sábado, 19 de janeiro de 2019

O ENIGMA DA PIRÂMIDE / YOUNG SHERLOCK HOLMES / PYRAMID OF FEAR (1985) - ESTADOS UNIDOS



UM TRIBUTO AO UNIVERSO DE SHERLOCK HOLMES

Na Londres, vitoriana de 1870, os adolescentes John Watson (Alan Cox) e Sherlock Holmes (NichoIas Rowe) encontram-se pela primeira vez em uma escola e tornam-se logo amigos inseparáveis. Juntando-se a dupla temos Elizabeth (Sophie Ward), grande amor de Holmes, que mora nas dependências da escola com Waxflatter (Nigel Stock), seu tio, um outrora professor da escola que vive obcecado pela ideia de criar uma invenção que o permita voar.  Paralelamente estranhos suicídios começam a acontecer, onde as vítimas parecem ter entrado em uma espécie de surto psicótico.  Holmes começa a perceber um elo de ligação entre as estranhas mortes, mesmo que o chefe de polícia não aceite seus argumentos. Com a ajuda de Watson e Elizabeth descobre um antigo culto de adoração à uma antiga divindade egípcia.


Sob a supervisão de Steven Spielberg, que produziu o filme (através de sua produtora a "Amblin Entertainment  com os Estúdios Paramont) e a chancela da herdeira do romancista, "O Enigma da Pirâmide"  que recebeu dois títulos: "Young Sherlock Holmes" e "Pyramid of Fear"  chegou aos cinemas contando uma história da qual Sir Arthur Conan Doyle jamais escreveu: a juventude de Holmes e Watson. Chris Columbus (que escrevara os roteiros de "Jovens Sem Rumo", "Gremlins" e "Os Goonies") trouxe um roteiro criativo com várias referências aos contos, referências a filmes de Spielberg (como os dois primeiros Indianas Jones), o clima psicológico das histórias, mostrando o (fictício) inicio da amizade e o primeiro caso desvendado pela dupla onde aproveita para explicar algumas curiosidades como o celibato do personagem. Até o chapéu, o casaco e o cachimbo, marcas registradas do personagem, tiveram seu encaixe na história.


O diretor Barry Levinson realizou um espetáculo leve e divertido, acrescido de atmosfera vitoriana (a cargo do desenhista de produção Norman Reynolds de "Caçadores da Arca Perdida") com ruas mal iluminadas, becos sombrios, edifícios cinzentos, restaurantes elegantes e muita liberdade para com o personagem.  Mas algo deu errado: o filme foi mal nas bilheterias, o que sepultou uma pretensa continuação. Orçado em $18.000,000 arrecadou nos EUA apenas $19.739,000, ou seja, praticamente empatou os valores. Curioso que quando chegou no VHS e TV o filme "estorou". No Brasil, as diversas reprises na antiga "Sessão da Tarde" tornaram o filme um dos preferidos de uma gama de espectadores. Com justiça.

 
Os efeitos visuais da Light & Magic (a empresa de George Lucas)  ficaram ótimos e até hoje são bem interessantes.  Toda vez que o dardo envenenado atinge as vitimas, essas tem alucinações e os efeitos entram em ação de uma forma que agregam a história  e não como algo criado apenas para tapar as falhas do roteiro. A direção de arte de Fred Hole (Star Wars: Episódio VI - O Retorno do Jedi; Aliens, o Resgate; 007 - O Mundo Não é o Bastante ... ) e Charles Bishop (Superman II: A Aventura Continua; O Cristal Encantado; Império do Sol) com a fotografia de Stephen - Goldblatt (Fome de Viver; Máquina Mortífera 1 e 2; Batman Eternamente; Histórias Cruzadas ...) mostram o quanto a produção se empenhou para trazer qualidade ao filme. A propósito: a trilha do filme inclui trechos de Carmina Burana de Carl Orff.


Quanto ao elenco, Nicholas Rowe, em seu segundo filme, não desapontou e fez um ótimo Sherlock Holmes.  Alan Cox (filho do ator Brian Cox da Saga X-Men) também fez um trabalho muito correto em sua personificação de um Watson que queria ser médico. Shopie Ward (filha do falecido ator Simon Ward) estava com 21 anos na época.  Seu papel ficou um pouco reduzido, mas não comprometeu.  Anthony Higgins (o professor de esgrima) funciona como desejado.  Freddie Jones   faz o senhor idoso que possui as informações vitais e Nigel Stock  (1919–1986), que faz o professor e tio de Elizabeth, fez o papel  de Watson em Sherlock Holmes (1964) ao lado de Peter Cushing. O resto do elenco está muito bem.


O Enigma da Pirâmide merecia maior sorte e até mesmo uma continuação. Mesmo que o filme privilegie os aspectos psicológicos do personagens e investigativo em prol da aventura, como muitos disseram, ao meu ver, foi um diferencial dessa produção.  Ainda que seja exercício da imaginação do roteirista e não advindo de um conto do escritor é uma produção com um requinte técnico e visual de primeira qualidade.  Percebe-se a vontade dos envolvidos de entregar um produto de qualidade que conquistasse jovens e adultos. E conquistou, pena que na tela pequena.


