terça-feira, 16 de agosto de 2022

O PREDADOR - A CAÇADA VAI COMEÇAR / PREDATOR (1987) - ESTADOS UNIDOS / MÉXICO

 

SETE HOMENS E UM PREDADOR

Uma unidade militar de sete veteranos combatentes, comandada pelo major Alan 'Dutch' Schaefer (Schwarzenegger), especializada em realizar missões de resgate de última hora, em pontos críticos do mundo, é convocada para uma missão de resgate nas selvas-latino americanas. Um ministro americano atravessou ilegalmente a fronteira de helicóptero e foi dado como desaparecido.

Já em meio à selva, o helicóptero é localizado, mas presenciam algo estranho: há alguns corpos dilacerados de um modo incomum, não parecendo ser ação humana ou animal, porém a missão de resgate deve continuar, pois há indícios de que houve a captura de sobreviventes. Eles rastreiam e localizam um grupo de guerrilheiros, iniciando um ataque ao acampamento inimigo, porém os combatentes por fim descobrem que a missão foi um ardil para obter informações sobre a permanência de uma missão soviética no país e que o “ministro” é na verdade um oficial de alto escalão da CIA, com informações vitais para os EUA. Só que algo paralelamente acontece: existe uma estranha força espreitando na selva, algo não identificável. Dutch tenta levar o seu grupo até um local de extração seguro com uma refém capturada para fornecer informações das ações dos guerrilheiros naquele local. Uma poderosa criatura, que se utiliza de um sistema avançado de camuflagem, começa a atacar o grupo eliminando-os um a um. Dutch descobre que talvez seu único jeito de escapar seja partir para o mano-a-mano com a criatura.

Rodado nas florestas mexicanas, “Predador - A Caçada Vai Começar” nos mostra um grupo de anti-insurgência americano que entra em uma selva sul-americana em meio a uma missão política secreta e acaba duelando com uma mortífera criatura do espaço sideral que vem periodicamente à terra para caçar e colecionar cabeças e colunas vertebrais como troféus e que só mata quem estiver armado. No Brasil, o filme destruiu os concorrentes nas bilheterias, chegando a ocupar 20 salas no Rio de Janeiro e grandes capitais. A crítica, claro, invocou enredo e diálogos fracos, cuja mensagem seria a violência pela violência. Normal, filmes comerciais normalmente recebiam críticas pouco entusiasmadas. Schwarzenegger era um astro em ascensão, na qual não se sabia ainda se era um astro halterofilista ou halterofilista que se fazia de astro e que, cujos dotes artísticos, diziam, se limitava a arregalar os olhos, levantar as sobrancelhas e flexionar os músculos em uma propaganda belicista à moda Rambo, mas ainda assim uma linha de filme com sucesso garantido nas bilheterias.

As origens do Predador são interessantes, tendo surgido de uma piada sobre o personagem "Rocky Balboa" de Stallone: os Executivos de Hollywood comentaram que não havia mais ninguém na Terra para lutar com Rocky e que só restava escalar um alienígena. Dois irmãos, Jim e John Thomas, levaram a piada a sério e começaram a elaborar um filme sobre um alienígena que vem à Terra para caçar a espécie mais perigosa do planeta: o homem. O roteiro chamou atenção de Schwarzenegger, já conhecido por “Exterminador do Futuro”, “Conan” (os dois filmes) e “Comando Para Matar” (este um sucesso imediato nas bilheterias). Quem melhor para enfrentar uma mortífera criatura alienígena do que um astro dos filmes de ação? a Fox deu luz verde ao projeto que se chamava inicialmente de “Hunter” e o entregou ao produtor Joel Silver, que estivera envolvido com "Comando” e “Máquina Mortífera” (sucesso também de 1987), mas o diretor seria outro: Geoff Murphy ("A Terra Tranquila") que se mostrou pouco entusiasmado. O diretor já havia recusado a chance de dirigir "Conan". Silver, Gordon e o co-produtor John Davis seguiram em frente e contrataram John McTiernan, um diretor que ficaria famoso por filmes como "Duro de Matar", mas ainda era pouco conhecido: seu filme "Delírios Mortais" (Nomads), estrelado por Pierce Brosnan, chamou a atenção, mostrando que o diretor tinha talento para o binômio ação e ficção-científica.

E as filmagens não foram nada fáceis. Foi filmado em meio a uma densa floresta mexicana, quase impenetrável e cuja a topografia apresentava todos os tipos de problemas para o inexperiente McTiernan, que chegou a cair e quebrar o pulso, tanto do ponto de vista técnico quanto prático. Havia 300 extras mexicanos e uma dificuldade de comunicação e adequação ao local. Jean-Claude Van Damme foi contratado para retratar a criatura, mas logo deixou o projeto, alegando que o traje o deixava quente e desconfortável, e que era difícil de ser trocado, além do fato de estar descontente com o fato de seu rosto não aparecer, na época ele ainda estava buscando um lugar ao sol em Hollywood, e não lhe interessava estar escondido sob camadas de látex. As primeiras imagens do alienígena desagradaram a Fox, que percebeu que não funcionaria, o que obrigou os envolvidos a buscarem uma nova alternativa. E lá estava: Stan Winston foi convocado para trabalhar em uma nova concepção da criatura, enquanto o ator Kevin Peter Hall foi contratado para interpretar o Predador. O ator de dois metros e vinte de altura tinha feito a criatura Alien e um pé grande no filme "Um Hóspede do Barulho". Mas os problemas não acabariam: A maior parte do elenco e da equipe sofria de diarreia de viajante, já que o hotel mexicano em que moravam estava com problemas de purificação de água. Os únicos que não ficaram doentes foram Arnold Schwarzenegger e John McTiernan. Cobras e escorpiões venenosos reais invadiram o set durante as filmagens. E ainda faltava acertar os efeitos de camuflagem e a visão térmica da criatura (esta última um grande problema, pois foi utilizada uma máquina que reconhecia calor a ser usada com a visão do personagem, mas a temperatura alta da floresta e topografia eram um empecilho).

