quinta-feira, 29 de agosto de 2019

O MENINO QUE DESCOBRIU O VENTO / THE BOY WHO HARNESSED THE WIND (2019) - REINO UNIDO / MALAWI



QUE TAL ENXERGAR O OPOSTO ?

William Kamkwamba (Maxwell Simba) é um menino de 13 anos que vive em Malawi (ou Malauí), localizado no sudeste da África, no ano de 2001, assolado por enchentes e secas. Seu pai, Trywell (Chiwetel Ejiofor), tenta a todo custo sobreviver aos intemperes que a vida lhe impõe. Sem ajuda do governo aos agricultores da região, vê todos os seus sonhos desaparecerem junto com a safra que lhes abasteceria. O ano será muito difícil: fome e miséria assombra a todos e o ataque de 11 de Setembro aos EUA repercute no mercado global, mas o pequeno William tem uma ideia: construir um cata-vento que possa gerar energia eólica e salvar a todos de um destino trágico.


Produto da Netflix, "O Menino que Descobriu o Vento" é uma produção sem muitos requintes, mas com uma surpreendente direção e roteiro. A história real do menino que, com recursos limitadíssimos, utiliza energia eólica a partir de um lixão é instigante e reflexiva. O ator Chiwetel Ejiofor ("12 Anos de Escravidão"), estreando na direção, adaptou o romance autobiográfico de William Kamkwamba e Bryan Mealer expondo o panorama de uma vila em uma parte da África desprovida de igualdade de oportunidades, abandonada pelos políticos, que só desejam poder e bajulação, além de uma crítica humana e ambiental.



Trywell é um homem do campo. Sem estudo, junto com a esposa e filhos, vive da sobrevivência do que a terra pode lhes dar. Sua filha mais velha conseguiu terminar os estudos e visa uma faculdade (e a vontade de ir embora do lugar). William ainda estuda e deveria seguir o mesmo caminho. Mas depender da sorte e do clima é algo complicado, num local em que seus vizinhos estão vendendo as terras para a extração de madeira com o intuito de fugirem temporariamente da miséria. Só que há um preço: sem arvores, não há absorção das águas das chuvas. A região chove torrencialmente parte do ano e a inundação destrói tudo. No prolongado período seco, a aldeia vive de parcos poços artesianos e a terra se torna árida praticamente impossibilitando o cultivo (mas não é infértil). Não há sistema de irrigação, apenas porque não sabem como fazê-lo e não possuem condições financeiras para tal. 


Trywell quer que seus filhos sejam do "novo mundo" e com estudo possam fugir de um destino reservado geração após geração. Mas há um problema: a escola não é pública: se não se paga a mensalidade, não se pode frequentar e a família não possui tal quantia. O diretor é ameaçador e irredutível (sem pagamento não há professores, sem professores não há aulas). William se esconde na sala para assistir as aulas. Ele deseja abrir suas asas e voar. Mas ele começa a se provar diferente: não reclamará da própria sorte como os demais, construirá sua sorte.


William aprendeu a consertar rádios e ganhar alguns trocados. Ao ver uma lanterna em uma bicicleta fica intrigado como ela é alimentada e descobre uma palavra: dínamo. E um conceito: eletricidade. Sem poder frequentar as aulas ele tem uma ideia simples e engenhosa passando a pô-la em prática, mas há um empecilho: ninguém consegue entender sua ideia, nem deslumbrar em como isso os ajudariam. Para muitos, William está apenas construindo um brinquedo, mas o menino mostra que inteligência, força de vontade e determinação independem de raça, idade ou cor e o resultado de sua empreitada transformará em definitivo a vida de todos.


