terça-feira, 27 de junho de 2023

12 HOMENS E UMA SENTENÇA / 12 ANGRY MEN (1997) - ESTADOS UNIDOS

 

ÀS VEZES, OS FATOS QUE ESTÃO BEM NA SUA FRENTE PODEM ESTAR ERRADOS

Um jovem latino, de 18 anos, é acusado de assassinar o pai. Há a arma do crime, há a motivação e há uma possível testemunha. “Um homem está morto, a vida de outro está em jogo” diz a juíza (Mary McDonnell) que pede a 12 jurados que se reúnam e que tragam o resultado unânime de suas considerações: inocente ou culpado. A segunda opção levará o réu ao corredor da morte (e morte por injeção letal). Em quase sua totalidade, os jurados entendem que o réu é realmente culpado. A votação parece que será rápida e inequívoca, mas um destes, o número 8 (Jack Lemon) entende que o caso pode não ser tão simples e que ele não se sente necessariamente convencido da culpabilidade do jovem, assim como os demais deveriam examinar melhor as provas com uma consideração mais cuidadosa. Como a decisão deve ser unânime, alguns reagem de várias formas: curiosidade, descrença, indignação, ataques verbais, sarcasmo e cinismo. Ao expor seus argumentos e solicitar uma nova votação o jurado consegue mais um voto, o que despertará uma gama de situações. De acordo com que o tempo passa, o jurado 08 descarta cada evidência contundente apresentada, usando a lógica e os fatos do caso para lançar dúvidas sobre sua confiabilidade.

Para os amantes do cinema é fácil de ser compreendido porque "12 Homens e uma Sentença" (1957) não ganhou um único Oscar dos três indicados, a academia sempre gostou de premiar superproduções e a da vez era "A ponte do Rio Kwai". Quarenta anos depois do clássico "12 Angry Men" (que numa tradução mais fiel seria: "12 Homens com Raiva” ou “12 Homens Raivosos"), uma nova versão americana foi trazida às telas na forma de telefilme (existem várias, de vários países, além de episódios de séries homenageando a produção). E como fazer um filme melhor sob outro considerado uma obra prima? Esta versão seria o típico filme (telefilme) que não possuía uma razão de ser feito, mas quando se inicia vemos o motivo pela qual se apostou tanto em levá-lo às telas. O roteirista Reginald Rose atualizou seu próprio “teleplay” (de 1954) e trouxe mais contemporaneidade à obra, colocando seu roteiro nas mãos de William Friedkin de “Operação França” (1971) – Oscar de Melhor Diretor e “O Exorcista” (1973) indicado ao Oscar também de direção, um cineasta tarimbado e muito eficiente, que colocou no hall dos grandes filmes a serem lembrados estas duas produções.  E seu aceite na direção foi recompensado com uma indicação ao Primetime Emmy Awards (prêmio entregue pela Academia de Artes & Ciências Televisivas). O Emmy de 1998 também premiou o ator George C. Scott (jurado número 3) como Melhor Ator Coadjuvante, indicou Jack Lemmon para Melhor Ator e Hume Cronyn (jurado n 9) também para Melhor Ator Coadjuvante. E ainda houve uma indicação para o prêmio de Melhor Produtor, Terence A. Donnelly (que havia produzido os dois já citados filmes de Friedkin para o cinema). Por essas informações podemos ver que não estamos falando de uma produção qualquer.

O telefilme mantém a premissa inteligente do clássico atemporal de 57 e o diálogo afiado, com um elenco de atores talentosos e isentos de exageros que compreenderam as muitas camadas inseridas dentro da estória e aceitaram o desafio de caminharem em uma estrada já percorrida anteriormente, tentando alcançar, em termos de adição, seu prestigiado antecessor. E o filme acerta em vários pontos: ao trazer agora uma nacionalidade ao réu, foi possível solidificar com mais impacto a questão do preconceito e da xenofobia. Integrar ao júri afrodescendentes foi outra atualização muito bem-vinda, pois tornou tudo mais factível e permitiu uma reflexão mais ampla das motivações de alguns personagens, assim como trazer um ator europeu deu mais respaldo à estória (os anos 50 não permitiam essa mescla, tudo era muito difícil para os afrodescendentes quanto aos direitos civis nos EUA e um ator alemão em papel de destaque, apenas uma década depois do confronto mundial, seria quase impensável para a Hollywood dos anos dourados). Além disso, o filme examina profundamente as formas íntimas como nos relacionamos uns com os outros em nossas vidas cotidianas num roteiro cheio de revelações profundas, percepções poderosas e diálogos perfeitos.

Muito foi dito que faltou uma representante do sexo feminino na obra e talvez tenham razão, mas como o título ainda era “12 Angry MEN” soaria estranho conforme palavras do próprio roteirista. É fato que a maioria das pessoas não gosta de filmes antigos, se forem em preto e branco então a situação só piora. Então por que não atualizar um filme para os olhares mais jovens, por que não lhes apresentar uma estória mais dentro da época em que vivem? Essa é ou deveria ser a função dos remakes, não tentar de qualquer maneira superar algo considerado superior. E nessa empreitada, essa versão final anos 90 logra pleno êxito.

Ainda que praticamente os personagens sejam os mesmos, há nuances que tornam essa obra diferente (se não o fosse, não faria sentido). Vamos aos personagens:

Jurado nº 01 (Courtney B. Vance) - Responsável por guiar os trabalhos. Chamado de "Foreman" (designação no direito americano que significa ser um membro do júri que é escolhido para se encarregar de suas discussões e falar oficialmente por eles). Calmo e centrado no início. Não aceita ser desrespeitado.

Jurado nº 02 (Ossie Davis) - Alega nunca ter participado de um júri. Uma pessoa tranquila, mas hesitante. Não sabe explicar porque o réu é culpado, apenas que parece ser culpado. Acompanha a maioria.

Jurado nº 03 (George C. Scott) – Dono de uma empresa de mensageiros. Alega ter estado em outros júris e que a conversa dos advogados por sobre a obviedade do crime o cansa por ser perda de tempo e dinheiro do contribuinte. Logo, no início, já deixa claro que “esses garotos devem ser punidos” e fica bem subtendido que seu pensamento se manteve intacto em julgamentos passados. Julga com parcialidade um biótipo que julga comum, baseado em crenças e valores próprios, mesmo que já nem perceba, pela amargura que carrega, que tudo se deve ao relacionamento doloroso que tem com o filho. Sustenta seus argumentos dizendo não ser pessoal e sim baseados em fatos. Terá uma experiência reveladora que o fará confrontar-se com o seu eu angustiado e ferido por dentro.

