em um hospital católico em Boston, que lhe causou um choque anafilático, sofrendo lesões cerebrais permanentes e a perda de seu terceiro filho. Um caso ao que tudo indica de negligência médica. A irmã e o cunhado de Debora desejam um ótimo acordo fora do tribunal assim como a arquidiocese que administra o hospital. Nenhuma das duas partes se mostra interessada em ir aos tribunais: a família que sabe ser um caso difícil de ganhar e o hospital que não deseja ver seu nome envolvido em escândalos.
Quando Frank visita Deborah e a vê presa a aparelhos, toma uma atitude precipitada: através do advogado sênior Ed Concannon (James Mason) é feita uma oferta de $210.000,00 (em torno de $600.000,00 nos dias atuais) e embora seja um caso típico de negociação entre as partes, Frank decide levar o caso a julgamento, sem consultar a família, confiante da vitória, pois possui um médico, Dr Gruber (Lewis J. Stadlen), que assegura poder comprovar no tribunal que a negligência ocorreu por parte dos dois médicos que estavam a frente do procedimento. E tudo começa a dar errado: o cunhado fica furioso com a recusa de Frank em não receber o dinheiro e Concannon agora deseja uma vitória contundente, que mostre a todos que pensem enfrentar o hospital futuramente que isto poderá ser um grande erro. Além disso, o julgamento é adiantado em 5 dias, seu depoente misteriosamente viaja para um local distante sem comunicação, o juiz do caso repreende Frank por sua má escolha e ainda mostra-se hostil. E uma das enfermeiras que trabalhava no hospital na época, e que preencheu a ficha de entrada da paciente, com informações cruciais, abandonou a profissão mudando para outro estado com paradeiro desconhecido. Agora o veterano advogado enfrentará uma instituição que possui vários advogados e um forte poderio econômico.
Em meados dos anos 70, Barry Reed, advogado americano, conseguiu cinco milhões de indenização decorrentes de um erro de diagnostico de um médico. Barry enfrentou o hospital ministrado por uma arquidiocese, um dos mais importantes advogados do ramo e aqueles que preferiam quer tudo fosse resolvido de forma amigável. Reed, posteriormente, transformou sua história em livro que se tornou um Best Seller servindo de base para o roteiro escrito pelo dramaturgo (autor teatral) e respeitado diretor de cinema David Mamet ("Jogo de Emoções" e "As Coisas Mudam"). Mas muita coisa aconteceu antes: Arthur Hiller foi originalmente contratado para dirigir, mas deixou o projeto porque não gostou do roteiro de David Mamet. Robert Redford também entrou no projeto. Depois que o escritor David Mamet entregou seu rascunho, Redford ficou desconfortável com o personagem principal alcoólatra e contratou outro escritor: o roteirista e diretor James Bridges iria escrever o roteiro do filme, e até mesmo dirigi-lo em um ponto, e acabou escrevendo vários rascunhos do roteiro. Bridges alegou ter deixado o projeto quando Robert Redford não gostara de nenhum de seus roteiros. Redford então decidiu que não queria mais fazer o filme. O projeto então foi oferecido a Sidney Lumet que leu todos os rascunhos e identificou a versão original de Mamet como aquela a ser feita. Lumet não leu o romance até depois de fazer o filme por causa do roteiro de Mamet.
O Veredicto (a escrita ainda hoje é correta, é aceito tanto veredito como veredicto) pode ser considerado mais um estudo de personagem do que uma mescla de suspense com drama / filme de tribunal. Lumet nos mostra de forma hábil a luta de um advogado contra o poder judiciário, a igreja e a instituição hospitalar. É uma luta estilo Davi contra Golias. Ao enfrentar uma corporação, ele luta também para resgatar sua vida: de um alcoólatra, para um ser humano livre do vício. O resgate de sua dignidade, a chance de provar e se provar não um fracassado, mas alguém que foi vítima de circunstâncias (um emprego perdido, um divórcio conturbado, uma injusta audiência de cassação). Seu idealismo o levou a desilusão, sendo injustamente acusado e punido e, sem perspectivas e abalado, fraquejou para o lado do álcool e do ostracismo. Frank aprendeu que normalmente igualdade e justiça não caminham juntas, mas lhe caiu nas mãos algo em que acredita poder fazer a diferença, mostrar que o dinheiro não vence tudo, em um caso que poderá lhe resgatar de uma vida que está quase perdida. E, nesse momento, surge ao mesmo tempo o amor e, novamente, o entusiasmo pela profissão.