O filme não procura vitimar os que ali estão, mas critica o papel de um governo corrupto, cujas ações não são para beneficiar seus cidadãos. Quem levanta a voz sofre as punições. A educação é para poucos. Não há interesse em educar quem cuida da terra. Não há interesse em quem pense. Pensar pode modificar votos e mudar sistemas políticos e a maioria dos aldeões não entendem porque William se incomoda em estudar. O filme também mostra que para uns onde há crise, para outros há oportunidade. William encontra um livro, fonte de sua inspiração, "Using Energy", para estudar seus conceitos. Outros poderiam ter feito? Sim, há professores por ali que poderiam ensinar tal conceito a população, mas porque um menino de 13 anos foi proativo a ponto de aprender e aplicar seu sonho? O que diferencia certas pessoas de outras?


Um pouco sobre Malauí: de acordo com FMI, o país é um dos mais economicamente pobres do mundo. O produto de exportação é o fumo (por isso se fala da indústria do tabaco no filme). O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é um dos menores do planeta: 0,385. 55% da população vive abaixo da linha da pobreza e a mortalidade é de 80 óbitos para cada mil nascidos. Mais de 80% residem em áreas rurais. Expectativa de vida: 47 anos. O país faz fronteira com a Tanzânia, Zâmbia e Moçambique (Fonte: Brasil Escola)


E aí o espectador se percebe inserido no ditado: "o que é lixo para uns é tesouro para outros". William se utiliza, entre outras coisas, de parte de uma bicicleta (uma das questões mais complicadas de se conseguir como veremos); pá de ventilador, fios e árvores de eucaliptos. E embora  ocorram algumas liberdades dramáticas (elas sempre existem), o filme possui uma narrativa tranquila de ser acompanhada, aliada a bela fotografia de Dick Pope de filmes como O Ilusionista (2006) e Mr. Turner (2014) que lhe renderam indicações ao Oscar.


A Netflix vem logrando êxito em produções aparentemente simples, mas com roteiros que captam a atenção o espectador pela densidade e sutilezas.  O filme centra muito na questão de que a educação é a base de crescimento de uma nação e que jovens gênios estão espalhados pelo mundo. Alguns lograrão sucesso, outros terão suas vidas abreviadas pelas parcas condições de existência. Esse impressionante relato de lugares onde a tecnologia ainda não chegou, nos mostra que esta ainda é uma aliada do ser humano e não apenas fonte de divertimento e alienação.  O ator Chiwetel Ejiofor empresta muito da sua experiência em interpretação ao filme e deixa para o jovem ator queniano a missão de conduzir o filme, onde o faz muito bem (mais um grande ator pode estar surgindo). A se elogiar também a direção de Ejiofor que também demonstra talento nesse seu primeiro trabalho na área. Um filme que vale para expandir nossos horizontes.

Trailer:





Curiosidades:

Chiwetel Ejiofor teve que aprender a língua malauiana falada no filme.

Chiwetel Ejiofor comprou os direitos da história depois de ler o livro.

Joseph Marcell, do seriado "Um maluco no Pedaço"(The Fresh Prince of Bel-Air) faz uma participação como o chefe Wembe.

Chiwetel Ejiofor foi indicado ao Oscar por 12 Anos de Escravidão (2013)


O Livro:

 












Filmografia Parcial:

Chiwetel Ejiofor  













Amistad (1997); Coisas Belas E Sujas (2002); Simplesmente Amor (2003); Sombras Do Passado (2004); Quatro Irmãos (2005); Serenity: A Luta Pelo Amanhã (2005); O Crime Perfeito (2005); O Plano Perfeito (2006); Filhos da Esperança (2006); O Gângster (2007); Cinturão Vermelho (2008); 2012 (2009); 12 Anos de Escravidão (2013); Meio Sol Amarelo (2013); Os Últimos na Terra (2015); Doutor Estranho (2016); Mary Magdalene (2017);  A Caminho da Fé (2018); Maria Madalena (2018); O Menino que Descobriu o Vento (2019); Malévola: Dona do Mal (2019); The Old Guard (2020); Infinite (2021); Rob Peace (2020); Doctor Strange in the Multiverse of Madness (2022) 

