domingo, 17 de abril de 2022

O HOMEM ELEFANTE / THE ELEPHANT MAN (1980) - ESTADOS UNIDOS / REINO UNIDO

"EU NÃO SOU UM ANIMAL! EU SOU UM SER HUMANO! EU SOU UM HOMEM!"

1884, próximo ao final do século 19. Dr. Frederick Treves (Anthony Hopkins), renomado cirurgião, é tomado por uma curiosidade a respeito de um homem explorado como atração exótica em um show circense como tendo a aparência de um elefante na qual assusta quem o vê. Solicitando uma visita particular descobre John Merrick (John Hurt), dotado de terrível defeito congênito que lhe atingira 80% do corpo e lhe obriga a dormir sentado por causa do enorme peso de sua cabeça. Treves, a princípio, vê na rara doença tema para suas aulas de anatomia e o leva para ser examinado por médicos, como um caso raro a ser estudado, acreditando que John possa possuir certo grau de deficiência intelectual que o impede de perceber a realidade em que vive. Para sua surpresa, John não apenas fala como tem pleno raciocínio e extrema sensibilidade, e permanecia calado por sentir-se rejeitado e por medo do contato com outras pessoas.

Apesar do diretor do hospital (John Gielgud) rejeitar a admissão de doentes incuráveis, concorda em abriga-lo até que este encontre outro local, mas muda de ideia e apoia sua estadia no hospital quando percebe o pleno raciocínio do jovem.   O caso de John atrai a imprensa e ele passa a ser aceito na sociedade mais como um objeto de entretenimento e curiosidade nos salões nobres da elite britânica. Enquanto isso, o vigia do hospital (Michael Elphick) “por um preço justo” leva,  clandestinamente, à noite, pessoas ao hospital para “verem algo que nunca viriam” na vida. E Bytes (Freddie Jones), o sádico homem que se apresentava como “proprietário” de John no circo, não aceita o fato de ter perdido sua principal atração,  planejando sequestrá-lo para pode continuar a explorá-lo em seus shows itinerantes.

Comovente relato sobre a condição humana e obra-prima sobre essência e aparência, “O Homem Elefante” concorreu a oito Oscars, porém, injustamente, não conseguiu o reconhecimento em nenhumas das categorias em que competiu. Primeiro sucesso de David Lynch (que chamara a atenção por “Erasehead”), O Homem Elefante finalmente chegava as Telas com uma hábil construção dramática e uma história forte e comovente, ao nos mostrar um ser humano sensível em uma sociedade agressiva e deformada na qual o roteiro questiona também os valores éticos, morais e psicológicos na segunda metade do século 19.

Em 1975 Bernard Pomerance, escritor americano vivendo em Londres, encontrou o livro “O Homem Elefante e outras Reminiscências”. O livro virou a peça “The Elephant Man” estreando em Londres em 1977 e na Broadway em 1979 com o ator David Bowie, em determinado momento, entrando para o elenco no papel principal, em substituição a outro ator. No Brasil, a peça também foi encenada com direção de Paulo Autran tendo o próprio no elenco que também tinha Ewerton de Castro, Antônio Fagundes e Karin Rodrigues. A peça percorreu vários Estados e fez grande sucesso. Era chegada a hora do filme.  O famoso diretor Mel Brooks que produzira anonimamente “Frances” (através de sua produtora “Brooksfilms”), retornava novamente como produtor (Brooks tinha medo do público associar o filme às suas comédias e isso impactar nas bilheterias) apostando em um jovem diretor (Lynch que se tornaria um prestigiado diretor de filmes como “Duna” e “Veludo Azul”) e um elenco com atores e atrizes principais que ganharam / ganhariam ou seriam indicados ao Oscar. Mas era necessário colocar o espectador na atmosfera sombria com uma a fotografia em preto e branco que acentuasse e endurecesse os contrastes e que mostrasse os porões sujos e o local escuro e úmido que John era largado após os espetáculos. A contratação do diretor de fotografia, vencedor de dois Oscars,  Freddie Francis (1917–2007) responsável por “Os Inocentes”; “Duna”; “Tempo de Glória”; “Cabo do Medo” ... que atuara também como diretor (“As Torturas do Dr. Diabolo”; “As Profecias do Dr Terror”, “Contos do Além”) foi um acerto, como também foi fundamental para o filme a contratação de Christopher Tucker (“Zardoz”, “Meninos do Brasil”, “A Companhia dos Lobos”, “Duna”) responsável pela maquiagem que dá vida ao personagem-título. Era necessário também um bom roteiro. Escrito a três mãos Christopher De Vore (Frances e Hamlet (1990)); Eric Bergren (1954–2016) e o próprio Lynch, a história não mostra fidedignamente os fatos como estes aconteceram na vida de Joseph Carey Merrick (1862 - 1890).O filme surgiu do sucesso da peça, mas não quis ser igual baseando-se em relatos escritos da vida de Joseph (cujos antigos biógrafos erroneamente citaram como ”John”)  e criando outros personagens, elementos e situações para o filme transmitir sua mensagem. Portanto se o espectador deseja saber a real história de Merrick, necessitará de uma pesquisa mais apurada até porque quando filme foi concebido acreditava-se que Merrick sofria de Neurofibromatose (depois chegaram a considerar que era a “Síndrome de Proteus”), mas atualmente a crença no meio científico é de que outra doença (ainda não totalmente decifrada) acometeu o rapaz. Logo, ficaremos na análise do filme e não na vida real (ver curiosidades), pois a intenção dos envolvidos era transmitir uma mensagem, uma reconstituição com devidas adaptações e, para isso, adicionar certa dramaticidade à história era necessário.

