sexta-feira, 15 de setembro de 2023

A BATALHA DO PLANETA DOS MACACOS / BATTLE FOR THE PLANET OF THE APES (1973) - ESTADOS UNIDOS

 
ÚLTIMO CAPÍTULO

“No princípio Deus criou o animal e o homem para que ambos pudessem viver amigavelmente, compartilhando um mundo de paz. Mas, na plenitude dos tempos, homens maus traíram a confiança de Deus e desobedecendo sua palavra sagrada travaram guerras sangrentas, não apenas conta os de sua própria espécie, mas contra os macacos que reduziram à escravidão. Então, em sua ira, Deus mandou a terra um salvador milagrosamente nascido de dois macacos que desceram à terra de seu próprio futuro. E o homem sentiu medo, pois os macacos possuíam o poder da palavra ... Ambos foram brutalmente assassinados, mas a criança macaco sobreviveu e cresceu para livrar seus semelhantes da escravidão humana... Contudo, em consequência a sua vitória, a superfície do mundo foi devastada pela guerra mais violenta da história humana. As grandes cidades do mundo foram despedaçadas e desanimadas e numa dessas cidades nosso salvador guiou os poucos sobreviventes em busca de pastagens mais verdes onde macacos e humanos pudessem viver amistosamente para sempre, de acordo com a vontade de Deus. Seu nome era Caesar e essa é a sua história daqueles dias distantes" (América do Norte, 2670)

Início do século 21. Entre os eventos do filme passado e os atuais, uma guerra nuclear foi deflagrada, numa tentativa final da humanidade de não ser sobrepujada, consequência de suas próprias atitudes. Poucos sobreviventes restaram. A civilização regrediu próximo a Idade do Ferro. Não há mais cidades erguidas, não há mais máquinas e não há mais tecnologias disponíveis na superfície. E, agora, o homem vive junto aos macacos, não como senhor, mas numa categoria inferior e numa relação muito tênue. 

Ceasar comanda a todos. O líder da revolução sobreviveu, teve um filho pequeno, Cornélius (uma homenagem a seu pai) e se instalou em um local livre da radiação. Ele tenta manter a paz com a colaboração das duas raças, mas há aqueles que não concordam com a permanência de humanos: Aldo, o general do exército que os odeia e cada vez mais tenta influenciar seus comandados de que humanos deveriam ser exterminados enquanto conspira para derrubar seu governante. E há leis que deverão permanecer imutáveis: “macacos não matarão macacos” (quanto ao ser humano, tire suas conclusões) e “nenhum humano pode dizer “não” a um macaco (uma palavra que remete a uma dura lembrança de quando foram escravizados). Ceasar tem em MacDonald (Austin Stoker) uma parceria homem e macaco. Ele se ressente de não ter conhecido os seus pais e poder saber de qual futuro eles falavam. MacDonald, irmão do antigo MacDonald que Ceasar conheceu,  diz que sob a cidade radioativa (a famosa Zona Proibida) há um local que abriga gravações guardadas de seus pais, feitas pelo governo americano quando chegaram à terra e que poderiam lhe dar uma perspectiva do que estes pensavam e sabiam. E Virgil (Paul Williams) é um sábio orangotango capaz de guia-los em segurança, quanto a radiação, até o local das gravações. Ao chegarem na cidade e entrarem no subsolo encontram as gravações com os pais informando que o mundo se destruiu em 3950 por causa dos gorilas (e não por causa dos outros simios). Virgil explica que esse é um futuro possível, mas não necessariamente imutável, pois acredita que existam várias linhas de tempo e que uma mudança no passado pode provocar também uma mudança no futuro (então eles podem estar em uma linha do tempo diferente agora ou como Nostradamus disse: o futuro ainda não está traçado e pode ser mudado).  Só que o local é habitado por aqueles que resistiram a devastadora radiação, mas não sem pagarem um preço. O líder é Kolp (Severn Darden), ex- aliado do antigo governador. E ao descobrir o trio em suas instalações os ataca, resolvendo segui-los e descobrindo a Cidade dos Macacos (Ape City). Agora Kolp tentará tomar a cidade e vingar-se daqueles que considera os culpados por seu destino. Enquanto isso, o pequeno Cornelius descobre Aldo tramando às costas de seu pai, mas o general o persegue, deixando-o à beira da morte.

A bem da verdade, o terceiro filme não deveria ter existido. O primeiro filme trazia uma forte imaginação, uma novidade que arrebatou o público com o caráter insólito do roteiro. Quando foi contratado para escrever o roteiro do segundo filme, Paul Dehn recebeu a incumbência dos Estúdios Fox de eliminar qualquer possibilidade de uma próxima sequência. E destruir o mundo foi a escolha mais plausível (o filme era apenas uma “aposta do estúdio”), mas então algo aconteceu: o filme fez dinheiro. Mas como retomar uma estória que terminou de forma definitiva? Coube novamente ao mesmo Paul Dehn escrever um roteiro que trouxesse os macacos de volta aos cinemas (e ao lucro – afinal agora vendia-se de tudo: roupas, mochilas, cadernos, brinquedos, quadrinhos ... como não manter essa galinha dos ovos de ouro?). A única saída encontrada foi “mover os personagens para trás no tempo” contornado assim a situação. O roteiro terminou assim por trazer uma novidade inesperada, muito bem-vinda e criativa (as plateias adoram viagens no tempo e suas consequências – mas isso os produtores ainda não sabiam – tudo era novo nesse projeto e as implicações de viagens no tempo não eram exploradas como hoje). Nesse terceiro exemplar, eles aprenderam a lição e propositadamente deixaram um final em aberto (novamente houve lucro). Veio o quarto filme e ignoraram que a franquia se tornara objeto de culto entre milhares de espectadores. A máquina hollywoodiana precisava fazer dinheiro, mas investiram ainda menos (na análise do filme anterior expliquei isso). E chegamos no último filme da franquia. E, novamente, a miopia dos negócios tomou conta e fizeram o filme apenas para ver se dava dinheiro, demonstrando um visível esgotamento da franquia. Talvez a única qualidade que não se esgotou tenha sido o grande trabalho de maquiagem que tornou-se único e icônico.