Sidney Lumet (“12 Homens e uma Sentença”, “Um Dia de Cão”, “Serpico”, “Rede de Intrigas”, "O Homem do Prego"...) sempre saiu-se bem quando optou por focar seus filmes nas relações dos indivíduos e seus sistemas sociais, daqueles que não se adaptam as regras do jogo, sabendo criar com muita perspicácia um clima de tensão que vai crescendo aos poucos, se aproveitando das pausas, dos silêncios incorporados às cenas. Lumet nos mostra que enfrentar o poderio econômico é sempre uma das tarefas mais difíceis. Mostrado como corrupto e negligente, o sistema judiciário americano não viu com bons olhos o filme sendo divulgado em um formador de opinião tão poderoso como o cinema com juízes e advogados indo aos jornais criticar o filme. Paul Newman disse que o filme não era um ataque ao Sistema Judiciário, a Igreja ou Sistema Hospitalar. As instituições seriam um ponto de partida para o desenvolvimento de seu personagem. E o filme, que custara $12 milhões, alcançaria uma bilheteria global de $54 milhões concorrendo a cinco prêmios da academia e não conseguindo êxito em nenhuma das categorias. A bem da verdade, o ano de 1982 foi fértil em boas produções e O Veredicto, como os demais filmes, bateram de frente com o papa-estatuetas Gandhi (um ótimo filme) que tomou de O Veredicto os prêmios de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator. Fora outros grandes filmes que também levaram o prêmio: Melhor Ator Coadjuvante (A Força do Destino) e Melhor Roteiro Adaptado (Desaparecido, um Grande Mistério).
Quanto ao elenco, o que dizer de um filme que tem Paul Newman, James Mason, Jack Warden (um dos trios de interpretes mais respeitáveis do cinema) e Charlote Rampling nos papéis principais? Não podia dar errado. E não deu. Newman aos 58 anos foi a primeira e única escolha de Lumet. O filme foi construído em torno do ator que o fez de um modo crível tanto na decadência quanto na redenção. Seu personagem é visto incialmente bebendo, jogando pinball, uma alma perdida e desiludida frequentando funerais em busca de clientes. Um personagem cujas probabilidades estão contra si desde o início. Foi sua sexta indicação ao Oscar... e sua sexta derrota. Ganharia posteriormente um pelo "Conjunto da Obra" e outro com o filme "A Cor do Dinheiro". Último longa-metragem americano para um grande estúdio de Hollywood, estrelado pelo ator britânico James Mason. Mason queria trabalhar com Sidney Lumet novamente e, embora o ator tenha recebido a oferta do papel que acabou sendo interpretado por Jack Warden, Lumet não acreditava que ele quisesse fazê-lo. O ator ligou para o diretor e, quando Burt Lancaster, que deveria interpretar Concannon, desistiu, abriu o caminho para Mason. O ator brilhou no personagem de caráter duvidoso, arrogante e vaidoso que busca todos os meios de minar as possibilidades de Frank. Jack Warden fez o antigo sócio jurídico, melhor amigo de Frank e que o ajuda no caso. O filme reuniu Jack Warden e James Mason após coestrelarem "O Céu Pode Esperar" (1978). Como de hábito, Warden fez naturalmente e precisamente o que muitos atores tem muita dificuldade de fazer: um personagem crível, real para quem assiste aos seus filmes. Um ator que sempre brilhou em seus papéis, normalmente, de coadjuvantes. Warden foi o “Jurado nº 7” no filme “12 Homens e uma Sentença” de Lumet. Charlotte Rampling fez uma mulher, também alcoólatra, por quem Galvin se apaixona ao conhecê-la em um bar. Sua personagem parece sem muita importância, mas quando vemos o filme pela segunda vez já sabemos o quão importante ela será para a trama e porque trata Frank de uma maneira tão fria. O restante do elenco também é muito bom. Destaques para Joe Seneca (como o Dr. Thompson) que é desacreditado no tribunal; Milo O'Shea, interpretando um juiz obviamente tendencioso; Roxanne Hart (como Sally, irmã de Deborah); Julie Bovasso (como a veterana enfermeira Maureen Rooney) e Lindsay Crouse (como a jovem ex-enfermeira Kaitlin Costello Price). Atenção a um figurante no tribunal que se tornaria um grande ator: Bruce Wills, quando o juiz diz ao jurado principal que eles podem aumentar o tamanho do prêmio, Willis pode ser visto, atrás de Newman, sorrindo. O ator contracenaria com Newman em “O Indomável: Assim é Minha Vida” (1994).