Jurado nº 04 (Armin Mueller-Stahl) - O corretor da Bolsa de Valores. Culto, com palavras bem encaixadas. Reflete sempre antes de emitir suas opiniões. Educado e detalhista. Memória seletiva. Revela preconceito para os com quem moram em comunidades. Busca a verdade, mas de uma forma autoritária e intransigente.

Jurado nº 05 (Dorian Harewood) - Jurado de origem humilde que se encolhe. Na hora de emitir sua opinião prefere “passar”. A forma racista, segregatícia e preconceituosa com que o jurado nº 10 se refere aos menos favorecidos deixa-o com os nervos à flor da pele, completamente indignado e com uma raiva silenciosa de quem sofre na pele as diversas discriminações em uma América que parece não desejá-lo.

Jurado nº 06 (James Gandolfini) – Considera, em suas palavras, o réu culpado desde o primeiro dia. Não vê necessidade de discussão inicialmente sobre o que já parece decidido. Diz basear-se nos motivos narrados no julgamento. Dificuldade de pensamento próprio, sua frase "deixo o meu chefe fazer suposições" ilustra bem esse aspecto

Jurado nº 07 (Tony Danza) - Pronto para encaixar uma piada ou algo que pense ser engraçado. Já “chega pensando em ir embora”. Dá mais valor a uma partida de beisebol, que acontecerá em oitos horas, da qual possui ingressos, do que pensar que o destino de um homem pode estar em suas mãos. Se for para ir embora logo, fica com quem a maioria decidir. Ao contrário das outras versões é ele quem oferece gomas de mascar (até então era o número 2 quem oferecia pastilhas) aos demais. Demonstra completa contrariedade quando percebe que o voto do jurado 08 o manterá mais tempo ali e diz que seu voto não mudaria nem em 100 anos. Quer pressa, mas tem medo de emitir sua opinião antes dos demais, por não possuir argumentos válidos. Vê num declarado impasse a chance de tudo terminar e poder ir embora. Mostra-se xenofóbico com o jurado 11. 

Jurado nº 08 (Jack Lemon) – Não sabe se o réu é culpado ou não, mas acredita que uma decisão rápida e descompromissada dos demais pode destruir a vida de um jovem. Acredita que o voto deva ser discutido e possui dúvidas que entende como importantes. Calmo, não levanta a voz. É um líder natural que não deseja ser líder. Possui alto poder de convencimento através de argumentos estruturados. Considera o jovem vítima de um(a) péssimo(a) defensor(a) que pouco contestou provas contestáveis. Cria um alvoroço quando demonstra que a prova do crime pode ser mais comum do que imaginavam

Jurado nº 09 (Hume Cronyn) - O mais idoso. Caminha com dificuldade auxiliado por uma bengala. Tem um dos diálogos mais fortes sobre o que é ser um idoso na casa dos 75 anos frente a uma sociedade voltada a outros valores e percepções. Um momento de grande reflexão. Observador e sábio.

Jurado nº 10 (Mykelti Williamson) - Racista, etarista e violento. Isento de humildade e se mede pelos outros. Odeia todos os latinos e mexicanos em geral, suas comunidades e o lugar onde vivem, considerando-os um problema social e econômico. Tenta impor seus pensamentos interrompendo o interlocutor, aumentado o tom da voz e declamando suas “verdades inexoráveis” através de um discurso vil. O réu para este jurado é “um deles”, praticamente um sub-humano. Deixa claro que não se importa com o que acontecerá com ele e que puni-lo é uma forma de punir todos os seus pares. Será capaz de mudar?

 

Jurado nº 11 (Edward James Olmos) – Imigrante com forte sotaque. Ouve mais do que fala, mas que em determinado momento mostrará seu descontentamento com a atitude de um dos réus que para irritá-lo proclamará "ele nem fala inglês direito". Sólido em sua conduta.

Jurado nº 12 (William Petersen) – Cria em determinado momento uma conversa em paralelo se autopromovendo como publicitário. Em outro momento, aparece jogando jogo da velha com o jurado nº 03, durante a explanação do jurado 08, como que esperando a decisão final para poder acompanhar seu voto. Suas frequentes mudanças de decisões são comparadas a uma bola de pingue-pongue pelo jurado 03. Conformista.

Quanto ao elenco, vou começar primeiro comentando algo que considerei curioso nos dois primeiros filmes analisados: na versão de 54 citei que alguns não tiveram os personagens desenvolvidos e até faria sentido, pois o tempo de duração (com comerciais) ficava em torno de 60 minutos. Nunca tinha visto a versão até o começo da análise desta “trilogia” e acredito que poucos a tenham visto. Me recordava da versão de 57, que vira ainda jovem na televisão e, uma década e meia depois, ao comprar o DVD, pude perceber que tinha em minhas mãos um grande filme, algo diferenciado, que estimulava o meu cérebro a fazer conexões com vários assuntos vistos e lidos e assim ter um entendimento da obra. Mas ainda assim nunca tinha feito uma análise, tendo agora que observar aspectos, pensar, voltar cenas, observar o “corpo falando” (há vários livros bem interessantes sobre o que o corpo transmite enquanto o interlocutor fala – a linguagem corporal). Na versão de 57 fiquei curioso, pois novamente alguns personagens não se destacavam. Não cabiam agora em 1:30h de projeção? roteiro com a mesma falha nas duas versões? Então reassisti esta versão de 1997 e o mesmo aspecto se repetiu. Não posso assegurar, mas a impressão que ficou é que foi proposital. Apesar de ser um dos melhores roteiros de drama de tribunal, ele fala sobre pessoas, fala sobre motivações, sobre com o ser humano decide baseado em valores, crenças, preconceitos adquiridos, uma vida de alegrias e amarguras. Cada um traz para o júri a sua bagagem de vida e consciente ou inconscientemente o roteirista as jogou, habilmente, na estória, dentro desses personagens dando-lhe uma força extraordinária. Logo, no meu entendimento, e caso alguém tenha uma visão mais esclarecedora peço que a deixe nos comentários, os personagens com poucas falas e tempo de cena fazem sim parte consciente do roteiro. Há pessoas introvertidas, há pessoas que ficam caladas e outras que tem dificuldade ou preferem não interagir. E o roteirista quis nos mostrar que eles fazem parte dos perfis traçados de muitas pessoas, ou sejam: pessoas normais como todos nós. Personagens, propositadamente criados, para que o expectador reflita. Nesses 12 jurados talvez possamos nos encaixar em um deles e penso que foi isso que o roteirista quis nos mostrar. E o quão difícil será para alguns espectadores quando estes se perceberem em alguns dos personagens nada elogiáveis.