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

O MORRO DOS VENTOS UIVANTES / EMILY BRONTË'S WUTHERING HEIGHTS (1992) - REINO UNIDO / ESTADOS UNIDOS



TERCEIRA VERSÃO DO ROMANCE CLÁSSICO

Na era Vitoriana, em Yorkshire, norte da Inglaterra, o Patriarca da família Earnshaw (John Woodvine), chega de viagem trazendo um pequeno órfão cigano, encontrado vagando pelas ruas de Liverpool, da qual se apiedara e a quem deu o nome de Heathcliff (Ralph Fiennes). Sua presença desperta o amor da filha Cathy (Juliette Binoche) e o ódio de seu irmão Hindley. Quando Earnshaw subitamente falece, Hindley (Jeremy Northam) se torna o novo dono de Wuthering Heights, relegando Heathcliff a morar em um estábulo e ser tratado como um simples empregado. Heathcliff e Cathy crescem e passam as horas vagas juntos passeando pelas colinas e montanhas. Quando Heathcliff profetiza o futuro de sua amada através do clima, surge uma inesperada tempestade, um prenúncio de que a partir daquele momento a conexão do casal começará a se esfacelar.


Terceira adaptação para o cinema, em língua inglesa, do clássico (1947) da escritora Emily Brontë (em seu primeiro e único livro). As outras adaptações foram as versões de 1939 com Laurence Olivier e Merle Oberon, e a de 1970 com (o ex-007) Timothy Dalton e Anna Calder-Marshall. O que esta versão traz de diferente das anteriores? Bom, para começar podemos dizer que, das três, foi a primeira a apresentar toda a estória algo que nas versões anteriores foi omitido. O roteiro de Anne Devlin condensou a obra em 105 minutos e aí alguns aspectos positivos e negativos se revelam mais claramente.


O filme opta por criar uma breve narradora que seria a escritora Brontë (1818 – 1948, falecida de tuberculose aos 30 anos) que aparece de capuz (interpretada pela cantora Sinéad O'Connor) sendo o fio condutor dessa estória não linear, que através de gerações encanta seus leitores, com uma estória de amor, rejeição, ódio e vingança. Os Ernasham tinham um filho, Hindley e uma filha, Catherine e o "adotado" Heathcliff. Os Linton tinham o filho, Edgar, e uma filha, Isabella. E é dentro desse quinteto que a estória se desenrola com ótimos personagens secundários como a governanta Ellen (no livro Nelly) espectadora ativa dos acontecimentos e o inquilino Lockwood (Paul Geoffrey) que chega a Wuthering Heights em uma malfadada visita,  em meio a uma tempestade, na qual alugara a antiga mansão de Linton agora nas mãos de  Heathcliff . 


Esta nova versão quase não se afasta dos aspectos mais cruéis da história, sendo uma adaptação bem próxima do romance, porém, certas partes (principalmente o começo) são tratadas muito rapidamente, o que poderia ser compensado em uma metragem maior, até porque a complexidade da estória e dos personagens pedia isso. Entrelaçar duas gerações, em um pouco mais de uma hora e meia, mostrando a influência demoníaca de Heathcliff e seu eterno tormento foi uma tarefa bem complicada, mas necessária até porque as outras versões filmadas apresentavam apenas metade da estória diminuindo muito seu impacto. Quem leu o livro certamente gostaria de ver um roteiro mais denso, mas a boa direção e atuações compensaram certas omissões. Gravar nos locais autênticos de Yorkshire, norte da Inglaterra, trouxe um ar de fidelidade à obra.



