quinta-feira, 3 de setembro de 2015

BILLY JACK / BILLY JACK (1971) - ESTADOS UNIDOS



HERÓI DA CONTRACULTURA

Ex-combatente Boina Verde do Vietnã, Billy Jack (Tom Laughlin 1931-2013), metade índio, metade branco cuida de uma reserva índia no Arizona. A cidade é dominada pelo poderoso Stuart Posner (Bert Freed) e seu filho mimado Bernard Posner (David Roya). Billy tem uma amizade profunda com a dona de uma escola na reserva, Jean Roberts (Delores Taylor), voltada para jovens de minorias com problemas de ajustamento. Com sua filosofia de pacifismo e jovens vestidos de Hippie, com seus cabelos longos e roupas diferentes, atraiu os olhares reprovadores da comunidade local composta de uma elite branca avessa a pessoas que simbolizem diferença. Billy é a lei dentro da reserva e dor de cabeça fora dela. Jean abriga a jovem Barbara (Julie Webb), espancada pelo pai (um comissário do xerife) ao saber que sua filha, que estava em uma “comunidade alternativa”, voltara grávida. Billy dá suporte a Barbara e consegue mais um inimigo na cidade. Coloca à prova suas habilidades em Hapkido ao enfrentar vários homens em defesa de um grupo da escola de Jean atacado por Bernard e seus amigos. Só que Bernard parece não ter limites e inicia uma série de insanidades contra o jovens da escola, culminando num ataque contra Jean, obrigando Billy a largar seu lado pacifista e enfrentar a seus inimigos de forma brutal.


Billy Jack estreou nos Estados Unidos de forma simplória, ganhando poucos elogios. Porém alguns críticos viram qualidades na obra e o público deu o respaldo necessário para que o filme se transformasse em sucesso. No Brasil o filme foi bem recebido, principalmente quando alcançou os espectadores da Tv aberta que ainda não o conheciam. Muitos hoje se lembram com carinho de um filme que ficou na memória e que merece ser revisto. Mas afinal, Billy Jack é bom ou ruim? Billy Jack alterna cenas de ação com certo clima de calmaria. Atores profissionais com amadores, situações fora de contexto (como a do comitê contra os estudantes) com cenas famosas (como a da sorveteria e a do carro) e outra bem forte para a época. 

Símbolo da contracultura, Billy Jack tem suas qualidades e seus defeitos. O ator Tom Laughlin que dividiu as funções de diretor, sob o pseudônimo de T. C. Frank, e de roteirista com sua esposa (com o pseudônimo de Teresa Cristina) criou um personagem forte num filme que visivelmente possuiu poucos recursos, mas que foi feito com muita garra.  Laughlin, pouco conhecido, modelou o seu personagem, Billy Jack, no filme “Born Loosers” de 1967 e que no Brasil recebeu o título de “Nascidos para o Mal”, onde enfrentou uma gangue de motoqueiros, mas “Billy Jack” só se tornaria conhecido em seu filme homônimo. Laughlin vinha de participações de filmes como Ao Sul do Pacífico (South Pacífico) e Até os Fortes Vacilam ( Toy Story) e outras produções.  



Atuando ao lado de sua esposa, Delores Taylor, com a colaboração de classes estudantis, grupos pacifistas e entidades indígenas, Tom Laughlin fez um filme muito simpático de ser assistido, principalmente por quem tem mais de 40, pois se não vivenciaram o clima do filme , pelo menos devem ter visto pessoas que simbolizavam os personagens . Muitos talvez ainda sintam-se atraídos pela mensagem filosófica, ainda que Billy Jack resolva os conflitos com punhos e balas, num filme que lembra um Western moderno. O casal sempre esteve envolvido nas questões indígenas e no pacifismo. Ativistas políticos, transportaram um pouco de sua visão, num momento conturbado como a Guerra do Vietnã (1959-1975) para os americanos, uma guerra que muitos já contestavam trazendo uma nova luz ao conceito de vida alternativa e colocando nos holofotes a maneira como a América ainda tratava os donos originais da terra e seus descendentes .


Não esperem um filme com explosões, lutas e pirotecnia. O que ocorre aqui é uma tensão crescente com um herói fora-da-lei, carismático e solitário, que muitos amaram e que elevou o filme a categoria de Cult Movie e um dos símbolos da cultura pop com referências em músicas, filmes e internet. Longe da programação televisiva, o filme sobreviveu devido a internet que impediu que caísse no esquecimento. A Warner lançou o filme em DVD, mas se tornou difícil de encontrar. O filme teve mais duas continuações: O Julgamento de Billy Jack (1974) e Billy Jack Vai a Washington (1977)

Trailer:










Curiosidades:
O pseudônimo T. C. Frank veio de seus três filhos: Teresa Laughlin ,Christina Harrington e Frank Laughlin.