Agora sim, vamos ao elenco. O que falar de Jack Lemon indicado por grandes atuações e indicações ao Oscar em filmes como “Desaparecido: Um Grande Mistério” (1983), “Tributo” (1981), “Síndrome da China” (1980), “Vício Maldito” (1963), “Se Meu Apartamento Falasse” (1961) e “Quanto Mais Quente Melhor” (1960), além de dois Oscars conquistados: “Sonhos do Passado” (1974), “Mister Roberts” (1956) e George C. Scott indicado por “Anatomia de um Crime” (1960), “Desafio à Corrupção” (1962) e “Hospital” (1972), vencendo por “Patton, Rebelde ou Herói?” (1971)? A química em cena, o duelo promovido por essas duas lendas do cinema já justifica o filme. E quem viu “O vento Será Tua Herança” (1999) sabe que juntos brilham em cena. O personagem de Lemon traz aquela calma, que na verdade é um grito silencioso de socorro. Ele blefa corajosamente ao pedir uma votação e dizer que se todos votarem novamente culpado os seguirá, e espera ansioso, com o "coração na mão". Já o personagem de Scott nos mostra que não soube criar, nem dar carinho ao filho e pagou por isso. Não há muito o que dizer, melhor vê-los em ação. Apenas devo dizer que prefiro seus filmes “na melhor idade”, pois com o avanço da idade se tornaram atores completos com atuações “extraclasse”. Mykelti Williamson (o jurado 10) pegou um papel dificílimo e seu personagem começa a se apresentar de uma forma mais comum, até começar a revelar sua verdadeira face. Seu personagem abraçou um tema bem ousado para 1997 e ainda é atualíssimo, como infelizmente vemos nos dias de hoje. Nos leva a pensar porque não lhe deram grandes filmes a partir desse potencial mostrado. Edward James Olmos (jurado 11) é outro ator completo que estuda e entra dentro de seus personagens, propõe ideias... basta assistir seus filmes (ou ler os analisados por aqui). Seu personagem é propositadamente mais contido, mas quando se expressa, cresce em cena. Hume Cronyn, veterano ator, por muitos conhecido pelo ótimo “Cocoon” (1985), interpreta o jurado 09 e coloca toda sua experiência em cena. Cronyn tem um momento só dele e usa as suas linhas de diálogo para ter um dos momentos mais memoráveis do filme. Armin Mueller-Stahl (jurado 04) é outro grande ator com grandes obras, em filmes europeus e americanos, como “Shine - Brilhante” (1997) que, inclusive, lhe deu uma indicação ao Oscar. Muitos talvez se lembrem de seu papel em “Senhores do Crime”, um filme muito bom e mais atual (2007). Não atua desde 2015. James Gandolfini em seus dias de pré-Sopranos faz o jurado nº 06. William Petersen em seus dias de pré-CSI faz o jurado nº 12. Petersen já havia trabalhado com o diretor no filme “Viver e Morrer em Los Angeles” (1985). Tony Danza (Jurado nº 07) esteve muito bem com a responsabilidade de reprisar o papel de Jack Warden no filme de 57. Courtney B. Vance (Jurado nº 01); Ossie Davis (Jurado nº 02) e Dorian Harewood (Jurado nº 05) completam o elenco de apoio. A atriz Mary McDonnell (de Dança com os Lobos) interpreta uma juíza (não temos mais o juiz) com mais linhas de diálogo e mais estruturada. McDonnell e Olmos estiveram juntos na nova versão do seriado “Galáctica”. 

Muitas vezes o poder do filme está em sua simplicidade, na relação direta com que expõe suas ideias e na forma como dá uma poderosa reflexão a quem o assiste. Uma das diferenças mais perceptíveis desta versão, banhada em uma amarga sensação de injustiça, em relação à de Lumet é o fato de haver mais diversidade neste elenco, uma bem-vinda diversidade, além da questão racial que permeia a atmosfera do filme. Há um final diferente nas três versões (54, 57 e 97) e cada uma dá completo sentido a estória, sendo esta revestida de um final mais pungente e o primeiro com um final mais dramático. Houve também sutis diferenças interpretativas frente ao clássico de 57, principalmente em alguns jurados como os de Mykelti Williamson, Armin Mueller-Stahl, James Gandolfini e Tony Danza. Esta versão de 12 Homens e uma Sentença também se mostra, como já dito, atualíssima, pois estamos em um mundo na qual os fatos pouco importam e o ego de sustentar uma posição / argumento tem mais valor. Se você discordar de alguém no ambiente, cada vez mais virtual, dificilmente receberá de volta argumentos embasados, provavelmente será deboche ou fúria. Há muitos, por exemplo, que emitem suas opiniões em fóruns, mas só querem os elogios. Formam-se grupos prós e contras que defendem muitas vezes o indefensável. E assim caminha a humanidade...    onde muitos se ressentem de ter seu julgamento questionado e julgam as coisas a partir de um valor próprio deturpado.

 

Trailer


 

 

Curiosidades

 O layout do apartamento é exatamente o oposto do do filme de 1957.

 Filmado em sequência.

Nesta versão atualizada, a linha referente à cadeira elétrica e puxar o interruptor foi alterada para "dá-lhe a agulha" referindo-se à injeção letal, uma vez que a cadeira elétrica não é mais usada em casos de pena de morte.

A discussão sobre o psiquiatra não estava no filme de 1957.

Cada tomada tinha duas configurações de câmera rodando simultaneamente, capturando o diálogo focado e as fotos de reação. Isso significava que todo o elenco tinha que permanecer no personagem mesmo que não houvesse diálogo para a cena.