Sidney Lumet (1924-2011) pegou situações que em outras mãos seriam previsíveis e transformou O Veredicto em um filme de alto nível. Lançado em 1982 o filme praticamente não envelheceu, pois o seu tema universal preenchido de traições e intrigas, e as grandes atuações do elenco, o tornam uma obra atemporal e indicada para todo o público. Na ótima versão original dublada, Paul Newman foi dublado pelo falecido ator Francisco Milani (1936-2005). Música de Johnny Mandel.
Trailer:
Curiosidades (contém alguns spoilers sobre o final do filme):
Frank usa colírio para esconder a vermelhidão nos olhos causada pelo alcoolismo. De acordo com o comentário do DVD de Sidney Lumet, essa foi uma ideia do próprio Paul Newman.
Depois que o veredicto foi anunciado no filme, o diretor Sidney Lumet filmou duas versões do final. Em uma versão, as cenas finais vistas são de Frank Galvin saindo do tribunal em uma série de planos gerais, nunca vendo o que acontece depois que ele sai do tribunal. Na versão utilizada, vê-se uma sequência após ele sair do tribunal.
Embora intitulado "The Verdict", o rascunho final original do roteiro de David Mamet não continha nenhum veredicto. O produtor Richard D. Zanuck comentou que o título exigiria um ponto de interrogação nos materiais publicitários, tornando-o "O veredicto?". Foi o diretor Sidney Lumet quem convenceu Mamet a adicionar um veredicto para que o filme pudesse ter um desenlace no terceiro ato.
Dois membros do elenco - Edward Binns e Jack Warden - interpretaram os jurados nº 6 e nº 7, respectivamente, em 12 Homens e uma Sentença (1957), também dirigido por Sidney Lumet.
Frank Sinatra se ofereceu para interpretar o papel principal de Frank Galvin de graça.
Julie Christie recusou o papel de Laura Fischer.
Roy Scheider era o favorito para Frank Galvin quando o diretor Arthur Hiller estava envolvido.
Vários atores de alto nível foram considerados ou queriam papéis neste filme em virtude da força do papel central principal. Estes incluíram Dustin Hoffman, Jon Voight, Roy Scheider, Frank Sinatra, Cary Grant, Robert Redford e William Holden.
Sidney Lumet disse que se alguém tivesse lhe enviado o livro para ler antes de ele decidir dirigir o filme, ele teria dito a eles que não havia como o material do livro ser adaptado para o cinema.
Como esse drama jurídico apresenta uma mulher em estado vegetativo permanente, o filme foi feito e divulgado logo após o caso legal de Karen Ann Quinlan dos anos 1970, que estava fresco na mente da consciência pública e recentemente havia sido o assunto do 1977 telefilme "O Direito de Matar: O Caso Karen Ann Quinlan" (1977).
[Junho de 2008] Classificado em 4º lugar na lista do American Film Institute dos 10 maiores filmes do gênero "Drama de Tribunal".
O desempenho de Paul Newman ficou em 19º lugar nas 100 Maiores Performances da Premiere Magazine.
O pôster principal do filme apresentava um longo preâmbulo em língua inglesa que dizia: "Frank Galvin tem uma última chance em um grande caso. Os médicos querem um acordo, a Igreja quer um acordo, seus advogados querem um acordo e até mesmo seus próprios clientes. estão desesperados para resolver. Mas Galvin está determinado a desafiar todos eles. Ele vai tentar o caso".
Os produtores Richard D. Zanuck e David Brown compraram a versão original do livro The Verdict, de Barry Reed, por US$ 150.000. Zanuck e Brown leram o livro uma semana antes de ser publicado pela primeira vez em 1980.
O co-réu Dr. Sheldon F. Marks, MD, interpretado por um ator não creditado, é o personagem principal do filme, como obstetra/ginecologista da sala de parto, mas não fala uma única linha de diálogo durante todo o filme. Ele aparece em segundo plano durante a sessão de ensaio, e cenas de julgamento, e em close-up apenas uma vez na cena final do tribunal por menos de um segundo.