Lynch usou trechos de silêncio para construir um clima emotivo e misterioso, abrindo uma discussão sobre o que é normalidade, sociedade, educação, dignidade, crueldade e ignorância levando assim o espectador a vários questionamentos. Baseado no filme, quem estaria mais deformado: Merrick ou a sociedade que o explorava tentando demonstrar piedade? Muitas das pessoas que se movimentam em torno de John são os verdadeiros monstros? Merrick foi resgatado para torna-se vitima da vaidade dos mais poderosos? Ele era ajudado num processo de humanização, ou explorado, em um nível mais elevado? Estaria Trever o ajudando realmente ou se tornando o novo e mais requintado explorador da deformidade física de Merrick, apesar de suas boas intenções? Talvez o "monstro" anunciado para a sociedade, no fim das contas, fosse muitas das pessoas que se movimentavam a sua volta naquela sociedade vitoriana (época da rainha Vitória)

O elenco é muito bom. John Hurt (Alien, o Oitavo Passageiro) faz um Merrick vítima da ignorância e da brutalidade que apesar de todos os sofrimentos, conserva dentro de si os mais nobres sentimentos. Uma das cenas mais poderosas é a de Merrick perseguido pela multidão em fúria se escondendo exausto, humilhado, numa estação de trem. Por trás de uma pesada maquiagem Hurt conseguiu transmitir o drama do personagem através dos olhos, fala, expressões e gestos e a dignidade do ser humano sob qualquer aparência. Anthony Hopkins faz Treves, que apresenta Merrick a sociedade londrina e passa a ter impressão de que este se transformou em objeto dessa sociedade ainda que para Merrick a presença de um amigo lhe dê algum sentido a sua vida. É através de seus olhos que nos é apresentado o personagem central e seus sentimentos escondidos. Anne Bancroft (esposa do diretor / produtor Mel Brooks) personifica a atriz que consegue entender o rapaz e vê uma quase inocente criança, de imensa pureza, por trás de uma aparência que a sociedade rejeita. Sua presença chama a atenção dos tabloides e de certa maneira insere Merrick nessa nova realidade de pessoas de finos modos, mas de intenções não tão nobres quando bem observadas.  John Gielgud tem uma participação breve, mas importante quando descobre que Merrrick possui discernimento de tudo a sua volta.  Wendy Hiller faz a enfermeira chefe que não se abala com a aparência do jovem e parece ser mais madura em percepções que Treves.  Freddie Jones faz um homem com a alma tão entorpecida pela crueldade que acha que dar a Merrick um canto escuro e úmido, restos de comida, espancando-o e torturando-o psicologicamente com frequência era demonstrar piedade. Na verdade, sua única motivação era explorar o jovem para ter conforto financeiro. Michael Elphick como o porteiro / vigia do hospital é outro personagem incapaz de condoer-se com o sofrimento alheio, descendo ao nível mais baixo do caráter humano. Sua crueldade para com Merrick, deixando-o em um estado de terror e falta de proteção, enfurece o espectador e nos revela que há muitos iguais a ele em nossa sociedade. O restante do elenco completa a história com igual brilho.

