domingo, 20 de setembro de 2015

O GRANDE CARUSO / THE GREAT CARUSO (1951) - ESTADOS UNIDOS




O MAIOR DOS TENORES INTERPRETADO POR UMA LENDA LÍRICA

Filme que conta a vida de Enrico Caruso (1873 -1921), tido pelos especialistas como a maior voz lírica de todos os tempos. Mostra o início da vida do tenor até sua morte. No início vemos o pequeno Enrico perdendo a mãe, se apaixonando quando jovem e sendo rejeitado pelo pai de sua pretendente. Sua ascensão à estrela da ópera, sua aceitação pelos quatro cantos da terra, sua recepção fria pelos críticos americanos da época, seu reconhecimento, seu casamento e sua doença que o leva à morte.


Analisar biografias é sempre muito complicado e esta daqui é uma das mais difíceis. O filme deve ser visto de três pontos de vista, no mínimo: A direção, a história em si e a interpretação de Mario Lanza (Alfred Arnold Cocozza, nome de batismo). Quanto ao primeiro, sem dúvida, Richard Thorpe (diretor de vários gêneros, entre eles capa e espada, Tarzan e filmes de Elvis Presley) conduz o filme de uma forma uniforme e direta, mesclando ficção com acontecimentos reais, não se atendo muito a detalhes, conseguindo transpor a história de tal modo que transmite um fácil entendimento `aqueles que não conhecem a vida do artista. Thorpe (que dirigiu Lanza no filme "O Príncipe Estudante" de 1954) conseguiu tirar do ator ótimas performances, com uma excelente caracterização dos personagens, mostrando mais uma vez que sabia muito bem dirigir atores. Quanto ao roteiro, há de se levar em conta diversas situações, entre elas, que o filme desprezou relatos de biografias oficiais (Caruso teve dois filhos com a cantora lírica Ada Giachetti e, posteriormente, casou-se com Dorothy Park Benjamin que lhe deu uma filha chamada Glória).  

O filme aborda somente o casamento com Dorothy (Ann Blyth) e, pela atuação das personagens, entende-se como se fosse esta sua primeira criança. Quanto a questão de sua doença, o filme prefere deixar o espectador em dúvida e, de certa maneira, acerta, pois a morte de Caruso não foi esclarecida totalmente, mas a probabilidade é que tenha sido câncer de pulmão (um dos filhos cita um acidente nos palcos durante sua apresentação e que teria minado a saúde de Caruso). O filme não aborda o seu consumo de dois maços de cigarros egípcios diários e nem que, após sua última turnê na América, retornaria a Itália, onde passaria por tratamentos que incluiriam intervenções cirúrgicas em um de seus pulmões, a fim de tentar salvá-lo. Na trama esta parte é desconsiderada e, talvez para não cair no piegas, resolveu-se encerrá-lo em um determinado ponto

 
A ideia de contar a história, entremeada de peças de óperas e árias, foi o grande atrativo do filme e o veículo correto para o ator Mario Lanza colocar sua potente voz a cargo do personagem. Quanto ao ator, ainda que muitos críticos o tenham considerado um ator de baixos recursos, foi uma atuação muito bem vinda, pois Lanza (1921-1959), astro incontestável em sua época e intérprete igualmente, incorporou a personagem com vontade e uma voz que “cola” o espectador na cadeira. Provavelmente, se não era bom ator, tinha carisma o suficiente para encantar, e o sucesso do filme (menos na Itália que não aceitou tantas incoerências na história e que, no fim, foi vedada sua exibição na época) deveu-se a Lanza, que interpretou, em seu terceiro filme, suas árias magnificamente (inclusive Enrico Caruso Jr, um dos filhos de Caruso, o considerou o intérprete perfeito do pai).


Apesar de tudo, o filme mostra vários pontos da carreira do artista: sua dedicação completa à música, a curiosa rejeição dos dois pais das mulheres a que Caruso conheceu. Um o rejeitou por considerá-lo (no início) apenas um homem que cantava por trocados e o outro (em sua fase de astro) por suas raízes familiares.  Uma passagem rápida, mas importante, mostra que seu sucesso permanente deveu-se a ao surgimento da indústria fonográfica, na qual aderiu logo de início e, com a popularidade dos discos, sua voz imortalizou-se. Uma grande vantagem sob seus precursores. O filme sugere que suas últimas apresentações foram com a garganta cheia de éter, hemorragias e uma ferrenha determinação de encerrar uma peça em condições precárias de saúde.


Quanto ao repertório musical, o filme mostra Lanza em grandes momentos como em: Brindisi (Mascagni); La Donna e Mobile (Verdi) ; Torna a Surriento (Ernesto de Curtis) Che Celida Manina e E Lucevan le Stelle (Puccini); Vesti la Giubba (Leoncavallo); Ave Maria (Gounod) entre outras de igual beleza. Lanza conseguiu transmitir as principais sensações que cada peça reservou e foi, sem dúvida, um deleite para os (muitos) fãs do tenor / ator, acompanhado por (ótimos ) cantores ou em momentos solo.