Na cena de abertura e várias cenas depois, Frank Galvin está jogando uma máquina de pinball "Saturday Night Fever" em um bar. Julie Bovasso, que interpreta a enfermeira Maureen Rooney, apareceu como a mãe de John Travolta em Os Embalos de Sábado à Noite (1977).
Depois de O Emissário de MacKintosh (1973), este foi o segundo e último filme de Paul Newman e James Mason juntos.
No romance em que o filme se baseia, a oferta recusada de $ 210.000 é referida como "Guzinta" porque o valor "vai para" três, referindo-se à taxa de contingência de Galvin.
A câmera instantânea que Frank usa é uma Polaroid SX-70 com foco manual. Foi fabricado de 1972 a 1981.
O elenco do filme inclui um vencedor do Oscar: Paul Newman, e quatro indicados ao Oscar: Jack Warden, James Mason, Charlotte Rampling e Lindsay Crouse.
Neste filme, Jack Warden (Mickey Morrissey) faz uma massagem nos ombros de Paul Newman (Frank Galvin); em O Céu Pode Esperar (1978), Warden (Max Corkle) recebe uma massagem de Joe Pendleton (Warren Beatty).
Ambos os advogados, Galvin e Concannon, se envolvem em conduta antiética pela qual ambos estariam sujeitos a cassação. Galvin recebeu uma oferta de acordo da Arquidiocese, mas nunca contou a seus clientes sobre a oferta ou perguntou se eles queriam aceitá-la. Isso é uma conduta antiética e proibida por parte de um advogado. Seus clientes revelam que seu oponente, Concannon, contou a eles sobre a oferta de acordo. Quando um advogado sabe que uma parte é representada por um advogado, o advogado está proibido de falar diretamente com essa parte na ausência de seu advogado. Concannon também se envolve em conduta antiética quando paga Laura para se aproximar de Frank e aprender sua estratégia de julgamento e segredos, o que ela faz. Essa conduta também é expressamente proibida pelo Código de Responsabilidade Profissional dos advogados.
O ator Tobin Bell (Jogos Mortais) aparece, sem créditos, como observador do tribunal.
A última sequência não estava no roteiro. Sidney Lumet idealizou a cena com Paul Newman e Charlotte Rampling, querendo mostrar que Laura estava bebendo enquanto Frank não. Newman confirmou que Frank estava bebendo café no final. Isso serve para mostrar que Frank escapou de seu inferno pessoal, enquanto Laura se meteu em um. A recusa de Frank em atender o telefonema de Laura é sua recusa em ceder aos seus antigos vícios.
A cena final, em que Charlotte Rampling tenta entrar em contato com Paul Newman por telefone, pode ter sido inspirada por uma cena semelhante no final de Julgamento em Nuremberg (1961).
Tobin Bell e Bruce Willis
Paul Newman em A Cor do Dinheiro
James Mason em Intriga Internacional
Jack Warden em Muito Além do Jardim
Charlotte Rampling em Zardoz
Joe Seneca em A Encruzilhada
Roxanne Hart em Highlander - O Guerreiro Imortal
Julie Bovasso em Os Embalos de Sábado à Noite
Cartaz:
Filmografias Parciais:
Paul Newman (1925–2008)
O Cálice Sagrado (1954); Marcado pela Sarjeta (1956); O Mercador de Almas (1958); Gata em Teto de Zinco Quente (1958); Paixões Desenfreadas (1960); Exodus (1960); Desafio à Corrupção (1961); O Indomado (1963); Caçador de Aventuras (1966); Hombre (1967); Rebeldia Indomável (1967); Butch Cassidy (1969); Meu Nome é Jim Kane (1972); Golpe de Mestre (1973); Inferno na Torre (1974); Quinteto (1979); 41ª DP - Inferno no Bronx (1981); Ausência de Malícia (1981); O Veredicto (1982); Meu Pai, Eterno Amigo (1984); A Cor do Dinheiro (1986); O Início do Fim (1989); Blaze - O Escândalo (1989); Na Roda da Fortuna (1994); O Indomável - Assim É Minha Vida (1994); Estrada Para Perdição (2002)
James Mason (1909-1984)
O Castelo do Homem Sem Alma (1942); O Homem de Cinzento (1943); Amor nas Sombras (1944); Malvada (1945); Condenado (1947); A Sedutora Madame Bovary (1949); Na Teia do Destino (1949); A Raposa do Deserto (1951); O Prisioneiro de Zenda (1952); A Nau dos Condenados (1952); Ratos do Deserto (1953);Júlio César (1953); Nasce Uma Estrela (1954); 20.000 Léguas Submarinas (1954); Delírio de Loucura (1956); Intriga Internacional (1959); Viagem ao Centro da Terra (1959); Lolita (1962); O Aventureiro do Tahiti (1962); A Queda do Império Romano (1964); Gengis Khan (1965); Georgy, a Feiticeira (1966); Crepúsculo das Águias (1966); Duffy, O Máximo de Vigarice (1968); O Emissário de MacKintosh (1973); A Viagem dos Condenados (1976); A Cruz de Ferro (1977); Jesus de Nazaré (mini série - 1977); O Céu Pode Esperar (1978); Assassinato Por Decreto (1979); Resgate Suicida (1980); Assassinato num Dia de Sol (1982); Ivanhoé (1982); O Veredicto (1982); Dr. Fischer de Genebra (1984).