O Homem Elefante é um filme que amadurece a quem o assiste e pode levar muitas pessoas às lagrimas. A forma como foi concebido abre um leque de reflexões, não somente para o caso de Merrick, mas para todos aqueles que não possuem aquilo que a sociedade considera como normal. Uma sociedade que ainda nos dias de hoje precisa aprender e amadurecer, que precisa ver o próximo com o olhar de paridade, que deve abrir mão de preconceitos enraizados em séculos passados. Uma sociedade que vive no século 21, mas que muitas vezes parece ainda estar na época deste filme: no século 19. Pessoas que agora são vítimas de crueldades virtuais e reais;  pessoas que são rotuladas e sofrem bullying por suas condições, raças, sexo, credos e cor. Por isso O Homem Elefante é tão atual. Ele não fala só de Merrick, ele fala de uma sociedade que estava doente a sua época e que continua doente, mas não se percebe como tal; ou se percebe, mas nada faz para mudar. Ou que, até mesmo, não se importa. Não é sobre um homem com deformações é sobre uma sociedade com deformações.


Trailer:




Curiosidades:

Muitos espectadores ficaram consternados ao descobrir que o filme era em grande parte ficção, apesar de afirmar ser uma história verdadeira.

Marcas do Destino (1985) foi outro filme biográfico sobre um homem com o rosto desfigurado. A integrante do elenco Laura Dern mais tarde trabalharia com David Lynch em quatro projetos.

O filme favorito de Michael Jackson.

Rápida aparição do diretor David Lynch: Quando Merrick retorna a Londres, ele é perseguido por uma multidão enfurecida e foge para o subsolo. A cena da multidão descendo as escadas em perseguição mostra Lynch em traje completo.

Neste filme, Anne Bancroft interpretou uma atriz de teatro. Na vida real, Bancroft era uma atriz de teatro antes de aparecer em filmes.

A pintura original que foi a base da arte da capa do álbum "Fair Warning" de 1981 do Van Halen está pendurada no hospital onde este filme foi filmado.

Joseph "John" Merrick (John Hurt) é mantido prisioneiro pelo Sr. Bytes (Freddie Jones). Em Harry Potter e as Reliquias da Morte - Parte 1 (2010), Garrick Olivander (Sir John Hurt) é mantido prisioneiro pelos Malfoys, mas resgatado por Dobby, interpretado pelo ator Toby Jones, filho de Freddie.

Anthony Hopkins trabalhou com o filho de Freddie Jones, Toby Jones, em O Ritual (2011). Ele e o jovem Jones também interpretaram Alfred Hitchcock, em Hitchcock (2012) e A Garota (2012).

A cena final com Joseph "John" Merrick dormindo normalmente, apresenta o Adagio for Strings de Samuel Barber, usado extensivamente em Platoon (1986).

Os roteiristas basearam este filme nas memórias do Dr. Frederick Treves, além de outros relatos verídicos, mas evitaram a peça de Bernard Pomerance. O verdadeiro nome do Homem Elefante não era "John Merrick" como muitos acreditam, mas sim Joseph Carey Merrick. Merrick nasceu em Leicester, Inglaterra, em 5 de agosto de 1862, e morreu no Royal London Hospital em 11 de abril de 1890, aos 27 anos. Quando o Dr. Treves escreveu suas memórias, ele se referiu a ele como John. Seu manuscrito manuscrito revela que Treves sabia que o nome de Merrick era Joseph, e deliberadamente riscou Joseph e o substituiu por John. A correspondência sobrevivente de Merrick mostra que ele assinou seu nome como Joseph, e artigos de jornais contemporâneos sobre seu caso se referem a ele por seu nome correto. Por que Treves mudou seu nome para John é desconhecido, mas este filme é parcialmente responsável por esse equívoco contínuo.

John Hurt interpretou Aragorn em O Senhor dos Anéis (1978). Sua maquiagem neste filme inspirou o visual de Gothmog em O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei (2003).

Dexter Fletcher, o menino, tornou-se ator de vários filmes e diretor de filmes como Rocketman (2019)

A falsa ideia de que um susto para uma mãe pode causar deformidade em seu filho pode ser encontrada em livros de medicina até a década de 1950.