Existem apenas dois dos jurados identificados pelo nome; n.º 8 como o Sr. Davis e n.º 9 como o Sr. McCardle. Todos, exceto o jurado 9, são identificados por sua profissão; N.º 1 treinador de futebol americano, n.º 2 caixa de banco, n.º 3 proprietário do serviço de mensagens, n.º 4 corretor da bolsa, n.º 5 enfermeiro de hospital, n.º 6 pintor, n.º 7 vendedor de marmelada, n.º 8 arquiteto, n.º 10 lava à jato (lava-jato é uma expressão errada) n.º 11 relojoeiro, nº 12 criador e agente de publicidade

Pela segunda vez, George C. Scott interpreta um personagem feito por Lee J. Cobb. Cobb em "12 Homens e uma Sentença" (1957) e Scott neste remake interpretam o Jurado #3; e Cobb interpretou o tenente Kinderman em "O Exorcista" (1973) (dirigido por também por Friedkin), assim como Scott atuou na sequência "O Exorcista III" (1990).

Os ingressos que o número 7 tem são para um jogo dos Yankees-Indians. A data nos bilhetes é 26 de agosto de 1997.

Filmado durante 10 dias em 1997, após um período de ensaio de 10 dias.

O próximo filme de George C. Scott foi "Glória, a Mulher" (1999), dirigido por Sidney Lumet, diretor do original "12 Homens e uma Sentença" (1957).

Ossie Davis, que interpretou o jurado número 2, atuou em A Colina dos Homens Perdidos (1965), dirigido por Sidney Lumet, diretor de 12 Homens e uma Sentença (1957).

O jurado nº 10 interpretado por Mykelti Williamson foi o único ator neste filme nascido em 1957, no mesmo ano em que a versão para os cinemas foi lançada.

Um dos três filmes que Ossie Davis fez com a dupla Lemmon/Matthau: Este filme, Rabugentos & Mentirosos (1996) com Walter Matthau, e Dois Velhos Rabugentos (1993) com ambos.

Jornais são vistos na sala do júri. Embora os jurados em potencial possam trazer material de leitura para um tribunal/julgamento, os jornais são proibidos, pois esses documentos podem conter informações sobre o caso que podem influenciar os jurados.

No roteiro original de 1957, o advogado de defesa é referido várias vezes como "ele". No roteiro de 1997, o advogado de defesa é novamente referido como "ele", mas, na cena de abertura da versão de 1997, o advogado de defesa que está sentado ao lado do réu é uma mulher. O julgamento em si não é mostrado, então é possível que eles estivessem falando sobre um outro membro masculino da defesa que não vimos no filme.


As três versões















Cartaz: 







 





Filmografias Parciais

Jack Lemmon  (1925–2001)







Demônio de Mulher (1954); Aposenta-se um Marido (1955); Como Nasce um Bravo (1958); Quanto Mais Quente Melhor (1959); A Viuvinha Indomável (1959); Se Meu Apartamento Falasse (1960); O Pior Calhambeque do Mundo (1960); Vício Maldito (1962); A Corrida do Século (1965); Ainda Há Fogo Sob as Cinzas (1971); O Prisioneiro da Segunda Avenida (1975); Aeroporto 77 (1977); A Síndrome da China (1979); Amigos, Amigos, Negócios à Parte (1981); Desaparecido - Um Grande Mistério (1982); Assim É a Vida (1986); Longa Jornada Noite Adentro (1987); Meu Pai, uma Lição de Vida (1989); JFK: A Pergunta que Não Quer Calar (1991); O Jogador (1992); O Sucesso a Qualquer Preço (1992); Short Cuts - Cenas da Vida (1993); Dois Velhos Rabugentos (1993); Ensina-me a Viver (1995); Dois Velhos Mais Rabugentos (1995); Hamlet (1996); 12 Homens e uma Sentença (1997); O Vento Será Sua Herança (1999). 


George C. Scott (1927–1999)






A Árvore dos Enforcado (1959); Anatomia de um Crime (1959), Desafio à Corrupção (1961), Dr. Fantástico (1964); A Bíblia (1966); Patton - Rebelde ou Herói? (1970); Os Novos Centuriões (1972); O Dia do Golfinho (1973); O Dirigível Hindenburg (1975); Hardcore - No Submundo do Sexo (1979); A Fórmula (1981); Toque de Recolher (1981); Oliver Twist (1982), A Rosa da China (1983), Chamas da Vingança (1984); Os Assassinos da Rua Morgue (1986); Os Últimos Dias de Patton (1986), O Exorcista III (1990); Anjo Decadente (1990), Malícia (1993), Tyson, o Mito (1995); Em Defesa da Honra (1996), 12 Homens e uma Sentença (1997); Rocky Marciano  (1999); Glória, a Mulher (1999), O Vento Será Sua Herança (1999).


Hume Cronyn (1911-2003)







A Sombra de uma Dúvida (1943); O Fantasma da Ópera (1943);  A Cruz de Lorena (1943); Um Barco e Nove Destinos (1944); A Sétima Cruz (1944); E o Marinheiro Casou (1945); Uma Carta para Eva (1946); Anos de Ternura (1946); O Destino Bate à Porta (1946); Emoção Secreta (1946); O Fim ou o Princípio (1947); Anjo Sem Asas (1948);  O Bom Velhinho (1949); Spartacus (1960); Cleópatra (1963); Hamlet (1964); Movidos pelo Ódio (1969); Conrack (1974); A Trama (1974); O Mundo Segundo Garp (1982);  Chuva de Milhões (1985); Cocoon (1985);  O Milagre Veio do Espaço (1987); Cocoon: O Regresso (1988); Os Senhores do Holocausto (1989);  O Dossiê Pelicano (1993); As Filhas de Marvin (1996);  12 Homens e uma Sentença (1997);  Minha Vida na Outra Vida (2000);  A Separate Peace (2004)


Ossie Davis (1917-2005)







O Ódio é Cego (1950), Horas Intermináveis (1951), A História de Joe Louis (1953), O Cardeal (1963), Condenado por Vingança (1964), A Colina dos Homens Perdidos (1965), Sam Whiskey, o Proscrito (1969), Aconteceu Outra Vez (1975), Os Três Super-Tiras (1979),  A Caminho da Liberdade (1979), Coragem de Campeão (1981), Meu Pai, Eterno Amigo (1984), Anjo Vingador (1985), Revolução Estudantil (1988), Faça a Coisa Certa (1989), Joe Contra o Vulcão (1990), Febre da Selva (1991), Gladiator: O Desafio (1992), Malcolm X (narrador - 1992), Lincoln (narrador 1992), A História de Ernest Green (1993), Um Tira e 1/2 (1993), Dois Velhos Rabugentos (1993), O Cliente (1994), Operação Andróide (1995), Todos a Bordo (1996), Rabugentos & Mentirosos (1996), Cobaias (1997), 12 Homens e uma Sentença (1997), Dr. Dolittle (1998), A Festa de Todos os Santos (2001), Em Defesa da Honra (2003),  O Retorno de Sweetback (2003), Elas Me Odeiam, Mas Me Querem (2004)