Jack Warden (1920–2006):
A Um Passo da Eternidade (1953); 12 Homens e uma Sentença (1957); O Aventureiro do Pacífico (1963); Árvore da Solidão (1971); Amor Feito de Ódio (1973); Shampoo (1975); Todos os Homens do Presidente (1976); O Grande Búfalo Branco (1977); O Céu Pode Esperar (1978); Morte Sobre o Nilo (1978); O Campeão (1979); Justiça Para Todos (1979); Muito Além do Jardim (1979); Dramático Reencontro no Poseidon (1979); Amor na Medida Certa (1981); O Veredicto (1982); Alice no País das Maravilhas (1985); Mais Forte Que o Ódio (1988); O Crime Que o Mundo Esqueceu (1990); O Pestinha (1990); O Pestinha 2 (1991); Sombras do Mal (1992); A Revolta dos Brinquedos (1992); Tiros na Broadway (1994); O Pestinha 3 (1995); Poderosa Afrodite (1995); Em Busca de um Sonho (1999); Virando o Jogo (2000).
Charlotte Rampling
Os Reis do Ié-Ié-Ié (1964); Os Turbantes Vermelhos (1967); Os Deuses Malditos (1969); O Asilo do Terror (1972); Henrique VIII e Suas Seis Esposas (1972); Giordano Bruno (1973); Zardoz (1974); O Porteiro da Noite (1974); Orca - A Baleia Assassina (1977); O Veredicto (1982); Coração Satânico (1987); Morto ao Chegar (1988); Asas do Amor (1997); O Jardim das Cerejeiras (1999); O 4º Anjo (2001); Vingança Final (2003); A Confissão (2003); Instinto Selvagem 2 (2006); A Lista: Você Está Livre Hoje? (2008); Missão Babilônia (2008); A Duquesa (2008); Melancolia (2011); Trem Noturno para Lisboa (2013); O Quarto Proibido (2015); 45 Anos (2015); O Sentido Do Fim (2017); Red Sparrow (2018).
Joe Seneca (1919-1996)
O Sequestro do Metrô (1974); Kramer vs. Kramer (1979); O Veredicto (1982); Justiça Selvagem (1984); Silverado (1985); A Encruzilhada (1986); Assassinato na Louisiana (1987); Revolução Estudantil (1988); A Bolha Assassina (1988); As Aventuras de Tarzan em Nova York (1989); Mais e Melhores Blues (1990); Mississippi Masala (1991); Malcolm X (1992); Alguém Para Dividir os Sonhos (1993); Tempo de Matar (1996)
Roxanne Hart
O Veredicto (1982); E o Céu Continua Esperando (1984); Highlander: O Guerreiro Imortal (1986); Choque Mortal (1988); Cenas De Um Assassinato (1997); Chicago Hope (seriado 1994 a 1998); Por um Sentido na Vida (2002); O Homem do Presidente 2 (2002); Cartas de Iwo Jima (2006); Salomé (2013); Deadly Lessons (2018)
Lindsay Crouse
O Veredicto (1982); Krull (1983); O Homem do Gelo (1984); Um Lugar no Coração (1984); Jogo de Emoções (1987); Estranhos Visitantes (1989); Horas de Desespero (1990); Segredos da Vida (1994); A Chave Mágica (1995); A Jurada (1996); A Invasão (1996); A Verdadeira História de Marilyn Monroe (1996); Prefontaine (1997); Tentação (1998); O Informante (1999); Impostor (2001); Instinto Secreto (2007); Somewhere Slow (2013)
Milo O'Shea (1926-2013)
Nas Sombras da Noite (1940); Grandes Esperanças (1946); Alucinação de Ulisses (1967); Romeu e Julieta (1968); Barbarella (1968); Escondendo a Grana (1970); Sacco e Vanzetti (1971); As 7 Máscaras da Morte (1973); Digby, o Maior Cão do Mundo (1973); O Herói do Pony Express (1977); Uma Aventura na Arábia (1979); O Veredicto (1982); Chama da Liberdade (1984); A Rosa Púrpura do Cairo (1985); Juramento Quebrado (1987); De Médico e Louco Todo Mundo Tem um Pouco (1989); Mamãe Não Quer que Eu Case (1991); Nó na Garganta (1997); O Desafio da Lei (1999)
Fontes;
The New York Times
The Guardian
Variety
BBC
IMDB
Jornal O Globo
Jornal do Brasil
Luís, td bem?
