domingo, 13 de setembro de 2015

A MÁQUINA DO TEMPO / THE TIME MACHINE (1960) - ESTADOS UNIDOS



CLÁSSICO INESQUECÍVEL

Quatro homens recebem um convite para um jantar na casa de George (Rod Taylor), em 05 de janeiro de 1900. Misteriosamente, o anfitrião parece não estar em casa há cinco dias. A governanta entrega um bilhete que os orienta a iniciarem o jantar sem sua presença. Quando se sentam à mesa, George aparece com suas roupas em farrapos e pede para relembrarem o dia 31 de dezembro de 1899, último dia do século 19.



O espectador acompanha George em sua primeira demonstração de sua máquina do tempo: uma miniatura que desaparece aos olhos do quinteto. Ele explica que a máquina viajara para algum lugar do tempo, no mesmo espaço em que estava. Para sua surpresa, seus amigos não compreendem o que acabaram de presenciar e, acreditando ser um truque de ilusionismo, vão embora. Apenas seu amigo Filby (Alan Young) resolve ficar. Após uma breve conversa, este também sai. George vai ao seu laboratório e resolve testar sua verdadeira máquina do tempo, avançando três anos após a Primeira Grande Guerra. Saindo de sua casa, encontra o filho de Filby, que informa o falecimento do pai e que este fora o executor dos bens de George, que desaparecera misteriosamente. Seu pai jamais permitiu a venda da casa. 

  
George retorna ao seu laboratório e avança para a Segunda Guerra (1940) e depois para 18 de agosto de 66, onde o mundo continua em guerra. George chega no momento que a cidade de Londres está sendo bombardeada e um vulcão entra em erupção. Para escapar das lavas, George aciona a máquina e percebe que aonde se encontrava surgiu uma caverna, fruto da explosão vulcânica e que ficara aprisionado dentro dela. Ele avança o máximo que pode, chegando a uma época em que a caverna sofreu a erosão do tempo, permitindo que pudesse estar ao ar livre. Ele chegou em 12 de outubro de 802.701

 
George encontra, a princípio, um mundo apenas de plantas e frutas, bem diferentes de seu tempo. Em sua caminhada encontra uma jovem que estava se afogando e descobre chamar-se Weena (Yvette Mimieux) e que seu povo chama-se Eloi. Neste mundo não há pessoas velhas, leis, dinheiro, governo ou trabalho. Ele descobre que todo conhecimento se perdeu. Ao voltar para sua máquina, constata que a mesma foi arrastada para dentro de uma caverna que Weena informa ser moradia dos Morlocks. George descobrirá como a humanidade chegou a tal ponto, o que são os Morlocks e qual o papel dos Eloi neste contexto


A Máquina do Tempo (1960) foi, durante décadas, um filme visto e revisto devido a ótima direção de George Pal, nome artístico de György Pál Marczincsák  (1908-1980), responsável por filmes como:  "As 7 Faces do Dr. Lao" (1964) e "Guerra dos Mundos" (The War of the Worlds) (1953), logo ficção e fantasia eram o grande métier do diretor. Aqui, em sua segunda direção, o húngaro Pal atuou como produtor, diretor e designer dos Morlocks (acumulou 6 Oscars ao longo da carreira, entre inovações técnicas e efeitos especiais). O roteiro ficou a cargo de David Duncan (Viagem Fantástica, de 1966 e alguns episódios do seriado Daniel Boone, The Outer Limits e as Novas Aventuras de Huckleberry Finn). 



Baseado no livro de H. G. Wells (1866-1946), A Máquina do Tempo mostra-se um filme excelente ainda nos dias atuais, tirando os efeitos que envelheceram (e que na época ganharam o Oscar) e a terceira guerra que não houve.
Tendo a Primeira Guerra ocorrida entre 1914-1918 e Segunda  entre 1939 e 1945, era de se esperar que aquela geração, que assistiu a duas grandes guerras, quinze anos depois, considerasse uma terceira bem próxima de ocorrer, ainda mais dentro do panorama político da época: o auge da Guerra Fria. E este talvez seja o grande senão do filme: realizado em 1960 com um enredo de Terceira Guerra acontecendo em 1966. O diretor quis evitar situar a ficção na década de 60 e resolveu passear entre 1899, 1917, 1940, 1966 até chegar em 802.701. Esse início da história na era Vitoriana (reinado da Rainha Vitória I, entre 1837 e 1901), com as roupas estilo terno e colete, para chegar em 1966 numa vestimenta futurista do filho de Filby, deve ter causado estranheza a quem o assistiu na época. Devido a eficácia técnica da produção, o espetáculo tornou-se atrativo e muitos o guardam na memória como um grande filme da infância. E não é por acaso. O filme prende a atenção, pois mexe com o imaginário do que seria o futuro. Há um clima de romance que justifica as ações de George (que no livro só é chamado de viajante do tempo). Aliás George foi uma Homenagem à H.G. Wells também conhecido como Herbert George Wells.