Quanto ao elenco, Juliette Binoche faz uma Cathy que destrói sua própria felicidade ao confidenciar a Ellen preferir uma vida de conforto do que o amor verdadeiro de Heathcliff (considerado um cidadão de segunda categoria conforme as normas rígidas da sociedade inglesa). Só que, inesperadamente, ele escuta a conversa e desaparece. A atriz consegue colocar certo charme, com um ar delicado e atraente (quanto as características negativas da personagem narcisista, egoísta, invejosa ... são muito pouco demonstradas). A impressão é que não quiseram tornar Cathy (orginalmente) uma pessoa que o espectador sentisse repulsa. Ralph Finnes (em seu primeiro longa) consegue imprimir aquele ar de ferocidade, tormento e crueldade que o personagem pedia. Não por acaso sua atuação foi percebida por Spielberg que o levou para co-estrelar "A Lista de Schindler". Janet McTeer está ótima como Ellen (Nelly), ainda que subutilizada em prol da narrativa, assim como a personagem de Paul Geoffrey (Lockwood) que também tinha papel significativo no romance. Sophie Ward (Isabella Linton) poderá ser lembrada como a namorada do jovem Sherlock Holmes em "O Enigma da Pirâmide" (1985).

 
O Morro dos Ventos Uivantes é um clássico atemporal e essa versão da década de 90 (houve vários telefilmes) é uma boa pedida para aqueles que desejam travar um primeiro contato com a obra da famosa escritora. Deixa muitos elementos de fora, no que se indica a leitura do livro. Um filme que trata da impossibilidade de um amor que ultrapassa as fronteiras do tempo e da morte e a curiosidade de que quanto mais os conhecemos, menos gostamos deles, ainda assim nos sentimos fascinados por esses personagens tão humanos e tão cheios de falhas. Pessoas difíceis de se tolerar na vida real. Possui uma boa trilha sonora a cargo de Ryuichi Sakamoto ("Furyo - Em Nome da Honra").


Curiosidades:
Juliette Binoche foi indicada ao Oscar por "Chocolate" (2000)  e ganhou com "O Paciente Inglês" (1996);

Ralph Fiennes foi indicado ao Oscar por "O Paciente Inglês" (1996) e "A Lista de Schindler" (1993);

Emily Jane Brontë morreu apenas um ano depois de seu romance ser publicado sob o pseudônimo de Ellis Bell;

Janet McTeer  foi indicada ao Oscar por duas vezes: "Albert Nobbs" (2011) e "Livre para Amar" (1999). Neste último ganhou o Globo de Ouro;

O tema da trilha sonora desta versão é parcialmente baseado na música irlandesa "Mna Na hEireann (Mulheres da Irlanda)", originalmente composta por Sean O'Riada.


O título do filme surgiu porque a Samuel Goldwyn Co. ameaçou processar a Paramount, que detinha os direitos do título através do filme de 1939. Defendido pela Motion Picture Association of America, Goldwyn foi legalmente autorizado a multar a Paramount em $ 2.500,00 toda vez que deixasse de adicionar o prefixo "Emily Brontë" ao título de sua versão.

Uma Thurman fez teste para o papel de Catherine.

Como na vida real, pai e filha, Simon Ward (Mr Linton) e Sophie Ward (Isabella Linton), retratam pai e filha no filme.

Sinéad O'Connor

 








A Minissérie de 1967, com Ian McShane e Angela Scoular, inspirou a cantora Kate Bush a criar e interpretar o seu maior sucesso: "Wuthering Heighs"



O grupo Angra regravou a canção na voz de seu falecido vocalista André Matos

 



Versões Mais Conhecidas:

(1920) Milton Rosmer e Colette Brettel

(1939) Laurence Olivier e Merle Oberon

(1950) Charlton Heston e Mary Sinclair

(1953) Jorge Mistral e Irasema Dilián - produção Mexicana de Luis Buñuel com o nome de "Escravos do Rancor"

(1958) Richard Burton esteve ao lado de Yvonne Furneaux  (telefilme)

(1967) Ian McShane e Angela Scoular - Minissérie que inspirou a cantora Kate Bush a compor a música "Wuthering Heighs"