Ironicamente, antes de Anthony Hopkins ver O Homem Elefante, ele é conduzido por um corredor sombrio e sombrio de uma forma antecipada e cheia de suspense, da mesma forma que Jodie Foster seria conduzida a ele, Hopkins Hannibal Lector, em O Silêncio dos Inocentes.

Dois membros do elenco estão relacionados com as figuras históricas retratadas no filme. Frederick Treves é o sobrinho-neto do médico. A tia de John Gielgud, Ellen Terry, trabalhou com Madge Kendal.

Frederick Treves: O sobrinho-neto do Dr. Frederick Treves apareceu na cena de abertura como um vereador tentando encerrar o show de horrores.

A maquiagem do Homem Elefante levava de sete a oito horas para ser aplicada todos os dias e duas horas para ser removida. John Hurt chegava ao set às 5h da manhã e filmava do meio-dia às 22h. Por causa da tensão do ator, ele trabalhava em dias alternados. O maquiador Wally Schneiderman descreveu-o como "uma dos filmes mais difíceis que tive que fazer. Tudo era tão preciso. Havia 14 peças, sem incluir a cabeça, e elas precisavam ser aplicadas exatamente, todos os dias para dar continuidade. Você poderia não se dar ao luxo de cometer um erro."

Após o primeiro dia de filmagem, quando John Hurt foi exposto pela primeira vez ao inconveniente de ter sua maquiagem aplicada e andando com ela, ele ligou para sua esposa, dizendo: "Acho que eles finalmente conseguiram me fazer odiar atuar."

Joseph "John" Merrick era um cavalheiro muito inteligente e culto. Ele adorava ler e encenava cenas de pantomimas que o levavam para ver. Ele muitas vezes terminava sua correspondência com os simpatizantes citando um verso de Isaac Watts: "É verdade que minha forma é algo estranho, mas me culpar é culpar a Deus. de pólo a pólo, Ou agarrar o oceano com um palmo. Eu seria medido pela alma, A mente é o padrão do homem." ~Isaac Watts 1674-1748.

Quando os indicados ao 53º Prêmio Anual da Academia foram anunciados em fevereiro de 1981, muitos na indústria ficaram chocados com o fato de este filme não ser homenageado por seus efeitos de maquiagem. Na época, não havia uma categoria regular de maquiagem e os vencedores de maquiagem eram citados com um prêmio especial. Sentindo que os técnicos de maquiagem mereciam ser recompensados ​​por este filme, uma carta de protesto foi enviada ao Conselho de Governadores da Academia para pedir-lhes que mudassem de idéia e concedessem ao filme um prêmio especial. A Academia recusou, mas em resposta ao clamor, eles decidiram um ano depois premiar os maquiadores com sua própria categoria anual, e assim nasceu o Prêmio de Melhor Maquiagem. Por causa de restrições anteriores, alguns outros filmes notáveis ​​​​não receberam Oscars por sua maquiagem, notadamente O Médico e o Monstro (1931), O Mágico de Oz (1939) e O Corcunda de Notre Dame (1939).

A condição de Joseph "John" Merrick não foi diagnosticada no momento de sua morte. Estudos posteriores de seu esqueleto e dos moldes feitos de seu corpo levaram os pesquisadores a sugerir que ele sofria de neurofibromatose (NF) tipo I, uma condição genética, da qual uma em cada quatro mil pessoas sofre. A Fundação NF usou este filme como uma ferramenta de angariação de fundos e creditou-o por tornar a doença mais conhecida. Exames posteriores, incluindo tomografia computadorizada do esqueleto, levaram os pesquisadores a acreditar que ele sofria de síndrome de Proteus, uma condição muito mais rara do que a NF. Um cientista, em 2001, especulou que Merrick pode ter sofrido de uma combinação de neurofibromatose tipo I e síndrome de Proteus. Em 2003, os pesquisadores usaram amostras de DNA sobreviventes de Merrick na tentativa de determinar sua condição única. No entanto, esses testes foram inconclusivos e a causa da condição médica de Joseph "John" Merrick permanece desconhecida.

Muitos dos eventos mostrados neste filme nunca aconteceram. Joseph "John" Merrick geralmente não era maltratado por seus gerentes, e ele certamente nunca foi sequestrado do hospital, como retratado neste filme. O desprezível vigia noturno (interpretado pelo falecido Michael Elphick) também nunca existiu. Merrick teve uma vida tranquila e geralmente sem intercorrências, embora curta, no hospital.