ResponderExcluirAchei que deveria rever O Veredicto antes de fazer qualquer comentário, por respeito ao tamanho desse que é e sempre será para mim um dos maiores filmes da história do cinema. Claro, me refiro ao cinema maior, aquele que nos faz refletir sobre nós e o mundo que criamos para viver. Mas, claro também, todas as palmas para o cinema entretenimento, que nos faz sonhar, rir, chorar, desopilar, enfim, nos ajuda a continuarmos tocando em frente as nossas vidas.
E dito isso, não haveria O Veredicto sem Sidney Lumet e David Mamet.
As tomadas, a condução das cenas, da montagem, das interpretações: tudo remete á mão do diretor. Some-se a isso a quase ausência completa de trilha sonora, a escolha cirúrgica do elenco, a ambientação ( a discrepância entre o luxo e a pompa do ambiente eclesiástico e o restante do mundo real é gritante ), nada estaria tão bem casado sem um grande diretor. E, coisa interessante, Lumet pareceu ter sido um profissional discreto, estrelismo zero diante de tantos bons trabalhos que encabeçou em sua carreira. Muito legal isso.
Já David Mamet passei a conhecer em Jogo de Emoções, excelente obra, excelentes interpretações. A partir dali sempre acompanhei o que ele produzia: O Sucesso a Qualquer Preço, O Assalto, As Coisas Mudam. Os diálogos ( e os silêncios, e os olhares ) em todas suas obras são precisos, dizem tudo. Seus roteiros exigiam atores bem acima da média, era implícito essa necessidade. Sim, e transparece a sua pesquisa de campo ( me falta o termo correto ), perfeita em O Veredicto ao emular corretamente as especificidades do meio médico e jurídico. E o eclesiástico, idem?
E quanto aos atores:
Paul Newman, um alcoólatra, de atos medíocres ( pior, sabendo-se como tal ), que de um discurso hesitante, trôpego ( quase como alguém reaprendendo a andar ) se agarra com toda obstinação á vaga convicção do que seria justiça para alcançar essa justiça, se provando maior que seu vício e seu passado de derrotas. Quem daria uma interpretação com essa verossimilhança? Sempre falo que o tempo dá o verdadeiro valor de um filme, então acho até constrangedor o prêmio de melhor ator daquele ano para Ben Kingsley, com Gandhi. Melhor filme então…
James Mason, ora vejam só, tenho que dar o braço a torcer, também nos brinda muito bem com o dissimulado e amoral Ed Concannon, mostrando claramente a todos que ainda têm dúvidas que um belo discurso, daqueles embasados na melhor retórica, melhor relativização dos fatos, com a mais fina circunstância e pompa não vale nada quando não é fundamentado em princípios, justamente a maior mensagem desse gênero cinematográfico.
Jack Warden está bem, seguro, ok.
Gostei de Milo O’shea, muito bom o seu papel. Ele me lembra um personagem de um dos filmes do Harry Potter, um que o sujeito vira rato, sei lá.
Lindsay Crouse não a reconheci de imediato, fez plástica no nariz para fazer Jogo de Emoções e era daí que lembrava dela.
Charlotte Rampling está ambígua, sedutora ( Meu Deus, que olhar! ) e também perfeitamente humana como a mulher que se vende para tentar se reeguer na vida profissional. Ela teria se omitido de falar a Concannon sobre a existência da testemunha de Kaitlin Costello se não fosse desmascarada? Não dá pra dizer.