(1967) Altair Lima e Irina Grecco - Novela Brasileira da antiga Tv Excelsior

(1968) Claude Titre e Geneviève Casile - Versão francesa com o nome de "Les Hauts de Hurlevent"

(1970) Timothy Dalton e Calder-Marshall - Lançado como "O Solar dos Ventos Uivantes"

(1992) Ralph Fiennes e  Juliette Binoche

(1988) Yûsaku Matsuda e Yûko Tanaka - Versão Japonesa com o nome de Arashi ga oka

(1998) Robert Cavanah e Orla Brady (telefilme)

(2009)Tom Hardy e Charlotte Riley (Minissérie)

(2011) James Howson e Abbie Cornish

(2018)  Paul Eryk Atlas e Sha'ori Morris

  
Filmografia Parcial
Juliette Binoche

 










Eu Vos Saúdo Maria (1985); Vida de Família (1985); A Insustentável Leveza do Ser (1988); Homens e Mulheres 2 - Um Jogo de Sedução (1991); Os Amantes de Pont-Neuf (1991); O Morro dos Ventos Uivantes (1992); Perdas e Danos (1992); A Liberdade é Azul (1993); A Igualdade é Branca (1994); A Fraternidade é Vermelha (1994); O Paciente Inglês (1996); Os Filhos do Século (1999); Código Desconhecido (2000); Chocolate (2000); Caché (2005); Maria (2005); Paris, Te Amo (2006); Segredos de Estado (2006); A Viagem do Balão Vermelho (2007); Paris (2008); A Vida de Outra Mulher (2012); Camille Claudel 1915 (2013); Godzilla (2014); Os 33 (2015); A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell (2017); Tal Mãe, Tal Filha (2017); Deixe a Luz do Sol Entrar (2017); Vidas Duplas (2018); Quem Você Pensa que Sou (2019);

Ralph Fiennes

 









O Morro dos Ventos Uivantes (1992); O Bebê Santo de Mâcon (1993); A Lista de Schindler (1993); Sunshine - O Despertar de um Século (1999); Quiz Show: A Verdade dos Bastidores (1994); Estranhos Prazeres (1995); O Paciente Inglês (1996); Os Vingadores (1998); Spider - Desafie Sua Mente (2002); Dragão Vermelho (2002); Más Companhias (2005); O Jardineiro Fiel (2005); Harry Potter e o Cálice de Fogo (2005); Harry Potter e a Ordem da Fênix (2007); Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2 (2011); Fúria de Titãs 2 (2012); 007 - Operação Skyfall (2012); O Grande Hotel Budapeste (2014); Um Mergulho No Passado (2015); 007 Contra Spectre (2015); Ave, César! (2016); Holmes & Watson (2018); King's Man: A Origem (2020); 007- No Time to Die (2020)


Janet McTeer

 









Os Falcões (1988); O Morro dos Ventos Uivantes (1992); Carrington, Dias de Paixão (1995); A Vida de Saint-Exupery (1996); Livre para Amar (1999); Amor Maior que a Vida (2000); O Rei Está Vivo (2000); Contraponto (2005); Como Você Quiser (2006); Gata em Fuga (2011); A Mulher de Preto (2012); A Série Divergente: Insurgente (2015); A Série Divergente: Convergente (2016); Como Eu Era Antes deVocê (2016); A Exceção (2016)


Sophie Ward 

 









Demônio Com Cara de Anjo (1977); Guardiões da Honra (1983); Fome de Viver (1983); O Mundo Fantástico de Oz (1985); O Enigma da Pirâmide (1985); Casanova, O Maior Amante de Todos os Tempos (1987); Uma História de Amor (1988); O Monge (1990); Perdidos no Tempo (1992); O Morro dos Ventos Uivantes (1992); Macgyver: Tesouro Perdido de Atlântida (1994); Bela Donna (1998); Ninguém Sabe Tudo (2003) Livro de Sangue (2009) e participações em seriados