"A Batalha" ... o último da série, deveria fechar a estória mesclando-se com o primeiro. Acredito que a grande maioria de fãs da saga esperava ver como tudo chegou até a aquela última cena do primeiro filme, com Taylor e a Estátua da Liberdade posicionada daquele jeito, os humanos já mudos (animalizados) sendo caçados como uma praga e isentos de raciocínio, mas ao ver o quarto filme e a proposta de minimizar os custos e trocar os efeitos pela ação deve ter soado um alarme na mente de alguns espectadores e dos produtores que sabiam que teriam que possuir um roteiro engenhoso para o quinto filme, capaz de encerrar tudo isso, fechando todas as lacunas especulativas do primeiro filme. E, obviamente, isto não aconteceu, pois avançaram a história (a quantidade de tempo que passou entre A Conquista e A Batalha não fica claro – no subsolo da cidade falam de 12 anos, na cidade dos macacos um orangotango fala de 27 anos), pularam um arco inteiro, começando com um prólogo de um legislador narrando em 2670 (apenas três anos antes de Taylor, fazer seu relatório final a bordo da nave) o que aconteceu nos primórdios da era Ceasar.

A escalação novamente de J. Lee Thompson era uma escolha até justificada porque seu trabalho em "Os Canhões de Navarone" era uma indicação de que se poderia trazer um filme denso de guerra, mas com um roteiro fraco, um orçamento bem limitado, acrescentado do desinteresse dos produtores que já tinham praticamente batido o martelo quanto a veiculação de uma série televisiva, já dava para concluir qual o destino desse filme. Os envolvidos já sabiam, o público só pode perceber que suas expectativas cairiam por terra ao sentarem na poltrona do cinema e esperarem o final do último suspiro da franquia no cinema. E Thompson ficou muito descontente ao ter que concordar em dirigir o filme antes que o roteiro final fosse elaborado. Para piorar, Paul Dehn encontrava-se doente, escreveu um rascunho e os executivos não gostaram sendo contratados John William Corrington e Joyce Hooper Corrington (A Última Esperança da Terra) e Joyce admitiria depois que nunca havia assistido um filme da franquia quando fora contratada ! Como o filme anterior tinha sido considerado muito violento, houve a preocupação de fazer um filme mais voltado para a família. Só que Paul Dehn se recuperou da doença, retornando no final da pré-produção, reescrevendo assim o roteiro e alterando o final dos outros roteiristas que seria de uma criança e um símio brincando juntas. O que restou foi um final estranho e desnecessário (pelo menos para mim) com uma estátua (não vou dizer o resto) e uma mensagem implícita de que aquela convivência não duraria muito (não acredito a cena seja um sentimento de felicidade pela coexistência pacífica entre macacos e humanos até pelo futuro que Taylor vê). E ainda que estranho, foi um final melhor do que tinham também cogitado: uma criança meio homem, meio macaco (dá até para conjecturar o problema que essa cena traria). E nos rascunhos iniciais do filme, César desenvolveria envenenamento por radiação após retornar da Cidade Proibida, sofrendo perda de cabelo durante o resto do filme (faria muito sentido). Na verdade, "Batalha" nos trouxe um roteiro fraco, sem imaginação, com uma subtrama (Aldo, Cornelius e Ceasar) sem impacto, um vilão que usa touca com óculos de esqui e usa um ônibus escolar como veículo de batalha (com outros, claro). Muita economia, pouca qualidade e um roteiro escrito a seis mãos com interpretações diferentes.

Se você está meio perdido, pois não viu os filmes anteriores, recomendo fortemente que leia as análises dos quatro filmes anteriores (na aba filmes analisados no Blog), mas, caso contrário, se você conhece os filmes talvez ache interessante as informações da cronologia abaixo:

Planeta dos Macacos (1968) - ano em que se passa a estória: 3.978, época na qual Taylor e um grupo de astronautas pousam. Ele sabe a época que partiu (1972), sabe a época em que chegou (3978), mas não sabe qual o planeta.



De Volta ao Planeta dos Macacos (1970) - ano em que se passa a estória: 3.955 . Sim, é isso mesmo. Brent faz o mesmo percurso de Taylor tentando encontrá-lo, atravessa também a barreira do tempo e chega 23 anos antes (!), mas se encontra na linha de tempo de Taylor (!!!???). Alguém do roteiro não prestou atenção na cronologia do primeiro filme ou a ignorou propositadamente.


Fuga do Planeta dos Macacos (1971) - ano em que se passa a estória: 1973, época em que Cornelius e Zira vão parar ao voltar no tempo na nave de Taylor (que estava no fundo do lago!!! - como tiraram de lá e a fizeram funcionar para mim até hoje é o grande mistério – talvez a nave tivesse um “curso instantâneo de física para leigos e como viajar numa nave quebrando o espaço/tempo”). Eles falam para os humanos sobre o futuro, tem um filho chamado Caesar e são perseguidos e mortos. A volta no passado foi uma grande ideia dos envolvidos, mas naquela época pouco se importavam com as consequências de levar seus personagens para o passado e as dificuldades que isso traria para um novo filme da franquia.


A Conquista do Planeta dos Macacos (1972) -  ano em que se passa a estória: 1991.  O propagado líder da revolução símia chamado Aldo, e cultuado pelos símios no início da franquia, não mais existe. O nome agora é Ceasar (era Milo). Bom, temos dois questionamentos: a chegada de Zira e Cornelius mudou linha do tempo e suas consequências futuras, o roteirista não percebeu esse problema ou apenas trocaram o nome para associá-lo a um nome que o espectador se identificasse imediatamente? Fique com essa última alternativa!


A Batalha do Planeta dos Macacos (1973) -  ano em que se passa a estória: 2670 anos à frente (época do legislador, que surge no início e ao final), mas a saga de Ceasar e o momento do filme, após esse prólogo, terá sua continuidade entre 10 e 12 (ou até 27! – nem os envolvidos acho que sabiam) anos depois do penúltimo filme (os chamados "anos distantes" pelo legislador). E essa época do legislador ainda será bem distante da de Taylor (3.978), nunca saberemos o que ocorreu entre a Batalha e a chegada de Taylor, mas a conclusão é de que não deu certo.


Planeta dos Macacos – a série (1974): ano em que se passa a estória: 3085, bem antes da chegada de Taylor. Dois astronautas vão parar em um planeta dominado por Macacos e são ajudados por um símio chamado Galen (novamente Roddy MacDowall). Zaius sabe do perigo que representam (apesar de todos os humanos falarem e terem algum conhecimento, nada sabem do que ocorreu no passado) e são vistos como perigosos insurgentes. Urko, a versão Aldo dos cinemas, tenta capturá-los a cada episódio. Nunca soubemos o que aconteceu com eles. 