Mas, no final, o que foi para tela foi perceptível aos espectadores: "Predador" é muito bem filmado. É um filme de ação de alta energia que se move em um ritmo vertiginoso com um vilão absolutamente inesquecível. A questão do intervencionismo americano é cuidadosamente maquiada como em “Comando para Matar” numa mal explicada missão que o espectador já suspeita desde o inicio e cuja entrada do ser do espaço fará isso tudo deixar de ter importância. A percepção do número 7 na composição dos combatentes não ser é por acaso: durante alguns  momentos na tela, lembra uma variação, na versão de ficção-científica, de "Sete Homens e um Destino" (uma refilmagem de "Os Sete Samurais"). Arnold Schwarzenegger, inclusive, afirmou em entrevista que decidiu pelo filme porque sempre quis fazer um filme como "Sete Homens e um Destino" (1960). Volta e meia o cinema de aproveita usa 7 personagens em um filme: "Mercenários das Galáxias" e "Os Sete Magníficos Gladiadores" são exemplos. Para confundir o espectador “Os Sete Veteranos” são acompanhados por uma guerrilheira, Anna (Elpidia Carrillo). Ainda assim, no pouco tempo dedicado aos demais atores, o diretor procurou dar personalidade aos seus personagens não deixando-os apenas morrer em cena.


Falando do elenco, temos Swarzie, como líder e incontestável astro do filme. Sua performance aliada a direção segura de McTiernan faz com que, ainda nos dias atuais, o filme seja eleito o melhor da franquia. O físico do ator era o grande chamariz da produção, mas é perceptível a melhora de atuação, ou pelo menos, a percepção na qual o seu biótipo se encaixava. Carl Weathers surge como o homem da CIA, Dillon, que se tornou um grande amigo de Dutch no passado, mas que durante a missão apresenta outros planos e percebe que nesse jogo todos são descartáveis. O fato de dizer que teria “acordado” refere-se a sua participação no Vietnã e Afeganistão e as intrigas políticas por trás desses eventos. Weathers vinha do sucesso como “Apollo” na série “Rocky” sendo facilmente reconhecido em tela pelos fãs do lutador nas telas. A mexicana Elpidia Carrillo ("Sob Fogo Cerrado" e "Salvador: O Martírio de um Povo") é a única mulher (Anna) em cena e a primeira a perceber como poderá se esquivar do ataque da criatura. Sua participação é breve, mas consegue passar o terror de saber que há algo mortal na mata. Bill Duke (Mac) tinha participado de “Comando Para Matar” e será lembrado pela cena em que usa uma metralhadora adaptada que, apavorado, devasta parte da selva. Sonny Landham (na vida real metade Cherokee e um oitavo Seminole), talvez no papel mais lembrado de sua carreira, faz o índio Billy, rastreador, que percebe antes de todos que algo se move e que possivelmente ninguém escapará. No ano seguinte estaria com Carl Weathers em "Ação Total" como um perigoso assassino. Jesse Ventura vinha do Wrestling e faz um dos soldados, o operador de armas pesadas, que leva um tiro de plasma no peito. No ano seguinte, estaria em O Sobrevivente ao lado de Swarzie. Richard Chaves faz Poncho especialista em explosivos e Shane Black (Hawkins) dando o suporte ao grupo. Shane é mais conhecido por ser o roteirista da quadrilogia "Máquina Mortífera", "Homem de Ferro 3" e "Máquina Mortífera 5" (em aparente pré-produção). Temos ainda R.G. Armstrong como o General Phillips, no início do filme. Sven-Ole Thorsen, que participou de várias produções com Swarzie, aparece rapidamente como o oficial russo que toma um tiro no peito e sai voando pela cabana. Kevin Peter Hall, com seus dois metros e meio, provou ser uma escolha capaz de intimidar Dutch e dar a credibilidade que o filme precisava aparecendo como piloto, rapidamente, no início do filme.

Orçado em 15 milhões de dólares, o filme alcançou 98 milhões mundialmente. No Brasil fez imenso sucesso: em cinco semanas tinha 728 mil pagantes. Máquina Mortífera fora a grande bilheteria até então com 944 mil pagantes, mas já estava fora do grande circuito, e que seria rapidamente ultrapassado. O filme elevou ainda mais a posição de Schwarzenegger em Hollywood. Gerou quatro filmes “O Predador 2: A Caçada Continua” (1990); “Predadores” (2010); “O Predador” (2018); “O Predador: A Caçada” (2022) e dois Crossovers com a franquia Alien : “Alien vs. Predador” (2004); “Alien vs. Predador 2” (2007).


O Predador hoje é um filme tão conhecido que qualquer sequência ou nova abordagem gera imediatos comentários favoráveis e contrários. Por enquanto mostra-se o melhor da franquia por um conjunto de fatores que funcionaram plenamente: produtores, elenco, roteiristas, diretores e a parte técnica, além da ótima concepção da criatura que trouxe uma novidade para quem estava cansado de simples monstros alienígenas.  Muita ação, suspense, ficção-científica e um astro talhado para o papel em um filme indicado ao Oscar de Melhores Efeitos Visuais.

Trailer:




Curiosidades:

O filme forneceu uma variedade de dificuldades para os atores, como sanguessugas, cobras, umidade sufocante, calor e terreno acidentado. Todas as cenas noturnas foram filmadas durante temperaturas geladas, o que foi especialmente difícil para Arnold Schwarzenegger durante a segunda metade do filme, quando a lama que ele teve que usar (na verdade, argila de cerâmica) ficou fria e molhada. Ele foi avisado que a temperatura do seu corpo diminuiria alguns graus, e ele estremeceu sem parar, mesmo quando tentaram aquecê-lo com lâmpadas (só fez a argila secar). Ele tentou beber jagertee, uma mistura de aguardente, para aquecê-lo, mas isso o deixou bêbado.

Jesse Ventura ficou encantado ao descobrir pelo departamento de figurino que seus braços eram 2,5 centímetros maiores que os de Arnold Schwarzenegger. Ele sugeriu a Schwarzenegger que medissem os braços, com o vencedor recebendo uma garrafa de champanhe. Ventura perdeu, porque Schwarzenegger havia dito ao departamento de figurino para dizer a Ventura que seus braços eram maiores.