Após a morte do verdadeiro Joseph "John" Merrick, partes de seu corpo foram preservadas para a ciência médica estudar. Alguns órgãos internos foram mantidos em frascos, e moldes de gesso foram tirados de sua cabeça, um braço e um pé. Embora os órgãos tenham sido destruídos por ataques aéreos alemães durante a Segunda Guerra Mundial, os moldes sobreviveram e são mantidos no Hospital de Londres. A maquiagem para Sir John Hurt, que interpretou Merrick neste filme, foi projetada diretamente dessas partes.

O verdadeiro showman londrino de Merrick, Tom Norman, não era um bêbado brutal, como o fictício "Bytes". Norman era um showman respeitado e fundador de uma sociedade de temperança. Ele e Joseph "John" Merrick eram amigos e parceiros de negócios. Norman pagou todas as despesas de Merrick e dividiu seus ganhos em cinquenta e cinquenta. Em poucas semanas, Joseph economizou cinquenta libras, tanto quanto uma família trabalhadora típica ganha em um ano inteiro. Desde que Treves escreveu suas memórias com o personagem do cruel showman, a família Norman ficou horrorizada e embarcou em uma campanha para limpar o bom nome de Tom Norman. Sua neta, Valerie, tem oitenta e dois anos e espera ver sua reputação restaurada antes de falecer.

A interpretação de Anthony Hopkins do Dr. Frederick Treves neste filme é supostamente o que inspirou Jonathan Demme a escalá-lo como o malvado Dr. Hannibal Lecter em O Silêncio dos Inocentes (1991). (Hopkins disse mais tarde que achava o papel Dr. Frederick Treves um tanto monótono.)

Quando o Dr. Treves vê Merrick pela primeira vez, ele derrama uma única lágrima. Sir Anthony Hopkins pensou em seu pai doente naquele momento, para ajudá-lo a chorar. Quando Hopkins teve a reação chorosa ao encontrar Merrick pela primeira vez, John Hurt não estava no set. Hopkins simplesmente encarou, sem piscar, uma luz forte, até que uma lágrima apareceu.

John Hurt manteve o protético da cabeça de Joseph "John" Merrick após as filmagens. Ele guardou-o em um armário em sua casa. Vários anos depois, sua casa foi assaltada enquanto estava fora, um amigo ligou para ele e disse: "Houve um roubo em sua casa". John perguntou o que foi levado, e a resposta foi: "Nada! O ladrão deve ter aberto o armário e a máscara caiu! O ladrão deve ter fugido do local assustado!"

Devido à deformidade constritiva de sua boca, Merrick nunca falou tão claramente na vida real quanto neste filme. Dr. Frederick Treves muitas vezes teve que atuar como intérprete de Merrick para os visitantes. Aqueles que o conheciam bem, como funcionários do hospital e amigos, se acostumaram com sua fala atrapalhada, mas ele permaneceu indistinto e piorou à medida que a condição de Merrick se deteriorava.

As últimas linhas, faladas pela mãe de Merrick, são citadas do poema de Alfred Lord Tennyson "Nothing Will Die".

Neste filme, Anne Bancroft interpretou a atriz Madge Kendall, e John Gielgud interpretou o Sr. Carr Gomm, o governador do hospital. Quando jovem, Gielgud já se apresentou no palco com a verdadeira Madge Kendall.

Neste filme, Joseph "John" Merrick constrói sua catedral de papelão a partir de sucatas que encontra no lixo. Ele baseou seu projeto em uma vista da Igreja de St. Philips de sua janela. Na verdade, os quartos de Merrick em Bedstead Square ficavam na esquina da igreja. Além disso, o verdadeiro Merrick montou sua igreja a partir de um kit pré-fabricado da Catedral de Mainz, na Alemanha. No entanto, é um modelo muito difícil com muitas peças minúsculas. O trabalho de Joseph ainda é um milagre, pois ele só podia usar a mão esquerda e ferramentas primitivas. (Um construtor de kits modernos levou dezessete horas para montar um, usando as duas mãos e ferramentas modernas.) A bela catedral de Joseph "John" Merrick ainda pode ser vista nos Arquivos do Museu Real de Londres, ironicamente no porão de St. Philips.

Um dos dois filmes em preto e branco a serem indicados ao Oscar de Melhor Filme em 1981, o outro foi Touro Indomável (1980). Ambos perderam para Gente como a Gente (1980).