Quanto ao elenco, Roddy McDowall repetiu Ceasar. Johnn Huston, o famosos diretor, apareceu como o legislador que fez a locução no prólogo e no final 600 anos após a morte de Ceasar. O ator Hari Rhodes (Macdonald) também deveria retornar, mas depois que recusou, o personagem foi mudado (nada é dito quanto a seu destino) para o seu irmão, e Austin Stoker foi escalado. Claude Akins (quem assistia ao antigo seriado Xerife Lobo vai lembrar do ator) fez Aldo que deseja se livrar dos humanos (tanto os pacíficos quanto os belicosos). Severn Darden voltou agora como Kolp, sendo promovido a governador, já que Don Murray (Breck) recusou voltar (no roteiro original do quarto filme ele morria, mas refizeram o final e ele sobreviveu – seu destino também não foi revelado). Paul Williams fez Virgil, o mais culto entre os macacos (quiçá de todos ali). Lew Ayres interpretou Mandemus, o guardião das armas. E Natalie Trundy repetiu a personagem Lisa, esposa de Ceasar. Noah Keen interpretou o professor humano dos macacos e que inadvertidamente diz “não” a Aldo. France Nuyen interpretou Alma, assistente de Kolp. Seu papel foi reduzido. No rascunho original ela era a guardiã da Bomba de Cobalto (a do segundo filme) e ficaria em prontidão para acioná-la se Kolp fosse derrotado. Mendez (Paul Stevens) a impediria e criaria o culto a bomba (que Taylor conheceu no segundo filme).

No computo final, a primeira saga cinematográfica de Planeta do Macacos é uma obra maior, um marco na história do cinema. Um dos grandes momentos da ficção-científica com muita criatividade e reflexões acerca da sociedade, com suas alegorias e simbolismos,  sendo cultuada até os dias atuais. Ainda que desigual em alguns de seus exemplares, na qual cada espectador terá uma ordem de preferência, é inquestionável a sua contribuição para os filmes sequenciais que surgiriam em seu rastro. É uma franquia que, independente dos filmes, é plenamente reconhecida, pois sua maquiagem é única na história do cinema. Seus personagens são sempre lembrados e, ainda que tenham existido incongruências em sua cronologia e estória, precisamos observar que foram feitos em uma época em que o gênero ficção-científica não tinha o impacto que tem nos dias atuais e os envolvidos não tinham muito material no que se basear. Nos cabe relevar alguns aspectos e aplaudir a coragem da realização, de tentarem costurar as estórias e serem vencidos por uma indústria que normalmente investe para ter alto retorno, lamentando que os envolvidos tenham pensado (ou tenham sido pressionados a pensar) mais em ganhar dinheiro do que criar uma mitologia (conceito que surgiria décadas depois).

Trailer:





Curiosidades:

Planeta dos Macacos (1968) estreou na televisão americana em setembro de 1973; De Volta ao do Planeta dos Macacos (1970) em outubro de 1973 e Fuga do Planeta dos Macacos (1971) em novembro de 1973. Conquista do Planeta dos Macacos (1972) e Batalha no Planeta dos Macacos (1973) só estrearam na televisão americana em 1975, após o cancelamento da série de TV e foram  apresentados em exibições de noventa minutos (75 minutos + comerciais) fortemente editadas. As cenas comentadas na analise sobre a Bomba de Cobalto foram inseridas nessas exibições. Quando lançadas no mercado de video (anos 90) foram novamente retiradas (abaixo a cena cortada)


Durante a batalha em Ape City, há muitas cenas de casas nas árvores explodindo em chamas. Na realidade, devido a restrições orçamentarias, apenas uma casa na árvore foi explodida. No entanto, esta explosão foi filmada de vários ângulos. Essas tomadas foram então divididas e editadas em vários lugares no filme final para dar a ilusão de que muitas casas na árvore haviam sido explodidas.

Todos os cinco filmes originais de "Planeta dos Macacos" alcançaram o primeiro lugar nas bilheterias dos EUA quando foram lançados. "Batalha pelo Planeta dos Macacos" passou duas semanas como o filme de maior bilheteria: na semana de 17 de junho de 1973 arrecadou US$ 4.864.355 e na semana de 24 de junho de 1973 arrecadou US$ 4.294.934.

Este é supostamente o filme que inspirou Tony Mendez a criar a operação "Argo" durante a crise de reféns no Irã de 1979 a 1981, na qual ele viajou para o Irã disfarçado de produtor de cinema e fez com que os reféns se disfarçassem de equipe de filmagem para fugir. o país. Assim, um clipe da cena em que César, MacDonald e Virgílio chegam à Cidade Proibida é mostrado em Argo (2012).

 O produtor Arthur P. Jacobs morreu dias após o lançamento do filme

 A banda irlandesa de rock alternativo Fight Like Apes recebeu o nome do grito de guerra de César no filme, que eles descreveram como "notoriamente ruim".

 Trilha sonora de Leonard Rosenman

 Bobby Porter (Cornelius) apareceu em dois episódios do seriado.

No final do filme, quando Aldo se depara com seus crimes, ele foge para as árvores. Os gorilas são habitantes terrestres. Ele nunca recuaria para as árvores, especialmente se fosse perseguido por um chimpanzé, o mais proeminente macaco que vive nas árvores.

Pelo que consegui pesquisar, no Brasil, os filmes da franquia começaram a ser exibidos em 1975 (quatro deles no mesmo ano) pela TV Globo: Planeta dos Macacos em 01 de março de 1975: De volta ao Planeta dos Macacos em 26 de abril de 1975; Fuga do Planeta dos Macacos em 19 de julho de 1975 e A Conquista do Planeta dos Macacos em 01 de novembro de 1975. O seriado começou a ser exibido em 01 de dezembro de 1975 e o desenho De volta ao Planeta dos Macacos em março de 1976 na Faixa Nobre as 17:30h. Em Janeiro de 1977 seria lançado o filme brasileiro "O Trapalhão no Planalto do Macacos" (aproveitando as férias escolares que iam do meio de dezembro até o início de março - três meses de férias e toda a matéria era dada ao longo do ano!) uma sátira. Em 17 de junho de 1977 estreava na Globo A Batalha do Planeta dos Macacos.