Nos Estados Unidos, o filme foi lançado em circuito destinado a filmes eróticos o que gerou uma batalha entre os produtores e a distribuidora, cujo argumento poderia ser uma sabotagem ao filme (O Globo Fev 1972)

David Roya é um instrutor de 4º grau faixa preta em Tae Kwon Do e instrutor de ioga certificado e treinado na Índia.

Laughlin enviou o roteiro de Billy Jack aos estúdios, mas estes queriam um filme de gangues de motoqueiros. O ator / diretor resolveu criar outro script e nasceu "Nascidos para Perder" (Born Loosers) colocando o personagem no contexto e permitindo, diante da boa recepção, a filmagem de seu verdadeiro filme.


 






















Carol, a garotinha que canta  “My Brother’s Dead” era a filha da dupla e se chama Teresa.


















Kit (Debbie Schock), que esteve na cena da sorveteria, trabalhava como babá na casa do casal.


















Neil Adams desenhou Billy Jack para a capa da revista em quadrinhos americana “ Deadly Hands of Kung Fu” 






















A canção pacifista, One Tin Soldier, do grupo Black Metal Coven, é de 1969 e foi cantada pela líder do grupo Jinx Dawson para o início e fim do filme a pedido de Laughlin .  

A canção legendada:

 



 
- O filme custou em torno de 800.000 US$ e faturou mais de 30 milhões.

- O Retorno de Billy Jack nunca foi completado, devido o ator ter sofrido um acidente durante as filmagens e não ter encontrado uma distribuidora para lançá-lo

- Cisse Cameron – Sra. Cílios Postiços (Miss False Eyelashes), que faz a cena do carro, com o ator David Roya, é casada com o ator Reb Brown (O Homem Cobra, Capitão América, Yor- O Caçador do Futuro, De Volta Para o Inferno...) e esteve no filme Space Mutiny com o marido













- Laughlin (1931– 2013) faleceu devido a complicações de uma pneumonia 

- Delores  (1932 – 2018) faleceu após uma batalha contra a demência













Cartazes:







Filmografia Parcial: 
Tom Laughlin (1931–2013)



Passado Perdido (1956); Chá e Simpatia (1956); Os Delinqüentes (1957); Lutando Só Pela Glória (1958); No Sul do Pacífico (1958); Maldosamente Ingênua (1959) A Batalha do Mar do Coral (1959); Até os Fortes Vacilam (1960); Nascidos para Perder (1967); Billy Jack (1971); O Julgamento de Billy Jack (1974); Pistoleiro da Justiça (1975); A Viagem dos Condenados (1976); Billy Jack Goes to Washington (1977); A Arte de Matar  (1978); The Return of Billy Jack (1986)

Delores Taylor (1932–2018)









Nascidos para Perder (1967); Billy Jack (1971); O Julgamento de Billy Jack (1974); Billy Jack Goes to Washington (1977); The Return of Billy Jack (1986) 

David Roya









A Estátua do Amor (1965); Bob, Carol, Ted E Alice (1969); Billy Jack (1971);  Westworld: Onde Ninguém tem Alma (1973); King Kong (1976); O Grande Búfalo Branco (1977);  Adoráveis Fantasmas (1988); Lei & Ordem  (seriado - 3 episódios 1999, 2001 e 2003)

5 comentários:

  1. Bom filme , pena que não ache copia dublada ,assisti na época e gostei muito

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  2. Respostas
    1. Bom dia Luiz Antonio Bondezan.
      Parece que a plataforma do Blogger, volta e meia, "deleta" meus comentários. Então vou postar novamente.
      Sim, Billy Jack é um bom filme. Não fez muito sucesso quando do lançamento nos EUA, mas ganhou força quando foi para a tela pequena. O mesmo aconteceu por aqui. Foi lançado nos nossos cinemas, mas tornou-se mais conhecido quando exibido em nossas TVS. Pelo que me lembro passava na extinta Rede Manchete. A cópia dublada deve ser muito difícil de ser encontrada. Muito obrigado pelo comentário. Volte sempre. Um grande Abraço.

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    2. Billy Jack passava na TV Bandeirantes antes mesmo da criação da TV Manchete

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    3. Bom dia Hudson Reis.
      Apenas me recordava da exibição pela Rede Manchete. Muito obrigado pelo comentário e contribuição ao post. Volte sempre e um grande abraço.

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