Trailer:



Curiosidades:

Primeiro longa-metragem a ter um personagem totalmente CGI (imagem gráfica): o cavaleiro saindo do vitral. A Industrial Light & Magic animou a cena, supervisionada por John Lasseter em um filme muito antigo da Pixar e levou 4 meses para ser criado

A neve falsa usada durante as filmagens matou algumas ervas em Oxford; Steven Spielberg reembolsou a Universidade pelo custo de sua substituição.

A sequência de crédito de abertura (uma sombra se movendo pelo chão) é uma homenagem à sequência de crédito de abertura da clássica série de filmes Basil Rathbone / Nigel Bruce, como Sherlock Holmes / Doctor Watson respectivamente.

O ator Alan Cox, que interpretou John Watson, passou por um surto de crescimento durante as filmagens. Nas cenas posteriores do filme, ele é visto com mais frequência a uma pequena distância ou sentado, e os atores ao seu redor estavam de pé em cima de tirantes.

O filme foi renomeado após seu lançamento americano em alguns territórios e em home video como "Young Sherlock Holmes e a Pirâmide do Medo" para dar a ele um título mais aventureiro no estilo Os Caçadores da Arca Perdida (1981) ou com o então recente Indiana Jones e o Templo da Perdição (1984) - todas produções de Steven Spielberg.

O roteirista do filme, Chris Columbus, disse sobre o filme em entrevista ao 'The New York Times': "O mais importante para mim foi o porquê Holmes ficou tão frio e calculista, e porque ficou sozinho pelo resto de sua vida. É por isso que ele é tão emotivo no filme: quando jovem, ele era dominado pela emoção, ele se apaixonou pelo amor de sua vida e, como resultado do que acontece nesse filme, ele se torna a pessoa que ele foi mais tarde ".

Aparições finais em filmes de cinema dos atores Nigel Stock, Lockwood West, Brian Oulton e Willoughby Goddard.

Brian Oulton substituiu Maurice Denham no papel de Mestre Snelgrove.

O nome do deus egípcio do antigo culto dos adoradores de Osíris no Egito era "Rame Tep".

O culto egípcio lembra o Poço das Almas em "Os Caçadores da Arca Perdida "de Spielberg (1981) e o culto Thuggee em "Indiana Jones e o Templo da Perdição" (1984).

O nome de Rathe pode ser homenagem ao ator Basil Rathbone, que interpretou Sherlock Holmes.

Holmes lê a  Hunter's Encyclopedia of Disease (Enciclopédia de Doença de Hunter), uma obra de referência que não está disponível ao público em geral, mas está nas bibliotecas das escolas de medicina e dos médicos em exercício.

Quando o vilão entra na pousada, no final dos créditos, ele assina o registro "Moriarty", que é o nome do mais terrível inimigo de Sherlock Holmes nas histórias de Arthur Conan Doyle.


Filmografia Parcial
Nicholas Rowe
 

 









Memórias de um Espião (1984); O Enigma da Pirâmide (1985); True Blue (1996); Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes (1998); Enigma (2001); Tempo de Paixão (2001); O Herói da Família (2002); O Filho de Chucky (2004); O Padeiro (2007); Conspiração Xangai (2010); Lusitania: 18 Minutes That Changed the World (2015); Um Reino Unido (2016); Old Boys (2018)

Alan Cox 











O Melhor Pai do Mundo (1982); O Enigma da Pirâmide (1985); Jogos de Ilusão (1995); Justice (2003); O Violinista que Veio do Mar (2004); Reação Colateral (2008); O Quebra Nozes: A História Que Ninguém Contou (2010); O Ditador (2012); Say My Name (2018) e participações em seriados


Sophie Ward
 












Demônio Com Cara de Anjo (1977); Guardiões da Honra (1983); Fome de Viver (1983); O Mundo Fantástico de Oz (1985); O Enigma da Pirâmide (1985); Casanova, O Maior Amante de Todos os Tempos (1987); Uma História de Amor (1988); O Monge (1990); Perdidos no Tempo (1992); O Morro dos Ventos Uivantes (1992); Macgyver: Tesouro Perdido de Atlântida (1994); Bela Donna (1998); Ninguém Sabe Tudo (2003) Livro de Sangue (2009) e participações em seriados


Anthony Higgins
 













Caminhando com o Amor e a Morte (1969); O Sangue de Drácula (1970); Diabólicos Sedutores (1970); O Circo do Vampiro (1972); Flávia - A Freira Muçulmana (1974); A Viagem dos Condenados (1976); Os Caçadores da Arca Perdida (1981); A Prometida (1985); O Enigma da Pirâmide (1985); A Prisioneira do Amor (1992); Por Amor ou por Dinheiro (1993);  O Retorno De Sherlock Holmes (1993); Nostradamus (1994); Deeply: O Segredo (2000); Bel Ami: O Sedutor (2012); Paixões Unidas (2014)



Fontes:
Jornal O Globo

Jornal do Brasil
Guia de Video Nova Cultural
The New York Times
IMDB

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