Kenny Baker, conhecido principalmente por interpretar R2-D2 da franquia de filmes Star Wars, interpreta um dos anões do carnaval.

Este filme foi indicado a oito Oscars, incluindo Melhor Filme. Acredita-se que, se a categoria de Melhor Maquiagem existisse na época, teria ganhado o Oscar por isso.

A cena de abertura da mãe de Merrick sendo atacada por um elefante não é factual. Suas deformidades eram o resultado de uma doença, e ele era chamado de "O Homem Elefante" por causa de sua pele encaroçada. No entanto, a ideia de um ataque de elefante vinha do discurso melodramático originalmente proferido por Tom Norman para quem pagasse para ver Merrick sendo exibido.

Quando Joseph Merrick (John Hurt) vai dormir, ele decide se deitar em vez de dormir ereto, como costumava fazer. Isso é tragicamente preciso, pois a causa da morte de Merrick foi sua tentativa de dormir como uma pessoa normal. Ao deitar, o peso de sua cabeça se mostrou muito pesado e ele quebrou o pescoço tentando se levantar.

Embora o filme tenha sido aclamado pela crítica, houve alguns críticos que o acusaram de sentimento excessivo. Eles tendem a atribuí-lo ao escritor e diretor David Lynch, confiando fortemente nas memórias de Frederick Treves como fonte de material.

Filmado em preto e branco para ajudar a dar ao filme uma sensação de uma era sombria e para ajudar a integrar imagens históricas antigas da era industrial de Londres.

O ator Bradley Cooper (Nasce uma Estrela)  afirmou uma vez que este filme é a razão pela qual ele se tornou ator. Mais tarde, ele faria o papel de John Merrick na Broadway.

Este filme foi baseado em duas obras publicadas, "The Elephant Man and Other Reminiscences" (1923) de Sir Frederick Treves (que foi interpretado por Sir Anthony Hopkins) e "The Elephant Man: A Study in Human Dignity" (1973) de Ashley Montagu, publicado cinquenta anos depois do livro de Treves. Este filme foi lançado cinquenta e sete anos após o primeiro, sete anos após o último e noventa anos após a morte de Joseph "John" Merrick (o Homem Elefante), que morreu em 1890.

Embora a causa oficial de sua morte tenha sido asfixia , Treves, que realizou a autópsia , disse que Merrick morreu de um pescoço deslocado.

nos anos 80 (1987) se noticiou que Michael Jackson chegou a oferecer 1 milhão de dólares pelo esqueleto de Merrick ao Hospital da Faculdade de Medicina de Londres

A causa exata das deformidades de Merrick não é clara. Em 1986, conjecturou-se que ele tinha síndrome de Proteus . Testes de DNA em seu cabelo e ossos em um estudo de 2003 foram inconclusivos porque seu esqueleto havia sido branqueado várias vezes antes de ser exibido no Royal London Hospital

Melhor filme no 9º Festival Fantástico de Alvoriaz

Cartazes:





Filmografia Parcial:

John Hurt (1940–2017)







O Homem Que Não Vendeu Sua Alma (1966); A Lenda da Flauta Mágica (1972); O Carniçal (1975); O Expresso da Meia-Noite (1978); Alien, o Oitavo Passageiro (1979); O Homem Elefante (1980); A História do Mundo - Parte I (1981); O Casal Osterman (1983); 1984 (1984); Jake Speed (1986); S.O.S.: Tem um Louco Solto no Espaço (1987); Incontrolável Paixão (1987); Escândalo: A História que Seduziu o Mundo (1989); Terra da Discórdia (1990); Frankenstein, o Monstro das Trevas (1990); Rei Por Acaso (1991); Rob Roy, a Saga de uma Paixão (1995); Contato (1997); O Capitão Corelli (2001); Harry Potter e a Pedra Filosofal (2001); Incrível Obsessão (2003); Hellboy (2004); A Chave Mestra (2005); Tiros em Ruanda (2005); V de Vingança (2005); Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal (2008); Hellboy II: O Exército Dourado (2008); Outlander: Guerreiro vs Predador (2008); Nova York, Eu Te Amo (2008); Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 1 (2010); Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2 (2011); O Espião Que Sabia Demais (2011); Imortais (2011); Expresso do Amanhã (2013); Hércules (2014); That Good Night (2017); Damascus Cover (2017).