George viaja a um futuro que lhe é completamente desesperançoso: esperava encontrar uma civilização avançadíssima, fruto de várias eras de criação e acabou acompanhando o ser humano desintegrar-se. Encontra seres humanos, mas estes não sabem nada a respeito do passado, ou seja, toda a história da humanidade foi perdida. Aos poucos descobre, aterrorizado, que humanidade resolveu dividir-se em dois grupos e tornou-se algo bem pior. George não sabe o que fazer. Sua máquina é roubada e os Eloi parecem autômatos sem nenhuma iniciativa ou reação. Weena parece a única coisa realmente importante neste mundo, mas sua vida também corre perigo.


A Máquina do Tempo, ainda que seja uma versão simplificada (e com liberdades) da obra de Wells, manteve-se ao longo dos anos e sua refilmagem em 2002 dividiu opiniões. Há quem a ache inferior, há que tenha gostado muito e nunca assistiu a de 1960 e aqueles que acham melhor por criar um paradoxo temporal, com um ótimo ator interpretando o líder dos Morlocks. 

 
Quanto aos atores, Rod Taylor (1930-2015) esteve ótimo como George, Yvette Mimieux (1942) fez uma bela e inocente Weena. Temos ainda a destacar Alan Young (1919) no papel duplo de David e James Filby e Whit Bissell (1909–1996), numa breve aparição, sendo conhecido no Brasil por ser o "General Heywood Kirk" no famoso seriado “O Túnel do Tempo” entre 1966-1967.


O fato é que “A Máquina do Tempo” é um filme de ficção científica em sua excelência e, para muitos, insuperável. Seu livro Inspirou várias produções de viagem no tempo, que tem o seu público fiel, como uma refilmagem para a TV chamada “The Time Machine” de 1978, uma produção da rede ABC americana, mas com enredo bem diferente, além de filmes como “Um Século em 43 minutos”, a franquia “De Volta para o Futuro”, entre outros. 
 
 
 
The Time Machine 1978
Um Século em 43 Minutos


A Máquina do Tempo 2002



Curiosidades:
Foi produzido, em 1993, o documentário:  "The Time Machine: The Journey Back" com entrevistas e uma pequena sequência que mostra George voltando para rever Filby (com os atores originais), na qual o cientista  relata sua vida com Weena e os Eloi e, ao mesmo tempo para persuadir Filby a seguir com ele para o futuro, evitando sua morte na Primeira Guerra Mundial (sem contar a ele o motivo), mas seu amigo rejeita. Há ainda a participação de Whit Bissell. Nos Estados Unidos o filme foi lançado, pela Warner,  em Blu Ray, com o documentário.

Yvette Mimieux era menor de idade quando as filmagens começaram (ela completou 18 anos durante as filmagens) e legalmente não deveria trabalhar um cronograma completo de filmagens, mas o fez. Ela era inexperiente, mas à medida que trabalhava neste filme, foi ficando cada vez melhor, de modo que, no final das filmagens, os produtores voltaram e refizeram algumas de suas primeiras cenas.

O globo ao fundo quando George está ouvindo os anéis de informação foi usado em Planeta Proibido (1956) como a esfera de navegação.

Quando A Máquina do Tempo para em 1966, na vitrine da loja de departamentos de Filby há uma cena muito breve de uma tela apresentando "a mais recente TV sem câmara". Ele se parece muito com um moderno monitor de tela plana

Alan Young (David Filby / James Filby) é o único ator a aparecer tanto neste filme quanto no remake, A Máquina do Tempo (2002).

No recurso especial do DVD intitulado "Time Machine: The Journey Continues", os designers do FX Wah Chang, Tim Baar e Gene Warren afirmam que a cena do galho de árvore com várias maçãs e folhas crescendo a uma taxa acelerada enquanto George avança o tempo era na verdade uma pintura feita pelo artista Bill Brace. A tela foi fotografada com uma câmera bloqueada, um quadro por vez, enquanto Brace representava o crescimento progressivo das folhas e maçãs em grande detalhe.

A placa no painel de controle da máquina do tempo diz "Fabricado por H. George Wells", ou seja, H.G. Wells, autor do romance original.