Paul Williams também é um conhecido músico e compositor

Lew Ayres foi indicado ao Oscar por sua atuação em Belinda (1949)

O diretor John Landis (Um Lobisomem Americano em Londres)  fez uma rápida aparição no filme interpretando um dos humanos da cidade dos Macacos


Don Rickles e Don Adams  (Agente 86) para o especial A Couple of Don (1973)


 

Roddy McDowall maquiado para o "The Carol Burnett Show" 



Paródia de Planeta dos Macacos (com legendas traduzidas)



Programa Planeta dos Homens


Paul Williams em uma entrevista em um programa (legendas automáticas)



Paul Williams em Agarra-me se Puderes (1977)








Claude Akins no seriado Xerife Lobo









Lew Ayres em Galactica










Cartaz: 


 



 







Filmografia Parcial:

Roddy McDowall (1928-1998)






A Força do Amor (1939); Como Era Verde o Meu Vale (1941); A Força do Coração (1943); As Chaves do Reino (1944); Macbeth - Reinado de Sangue (1948); Punhos da Liberdade (1952); A Teia de Renda Negra (1960); Cleópatra (1963); A Maior História de Todos os Tempos (1965); O Carrasco de Pedra (1967); O Planeta dos Macacos (1968); Fuga do Planeta dos Macacos (1971); A Conquista do Planeta dos Macacos (1972); O Destino do Poseidon (1972); A Batalha do Planeta dos Macacos (1973); A Casa da Noite Eterna (1973); Planeta dos Macacos (seriado 1974); Viagem Fantástica (seriado 1977);  Círculo de Ferro (1978); O Fabuloso Ladrão de Bagdá (1978); Assassinato num Dia de Sol (1982); Lendas do Macaco Dourado (seriado 1982 a 1983) Os Donos do Amanhã (1984); A Hora do Espanto (1985); Morte no Inverno (1987); Um Salto para a Felicidade (1987); A Hora do Espanto 2 (1988); Shakma: A Fúria Assassina (1990); Convite Para a Morte (1991); Confusão em Dobro (1992); As Areias do Tempo (1992; Reflexo do Demônio 2 (1994); Mistério no Fundo do Mar (1995); Ensina-me a Viver (1995); A Última Festa (1996); As Novas Aventuras de Mowgli (1997); Something to Believe In (1998); Loss of Faith (1998)


John Huston (1906-1987)







O Tesouro da Sierra Madre (1947); Moby Dick (narração - 1956); Os Desajustados (1961); Freud - Além da Alma (narração 1962); A Lista de Adrian Messenger (1963); O Cardeal (1963); A Bíblia (1966); Casino Royale (1967); Caminhando com o Amor e a Morte (1969); Carta ao Kremlin (1970); Homem e Mulher Até Certo Ponto (1970); A Crista do Diabo (1970); Fúria Selvagem (1971); Roy Bean - O Homem da Lei! (1972); A Batalha do Planeta dos Macacos (1973); Chinatown (1974); Fuga Audaciosa (1975); O Vento e o Leão (1975); Sherlock Holmes em Nova Iorque (1976); Tentáculos (1977); A Grande Batalha (1978); O Triângulo do Diabo (1978); Herdeiros da Morte (1979); Morte no Inverno (1979); O Retorno do Rei (1980); Head On (1980); O Amor tem seu Preço (1983); A Vitória do Mais Fraco (1985); Momo e o Senhor do Tempo (1986)


Austin Stoker (1930-2022)







A Batalha do Planeta dos Macacos (1973), De Volta ao Planeta dos Macacos (1975 -desenho); Cérebro Diabólico (1973); The Zebra Killer (1974); Aeroporto 75 (1974); Sheba, Baby (1975); De Volta ao Planeta dos Macacos (desenho - voz de Jeff 1975); Assalto à 13ª DP (1976); Vitória em Entebbe (1976); O Homem de Seis Milhões de Dolares (seriado 1973 - 3 episódios); Raízes (Minissérie 1977 - 2 episódios); Terror Among Us (1981); Time Walker (1982); Sem Convite (1987); Another Time, Another Place (1989); Linda de Matar (1990); Dois tons de azul (1999); Dupla Perseguição (2000); Machete Joe (2010); Os 3 Infernais (2019)


Claude Akins (1926–1994) 







A um Passo da Eternidade (1953); A Nave da Revolta (1954); Mares Violentos (1955); Batismo de Fogo (1956); Montanhas em Fogo (1956); Os Carrascos do Mar (1956); O Bandoleiro Solitário (1957); Acorrentados (1958); Onde Começa o Inferno (1959); A Canoa Furou (1959); A Lei do Mais Valente (1959); Cavalgada Trágica (1960); O Vento Será Tua Herança (1960); Mortos que Caminham (1962); Os Assassinos (1964); A Marca do Vingador (1966); Pistoleiros sem Alma (1966); A Volta dos Sete Homens (1966); Suplício do Medo (1967); Ouro é o que Ouro Vale (1967); A Brigada do Diabo (1968); O Grande Roubo do Banco (1969); Fúria Audaciosa (1970); Lock, Stock and Barrel (1971); Pânico e Morte na Cidade (1972); Vôo 502: Em Perigo (1972); A Batalha do Planeta dos Macacos (1973); Tentáculos (1977); Assassino a Bordo (1977); Tarântulas (1977); As Aventuras de B.J (seriado 1978 a 1979); Xerife Lobo (seriado 1979 a 1981); Desperate Intruder (1983); Caçada a Claude Dallas (1986); A Maldição - Raízes do Terror (1987); Limite da Violência (1988); O Retorno (1992); A Organização (1992); Twisted Fear (1994)


Severn Darden (1929-1995)






O Ladrão Conquistador (1966); Essa Coisa, o Amor (1967); Uma Nova Cara no Inferno (1967); A Louca Missão do Dr. Schaefer (1967); Fúria Assassina (1969); A Noite dos Desesperados (1969); Uma Gatinha por Dia (1970); Corrida Contra o Destino (1971); Pistoleiro sem Destino (1971); Lobisomens sobre Rodas (1971); O Último Filme (1971); Cisco Pike (1971); Guerra Entre Homens e Mulheres (1972); A Conquista do Planeta dos Macacos (1972); O Destino que Deus Me Deu (1972); A Batalha do Planeta dos Macacos (1973); O Dia do Golfinho (1973); Descida para a Morte (1974); Jackson County Jail (1976); Emergência Maluca (1976); O Desaparecimento de Aimee (1976); Vitória em Entebbe (1976); Orphan Train (1979); Amigo é para Essas Coisas (1980); Evita (1981); O Hábito Não Faz o Monge (1980); Uma Cidade Muito Louca (1981); A Vitória do Mais Fraco (1985); Academia de Gênios (1985); De Volta às Aulas (1986); O Telefone (1988)