O traje do Predador pesava mais de 90 quilos, e mesmo que Kevin Peter Hall de 2,20m fosse um homem grande e poderoso, ele tinha que ser conectado a um equipamento de "bungie", para permitir que ele se movesse de forma mais crível.

Jean-Claude Van Damme foi originalmente escalado para interpretar o Predador, com a ideia de que a estrela de ação física usaria suas artes marciais para tornar o Predator um caçador ágil e parecido com um ninja. No entanto, o design original do Predator era muito pesado e difícil de gerenciar na selva, e Van Damme não conseguia fazer os movimentos necessários nele. Além disso, foi relatado que Van Damme constantemente reclamava que o traje do monstro estava muito quente (fazendo com que ele desmaiasse), enquanto também expressava suas reservas em várias ocasiões sobre o fato de que ele não estaria aparecendo na câmera sem o traje. Van Damme foi finalmente removido do filme.

Arnold Schwarzenegger perdeu mais de vinte e cinco quilos antes do início das filmagens, a fim de se encaixar melhor no papel de um agente de guerra especial, que seria magro, além de musculoso.

Shane Black odiava os óculos que ele usava como Hawkins. Ele queria usar óculos balísticos autênticos, usados ​​por tropas reais em campo, mas John McTiernan queria que ele parecesse o mais nerd possível.

A companhia de seguros do estúdio não concordou em segurar a produção a menos que um guarda-costas fosse contratado para Sonny Landham (Billy) - com o único propósito de proteger as pessoas de Sonny. O guarda-costas seguia Sonny em todos os lugares para garantir que ele não entrasse em uma briga, já que ele era conhecido por ser violento e temperamental.

Billy sente o Predador pela primeira vez após o ataque ao acampamento da guerrilha. No entanto, isso não é o resultado de um "sexto sentido" ou estado elevado de consciência, que Billy demonstra em um segmento posterior. Em vez disso, Billy ouve o Predator imitar sua própria risada que ele havia compartilhado com Hawkins alguns segundos antes. Se você ouvir atentamente, você ouvirá o Predator tentar imitar a risada um pouco baixinho, o que enerva Billy imediatamente, fazendo com que ele olhe para as árvores.


Kevin Peter Hall afirmou em uma entrevista que sua experiência no filme "não era um filme; era uma história de sobrevivência para todos nós". Por exemplo, na cena em que o Predador persegue Dutch, a água estava suja, estagnada e cheia de sanguessugas.

Embora eles nunca tenham sido mencionados no filme final, os nomes completos dos personagens principais no roteiro original eram Major Alan "Dutch" Schaefer, Sargento George Dillon, Sargento Mac Eliot, Sargento Blain Cooper, Sargento Billy Sole, Cabo Poncho Ramirez, e o cabo Rick Hawkins.

A trama original tinha Dutch Schaefer (Arnold Schwarzenegger) contra o Predador sozinho. Schwarzenegger achou uma má ideia. O roteiro foi reescrito para incluir uma equipe de comandos.

A cabeça do Predator foi construída como uma peça separada, e um total de três foram criados para o filme: uma cabeça de "herói" que era capaz de articulação facial, uma cabeça de dublê estática e uma cabeça totalmente aberta na frente para uso em cenas em que o Predador está usando sua máscara. O rosto animatrônico na cabeça do herói era controlado por um conjunto de nove servomotores que permitiam o movimento da área da testa e mandíbulas, bem como "um estrabismo", um servomotor externo adicional adicionado posteriormente, escondido na mochila da criatura, para mover o mandíbulas inferiores, que anteriormente não abriam tão amplamente quanto o pretendido. Kevin Peter Hall conseguiu manipular a boca da criatura com sua própria mandíbula e usou lentes de contato para finalizar o efeito.

Os editores de som chamavam a arma de ombro do Predator de "Parrot Gun", porque quando se movia independentemente do Predator enquanto mirava, lembrava "o ator Peter Sellers com um papagaio de borracha no ombro".

O estúdio escolheu o Boss Studio para o primeiro design do Predator para economizar dinheiro. O Predator deles era mais parecido com um artrópode/inseto e, de acordo com Arnold Schwarzenegger, parecia alguém em um traje de lagarto com a cabeça de um pato. No entanto, o traje não foi considerado assustador o suficiente, e o artista inicial Jean-Claude Van Damme não conseguiu se mover adequadamente nele. Por sugestão de Schwarzenegger, Stan Winston foi contratado para redesenhar a criatura por 1,5 milhão de dólares (o dobro do que o Boss Studio havia cobrado). Isso significava que a cena final da luta teve que ser refeita. O novo Predador tinha 2,5 metros de altura, mas o re-lançado Kevin Peter Hall tinha 2,20m. O traje era pesado e desequilibrado, e Hall não podia ver com a máscara. Por causa disso, durante a cena de luta com Dutch, ele realmente acertou Schwarzenegger uma vez.

Bill Duke improvisou o barbear. A equipe se esforçou no set para fazer uma navalha que esguicha sangue.

Stan Winston foi inspirado por uma pintura de um guerreiro Rastafari no escritório do produtor. "Eu vi isso e achei que era um ótimo conceito inicial para o Predator", disse Stan Winston. "Comecei a desenhar e redesenhar esse personagem alienígena com penas que em silhueta pareciam dreadlocks. Durante esse mesmo período, Aliens havia saído, e Jim Cameron e eu estávamos voando para o Japão para participar de um simpósio sobre o filme. estavam sentados um ao lado do outro no avião, e eu estava desenhando e desenhando o Predador."

As mandíbulas do Predator foram ideia de James Cameron, que afirmou: 'Sabe, eu sempre quis ver algo com mandíbulas.' E Stan Winston disse: 'Hmm, essa é uma ideia interessante.' E ele começou a desenhar as agora famosas mandíbulas do Predador.