Por fim, o personagem de Joe Seneca, como o perito contratado pela acusação. Um papel pequeno, que em sua brevidade trouxe a mim, naquele momento em que o vi pela primeira vez ( na TV ), uma das lições mais importantes que aprendi na vida: a importância de se levantar o estandarte da verdade, mesmo sob toda pressão, diante de qualquer tentativa de desqualificação de sua fala, com a serenidade dos convictos no que é o certo.
Há muito ainda a ser dito sobre O Veredicto, não se esgotaria em dezenas de parágrafos.
Um lamento apenas: tenho amigos da área do direito que sequer conhecem esse filme, uma pena. E uma decepção, para quem acha que tamanha obra poderia estar inspirando um Brasil mais justo.
Luís, lhe sou grato por trazer luzes sobre mais esse magnífico trabalho cinematográfico, muito obrigado!
Abraço!
Olá Mario.
ResponderExcluirO Veredicto, quando vi no cinema, me impressionou por sua temática e a grande atuação de Paul Newman, que conhecia mais por "Butch Cassid" e "Desafio à Corrupção". Nesse ano de 1982 posso dizer que foi quando realmente comecei a frequentar cinema com maior frequência (e estava começando a me tornar um cinéfilo sem ainda saber). E o interessante é que ou você via no cinema (que volta e meia reapresentava alguns filmes anos depois) ou esperava chegar na TV, muitas vezes com grande atraso. Outros, só foram lançados em VHS e muito tempo depois, pois as grandes distribuidores não aportaram em solo brasileiro simultaneamente. Na TV, só era exibido dublado, mas as dublagens, hoje ditas como "clássicas", eram excelentes. O Veredicto passou na TV em generosas reprises, mas foi desaparecendo ao longo das décadas. Hoje, como você bem citou, poucos conhecem o filme. Uma pena, há tanta coisa a ser aprendida com este filme.
Já as análises, muitas vezes, tem surgido na semana: eu às vezes penso em um filme e não sinto muita vontade de analisá-lo naquele momento, já outros, curiosamente, olho e sinto "inspiração" para rever, pesquisar e analisar. Este filme foi assim: adiando, adiando ... até que pensei: estou motivado a publicá-lo (já tinha as informações, mas um texto incompleto). Quanto a Gandhi, vi no cinema e gostei. Foi uma superprodução e superproduções sempre colheram muitos Oscars - a famosa previsibilidade da Academia. Quanto a estatueta de Melhor Ator? Acredito que pelo filme ter gerado polêmica e protestos, tenha influenciado na não conquista de Newman (mas gostei de Kinsley como Gandhi - uma caracterização bem impressionante para mim). Pena que os anos 80 foram tomados por filmes de ação (que eu gostava muito - não vou negar), mas, com olhar atual, vejo que muitas produções como esta foram "enterradas" (ótimos roteiros que nem saíram das gavetas) em prol do que aquela "nova geração" desejava (e destinava seu dinheiro nas bilheterias). Papo, quem sabe, para alguma resenha futura.
Bom, vou ficando por aqui sem saber qual filme postarei esta semana. Vou olhar minha lista e ver qual me inspirará a criar esses conjuntos de parágrafos que escrevo semanalmente (quem dera ter tempo pra escrever de dois em dois dias!). Vi "A Baleia", excelente filme, muita chance de Brendan Fraser ( e seria merecido) levar o Oscar, mas acho que analisar esse filme é algo que devo fazer um pouco mais para frente, vou precisar pensar em como passar para o papel tudo que o filme transmite. Um grande abraço e obrigado por sempre reservar um tempo para comentar.
Tenho de ver A Baleia, muitos têm essa mesma impressão sua. Para melhor analisar esse filme, se puder, veja Deuses e Monstros, com Brendan Fraser e Ian Maclean, formidável filme, um dos maiores mensagens de tolerância e aceitação que vi nas telas.
ResponderExcluirFui injusto com Gandhi? Desculpe, deveria revê-lo ( vi no cinema ) com toda isenção.
Abraço!
Olá Mario.
ResponderExcluirVou procurar o filme para assistir. Obrigado pela dica. Quanto a Gandhi, assisti também no cinema e nunca mais revi. Talvez o veja nos dias atuais com um outro olhar. Um grande abraço.