Paul Williams 







O Ente Querido (1965); Caçada Humana (1966); A Noite em que o Sol Brilhou (1970); A Batalha do Planeta dos Macacos (1973); O Fantasma do Paraíso (1974); Flight to Holocaust (1977); Agarra-me se Puderes (1977); Muppets: O Filme (1979); O Exterminador do Pecado (1979); Desta Vez te Agarro (1980); Agora Você Não Escapa (1983); Papai Noel Existe (1984); Gringo Velho (1989); Tormenta de Paixões (1990); Solar Crisis (1990); The Doors (1991); A Volta do Casal 20 (1993); Casal 20: Velhos Amigos São para Sempre (1994); O Fantasma 2040 (desenho - narração - 1994-1995); The Savage Dragon (desenho - narração -1995); Regras da Atração (2002); O Diário da Princesa 2: Casamento Real (2004); Ela é a Poderosa (2007); Um Natal dos Muppets: Cartas para o Papai Noel (2008); Idas e Vindas do Amor (2010); Em Ritmo de Fuga (2017)


Lew Ayres (1908-1996)







O Beijo (1929); Sem Novidade no Front (1930); Caminhos do Inferno (1930); Proibida de Amar (1930); Por uma Mulher (1931); Unidos Venceremos (1931); Céu na Terra (1931); Ouro e Trapos (1933); Sequestro Fingido (1936); Testemunha Inesperada (1936); O Último Trem de Madri (1937); Boêmio Encantador (1938); Folia no Gelo (1939); Serenata na Broadway (1939); Chamem o Dr. Kildare (1939); O Segredo do Dr. Kildare (1939); O Noivo de Minha Noiva (1939); O Estranho Caso do Dr. Kildare (1940); A Vitória do Dr. Kildare (1940); Minha Vida É Tua (1941); Espelho d'Alma (1946); A Cruz de um Pecado (1947); Belinda (1948); Corações em Fuga (1953); Experiência Diabólica (1953); Tempestade Sobre Washington (1962); Os Insaciáveis (1964); Terra 2 (1971); O Presidente Negro (1972); The Stranger (1973); A Batalha do Planeta dos Macacos (1973); Projeto Questor (1974); U-2 - Vôo Clandestino (1976); O Dia do Juízo Final (1977); A Profecia II (1978); Galactica: Astronave de Combate (1978); Os Vampiros de Salem (1979); Ratos e Homens (1981); Terrorismo em Washington (1986); Atire a Primeira Pedra (1989); Casal 20: Crimes do Coração (1994)                        


Natalie Trundy (1940–2019)






Aconteceu em Monte Carlo (1956);  Se a Mocidade Soubesse (1957); As Férias de Papai (1962); De Volta ao Planeta dos Macacos (1970); Fuga do Planeta dos Macacos (1971);  A Conquista do Planeta dos Macacos (1972); A Batalha do Planeta dos Macacos (1973); Huckleberry Finn (1974)


Noah Keen  (1920-2019)







Um Rosto na Multidão (1957); Sam Benedict (1962); As Enfermeiras (1962); Jogada Decisiva (1966); O Único Sobrevivente (1970); As Aventuras De Tom Sawyer (1973); A Batalha do Planeta dos Macacos (1973; O Homem de Seis Milhões de Dóolares (seriado - 1974-1978 - 4 episódios); Modelos para Matar (1979) e participação em vários seriados.

terça-feira, 12 de setembro de 2023

A CONQUISTA DO PLANETA DOS MACACOS - CONQUEST OF THE PLANET OF THE APES (1972) - ESTADOS UNIDOS

MAIS AÇÃO, MAIS VIOLÊNCIA E COM MAIS BRECHAS NA ESTÓRIA

Estados Unidos, 1991. Armando (Ricardo Montalban) é o dono de um circo que chega à cidade com Caesar (Roddy McDowall) evitando levantar suspeitas. Para a humanidade, o pequeno filho de Zira e Cornelius morrera com os pais, assim como o futuro sombrio para a humanidade que eles haviam presenciado. Há oito anos (1983), um vírus trazido por um astronauta dizimou todos os cães e gatos da terra. Humanos e símios mostraram-se imunes. Quando foi percebido que os símios aprendiam rapidamente, passaram a ocupar o lugar na preferência dos humanos. Mas, houve também um problema: o governo criou um “programa de condicionamento” para adaptá-los a trabalhos domésticos, manuais e braçais normalmente de forma cruel e ultrajante, praticamente em regime de escravidão. Caesar, agora crescido, observa a tudo de uma forma assustada e crítica. Armando nunca lhe dissera o que realmente vinha acontecendo fora de seu circo. Para todos ele é Milo, um chimpanzé nascido um mês antes de Zira e Cornelius chegarem à Terra. O “único nascido em um circo”.

Em determinado momento, um símio é brutalmente espancado na rua pelas forças de segurança e Caesar professa uma frase que mudará tudo: “seus humanos miseráveis!”. A frase chama a atenção dos guardas que acreditam ter sido dita por um macaco. Armando alega que ele falara em um impulso, mas estes duvidam. Uma confusão distrai os guardas e dá a oportunidade para Caesar escapar, mas Armando prefere permanecer e “desfazer o mal-entendido”, sendo assim detido e levado ao governador local, Breck (Don Murray), um homem que detesta os símios e que agora acredita que o pequeno filhote da dupla de astronautas símios pode ter sobrevivido de alguma forma, representando um perigo eminente para a existência da raça humana. Para escapar das garras de seus captores, Caesar consegue se misturar a um carregamento de macacos vindos do continente africano, passando pelo centro de condicionamento e, ironicamente, sendo arrematado em um leilão por Breck, indo trabalhar no centro de comunicações. Só que Caesar descobre que Armando morrera durante o interrogatório. Agora a sua dor, ódio e solidão o impulsionarão a mudar aquela realidade. A única pessoa que se se mostra simpático à sua causa é MacDonald (Hari Rhodes), auxiliar de Breck, que abomina o modo como os símios são tratados.

Quarto e penúltimo filme da franquia iniciada com o clássico “O Planeta dos Macacos” que, após o quinto filme, geraria uma curta série de tevê e um desenho (que serão dissecados nas próximas análises) que se distanciaram do que foi mostrado nessa franquia, ainda que muitos os guardem com carinho na memória. Além de um filme de 2001 feito pelo diretor Tim Burton com um final que deixou muitos questionamentos no ar (não sei se conseguirei elucidá-lo) e que infelizmente sua continuação foi abortada pelos produtores. Em 2011 uma nova franquia se iniciaria, estando atualmente em seu terceiro capítulo, em uma cronologia mais linear. Em 1980 foram lançados (nos EUA) 5 telefilmes, na qual cada um trazia a junção de dois episódios da série.