Anthony Hopkins 










Hamlet (1969); Juggernaut: Inferno em Alto-Mar (1974); As Duas Vidas de Audrey Rose (1977); O Homem Elefante (1980); O Corcunda de Notre Dame (1982); Rebelião em Alto Mar (1984); Nunca Te Vi, Sempre Te Amei (1987); Horas de Desespero (1990); O Silêncio dos Inocentes (1991); Freejack: Os Imortais (1992); Retorno a Howards End (1992); Drácula de Bram Stoker (1992); Chaplin (1992); Vestígios do Dia (1993); Terra das Sombras (1993); Lendas da Paixão (1994); Nixon (1995); No Limite (1997); Amistad (1997); A Máscara do Zorro (1998); Instinto (1999); Hannibal (2001); Dragão Vermelho (2002); Alexandre (2004); Desafiando os Limites (2005); A Lenda de Beowulf (2007); O Lobisomem (2010); O Ritual (2011); Thor (2011); Hitchcock (2012); RED 2: Aposentados e Ainda Mais Perigosos (2013); Thor: O Mundo Sombrio (2013); Noé (2014); Má Conduta (2016); Transformers: O Último Cavaleiro (2017); Thor 3: Ragnarok (2017); Dois Papas (2019); Meu Pai (2020).


Anne Bancroft  (1931–2005)









Almas Desesperadas (1952); Sinfonia Eterna (1953); Demétrio e os Gladiadores (1954); O Salário do Pecado (1955);  O Tirano da Fronteira (1955); O Milagre de Anne Sullivan (1962); Uma Vida em Suspense (1965); 7 Mulheres (1966); A Primeira Noite de um Homem (1967); As Garras do Leão (1972); O Prisioneiro da Segunda Avenida (1975) O Dirigível Hindenburg (1975); A Última Loucura de Mel Brooks (1976); Jesus de Nazaré  (Minissérie 1977); Momento de Decisão (1977); O Homem Elefante (1980); Agnes de Deus (1985);  Nunca te Vi, Sempre te Amei (1987); Lua de Mel a Três (1992); A Assassina (1993); Malícia (1993); Mr. Jones (1993); Drácula, Morto mas Feliz (1995); O Retorno  (1996); Até o Limite da Honra (1997); Doce Trapaça (2000); Em Roma na Primavera (2003)

John Gielgud (1904–2000)







Júlio César (1953); A Volta ao Mundo em 80 Dias (1956); Júlio César (1970); Horizonte Perdido (1973); Assassinato no Expresso Oriente (1974); Calígula (1979); O Homem Elefante (1980); Carruagens de Fogo (1981); Arthur, o Milionário Sedutor (1981); Gandhi (1982); Arthur 2, o Milionário Arruinado (1988); Uma Luz na Escuridão (1992); O Poder de um Jovem (1992); Lancelot, o Primeiro Cavaleiro (1995); Hamlet (1996); Elizabeth (1998).


Wendy Hiller (1912–2003)









Pigmalião (1938); Sei Onde Fica o Paraíso (1945); Sangue Sobre a Terra (1957); Na Voragem das Paixões (1963); O Homem que Não Vendeu sua Alma (1966);  As Aventuras de David Copperfield (1970); Assassinato no Expresso Oriente (1974); A Viagem dos Condenados (1976); O Homem Elefante (1980); Fazendo Amor (1982); Paixão Solitária (1987); The Best of Friends (1991)


Freddie Jones (1927–2019)  









Estranho Acidente (1967); Longe Deste Insensato Mundo (1967); O Homem Que Não Era (1970); Terror no Bosque (1971); Raptado (1971); À Sombra das Pirâmides (1972); O Sanguinário (1972); O Filho de Drácula (1973); Os Ritos Satânicos de Drácula (1973); Juggernaut: Inferno em Alto-Mar (1974); Vampira (1974); Alvorada Sangrenta (1979); O Homem Elefante (1980); Firefox - Raposa de Fogo (1982); Krull (1983); E la Nave Va (1983); Chamas da Vingança (1984); Duna (1984); O Enigma da Pirâmide (1985); As Aventuras de Erik, o Viking (1989); Coração Selvagem (1990); A Última Borboleta (1991); Jutland - Reinado de Ódio (1994); A História sem Fim 3 (1994); Em Busca da Felicidade (1995); Tempo de Inocência (1999); O Violinista que Veio do Mar (2004); Come on Eileen (2010)




Michael Elphick (1946–2002)









Ladrão e Galante (1969);  A Ciranda do Amor Imperfeito (1970);  O Uivo da Bruxa (1970); Terror Cego (1971); Um Homem de Sorte (1973); O Primeiro Assalto de Trem (1978); Quadrophenia (1979); O Homem Elefante (1980); Krull (voz - 1983); A Maldição da Pantera Cor-de-Rosa (1983); Mistério no Parque Gorky (1983); Punição para a Inocência (1984); Elemento de Um Crime (1984); Piratas (1986);Os Desajustados (1987); O Segredo de uma Sentença (1991); Out of Bounds (2003).