Courtney B. Vance







Hamburger Hill (1987), A Caçada ao Outubro Vermelho (1990), Guerra de Rua (1992), As Aventuras de Huck Finn (1993), À Sombra de um Disfarce (1993), Santo Matrimônio (1994), Panteras Negras (1995), Mentes Perigosas (1995), Prova de Fogo (1995), O Último Jantar (1995), Questão de Pele (1995), A Turma (1996), Um Anjo em Minha Vida (1996), 12 Homens e uma Sentença (1997), Cilada (1998), Cidade Nua: Justiça Á Bala (1998), Cidade Nua 2: Natal Assassino (1998), A Fortuna de Cookie (1999), Amor e Ação em Chicago (1999), D-Tox (2002), Próximo do Fim (2002), Lei & Ordem: Crimes Premeditados (seriado 2001–2006), Faces da Verdade (2008), Temporada de Furacão (2009), Decisões Extremas (2010), Linha do Tempo (seriado 2009-2010), O Abrigo (2011), Premonição 5 (2011), Canção do Coração (2012), O Exterminador do Futuro: Gênesis (2015), A Última Ressaca do Ano (2016), A Múmia (2017), Notas de Rebeldia (2020)


Armin Mueller-Stahl







Lola (1981); O Desespero de Veronika Voss (1992); Coronel Redl (1985); Divino Amadeus (1985); Uma Noite Sobre a Terra (1991); O Poder de um Jovem (1992); A Casa dos Espíritos (1993); Shine - Brilhante (1996); 12 Homens e uma Sentença  (1997);  Arquivo X: O Filme (1998); Jesus - A Maior História de Todos os Tempos (1999); Missão Marte (2000); Senhores do Crime (2007); Anjos e Demônios (2009); Cavaleiro de Copas (2015)

Dorian Harewood







S.O.S. - Submarino Nuclear (1978); Paixões Violentas (1984); A Traição do Falcão (1985); Nascido Para Matar (1987); Morando com o Perigo (1990); Morte Súbita (1995); 12 Homens e uma Sentença (1997); Na Companhia do Medo (2003); Assalto à 13ª Delegacia (2005) Conduta Criminosa (2008), The Right Girl (2015) e participações em séries e videogames


James Gandolfini (1961-2013)







O Último Boy Scout (1991), Uma Estranha Entre Nós (1992), Amor à Queima Roupa (1993),  Um Amor de Verdade (1993), Angie (1994), Velocidade Terminal (1994), Maré Vermelha (1995), O Nome do Jogo (1995), A Jurada (1996), Sombras da Lei (1996), Loucos de Amor (1997), 12 Homens e uma Sentença (1997), Possuídos (1998), Sempre Amigos (1998), A Qualquer Preço (1998), 8mm: Oito Milímetros (1999), A Mexicana (2001), O Homem que Não Estava Lá (2001), A Última Fortaleza (2001), Sobrevivendo ao Natal (2004), Romance e Cigarros (2005), Os Fugitivos (2006), A Grande Ilusão (2006).  Família Soprano (seriado 1999–2007), Histórias USA: Acontece na América (2007),  O Sequestro do Metrô 1 2 3 (2009), Corações Perdidos (2010), Segredos Mortais (2011), Cinema Verité - A Saga de uma Família Americana (2011), O Homem da Máfia (2012), Música e Rebeldia (2012), A Hora Mais Escura (2012), O Incrível Mágico Burt Wonderstone (2013), À Procura do Amor (2013), A Entrega (2014)


Tony Danza







Os Cavaleiros de Hollywood (1980), Um Crime de Amargar (1980), Bananas e Milhões (1981), Um Rally Muito Louco (1984), Em Busca de Liberdade (1988), Não Mexa com a Minha Filha (1989), Onde Está Jenny? (1991), A Justiça da Máfia (1991), Os Anjos Entram em Campo (1994), Sussurros Mortais (1995), Um Maluco Está no Ar (1997), 12 Homens e uma Sentença (1997), Glam: Roteiro de uma Obsessão (1997),  O Encanto do Natal (2003),  Garotas Show de Bola (2006), Como Não Perder Essa Mulher (2013), Aftermath (2013), Darby: A Jovem Sensitiva (2022)


Mykelti Williamson







Ruas de Fogo (1984), Retrato Falado (seriado 1984-1985), Comando Delta (1986), Uma Gatinha Boa de Bola (1986), Tiras Especiais (1987), Miracle Mile (1988), O Primeiro Poder (1990), A Killer Among Us (1990), Forrest Gump: O Contador de Histórias (1994), Free Willy 2: A Aventura Continua (1995), Fogo Contra Fogo (1995), Falando de Amor (1995), Últimas Consequências (1997), Con Air: Rota de Fuga (1997), 12 Homens e uma Sentença (1997), Soldados Búfalos (1997), Segredos do Poder (1998), A Experiência II: A Mutação (1998), Gideon - Um Anjo em Nossas Vidas (1998), Ali (2001), O Fugitivo (seriado 2000-2001), Território Violento (2002), O Assassinato de um Presidente (2004), Ladrão de Diamantes (2004), Fique Rico ou Morra Tentando (2005), Xeque-Mate (2006), O Som do Coração (2007), Premonição 4 (2009), Um Colégio Muito Maluco (2010), 24 Horas (seriado 2001), Um Pouco de Fé (2011), Virada do Destino (2013), Nashville: No Ritmo da Fama (2012), Justified (seriado 2010), 12 Horas para Sobreviver: O Ano da Eleição (2016), Um Limite Entre Nós (2016), Correndo por um Sonho (2018), Justiça sem fronteiras (2018), Correndo Contra o Tempo (2019), Herói da Liberdade (2020), Passado Violento (2021)


Edward James Olmos







Virus (1980); Lobos (1981); A Balada de Gregório Cortez (1982); Blade Runner, o Caçador de Androides (1982); O Preço do Desafio (1988); Triunfo do Espírito (1989); O Preço de um Campeão (1991); América do Medo (1992); O Desaparecimento de Garcia Lorca (1996); Selena (1997); 12 Homens e uma Sentença (1997); Gangues de L.A. (2006); O Besouro Verde (2011); Blade Runner (2049) 