Há aspectos que me incomodaram neste quarto filme: no anterior, quando surgiram do futuro em roupas de astronautas, os macacos eram semieretos e não se assemelham aos que ali se encontram (num  estágio mais “primitivo”). Agora todos os macacos, em um curto espaço de tempo, passaram a assemelhar-se a geração Cornelius e Zira, sem uma explicação lógica. Como houve uma evolução tão rápida em tão pouco tempo (apenas 18 anos – tempo da narrativa entre os filmes)? Essa liberdade poética (ou supressão da descrença) foi, sem dúvida, necessária ao filme, até porque ainda não haviam efeitos digitais e utilizar animais verdadeiros, ainda que treinados, em grande quantidade, seria temerário e praticamente impossível. Mas ainda assim fica difícil de entender como nenhum dos envolvidos se questionou em como dar aos espectadores uma explicação diante da nítida mudança no aspecto visual (no rascunho do roteiro original essa questão teria sido melhor explicada, mas não entrou no roteiro final). Outro aspecto interessante, foi que neste filme, e no próximo, os comentários de Cornelius (em “Fuga do Planeta dos Macacos”) sofreram uma proposital omissão do nome de Aldo, que seria o nome do real líder na linha do tempo original, com isso deixou-se implícito de que Caesar é o líder revolucionário (outra adequação do roteiro) nesta segunda linha do tempo (se assim podemos dizer). E o Aldo do quinto filme, claro que não será também o Aldo já citado (papo para a próxima análise).

Depois de Franklin J. Schaffner (1968); Ted Post (1970) e Don Taylor (1971), um novo diretor ficaria à frente agora dos dois últimos filmes: J. Lee Thompson (de “Os Canhões de Navarone” - 1961; Círculo do Medo -1962) e que a partir do final dos anos 70 faria vários filmes com o ator Charles Bronson. E, ainda que Paul Dehn tenha assumido os roteiros a partir do segundo filme (o quinto fez em parceira por ter ficado doente), as produções são bem distintas entre si, embora estejam interligadas por uma cronologia interessante (não linear). E isso deu fôlego a franquia, pois cada filme tem uma temática a ser explorada. E J. Lee Thompson era o indicado a  dirigir o Planeta dos Macacos, mas não estava disponível. Consequentemente, ele recebeu os dois últimos exemplares da série. E aí surge aquela pergunta: E se Thompson tivesse dirigido o primeiro, teria tido o mesmo impacto? 

Em “A Conquista do Planeta dos Macacos” Ricardo Montalban (do seriado “A Ilha da Fantasia”) é o elo de ligação entre os dois filmes e surge logo no início. A produção mostrou-se mais direta, mais fria e com cenas mais pesadas (como as torturas – da qual nem Caesar escapa - os direitos dos animais aqui inexiste – na próxima análise explicarei como cada filme se inseriu no momento da América). A metragem é mais curta e centra-se mais na ação do que na ficção-científica (motivo de gostos e de desgostos).  Esse local da América não é especificado, mas houve uma mudança: é um regime totalitário (o filme não explica essa transição frente ao filme anterior) sob o aspecto de uma cidade com cenários expressionistas, mas não necessariamente realistas, o que me lembrou muito um cenário de história em quadrinhos (da qual houve dezenas de edições lançadas na esteira do sucesso da franquia e ainda há lançamentos até hoje, através de outras editoras e até por intermédio de artistas independentes – papo para uma análise extra desta franquia). Quanto ao conceito dialógico do primeiro filme, não mais existe (com o seu final de um humano de joelhos nos revelando uma analogia ao homem que suporta todo o peso da humanidade em suas costas), mas já se percebe aqui a estratificação da futura sociedade símia que se construirá da seguinte forma: gorilas (mais fortes) no exército, orangotangos (mais calmos) no conselho e chimpanzés (mais inteligentes) na ciência, assim como uma inversão no processo evolutivo: chimpanzés mais humanos (Caesar) e humanos mais animalizados (Breck e seus comandados). E uma sociedade que mudará nos mesmos moldes da qual, em grande parte do curso de sua história, sempre escolheu mudar: através da violência (o ser humano sempre gostou de impor-se pela violência): guerra entre homens, entre homens e animais, entre famílias, entre tribos, escravos, raças, nações, continentes ... tudo é motivo para guerras. E Taylor comprovará esse conceito no segundo filme. Aliás, segundo Paul Dehn e J. Lee Thompson a inspiração para o confronto neste filme veio de um incidente chamado “Os Tumultos de Watts” / “Rebelião de Watts” ou “Levante de Watts” (“Watts Riots”) ocorridos em 1965 no bairro de Watts, em Los Angeles. Os distúrbios resultaram em 34 mortes, 1032 feridos e em 3438 prisões. Foi um dos mais severos na cidade até os novos distúrbios que ocorreriam em 1992.

Ceasar será descoberto como o único símio capaz de falar (se fala, pensa. E, se pensa, é uma ameaça – ótima analogia a vários sistemas governos que existiram e existem até hoje com esse conceito em mente) sendo considerado uma ameaça e que aos poucos começará a comandar silenciosamente seus pares (pois também sabe ler e escrever). Astutamente, em uma cena muito interessante, ele fingirá abrir em uma página aleatória para escolher o seu nome e escolhe o nome que Armando lhe dera (um desafio silencioso lançado que o governador não percebe. Algo como "decifra-me ou te devoro"). Breck fica intrigado, é o nome de um imperador. A referência é óbvia e a dica de que um novo rei tomará aquele “reino” é inequívoca para o espectador. Uma rebelião se iniciará através de uma guerrilha e os humanos serão sobrepujados (então o futuro não pode ser mudado afinal! – quando Breck resolveu impedi-lo, na verdade estava sendo uma de suas molas propulsoras (o verdadeiro agente da mudança) da realidade narrada por Cornelius – por isso a ficção-científica nos proporciona tanta reflexão e percepções). O solilóquio final de Ceasar é uma tentativa de unir as raças, ainda que num tom áspero e de advertência de que a ordem das coisas mudará, mas sabemos como é o âmago do ser humano (como veremos no próximo filme). Rhodes ficará pensativo se, afinal, fez a coisa certa ao apoiar Ceasar. Na verdade, o final original foi rejeitado pela plateia teste que ficou assustada ao ver humanos massacrados de forma explícita (inclusive Breck), o que obrigou a posterior gravação da cena citada (dizem haver um “director’s cut”, que inclui as cenas deletadas, mas acho que não foi lançado por aqui).