Dexter Fletcher









Quando as Metralhadoras Cospem (1976); A Noite do Terror (1980); O Homem Elefante (1980); Rebelião em Alto Mar (1984); A Revolução (1985); Caravaggio (1986); Gothic (1986); Namoros Eletrônicos (1989); O Sonho Do Macaco Louco (1989); Paixão Proibida (1996); O Homem que Sabia de Menos (1997); Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes (1998); Stander: Um Policial Contra o Sistema  (2003); Nem Tudo é o Que Parece (2004); Doom: A Porta do Inferno (2005); Tristão & Isolda (2006) Stardust: O Mistério da Estrela (2007); Autumn (2009); Kick-Ass: Quebrando Tudo (2010); Os Três Mosqueteiros (2011); Um Jogo de Mestres (2012); Age of Kill (2015); Smoking Guns (2016); A Vingança Perfeita (2018); Pilots: Rule the World (2021)

2 comentários:

  1. Luís
    Analogia bem observada: quem era o monstro?
    Uma pessoa sensível teria hoje dificuldade de assistir O Homem Elefante, tamanha a crueldade e indiferença ali expostos. Nesse sentido, é um filme — infelizmente — ainda necessário no nosso tempo, onde a aparência ( ou a atitude ) fala mais que a essência ( ou a verdadeira intenção ).
    Não me lembrava que era um filme de David Lynch, que parece que ele sempre teve um curioso fascínio pela degeneração, física ou comportamental.
    Vi OHE muito novo nos cinemas — tinha exatos 14 anos — e até me surpreendo como me deixaram entrar, tão opressivo ele era. Bem, não preciso dizer que não tinha com quem falar sobre este filme…
    Relembrando O Homem Elefante entendo que de fato ainda vivemos num mundo de dores e sofrimentos e que a Humanidade deve caminhar muito, mas muito mesmo, para alcançar a compaixão universal. Sem o clientelismo governamental que só enxuga o gelo, sem a inclusão artificial que se tenta fazer vigorar á forceps nas empresas e instituições, a genuína aceitação humana apenas será alcançada quando houver educação para as sucessivas gerações e a economia global sanar a exploração sem limites de povos inteiros. Esqueci de algo?
    Quanto á espiritualidade, o Homem a tem dentro de si. Floresce quando sua alma se aquieta. Ora, nunca achei que iria concordar com Rosseau, veja só.
    Desculpe se os comentários foram desagradáveis ou radicais, tenho aversão á intransigência de qualquer tipo, coisa de simplistas e besta-feras.
    E acredite, sou um otimista. Um dia nós seremos melhores. Sim, seremos!
    Um abraço!

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  2. Olá Mario.
    Eu também o assisti aos 14 anos (essa era a faixa etária para o filme). Coincidência, não? Minha tia me levou para vê-lo. Era muito comum ela me levar para assistir filmes com temáticas mais maduras, depois ela me explicava aquilo que minha pouca idade não permitia assimilar.
    A nossa sociedade realmente evoluiu mais tecnologicamente do que socialmente por vários motivos (e filmes para explicar não faltam - quem sabe consigo postar alguns bem interessantes e reflexivos). E concordo que o caminho é longo, muito longo. Analisar filmes como "O Homem Elefante" é algo que me agrada muito porque possui diversas camadas a serem exploradas: científicas, psicológicas, sociais, históricas ... no caso aqui, uma análise em poucos parágrafos. Rosseau em "A origem da desigualdade entre os homens" tem pontos interessantes sobre questões como a que você colocou. Uma boa lembrança.
    Aos poucos virão mais análises, alguns filmes mais complexos e outros divertidos, que também funcionam para descansar a mente (rsss). Muito obrigado por mais este comentário dentre os vários já feitos. Um grande abraço.

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