William Petersen







Profissão: Ladrão (1981), Viver e Morrer em Los Angeles (1985); Caçador de Assassinos (1986); Um Toque de Infidelidade (1989); Jovem Demais Para Morrer (1990); Medo (1996); 12 Homens e uma Sentença (1997); Sociedade Secreta (2000); O Substituto (2011); Procura-se um Amigo para o Fim do Mundo (2012); CSI: Investigação Criminal (seriado 2000 a 2015); Blue (2012), C.S.I.: Investigação Criminal - O Filme (2015), CSI: Vegas (seriado 2021)


Mary McDonnell







Três Vidas em Conflito (1982), Fala Greta Garbo (1984), Amor e Coragem (1986), Matewan - A Luta Final (1987), Tigre de Varsóvia (1988), Dança com Lobos (1990), Grand Canyon: Ansiedade de uma Geração (1991), Quebra de Sigilo (1992), Tudo Pela Vida (1992), O Fim do Sonho Americano (1993), Jogando as Fichas Fora (1994), Independence Day (1996), Duas Pequenas Vozes (1997), 12 Homens e uma Sentença (1997), Amores Latinos (1998), Dr. Mumford: Inocência ou Culpa? (1999), Difícil Decisão (2000), Donnie Darko (2001), O Medalhão (2002), Crazy Like a Fox (2004), Battlestar Galactica (seriado 2004-2009), Killer Hair (2009), Crimes da Moda: Assassinato na Passarela (2009), Margin Call - O Dia Antes do Fim (2011), Pânico 4 (2011)

Douglas Spain






O Corrupto (1994), A Saga de um Guerreiro (1995), Veias do Ódio (1996), Calçada da Fama (1997), 12 Homens e uma Sentença (1997), Vida Alucinante (1998), Momentos De Paixão (1999), Nunca Fui Santa (1999), Medo em Cherry Falls (2000), Um Anjo Rebelde (2001), O Maníaco (2002), 44 Minutos (2003), Hotel California (2008), Cadê os Homens? (2011), Kings: Los Angeles em Chamas (2017), Dinheiro Marcado de Sangue (2019), Possessão - O Último Estágio (2019)

10 comentários:

  1. Assisti pela primeira vez no colégio, para a aula de sociologia; tenho ótimas recordações da obra. Seu texto renovou meu interesse pelo filme, que espero rever em breve. Parabéns pela pesquisa e escrita!

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    1. Olá Rogério.
      Essa versão realmente é muito boa e várias áreas da educação a utilizam em suas explanações. Muito legal você ter trazido a informação do aproveitamento da obra em sociologia.
      Analisar essas três versões foi ao mesmo um tempo um desafio e também uma satisfação. Muito obrigado por mais este comentário e volte sempre. Um grande abraço.

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  2. Luís, td bem?
    Estou tentando publicar meu comentário no blog mas recebo repetidas vezes a mensagem de que ele é muito longo, mesmo tentando enviá-lo em partes. E o bloqueia.
    Diante disso vc teria algum outro caminho?
    Desculpe esse incômodo, tá?
    Te aguardo.

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  3. Olá Mario.
    Não sei o motivo pela qual a plataforma está dando essa mensagem. Vou tentar ver se modificaram alguma coisa. Volta e meia sou surpreendido por mudanças que nem me são comunicadas. Nesse ponto, quem edita fica no limbo: não recebo informações ou atualizações, nunca recebi informações sequer como criar as postagens, tudo tive que pesquisar em outros lugares. Uma vez simplesmente bloquearam uma postagem minha de anos e nem fiquei sabendo. Depois simplesmente liberaram e nem desculpas deram e nem fiquei sabendo motivo. Vou pesquisar para entender. Estranho não estarem liberando sequer de forma parcelada. E não é incômodo. Talvez outras pessoas possam estar tendo o mesmo problema.

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    1. Mario.
      Fiz alguns testes e percebi que a plataforma aceitou digitar até 44 linhas. Após essa quantidade realmente veio o comentário de "muito longo" e, ao salvar, curiosamente, a plataforma transformou em 35 linhas. Creio que até 44 linhas não ocorram problemas. Pelo jeito houve alguma "atualização", mas não encontrei nenhum comentário na internet. Talvez a barra de rolagem nos comentários seja uma dica se a quantidade está perto de exceder. Fiz o teste eliminando uma linha de cada vez a partir da última linha até ver o momento que a plataforma liberaria. E com 44 linhas digitadas aceitou. Recentemente, recebi em uma postagem, um comentário fracionado e agora entendendo o porquê. Infelizmente não encontrei uma solução e não sei dizer se é uma instabilidade ou uma nova realidade. Talvez para não perder o texto, se estiver digitando por note ou desktop, o melhor seria fazê-lo no bloco de notas e transpô-lo para o campo de comentários. Espero ter ajudado e desculpe por este obstáculo.