No elenco temos novamente Roddy McDowell ("A Hora do Espanto") como um personagem central símio (apenas no segundo não atua, aparecendo em imagens de arquivo). Interessante como cada personagem seu na franquia é distinto entre si, inclusive o feito para o seriado (o personagem “Galen”). Nataly Trudy surgiu no segundo filme como uma mutante e passou para detrás da maquiagem (a cargo do famoso John Chambers – e que continua sendo o grande atrativo da produção - ou pelo menos era) neste filme indo até o último exemplar dessa saga (agora como Lisa). Quanto a Don Murray, este alegou ter estudado todas as cenas em alemão, língua que é fluente porque queria trazer um “ditador nazista” para o papel. Ricardo Montalban repetiu o papel do simpático e correto Armando, mas sua morte me pareceu muito mal planejada pelo roteiro, sem sentido e apressada. Acredito que poderia ter seu personagem melhor aproveitado para a estória. Hari Rhodes esteve ótimo como McDonald, simpático a causa símia e que ajudará Caesar de maneira fundamental em sua empreitada. Pena que não voltou no filme seguinte. Severn Darden como Kolp, um dos asseclas de Breck, teve um papel reduzido nesse filme, mas no próximo filme seu personagem foi fundamental para a conclusão da estória.

Caso se queira assistir ao filmes na ordem em que foram lançados no cinema e tevê esta é a maneira correta: O Planeta dos Macacos (1968); De Volta ao Planeta dos Macacos (1970); Fuga do planeta dos Macacos (1971); Conquista do Planeta dos Macacos (1972); A Batalha do Planeta dos Macacos (1973); Planeta dos Macacos (a série  1974); De Volta ao Planeta dos Macacos (desenho 1975); Planeta dos Macacos (2001); Planeta dos Macacos: A Origem (2011); Planeta dos Macacos: O Confronto (2014); Planeta dos Macacos: A Guerra (2017); Planeta dos Macacos: O Reinado (2024). Muitos consideram  a melhor forma de assistir aos filmes começando pelos mais recentes, mas, na minha opinião, a viagem temporal do terceiro filme mudou completamente a origem do personagem frente a nova versão e pode confundir quem nunca assistiu. Penso que assistir as sagas em separado entendendo o que cada uma delas propõe, seja a melhor escolha. Já o filme de 2001 não se enquadra em nenhuma das duas franquias podendo ser considerado um filme numa linha temporal diferente (já que não foi dado continuação ao projeto) assim como a série e o desenho (apesar de que estar familiarizado com a primeira saga ajudará muito).

Ainda que o filme tenha deixado algumas brechas soltas, parte da crítica o considerou melhor que o segundo e terceiro exemplares. Particularmente, considero que o filme pouco inova, ele apenas dá continuidade a estória sem muitas novidades. Os cenários eram caros e a maquiagem era um problema para os atores, mas a queda progressiva no investimento do primeiro ao último (ainda que todos tenham estreado em primeiro lugar nas bilheterias – mas nem todos se mantiveram), nos leva a crer que os produtores queriam ganhar muito (a partir do segundo) investindo pouco. Como o retorno não foi o esperado provavelmente passaram a investir menos para não ter prejuízos, fazendo a qualidade cair (um paradoxo interessante: invisto menos e recebo menos. E por receber menos, ao invés de melhorar o próximo filme e colher uma boa bilheteria prefiro investir ainda menos acabando por receber ainda menos, passando assim a não haver mais interesse em investir no produto – em "curiosidades" mostrarei esses dados). Não por acaso, o filme seguinte recebeu ainda menos investimento e foi feito com pouco interesse pelos estúdios que já pensavam no formato televisivo. Apesar de tudo, o filme tem sua relevância na franquia e, tem alguns conceitos inventivos como o Estado Totalitário (com direito a autofalantes direcionando a atitude das pessoas) e as pessoas não usando roupas coloridas, nem cores vivas para criar um aspecto frio e desumanizado.  Apesar de carecer de uma força narrativa e parecer muito apressado, mantém o interesse.


Trailer:



Curiosidades:

Bilheterias dos filmes (em dólares):

Filme 1: 5.8000.000 investidos - 32 milhões arrecadados; Filme 2: 3.000.000 investidos - 18 milhões arrecadados; Filme 3:  2.500.000 (estimativa) investidos - US$ 12.348.905 arrecadados; Filme 4: 1.700.000 (estimativa) investidos - 9.043.472 arrecadados Filme 5: 1.800.000 investidos - 8.844.595 arrecadados

A maioria das cenas externas foram filmadas dentro e ao redor do campus da Universidade da Califórnia, em Irvine, que foi projetado pelo arquiteto futurista William L. Pereira, e tinha apenas seis anos de construído na época das filmagens

O escritor Paul Dehn concebeu o filme como uma visão simiesca do movimento americano pelos direitos civis da época.

O roteiro começava com um símio fugitivo sendo baleado pela polícia. Enquanto a câmera caminhava até lá, o corpo seria revelado coberto de feridas abertas e cicatrizes, mostrando as horríveis condições de vida dos macacos escravos. A cena foi retirada por ser considerada horrível pelo público no pré-lançamento.

Os macacões usados pelos símios (para economizar no custo da exposição da pele falsa dos figurantes símios) eram sobras de fantasias da série Viagem ao Fundo do Mar (1964). Os emblemas masculinos da “Ape Management’ e os gabinetes de computadores e eletrônicos, todos vieram da série Túnel do Tempo (1966). O grande conjunto que compunha o Centro de condicionamento dos Macacos foi reformado do escritório do Almirante Matthew e do complexo de Controle Triton do telefilme  “Cidade Sob o Mar” (1971). O trono do leilão do governador Breck foi usado pela primeira vez na nave espacial de Taylor em “O Planeta dos Macacos” (1968). O mesmo estilo de cadeira também é utilizado pelos passageiros do avião espacial em Terra de Gigantes (1968). As mesmas cadeiras foram usadas nas naves espaciais Earthforce na série de TV Babylon 5 (1993).

No filme (ambientado em 1991), os macacos foram escravizados depois que uma praga trazida do espaço destruiu todos os cães e gatos da Terra uma década antes, antes dos eventos retratados. Em 1978, seis anos após o lançamento do filme, houve uma pandemia mundial de papilomavírus canino (uma doença até então desconhecida) que matou vários milhares de cães.

Os orçamentos dos filmes da franquia eram constantemente reduzidos porque a 20th Century Fox ainda enfrentava problemas financeiros após os fracassos de Cleópatra (1963), A Estrela (1968) e Alô, Dolly! (1969).

Ao contrário de outros filmes da série, este filme foca quase exclusivamente em chimpanzés e gorilas, com apenas alguns orangotangos mostrados.

O  gorila escravo chamado Frank é interpretado por Buck Kartalian, que interpretou o carcereiro Julius em “Planeta dos Macacos” (1968).

O filme se passa 18 anos após os acontecimentos de Fuga do Planeta dos Macacos (1971).

O reboot da franquia Planeta dos Macacos: A Origem (2011) é em grande parte um remake deste filme.