A arma que Blain (Jesse Ventura) está usando é uma minigun. Esta é uma arma mais comumente montada na lateral de um helicóptero e muitas, muitas modificações tiveram que ser feitas para torná-la utilizável no filme. Ele era alimentado por um cabo elétrico escondido na frente das calças de Blain. A cadência de tiro foi reduzida para aproximadamente um terço da cadência normal de tiro, tanto para reduzir o consumo de balas quanto para tornar a rotação dos canos visível no filme. Há rumores de que Ventura teve que usar um colete à prova de balas, por causa da ejeção forçada de cartuchos gastos, mas isso é falso. Miniguns não modificadas são ejetadas do fundo, com as caixas essencialmente caindo, devido à gravidade. Um exame minucioso do filme, especialmente a cena em que Mac dispara a minigun no predador em fuga, junto com os outros comandos, mostra que a ejeção da minigun não foi alterada.

Por ser o primeiro filme do Predator, apenas a visão térmica e a visão infravermelha foram mostradas do ponto de vista do Predador (O Predador 2: A Caçada Continua (1990) introduziu muitos outros modos de visão para o Predador), mas com boa atenção aos detalhes , você pode obter dicas de que a criatura tem modos de visão diferentes, mesmo neste filme. Ele obviamente pode ver e evitar os fios que estão escondidos em todos os lugares da floresta (o que na verdade não seria visível se ele usasse apenas visão térmica). O Predador também pode ver se os soldados estão armados, indicando que possuir um modo de visão diferente para detectar metal sólido.

Shane Black, que interpreta o comando Hawkins, é na verdade um roteirista. O produtor Joel Silver queria que Black, que escrevia o filme Máquina Mortífera (1987), próximo a ele, para que revisasse o roteiro.

O lançador de granadas do Poncho é um projeto inteiramente fictício. Foi construído sob medida com peças de um Heckler & Koch HK94 (principalmente a coronha e o punho da pistola) e um descarregador pirotécnico de aeronave AN-M5 de seis tiros (um lançador de flare de 37 mm).

Em várias séries de quadrinhos do universo estendido, as criaturas são chamadas de 'Yautja', que desde então se tornou um nome semi-oficial amplamente aceito.

O filme originalmente apresentava um soldado nativo americano como protagonista. Este personagem eventualmente evoluiu para Billy.

Originalmente, Joel Silver queria que Michael Kamen fizesse a música para este filme depois de colaborar com ele em Máquina Mortífera (1987), mas Kamen não estava disponível devido a ele trabalhar em Uma Noite de Aventuras (1987). No entanto, o diretor John McTiernan recomendou a contratação de Alan Silvestri depois de ouvir seu trabalho em De Volta para o Futuro (1985). A partitura de Silvestri tornou-se tão icônica que ele foi trazido de volta para O Predador 2: A Caçada Continua (1990), e a partitura de Predadores (2010) reaproveitou muitos de seus temas musicais originais.

O programa "Os Caçadores de Mitos" (2003) provou que se cobrir inteiramente de lama não esconde, de fato, o calor do corpo, pois em pouco tempo a lama da pele fica mais quente.

Aliens (1986) foi citado como uma das influências de Jim e John Thomas por trás do filme porque era sobre fuzileiros espaciais lutando contra e sendo apanhados um a um por criaturas extraterrestres mortais. Em O Predador 2: A Caçada Continua (1990) Harrigan (Danny Glover) descobre o crânio de um Xenomorfo na nave Predator. A cena gerou histórias em quadrinhos de crossover, figuras de ação e videogames de Alien Vs. Predador e dois longas-metragens, Alien vs. Predador (2004) e Alien vs. Predador 2 (2007).

Durante os créditos finais, Shane Black é visto exibindo uma cópia de Sgt. Rock #408 (fevereiro de 1986). No comentário do DVD, John McTiernan observa que, na época, Arnold Schwarzenegger tinha uma adaptação de Sgt. Rock na produção, e é por isso que os quadrinhos estavam no set, para que ele pudesse lê-los. Ele descreveu a cena em que Dutch (Schwarzenegger) caminha até Billy (Sonny Landham), que sente a presença do Predador no mato, como um "momento Sgt. Rock".

Na cena em que a equipe das Forças Especiais ataca a vila, o guerrilheiro, que é explodido na van, é interpretado por Henry Kingi. Kingi interpretaria o membro do Scorpions colombiano "El Scorpio" em O Predador 2: A Caçada Continua (1990).

Por se tratar de um empreendimento de operações secretas, os helicópteros não possuem números de registro nem outra identificação.

Sven-Ole Thorsen, que é amigo pessoal e parceiro de fisiculturismo de Arnold Schwarzenegger, faz uma aparição no filme como o conselheiro militar russo no campo de guerrilha. Thorsen apareceu na maioria dos filmes de Schwarzenegger ao longo da década de 1980 em uma participação especial ou em pequenos papéis coadjuvantes.

A visão infravermelha do Predator é a mesma que as cobras detectam suas próprias presas.

O sangue do Predador originalmente deveria ser laranja, mas era difícil de realizar. Em vez disso, um cara de efeitos sugeriu que eles cortassem aqueles bastões luminosos e simplesmente despejassem o líquido sempre que necessário.

O filme mudou seu título de "Hunter" para O Predador (1987) para evitar confusão com o seriado Tiro Certo ( Hunter - 1984), estrelado por Fred Dryer que jogou no mesmo time de futebol da San Diego State University (SDSU), assim  como Carl Weathers.

O mapa que o general Phillips usa para informar o holandês é um mapa do Brasil. A área que o mapa mostra é uma região conhecida como "bioma cerrado", em áreas-núcleo com árvores de pequeno e médio porte, savana arborizada e savana gramínea-lenhosa. Diante disso, as grandes florestas tropicais com profundos barrancos e enormes árvores são geograficamente incorretas, uma vez que a região em destaque no mapa é chamada de Chapada das Mangabeiras, nos planaltos do centro do Brasil. Este ponto torna-se discutível, no entanto, pelo fato de que os países em que o filme se passa nunca são identificados no decorrer do filme.

Foi originalmente intitulado como 'The Predator' até que eles mudaram para apenas 'Predator'. "The Predator" (2018) se tornou o nome da sequência dirigida por Shane Black, que também estava no filme original.

Quando o roteiro foi lançado em Hollywood, a descrição abreviada usada para ele era "'Alien - O 8º Passageiro (1979) na selva".