A forma da máquina do tempo em si foi inspirada em um dos tipos favoritos de veículos de infância de George Pal - um trenó. Esta é a razão do design da máquina em forma de trenó, para que pudesse "deslizar" no tempo.

Rod Taylor luta contra um Morlock do lado de fora da máquina do tempo e, em seguida, envia o dispositivo para o futuro, o que causa a rápida decomposição do corpo. Esse efeito foi obtido fazendo uma figura de cera de um Morlock, derretendo-o com calor intenso e acelerando a filmagem, dando a ilusão de carne em decomposição

A máquina do tempo original foi vendida no leilão do estúdio MGM em 1971. O vencedor do leilão foi o dono de um espetáculo itinerante. Cinco anos depois, o adereço foi encontrado em um brechó em Orange, California. O historiador de cinema Bob Burns o comprou por US $ 1.000. Usando plantas que seu amigo George Pal lhe dera anos antes, ele e um grupo de amigos o restauraram. A equipe de restauração incluiu D.C. Fontana, consultora de roteiro e escritora de Jornada nas Estrelas (1966), e Michael Minor, diretor de arte de Jornada nas Estrelas II: A Ira de Khan (1982).

O filme se passa em 31 de dezembro de 1899, em 5 de janeiro de 1900, em 13 de setembro de 1917, em 19 de junho de 1940, em 19 de agosto de 1966 e em outubro de 802.701.

O diretor George Pal era amigo íntimo do colega animador Walter Lantz, desde que Lantz fez um trabalho extraordinário do Pica-Pau (Woody Woodpecker) para Destino à Lua de Pal (1950). Como tributo, Pal tentou incluir referências do Pica-Pau em todos os seus filmes subsequentes. Nas cenas em que os Eloi estão se divertindo, de vez em quando você pode ouvir distintamente a risada do "Pica-pau-do-mato".

Durante a cena do ataque aéreo, enquanto todas as pessoas corriam para o abrigo, uma garotinha atravessando a rua para para pegar algo que ela deixou cair. Quando ela o faz, você pode ver rapidamente que é uma pequena figura do Pica-Pau

Quando George chega no ano 802.701, sua máquina do tempo marca a data de 12 de outubro. Assim, George chega a um "Novo Mundo" no aniversário de Colombo alcançando o "Novo Mundo" das Américas.

A "lava" na cena do vulcão no centro da cidade era, na verdade, farinha de aveia com corante alimentar laranja e vermelho derramado em uma plataforma e lentamente descia pelo cenário em miniatura.

Rod Taylor tinha pouco menos de um metro e oitenta de altura; em um esforço para fazê-lo parecer maior e, portanto, mais impressionante, todos os Eloi e Morlocks foram interpretados por atores muito mais baixos.

Durante a parada de George em 19 de agosto de 1966, os guardas de ataque aéreo estavam vestindo os uniformes cinza da tripulação do C-57D do filme Planeta Proibido (1956).

Com base nos relógios em cena, George levou uma hora e meia para contar sua história no jantar.

A máquina do tempo aparece na cena da convenção do inventor em Gremlins.

George Pal originalmente considerou escalar um ator britânico de meia-idade como David Niven ou James Mason como George. Mais tarde, ele mudou de ideia e escolheu o jovem ator australiano Rod Taylor para dar ao personagem uma dimensão mais atlética e idealista.

George Pal há muito planejava fazer uma sequência para este filme. Vários scripts enviados foram supostamente rejeitados pela MGM.

Todos os quatro filhos de H.G. Wells ainda estavam vivos na época do lançamento deste filme.

A cantora e letrista Peggy Lee escreveu uma música para o filme chamada "The Land Of The Leal", mas ela não foi usada.

Quando surgiu a questão sobre quais três livros George levou, é interessante notar que a maioria dos livros na estante foram reorganizados em algum momento entre o início do filme (quando George estava escrevendo o bilhete do jantar) e o momento em que Filby perguntou qual três livros.

O especialista em maquiagem William Tuttle usou a aparência dos Morlocks para seu padrão básico do Abominável Homem das Neves em "7 Faces of Dr. Lao (1964)".

Paul Scofield foi a primeira escolha de George Pal para interpretar o viajante do tempo.

Rod Taylor queria Shirley Knight para o papel de Weena.

Prender George dentro de uma montanha de lava resfriada entre 1966 e 802.701 aliviou o cineasta de ter que mostrar cenários em constante mudança ao longo de milhares de séculos.