A cor uniforme dos chimpanzés é a mesma dos dois primeiros filmes, mas os gorilas mudam de roxo para vermelho e os orangotangos de laranja fosco para amarelo brilhante. As cores mudam para trás (ou para frente, se preferir) no próximo filme.

O único dos cinco filmes originais de "Planeta dos Macacos" que não tem um personagem chimpanzé chamado Cornelius (embora o personagem dos filmes anteriores seja mencionado).

Do elenco principal apenas Don Murray está vivo

Hari Rhodes faleceu aos 59 anos de ataque cardíaco

Ricardo Montalban faleceu aos 88 anos de problemas cardíacos

Natalie Trundy faleceu aos 79 anos de causas naturais

Roddy Mcdowall faleceu aos 70 anos de câncer de pulmão

Severn Darden faleceu aos 65 de complicações cardíacas


Cartazes:





Filmografia Parcial:

Roddy McDowall (1928-1998)







A Força do Amor (1939); Como Era Verde o Meu Vale (1941); A Força do Coração (1943); As Chaves do Reino (1944); Macbeth - Reinado de Sangue (1948); Punhos da Liberdade (1952); A Teia de Renda Negra (1960); Cleópatra (1963); A Maior História de Todos os Tempos (1965); O Carrasco de Pedra (1967); O Planeta dos Macacos (1968); Fuga do Planeta dos Macacos (1971); A Conquista do Planeta dos Macacos (1972); O Destino do Poseidon (1972); A Batalha do Planeta dos Macacos (1973); A Casa da Noite Eterna (1973); Planeta dos Macacos (seriado 1974); Viagem Fantástica (seriado 1977);  Círculo de Ferro (1978); O Fabuloso Ladrão de Bagdá (1978); Assassinato num Dia de Sol (1982); Lendas do Macaco Dourado (seriado 1982 a 1983) Os Donos do Amanhã (1984); A Hora do Espanto (1985); Morte no Inverno (1987); Um Salto para a Felicidade (1987); A Hora do Espanto 2 (1988); Shakma: A Fúria Assassina (1990); Convite Para a Morte (1991); Confusão em Dobro (1992); As Areias do Tempo (1992; Reflexo do Demônio 2 (1994); Mistério no Fundo do Mar (1995); Ensina-me a Viver (1995); A Última Festa (1996); As Novas Aventuras de Mowgli (1997); Something to Believe In (1998); Loss of Faith (1998)


Natalie Trundy (1940–2019)







Aconteceu em Monte Carlo (1956);  Se a Mocidade Soubesse (1957); As Férias de Papai (1962); De Volta ao Planeta dos Macacos (1970); Fuga do Planeta dos Macacos (1971);  A Conquista do Planeta dos Macacos (1972); A Batalha do Planeta dos Macacos (1973); Huckleberry Finn (1974)


Don Murray (1929)







Nunca Fui Santa (1956); Despedida de Solteiro (1957); Cárcere Sem Grades (1957); Caçada Humana (1958); Fama a Qualquer Preço (1959); De Mãos Dadas com o Diabo (1959); A Senda do Ódio (1960); Almas Redimidas (1961); Com Deus e com os Homens (1964); O Gênio do Mal (1965); Kid, O Valente (1966); A Serviço do Crime (1967); A Rainha dos Vikings (1967); Filha da Obsessão (1969); A Conquista do Planeta dos Macacos (1972); Cotter (1973); O Apagar de uma Estrela (1974); Amor sem Fim (1981); A Volta dos Rebeldes (1981); Há Sempre Uma Esperança (1983); Peggy Sue, seu Passado a Espera (1986); Alguma Coisa em Comum (1986); Espelho de Cristal (1987); Os Fantasmas Não Transam (1989); Twin Peaks: O Retorno (minisserie 2017)


Ricardo Montalban (1920–2009)







Os Três Mosqueteiros (1942); Beijou-me um Bandido (1948); O Preço da Glória (1949); Quando Canta o Coração (1950); A Marca do Renegado (1951); Assim São os Fortes (1951); México de Meus Amores (1953); A Espada Sarracena (1954); Rainha da Babilonia (1954); Sayonara (1957); Algemas Partidas (1960); Rashomon (1960); O Pirata Negro (1961); Mercado de Corações (1963); Crepúsculo de Uma Raça (1964); Madame X (1966); Charity, Meu Amor (1969); Fuga do Planeta dos Macacos (1971); A Conquista do Planeta dos Macacos (1972); A Marca do Zorro (1974); Jornada nas Estrelas 2: A Ira de Khan (1982); Ilha da Fantasia (seriado 1977-1984);  Um Rally Muito Louco (1984); Corra Que a Polícia Vem Aí! (1988); Pequenos Espiões 2: A Ilha dos Sonhos Perdidos (2002); Pequenos Espiões 3-D: Game Over (2003) 


Hari Rhodes (1932-1992)






Vitória dos Bravos (1961); De Volta à Caldeira do Diabo (1961); O Sargento e a Freira (1962); Tambores da África (1963); Paixões que Alucinam (1963); O Mundo Marcha para o Fim (1965); Miragem (1965); De Olhos Vendados (1966); Terra 2 (1971); A Conquista do Planeta dos Macacos (1972); A Dream for Christmas (1973); A Volta de Joe (1975); S.O.S. a 15000 metros (1976); Coma (1978); Caçada em Atlanta (1981) e participação em vários seriados


Severn Darden (1929-1995)






O Ladrão Conquistador (1966); Essa Coisa, o Amor (1967); Uma Nova Cara no Inferno (1967); A Louca Missão do Dr. Schaefer (1967); Fúria Assassina (1969); A Noite dos Desesperados (1969); Uma Gatinha por Dia (1970); Corrida Contra o Destino (1971); Pistoleiro sem Destino (1971); Lobisomens sobre Rodas (1971); O Último Filme (1971); Cisco Pike (1971); Guerra Entre Homens e Mulheres (1972); A Conquista do Planeta dos Macacos (1972); O Destino que Deus Me Deu (1972); A Batalha do Planeta dos Macacos (1973); O Dia do Golfinho (1973); Descida para a Morte (1974); Jackson County Jail (1976); Emergência Maluca (1976); O Desaparecimento de Aimee (1976); Vitória em Entebbe (1976); Orphan Train (1979); Amigo é para Essas Coisas (1980); Evita (1981); O Hábito Não Faz o Monge (1980); Uma Cidade Muito Louca (1981); A Vitória do Mais Fraco (1985); Academia de Gênios (1985); De Volta às Aulas (1986); O Telefone (1988)