A primeira semana de filmagem foi um pesadelo às vezes devido principalmente às condições da selva lotada causada pela presença de 300 extras mexicanos com pouco ou nada para fazer (o diretor pedira 200). O sindicato local havia lotado a produção com trabalhadores desnecessários, então John McTiernan acabou mandando metade deles para casa com o pagamento.

Efeitos visuais adicionais, principalmente para a sequência de abertura do Predator chegando à Terra, foram fornecidos pela Dream-Quest Images (posteriormente vencedores do Oscar por seu trabalho em O Segredo do Abismo (1989) e Vingador do Futuro (1990).

Carl Weathers entrou no filme porque John McTiernan queria um ator de verdade para trabalhar contra Schwarzenegger. O diretor teve que lutar para conseguir um ator de qualidade no papel.

A grande árvore usada no confronto final é feita de concreto.

Quando o Predator é emboscado por um "Dutch" coberto de lama, ele entra em pânico e começa a atirar "em todas as direções" aleatoriamente, sem saber onde ele está, assim como Billy disse que o Predator fez com os homens de Jimmy Hopper antes de matá-los e esfolá-los vivos.

Em relação a Jesse Ventura, John McTiernan ficou surpreso ao descobrir que ele era "muito mais brilhante do que fingia ser" e "verdadeiramente surpreso" quando soube que Ventura foi eleito governador de Minnesota anos depois.

O javali que Mac matou era falso. "Aquele porco era tão irreal, você está brincando comigo." John McTiernan afirmou.

Além deste filme, Arnold Schwarzenegger e Sonny Landham têm algo em comum: ambos co-estrelaram com Sylvester Stallone em filmes de prisão. Schwarzenegger em Rota de Fuga (2013) e Landham em Condenação Brutal (1989).

3 anos após o lançamento do filme, Jesse Ventura e Sven-Ole Thorsen estrelaram o filme de ficção científica Abraxas: Guardian of the Universe (1990). Arnold Schwarzenegger foi oferecido o papel-título, mas recusou para fazer Terminator 2: Judgment Day (1991) e Jesse Ventura assumiu o papel.

Quando o ombro direito de Dutch é ferido quando o Predator atira nele com o canhão de ombro, o Predator não atira em Dutch no ombro direito, mas atira no M16 de Dutch com um lançador de granadas M203. Se o Predador tivesse atirado em Dutch no ombro direito, Dutch teria perdido o braço direito.

A tomada de Dutch (Schwarzenegger) e sua equipe rastejando com os binóculos foi realizada com um guindaste e uma câmera de controle remoto, e irritou o estúdio porque levou três horas para fazer a cena

Durante uma cena de confronto com Dillon, Dutch mencionou que sua equipe "não era dispensável". A partir de 2020, nenhum dos atores que interpretaram a equipe de Dutch apareceu em nenhum dos três filmes dos Mercenários, ao contrário de Arnold Schwarzenegger, que apareceu em todos eles.

Incluído na lista de 2001 do American Film Institute de 400 filmes indicados para os 100 filmes americanos mais emocionantes.

Kevin Peter Hall também estrelou a série Curto-Circuito interpretando o Dr. Elvin "El" Lincoln

O filme serviu de inspiração para o filme filipino Bangis (1996).

Cartazes:




A concepção da primeira criatura













Van Damme no set de filmagens












Kevin Peter Hall





Filmografia Parcial:
Arnold Schwarzenegger










Hercules in New York (1970); Um Perigoso Adeus  (1973); Scavenger Hunt (1979); Cactus Jack, o Vilão (1979); Jayne Mansfield: Símbolo Sexual (1980); Conan, o Bárbaro (1982); Conan, o Destruidor (1984); O Exterminador do Futuro (1984); Guerreiros de Fogo (1985); Comando Para Matar (1985); O Predador (1987); O Sobrevivente (1987); Inferno Vermelho (1988); Irmãos Gêmeos (1988); O Vingador do Futuro (1990); Um Tira no Jardim de Infância (1990); O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final (1991); O Último Grande Herói (1993); Queima de Arquivo (1996); Um Herói de Brinquedo (1996); Batman & Robin (1997); O Fim dos Dias (1999); O 6º Dia (2000); Efeito Colateral (2002); O Exterminador do Futuro 3: A Rebelião das Máquinas (2003); Volta ao Mundo em 80 Dias: Uma Aposta Muito Louca (2004); Os Mercenários (2010); Os Mercenários 2 (2012); O Último Desafio (2013); Rota de Fuga (2013); Sabotagem (2014); Os Mercenários 3 (2014); O Exterminador do Futuro: Gênesis  (2015); Contágio: Epidemia Mortal (2015); O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio (2019)

Carl Weathers (1948-2024)







Magnum 44 (1973); Friday Foster (1975); Rocky: Um Lutador (1976); Contatos Imediatos do Terceiro Grau (1977); A Disputa dos Sexos (1977); Nas Profundezas das Bermudas (1978);  Comando 10 de Navarone (1978);  Rocky II: A Revanche (1979); Perseguição Mortal (1981); Rocky III: O Desafio Supremo (1982); Rocky IV  (1985); O Predador (1987); Ação Total (1988);  Hurricane Smith: Tempestade em Ação (1992); Justiça das Ruas (1991 - 1993);  In the Heat of the Night (1993 - 1995);  Um Maluco no Golfe (1996); Guerreiros das Sombras II: A Montanha do Diabo (1999); O Perigo Alienígena (2005); Um Time de Malucos (2007); A Batalha Marítima (2012); O Mandaloriano (seriado 2019 - 2020)


Kevin Peter Hall (1955–1991)







A Semente do Diabo (1979); Sem Aviso (1980); Numa Noite Escura (1982); Labirinto de Emoções (1982); Curto circuito  (seriado 1985-1986); O Monstro do Armário (1987); Um Hóspede do Barulho (1987); O Predador (1987); O Predador 2: A Caçada Continua (1990); Estrada para o Inferno (1991)