Whit Bissell, que interpretou Walter Kemp, depois interpretou o Tenente-General Kirk no Túnel do Tempo (1966), cuja ideia veio do filme de George Pal. No entanto, o produtor Irwin Allen esqueceu que Bissell estava em "A Máquina do Tempo" e, em vez disso, baseou sua contratação nos papéis de Bissell que fizera em I Was a Teenage Werewolf (1957) e O Monstro da Lagoa Negra (1954).

Estreia no cinema de Yvette Mimieux.

Whit Bissell (Walter Kemp) mais tarde interpretou Ralph Branly em A Máquina do Tempo (1978).

A música no final do filme, durante o encontro entre Mrs. Watchett e Filby, é "The Girl with the Flaxen Hair,", de Claude Debussy, que foi publicado cerca de uma década após os eventos apresentados no filme. 

Trailer:





Cena do Documentário de 1993:






Breve Filmografia:
Rod Taylor (1930 - 2015)









O Pirata de Porto Belo (1954); Horas Sombrias (1955); Ágil no Gatilho (1955); 20 Milhões de Léguas a Marte (1956); Assim Caminha a Humanidade (1956); A Árvore da Vida (1957); As Duas Faces do Crime (1958); Vidas Separadas (1958); Elas Querem é Casar (1959); A Máquina do Tempo (1960); O Pirata Real (1962); Os Pássaros (1963); Gente Muito Importante (1963); Um Domingo em Nova York (1963); 36 Horas (1964); O Rebelde Sonhador (1965); Assassinato por Encomenda (1965); A Espiã de Calcinhas de Renda (1966); Revólver de um Desconhecido (1967); Zabriskie Point (1970); O Pássaro Ferido (1972); Os Heróis (1973); Fúria no Sangue (1973); A Morte Pede Vingança (1982); Charles & Diana: A Royal Love Story (1982);  A Máscara do Crime (1988); A Organização (1992); Corvos (2007); Bastardos Inglórios (2009)

Yvette Mimieux (1942-2022)











A Ilha das Víboras (1960); A Máquina do Tempo (1960);  Bastam Dois para Amar (1960); Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse (1962);  O Mundo Maravilhoso dos Irmãos Grimm (1962);  Na Voragem das Paixões (1963); Viagem para a Morte (1965); Este Mundo é um Circo (1967); Os Mercenários (1968); The Picasso Summer (1969); The Delta Factor (1970); Vôo 502: Em Perigo (1972); O Fator Netuno (1973); Jornada do Pavor (1975);  A História de Rodolfo Valentino (1975); Jackson County Jail (1976); O Cão do Diabo (1978); Desastre no Trem da Morte (1979); O Abismo Negro (1979) ; Um Romance Impossível (1982); Obsessão Fatal (1984); O Submarino da Morte (1986); Perry Mason: The Case of the Desperate Deception (1990)

Whit Bissell (1909–1996)









O Gavião do Mar (1940); Demônio da Noite (1948); A Vinganca de Jesse James (1951); O Corsário Maldito (1951); Continente Perdido (1951); O Monstro da Lagoa Negra (1954); Três Horas para Matar (1954); O Salário do Pecado (1955); Horas de Desespero (1955); A Fúria dos Justos (1955); Sem Lei e Sem Alma (1957); Audácia de Um Rebelde (1957); I Was a Teenage Frankenstein (1957); Acorrentados (1958); A Orquídea Negra (1958); O Monstro Sanguinário (1958); Minha Vontade é Lei (1959); A Máquina do Tempo (1960); Sete Homens e um Destino (1960); O Homem de Alcatraz (1962); O Indomado (1963); Sete Dias de Maio (1964); Escândalo na Sociedade (1964); Túnel do Tempo (seriado 1966-1967); Aeroporto (1970); Missão Confidencial (1972); No Mundo de 2020 (1973); A Máquina do Tempo (1978); O Cavaleiro da Noite (1979) e participação em vários seriados.

Alan Young (1919–2016)







Um Marido Impossível (1949); A Felicidade Estava Por Perto (1952); Androcles e o Leão (1952); O Pequeno Polegar (1958); A Máquina do Tempo (1960); Mister Ed (seriado 1961 - 1966); O Gato que Veio do Espaço (1978); Os Smurfs (desenho - voz - 1981-1989); Earth Angel  (1991); Um Tira da Pesada III (1994); A Máquina do Tempo (2002); Em & Me (2004);


2 comentários:

  1. Gratidão... aqui um pedacinho da minha infância!

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    1. Boa Tarde (você não citou seu nome)
      Esse filme está na infância de muitos, pois é uma produção com um ótimo roteiro e direção. Que ótimo que lhe trouxe boas recordações. Volte sempre e um grande abraço

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