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  4. Luís, td bem?
    Assisti a esta versão de 12 Homens e Uma Sentença por acaso, numa viagem, zapeando na televisão. Foi em 2010, portanto 13 anos depois de seu lançamento.
    Então, assim que pude fui assistir a versão de 1957, até por conta do elenco e do diretor ( sempre quis ver mais trabalhos de Henry Fonda e já admirava Sidney Lumet ).
    Admito que neste momento que lhe escrevo eu não a revi, me propus a isso, mas não foi possível. Portanto, ficam apenas as memórias que aquele filme me causou.
    Sim, apenas as minhas memórias, que não são apagadas, mas para ser justo com seu tremendo trabalho aqui era o mínimo que lhe deveria. E como a maturidade nos dá uma visão mais clara de todos os fatos e obras, creio que as muitas nuances que vc salientou naquela crítica seriam agora melhor notadas por mim e por qualquer apreciador de bons filmes. Lamento.
    E ainda, para não ser incompleto, também tenho de dizer que não vi a versão de 1954, a qual desconhecia até ler sua crítica sobre ela. Fico feliz por poder ser encontrada no YouTube. Como vc soube dela, heim?
    Bem, mas revi a versão de 1997. Me assustei com a má qualidade da minha cópia ( pirata ), mas depois de 5 minutos esqueci disso.
    Em comparação com a de 57, a de 97 ainda me toca mais. Mas creio que o maior mérito de toda e qualquer versão ( bem feita ) de uma obra é reverberar outra e outra vez as mesmas verdades, as mesmas mensagens. Vc disse bem — e eu nunca tinha percebido isso — que a importância dos remakes é trazer para novas platéias os antigos conteúdos, para que raras belezas jamais se percam. Ah, quantos não tem esse mesmo sonho, não?
    Nesse sentido foi muito pertinente a sua observação de jurados negros e europeus. Este Sr. Reginald Rose merece nossas felicitações pelo feeling certeiro em fazer esse ajuste na obra. Olhando pela questão racial, quando vejo os jurados 2 e 5 isso acrescenta muito ao justo questionamento dos fatos. Já o jurado 9, não o vejo sequer como humano, por isso o excluo desse olhar.
    Quanto ao jurado 11 ( este confesso ) e 4 ( este implícito ), também acabam sendo atingidos pela linha segregacionista que involuntariamente acabou surgindo, muito necessária também essa inovação. Foram importantes para mostrar como até brancos não estão isentos de preconceito. Preconceito que dói mais no menos favorecido, o jurado 4 que o diga.
    E aqui digo um preconceito meu: não consigo imaginar uma mulher participando deste juri, seja num papel ativo ( a masculinizaria? ) ou passivo ( a minimizaria? ).
    Taí uma boa pergunta para se fazer a Reginald Rose. Quem tem o email dele???
    Quanto á pouca exploração de alguns personagens ( citaria o jurado 1 e paradoxalmente o jurado 9 ), de fato penso ser esta a realidade: algumas pessoas teriam pouco a se extrair delas. E isso porque poucos se conhecem de fato a ponto de exteriorizar suas reais motivações. Por isso a necessidade de escavar isso nos outros, vc frisou muito bem isso no texto.
    Todos somos sentimentos mais do que razão. A única mola que conheço que faria uma pessoa desconectada do destino do réu usar a razão seria 1) ou sua consciência / fé em conceitos morais ( certamente os jurados 8, 9, 11, 5 e 2, salvo engano nessa ordem cronológica ) ou por puro desafio intelectual ( aqui incluo o jurado 4 ).
    Quanto aos jurados 7 e 12 — e talvez o 6 — eles lembram uma aula de História, em que meu professor nos contou sobre a Independência Americana: 1/3 da população queria deixar de ser colônia, 1/3 não queria e para 1/3… não fazia diferença! Aquilo SEMPRE me incomodou, pois como ( ??? ) diante de uma questão tão fundamental alguém poderia ficar indiferente? A resposta veio com os anos de vida, que me mostraram que essa é inexoravelmente, lamentavelmente, amargamente parte da natureza humana. É, não adianta chorar e até quando deixará de ser não sei.

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  5. Parte 2 - Do comentário -
    Gostei da maneira como vc estruturou sua análise dos personagens, então vou copiar, ok?
    Jurado 1: o mais indiferente, o menos opinativo, se manifesta com força apenas para preservar sua autoridade, o que denota egoísmo e indiferença com o que ali decorre; creio que essa sua linha de atuação foi propositalmente escolhida pela narração.
    Jurado 2: mostra-se a princípio um homem simplório e por isso pouco cobrado pelas partes; decidiu com o coração; para mim, faz uma participação que me emocionou muito ao chamar á vergonha as falas do jurado 10, com a voz que só um humilde tem; mérito do ator e da direção.
    Jurado 3: é possível alguém que não fosse George C. Scott?; com toda aquela ira, aquele rancor e por fim todo recalque, que justamente nos fez depois sofrer por ele?; não senti essa emoção no versão de 57, talvez esse um dos motivos por gostar mais dessa de 97.
    Jurado 4: a figura do equilíbrio, da razoabilidade; em certo momento ao ser questionado pelo jurado 8 construi-se ali um forte exemplo da memória seletiva que todos nós certamente temos; julgou com honestidade e isenção, mudou sua opinião justamente pela “reasoable doubt”.
    Jurado 5: foi confrontado pela sua própria realidade; foi ou poderia ser o próprio réu, creio que poderia até se dizer que se encarava no espelho.
    Jurado 6: o homem comum; chamou-me a atenção por repetidamente defender o jurado 9; rendeu-se mais á maioria que aos fatos.
    Jurado 7: apesar dos sorrisos e pretensa simpatia, o mais egoísta de todos; sua pressa em se livrar daquela situação era revoltante; como os jurados 1 e 12, jamais apresenta uma análise dos fatos, apenas tangencia pela superficialidade; a segunda pior pessoa naquela sala.
    Jurado 8: bom? justo? refém de sua consciência?; com certeza, um homem corajoso — e auto-controlado — movido pela integridade, nada mais me vem á mente; Jack Lemon fez seu papel do alto da solidez de sua carreira ( acredita que o primeiro filme que vi dele inteiro foi Missing, do Costa Gravas? ); sua grande cena para mim foi ao caminhar pela sala, acho que pelo inusitado dela.
    Jurado 9: mostrou a fragilidade do idoso, sem pieguise e com dignidade; mesmo diante das ofensas do jurado 10 e da ironia do jurado 4 não arrefeceu em seus pontos de vista, sempre polido mas com a força dos honestos; parece fácil um velho ator interpretar um personagem velho, mas nesse caso foi mais que isso: foi um mundo ( o que passou ) tentando se postar e argumentar com outro mundo ( o que está ); me lembrou uma obra de Norman Rockwell, Freedom for Speech.
    Jurado 10: o mais abjeto, mesmo os que com ele estavam alinhados mal conseguiam suportá-lo; a sequência de suas falas causava náuseas, numa mistura de preconceito e esteriotipação que talvez seja única no cinema ( me lembrei do personagem de Ralph Fiennes, em A Lista de Schindler, mas deve haver outros tantos ); mérito do roteirista e do ator, um grande desempenho; a pior pessoa naquela sala; ainda que por poucas vezes, já convivi com alguém assim.
    Jurado 11: Edward James Olmos faz sempre personagens taciturnos e aqui suas falas são uma das grandes forças que levaram ao ponto de virada, junto com os jurados 8 e 9; outro que deu grande exemplo de auto-controle.
    Jurado 12: um homem vazio, digno de pena por passar pelo mundo sem sequer pensar em melhorá-lo; mas, ora, pergunto a quem quiser responder: deveríamos?
    Luís, entendo que certos filmes jamais poderão ser esgotados e creio que 12 Homens e Uma Sentença é um deles, as tantas adaptações estão aí para provar. Um legado imenso.
    Te parabenizo pela análise psicológica que vc fez de todos e de tudo, o que para mim foi muito enriquecedor. Isso sem citar as análises de bastidores que vc sempre coloca. Eu só posso imaginar o grande trabalho que isso dá, gostei particularmente das imagens de texto alinhando os personagens de todas as versões.
    E sim, o filme busca que nos reconheçamos entre aqueles homens.
    Um firme e forte abraço!