Elpidia Carrillo









Pedro Páramo (1977); Nuevo mundo (1978); Fronteira da Violência (1982); Sob Fogo Cerrado (1983); O Cônsul Honorário (1983); Salvador: O Martírio de um Povo (1986); O Predador (1987); Treinado Para Matar (1990); O Predador 2: A Caçada Continua (1990); Cidade de Cegos (1991); Minha Família (1995); O Bravo (1997); Coisas que Você Pode Dizer só de Olhar para Ela (2000); Pão e Rosas (2000); Solaris (2002); Questão de Vida (2005); Sete Vidas (2008); O Cobrador de Impostos (2020); Isolados: Medo Invisível (2020); Madres (2021); Besouro Azul  (2023)


Bill Duke









Car Wash: Onde Acontece de Tudo (1976); Gigolô Americano (1980); Comando Para Matar  (1985);  O Predador (1987); Atraídos pelo Perigo (1987); Ação Total (1988); Alta Tensão (1990); Mudança de Hábito 2: Mais Loucuras no Convento  (1993);  O Troco (1999); Instinto Sombrio (1999); Rede de Corrupção (2001);  Dragão Vermelho (2002); Fique Rico ou Morra Tentando (2005); X-Men: O Confronto Final (2006); Morte por Encomenda (2010); A Lista (2014); Mandy: Sede de Vingança (2018); Na Ponta da Bala (2019); Raio Negro (2018 -2021); Nem um Passo em Falso (2021)

Jesse Ventura









O Predador (1987); O Sobrevivente (1987); Corra que a Polícia vem Aí! (1988); Desafio Total (1989); A Repossuída (1990); Abraxas - O Guardião do Futuro (1990); Sem Limite para Vingar (1991); O Demolidor (1993); Um Time Muito Louco (1994); Batman & Robin (1997); O Trapaceiro (2005); Woodshop (2010); The Drunk (2014) 


Sonny Landham (1941–2017)









Sylvia (1977); Warriors - Os Selvagens da Noite (1979);  Glória (1980); O Confronto Final (1981);  Poltergeist: O Fenômeno (1982);  48 Horas (1982);  Os Doze Condenados: A Próxima Missão  (1985);  Os Aventureiros do Fogo (1986); O Predador (1987); Ação Total (1988);  Condenação Brutal (1989);  Operação Kickbox 2 - Vencer ou Vencer (1993);  Fatal Choice (1995);  Carnival of Wolves (1996);  Mental Scars  (2009)


Richard Chaves










A Testemunha (1985); O Predador (1987); Regresso do Inferno (1988); Aconteceu em Los Angeles (1989); Guerra dos Mundos (seriado 1988-1989); Olhos Noturnos 2 (1991); Dark House (2009)

Shane Black









Noite dos Arrepios (1986); O Predador (1987); Um Tira do Outro Mundo (1988); A Caçada ao Outubro Vermelho (1990); RoboCop 3 (1993); Hollywood - Muito Além das Câmeras (1997); Melhor é Impossível (1997); Any Day (2015); Swing State (2017)

R.G. Armstrong (1917–2012)









Caçada Humana (1958); Vidas em Fuga (1960); Pistoleiro do Entardecer (1962); Juramento de Vingança (1965); El Dorado (1967); A Morte Não Manda Recado (1970); Motoqueiros Selvagens (1970); O Império dos Homens Maus (1970); A Grande Esperança Branca (1970); Sem Lei e Sem Esperança (1972); Pat Garrett e Billy the Kid (1973); Meu Nome é Ninguém (1973); Inferno no Asfalto (1975); O Carro, a Máquina do Diabo (1977); A Longa Noite de Terror (1977); O Céu Pode Esperar (1978); Cão do Diabo (1978); A Lenda do Revolver Dourado (1979);  McQuade, o Lobo Solitário (1983); Colheita Maldita (1984); O Predador (1987); Prova de Fogo (1987); Dick Tracy (1990); Warlock 2: O Armageddon (1993); O Preço do Desejo (1995); O Homem da Máscara de Ferro (1998); O Purgatório (1999)

Sven-Ole Thorsen











Conan, o Bárbaro (1982); Conan, o Destruidor (1984); Guerreiros de Fogo (1985); Jogo Bruto (1986); Máquina Mortífera (1987); O Predador (1987); O Sobrevivente (1987); Inferno Vermelho (1988); Irmãos Gêmeos (1988); Caçada ao Outubro Vermelho (1990); O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final (1991); Harley Davidson e Marlboro Man - Caçada Sem Tréguas (1991); Máquina Mortífera 3 (1992); Nemesis - O Exterminador de Androides (1992); Vencer ou Morrer (1993); Dragão: A História de Bruce Lee (1993); O Último Grande Herói (1993); O Alvo (1993); Em Terreno Selvagem (1994); Rápida e Mortal (1995); Ameaça Nuclear (1996); Queima de Arquivo (1996); George: O Rei da Floresta (1997); Kull - O Conquistador (1997); Best of the Best 4 - Sem Aviso (1998); O 13º Guerreiro (1999); O Fim dos Dias (1999); Gladiador (2000); Efeito Colateral (2002); Timecop 2 - O Guardião do Tempo (2003); Refém (2005);

segunda-feira, 8 de agosto de 2022

EU, CHRISTIANE F., 13 ANOS, DROGADA E PROSTITUÍDA / WIR KINDER VOM BAHNHOF ZOO (1981) - ALEMANHA

ATUAL E OPORTUNO

Christiane (Natja Brunkhorst) é uma jovem, como tantas outras, entrando na adolescência, na Berlim Ocidental dos anos 70. Vivendo em um conjunto habitacional decadente com a mãe (Christiane Lechle) recém-divorciada, passa os seus finais de semana na mais famosa discoteca da Europa, com sua melhor amiga Babsi (Christiane Reichelt): a “Sound”, conseguindo entrar mesmo sem ter a idade permitida. Certo dia, ao assistir um show do artista David Bowie, conhece Detlef (Thomas Haustein), um viciado em heroína e seu grupo de amigos, logo Christiane experimentará sua primeira droga e conhecerá o seu primeiro amor.