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    1. Olá Mario.
      Diante do seu envio por e-mail, consegui publicá-lo por aqui apenas tendo que fracioná-lo em duas partes (aonde coloquei apenas o título "parte 2- Do comentário" para situar outros leitores).
      Olha, tenho muita satisfação quando amantes do cinema como você enriquecem minhas postagens com informações tão ricas. Concordo que a maturidade, pelo menos para mim, permitiu perceber aspectos que não perceberia há 20 anos atrás. As análises com certeza seriam diferentes. A versão de 54 passou pelos meus olhos quando ao pesquisar em um livro estrangeiro (umas poucas páginas que permitiram o acesso, como amostra) percebi a citação dessa produção. E temos YouTube para recuperar algo que estava perdido há décadas. É uma versão bem interessante, mas como descrevi, feita ao vivo e com as limitações das transmissões anos 50. Mérito terem decorado todo o texto e apresentar uma cena final que considero muito interessante. Ali podemos perceber que um dos jurados, por alguns segundos, teve, para com outro, quase que a mesma atitude pela qual todos acreditavam que o jovem era culpado. A fúria no olhar e nas palavras não verbalizadas diz tudo
      A versão de 1997 vi por acaso, na tevê a cabo (agora me lembro) "zapeando", não tinha visto o título e pensei: parece “12 Homens ....”!. Conferi o título e vi do meio até o final, mas fiquei muito tempo sem vê-lo novamente, até que um dia percebi que ia passar e o vi integralmente. Um grande filme, nem parecia ser feito para a tevê, com todas as nuances que você bem assinalou. E como o filme nos traz sensações, não? Como você bem disse, quantos já não conheceram um “jurado número 10"? Se não o conhecem, em algum momento conhecerão. Assim como os outros jurados que na verdade personificam muitos que conhecemos.
      Quanto a Lemon, talvez o tenha realmente notado em "Desaparecido - Um grande Mistério" que aluguei na locadora. Cheguei até adquirir o DVD "Dois Velhos Rabugentos" e sua continuação com Walter Matthau, uma de suas grandes parcerias no cinema. Um dia ainda vou analisá-los.
      Gostei de sua percepção sobre os jurados, como sempre pontual e precisa. Nunca pensei em fazer uma análise psicológica dos personagens, fiquei muito apreensivo, pois não é minha área, fui na experiência de vida e leituras ao longo da vida (veja aí a necessidade da leitura de vários assuntos).
      Sei que meus textos têm ficado longos e vejo em fóruns que muitos orientam a escrever pouco, bom, vou na contramão, pois faço pesquisas (e te digo, não há muito material sobre essa versão e a de 54 então, praticamente nada) e não CTRL C + CTRL V e nem uso AI, é na memória mesmo rsss (claro que dados técnicos e bastidores tem que pesquisar e com muito cuidado). O grande desafio foi como escrever sobre o mesmo assunto de três formas diferentes, pois apesar de serem produções diferentes a arquitetura da estória é a mesma. Mas quando a gente faz o que gosta, acaba descobrindo o caminho.
      Muito obrigado por mais este comentário dentre tantos que, como já dito, enriquecem as postagens. Estou terminando uma nova análise e devo postá-la hoje ou amanhã, um telefilme, anos 80, produção simples, mas temática bem interessante. Um grande abraço e até as próximas.

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  6. Luís
    Não assiste Lemon em nenhuma comédia, não é um gênero que consegue me agradar fácil. Mesmo sem saber quando garoto, preferia os dramas.
    Sua análise dos jurados foi enxuta, cirúrgica. Isso é bom. Veja, a minha é emotiva ( estou tentando melhorar ), então pra mim esse contraponto é ótimo.
    Devo ver a versão de 54, uma obrigação que me imponho.
    Luís, sou suspeito para dizer isso, mas o diferencial de seu blog é justamente a qualidade do conteúdo. Como um outro leitor seu disse, vc escreve muito bem. Já tinha percebido isso há muito tempo. E isso não é fácil, longe disso.
    Uma luz num salão escuro, ainda que sozinha, é a referência para todos ali. Portanto, nunca esmoreça. Essa talvez seja uma das suas maiores contribuições para o mundo.
    Rapaz, torço pra vc resolver a questão das 44 linhas, ok?
    Abração!

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  7. Mário, muito obrigado pelas palavras de carinho.
    Tenho a sorte de ter pessoas que vem ao blog para deixar uma mensagem, fazerem breves comentários e até comentários mais completos como o seu. Isso é muito importante: a interação. Eu sempre aprendo com os comentários de todos vocês, mesmos os mais simples. Admiro a forma com a qual você escreve, como diria uma de minhas falecidas tias, com "emoção". Nunca consegui , tenho que admitir, mas a forma como escrevemos é um modo particular de cada um e todos acrescentam. Acredito firmemente que a leitura, desde pequeno, tenha me ajudado na escrita e a fazer ligações entre assuntos (agradeço a minha falecida mãe e tias que compravam quadrinhos, jornais e livros - tinham pouco para dar, mas deram o melhor: educação), apesar de ter dúvidas se escrevo bem rsss. Só peço que as pessoas se identifiquem (que não é o seu caso, claro, já reconheço sua escrita rsss), pois responder sem um nome a qual me referir é estranho, mas mesmo assim procuro responder.
    E assim vou seguindo nas análises, esperando sempre trazer algo de diferente, alguma produção que tenha me chamado a atenção ou alguma sugestão de filmes (sempre bem-vindas). Dramas são sempre muito interessantes: é sobre a vida, sobre pessoas, sobre comportamentos. Sempre procuro essas produções, pena que atualmente esse gênero anda meio escasso, melhor voltar e focar nos antigos ou em produções europeias que entram em cartaz no circuito alternativo na qual poucas migram para streaming ou a cabo. Por isso, tento falar de filmes que possam ser mais facilmente encontrados: YouTube , Dailymotion e outras plataformas que volta e meia surgem.
    Essa questão das 44 linhas me pegou de surpresa, mas o que é a vida sem obstáculos?
    Esteja sempre convidado a postar aqui ou enviar por e-mail que contorno o problema da plataforma. Um grande abraço e obrigado por não desistir de comentar diante dessa mudança inesperada nas linhas. Até a próxima e um grande abraço.

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