As drogas a levam a conhecer um novo mundo: um mundo de adolescentes desesperançosos e sem perspectivas de vida. De acordo com que sobe nas escalas de drogas, chegando à heroína, sua vida começa proporcionalmente a descer ladeira abaixo. Começa a furtar pequenos objetos em casa, mas a necessidade de satisfazer mais e mais a carência das drogas, começa à leva-la ao mundo da prostituição (na Berlin Zoologischer Garten Railway Station, uma importante estação ferroviária localizada na zona central) de forma gradual. Mesmo sendo levada a um tratamento, Christina sucumbe novamente às drogas, enquanto vai descobrindo que muitos de seus amigos estão perdendo suas batalhas frente ao vício.


Campeão de vendas na Alemanha desde o seu lançamento, “"Christiane F. - Wir Kinder vom Bahnhof Zoo"” (na tradução: “Christiane F. - Nós, Crianças (da estação) do Zoológico de Bahnhof”), se transformou  em um sucesso instantâneo, transformando Christiane F. em um ícone pop e símbolo da luta contra as drogas, vendendo milhões de cópias. Acabou indo para telas através do diretor Uli Edel em uma controversa adaptação: muitos acharam uma boa condensação do livro, outros viram a obra cinematográfica como apelativa, mas o impacto de Christiane F nas telas perdurou e ganhou projeção, assim como sua protagonista na vida real: Vera Christiane Felscherinow. O filme se passa durante os anos de 1975-1977, foi filmado em 1980 e lançado pela primeira vez em 1981. E Christiane participou como consultora do filme ainda que não tenha atuado.

O filme, lançado com o título (um tanto chamativo do livro) no Brasil (em 1983), “Eu, Christiane F, 13 anos, Drogada e Prostituída” e que vinha com o subtítulo brasileiro, “a imagem de uma geração”, teve problemas com a censura da época: o filme chegou a ser proibido no Brasil baseado no parecer do Conselho Federal de Entorpecentes. Os distribuidores recorreram ao Conselho Superior de Censura que, após vários pedidos, o liberou por maioria dos votos, sem unanimidade. Isso atrapalhou muito a divulgação por aqui, com críticas negativas e pouco tempo em grande circuito. E foi numa época com ótimos filmes sendo lançados e considerados pesos pesados nas bilheterias como: “A Escolha de Sofia”, “Gandhi”, “A Força do Destino”, “Tron”, “Vitor ou Vitória”...

Sexo, drogas e rock and roll eram considerados o trinômio maldito para os conservadores da década de 60 e 70. E os problemas da juventude alemã não eram tão distantes da juventude brasileira. Muitos consideraram que o relato em primeira pessoa, deu ao livro um impacto maior do que foi levado às telas, mas, a bem da verdade, o filme ajudou ainda mais ao livro atingir um público que não tinha o hábito de ler. Na Alemanha, o filme foi exibido em várias escolas, no Brasil também há relatos de jovens que tiveram contato com a obra em escolas de nível médio. E as filmagens não foram nada fáceis: eles não tinham permissão para filmar na estação, então o diretor de fotografia sentou-se em uma cadeira de rodas, escondeu a câmera no colo e foi empurrado pelo diretor. Em outra cena, a atriz que fez a protagonista, estava sendo filmada de longe na calçada quando um carro parou para que ela entrasse. A equipe entrou em pânico: não fazia parte da filmagem e a atriz quase acabou entrando dentro do carro do desconhecido que tentou abordá-la. Quando o filme finalmente foi às telas o rosto que as pessoas associaram a Christiane foi o de Natja Brunkhorst. Décadas depois ainda a abordavam acreditando ser a jovem do livro. Conforme dito pela produção, muitos figurantes e artistas de fundo que aparecem nas cenas do Sound Club e da Estação Ferroviária eram jovens da vida real, viciados em drogas e prostitutas que foram encontrados para as sequências envolvendo multidões. A dublagem foi muito criticada nos Estados Unidos. Os americanos assistiram uma dublagem inglesa por sobre o original alemão e, acredito, que esse seja o motivo da dublagem brasileira ser estranha em alguns momentos: o material fornecido já era ruim. Prefira a versão legendada.

O filme, apesar de não ser tão chocante quanto o livro, logra êxito ao descortinar mais uma das mazelas dessa nossa desvairada sociedade: o vício em drogas e a deprimente condição na qual esses jovens passam a se submeter para adquiri-las. Há alguns pontos confusos e mal explorados como o papel da mãe (que no filme se torna omissa), a ausência do fornecedor de drogas (apenas em uma cena) e o aparente vínculo das drogas essencialmente ao rock. Já o livro deixa transparecer que o problemas das drogas são mais complicados do que muitos desejam levar a crer: carência afetiva; amargura; ressentimento dos pais; lares desfeitos; desagregação familiar; pais que inconscientemente transmitem ao filhos o seu desespero e solidão; uma sociedade que impõe um ritmo vertiginoso em cima das pessoas que trabalham sem tempo para se dedicar aos filhos, pois o custo de vida também impõe severas perdas; incompreensão dos pais e educadores; as insuportáveis tensões que os centro urbanos impõem sobre as pessoas (a família de Christiane havia se mudado do campo para a cidade); lugares cada vez menores e pouco espaço para as crianças brincarem. O fato de Christiane levar uma vida dupla, durante tanto tempo, sem que seus pais percebam, é um exemplo desse distanciamento.

Originalmente, a história de Christiane foi publicada em forma de série de 12 partes pela revista alemã de notícias "Stern" com o depoimento de F aos jornalistas Kai Hermann e Horst Rieck. Com o sucesso mundial, a jovem se declarou livre do vício em drogas, mas em 1983 acabou sendo presa novamente enquanto comprava heroína no apartamento de um traficante. Em 2016, juntamente à escritora Sonja Vokovic, escreveu o livro “Christiane F. - A Vida Apesar de Tudo”, no qual detalha os acontecimentos posteriores àqueles contados no primeiro livro, incluindo o retorno às drogas, a vida como mãe e o trabalho que faz na recuperação de outros dependentes químicos.

Christiane F é um dos retratos mais sombrios do vício em drogas já filmados, sendo baseado em fatos sobre a verdadeira cultura de drogas da juventude de Berlim da década de 1970. Por ter sido filmado com jovens sem experiência sem atuação, mostra-se cru e impactante com cenas fortes. Temos a rápida presença de David Bowie que forneceu a alavancada na divulgação que o filme precisava. Um filme para os jovens ganharem percepção e para os adultos despertarem para a dura realidade das drogas.


Curiosidades:

Nos Estados Unidos o livro recebeu o nome de "Christiane F: Autobiography of a Girl of the Streets and Heroin Addict".

Vera Felscherinow nasceu, em 20 de maio de 1962, na cidade de Hamburgo. Nessa época um muro dividia a Alemanha, fazendo com que o país vivesse um eterno clima de tensão por uma possível guerra com os Estados Unidos.

O filme contou com a música de David Bowie, que até apareceu no filme em sequências de shows. Seu envolvimento com o filme ajudou sua conscientização e bilheteria. Quase todas as músicas da trilha sonora do filme foram escritas ou co-escritas por Bowie. De acordo com o livro fonte do filme, Christiane F. na vida real teve sua primeira experiência com heroína em um show de Bowie e este fato foi reiterado como um elemento da história do filme.

Uma das melhores amigas de Christiane F. no filme é Babsi (interpretada por Christiane Reichelt), que mais tarde chegou à capa do jornal "Berliner Zeit" em 1977, quando morreu com apenas quatorze anos. Babsi foi a mais jovem vítima de drogas em Berlim, e sua morte, juntamente com a publicação do livro "Wir Kinder vom Bahnhof Zoo" ajudou a aumentar a conscientização sobre o aumento do número de usuários de drogas adolescentes.

Thomas Haustein, que interpreta Detlef no filme, conheceu a verdadeira Christiane F. e sua amiga Stella (interpretada por Kerstin Richter no filme) no set quando eles vieram visitar durante as filmagens. Thomas e Stella na vida real estavam namorando por um tempo durante a produção do filme, e ela também está no filme, brevemente. Ela interpreta o traficante de drogas que vende heroína Detlef no Sound Disco Club, perto do início. Ela está vestindo um casaco comprido. Stella morreu em 2004 devido a complicações de saúde, consequência de anos de abuso de álcool e drogas.

O significado da Estação do Zoológico de Berlim no livro de origem e no subtítulo e na história do filme é que foi o local que foi um ponto final para muitos adolescentes alemães que morreram lá de overdose de drogas em seus banheiros e cubículos miseráveis.

O filme é baseado em fatos sobre a verdadeira cultura de drogas da juventude de Berlim da década de 1970. 

A sequência do show estrelado por David Bowie foi filmada em Nova York em outubro de 1980 no Hurray Club. Como Bowie aparecia na Broadway várias noites por semana na época, o diretor Uli Edel teve que filmar as cenas naquela cidade. O local foi decorado de forma a se assemelhar a uma boate de Berlim. As grandes cenas da multidão do show utilizaram imagens de um show do AC/DC na então Alemanha Ocidental.

Muitos dos atores do filme estavam na escola, nunca haviam atuado antes e eram atores de primeira viagem. Para a maioria, este foi seu único crédito em filmes e TV e não trabalhou na indústria cinematográfica desde então.

O papel de estreia no cinema da atriz Natja Brunckhorst, que tinha apenas 14 anos quando o filme foi filmado. Embora este filme tenha sido controverso, Brunckhorst voltou atrás com isso, seu próximo filme foi Querelle (1982), dirigido pelo controverso diretor alemão Rainer Werner Fassbinder.

O filme foi feito e lançado cerca de dois anos depois que seu livro fonte "Christiane F: Autobiography of a Girl of the Streets and Heroin Addict" foi publicado pela primeira vez em 1979.

O subtítulo do filme "Wir Kinder vom Bahnhof Zoo" se traduz literalmente em inglês como "Nós, crianças do zoológico de Bahnhof" ou "Nós, crianças da estação do zoológico".

A verdadeira Christiane F. saiu da estreia no meio da exibição porque se sentiu envergonhada ao ver os eventos de sua antiga vida se desenrolarem na tela e porque queria evitar perguntas da imprensa.

Primeiro longa-metragem dirigido por Uli Edel.

Thomas Haustein estava um pouco nervoso em filmar cenas de sexo neste filme. "Eu não estava envolvido no mundo gay e é claro que eu estava nervoso para representar algo assim na frente de uma câmera. Isso também foi o mesmo com minha primeira cena de sexo com Natja. Eu não tinha tido nenhuma experiência sexual ainda! Então, antes da cena com meu cliente masculino, Uli me pegou sozinho sem a equipe, só eu e ele, e ele ficou atrás de mim para demonstrar como deveria ser." - diz ele, rindo.

Originalmente, o filme seria dirigido por Roland Klick, mas depois de uma longa preparação, ele foi demitido apenas duas semanas antes das filmagens, após uma briga com o produtor Bernd Eichinger. Depois disso, Uli Edel entrou para dirigir o filme.

Christiane Lechle, a atriz que interpretou a mãe de Christiane, foi dublada por Renate Küster.

Ao atirar em um banheiro público sem permissão, Uli Edel acidentalmente encontrou um grande saco de heroína que estava escondido lá. Edel queria vender a heroína para financiar os dias de cinema. Enquanto ele tentava convencer o produtor Bernd Eichinger, um viciado de aparência perigosa entrou, parecendo que ia atacar Natja Brunckhorst. Edel rapidamente jogou a sacola nele e o viciado se virou e fugiu, para nunca mais ser visto.

A atriz que interpreta a personagem principal tinha 14 anos quando filmou sua cena de nudez


Trilha Sonora:

V2 Schneider - David Bowie

TVC15 - David Bowie

Station to Station - David Bowie

Heroes/Helden - David Bowie /Brian Eno 

Stay - David Bowie

Sense of Doubt - David Bowie

Boys Keep Swinging - David Bowie /Brian Eno 

Warszawa - David Bowie /Brian Eno


Passado e Presente - Christiane F









Passado e Presente - Natja Brunckhorst










Cartazes:



Filmografia Parcial:

Natja Brunckhorst







Eu, Christiane F., 13 Anos, Drogada e Prostituída (1981);  Querelle (1982); Die Spitzen der Gesellschaft (1990); Babylon - Im Bett mit dem Teufel (1992); Virus X - Der Atem des Todes (1997); A Princesa e o Guerreiro (2000); Totem (2011)