Se visto como biografia histórica, o filme carece de diversos elementos, onde o diretor preencheu com a criação de situações ficcionais. Se assistido sob a ótica de um filme do tenor Mario Lanza, sobre uma visão menos detalhada da vida de Caruso, fica a dica de um ótimo entretenimento, ainda mais para aqueles que pouco conhecem a história do mito Caruso e querem ficar apenas no filme.


Trailer em Inglês
:




Curiosidades: 

Mario Lanza morreu em 1959, aos 38 anos de embolia pulmonar devido a um controverso tratamento de perda de peso da época, que consistia em sedar um paciente e deixá-lo imóvel durante semanas.

Há um boato na internet que o garoto que canta Ave Maria com Lanza seria o Tenor Luciano Pavarotti. Na verdade o garoto chama-se Michael Collins e a voz não é dele,  na verdade a voz foi da solista soprano Jacqueline Allen (1925-2009).

Mario Lanza nasceu no ano da morte de Caruso (1921).

Foi a inspiração dos tenores José Carreras e Plácido Domingo à entrarem no ramo. 

O filme foi indicado a três Oscars e ganhou como Melhor Mixagem de Som.

Ann Blyth foi nomeada ao Oscar como melhor atriz coadjuvante por
Alma em Suplício (1945).

A soprano Dorothy Kirsten também atuou no filme A Secretária do Malandro (Mr Music) de 1950.

Jarmila Novotna, soprano Checa, foi a estrela do Metropolitan Opera de Nova Iorque entre 1940 e 1956.

Richard Hageman foi condutor do  Metropolitan Opera entre 1914 e 1932


Jesse L. Lasky, que atuou como produtor associado neste filme, também conheceu o verdadeiro Enrico Caruso. Em 1918, enquanto servia como chefe do estúdio Famous Players (mais tarde Paramount), Lasky pagou a Caruso para estrelar dois filmes mudos, My Cousin (1918) e The Splendid Romance (1919), nenhum dos quais teve sucesso comercial.

Em outubro de 1951, a MGM distribuiria o filme no circuito de cinema drive-in em uma sessão dupla com o filme "Lassie - Nas Planícies do Ouro" (1951).

Alan Napier ficaria famoso ao interpretar o Mordomo Alfred no seriado "Batman" nos anos 60.


Mario Lanza cantando Ave Maria - Trecho do Filme 




Trilha Sonora:
The Loveliest Night of the Year -  Ann Blyth (não creditada)
Magnificat de  Johann Sebastian Bach - Mario Lanza
'A Vucchella - Mario Lanza
La Danza -  Mario Lanza
The Consecration Scene (de AIDA)-  Mario Lanza
Trio Finale -  Verdi (de AIDA) -  Mario Lanza
Também interpretada por Dorothy Kirsten e Blanche Thebom
Celeste Aida -  Verdi (de AIDA) -  Mario Lanza
In Questa Tomba - Verdi (de AIDA) -  Mario Lanza
Também interpretada por Dorothy Kirsten

The Torture Scene -  Puccini (de TOSCA) - Mario Lanza
E Lucevan le Stelle - Puccini (de TOSCA) - Mario Lanza
The Villification Scene - Mascagni (de CAVALLERIA RUSTICANA) - Mario Lanza
Brindisi - Mascagni (de CAVALLERIA RUSTICANA) - Mario Lanza
Cielo e Mar - Ponchielli - (de LA GIOCONDA) - Mario Lanza
La Donna e Mobile - Verdi - (de RIGOLETTO) - Mario Lanza 
Torna a Surriento - Ernesto De Curtis - Mario Lanza
Che Celida Manina -  Puccini - (de LABOHEME) - Mario Lanza
Mattinata - Leoncavallo - Mario Lanza
Miserere - Verdi (de ILTROVATORE) - Mario Lanza
Também interpretada por Lucine Amara

Quartet - Verdi (de RIGOLETTO)  - Mario Lanza
Também interpretada por Blanche Thebom e Giuseppe Valdengo

Sweethearts - Herbert e Smith (de SWEETHEARTS)  - Mario Lanza
Também interpretada por Dorothy Kirsten

Recitativo - Leoncavallo (de PAGLIACCI) - Mario Lanza
Vesti la Giubba - Leoncavallo (de PAGLIACCI) - Mario Lanza 
Ave Maria - Bach e Gounod  -  Mario Lanza
Sextette -  Donizetti (de LUCIA de LAMMERMOOR) -  Mario Lanza  

Cartazes:








Filmografia Parcial:
Mario Lanza (1921–1959)










Encontro nos Céus (1944); Aquele Beijo à Meia-Noite (1949); Quando Eu Te Amei (1950); O Grande Caruso (1951); Tu És Minha Paixão (1952); O Príncipe Estudante (1954); Serenata (1956) As Sete Colinas de Roma (1957); Pela Primeira Vez (1959)

Ann Blyth (1928 -   )




Alma em Suplício (1945); Punhos de Ouro (1947); Vingança Pérfida (1948); Ele e a Sereia (1948); Escrava do Ódio (1949); Nascida para Amar (1949); O Grande Caruso (1951); Jamais Te Esquecerei (1951); A Princesa e os Bárbaros (1951); O Mundo em seus Braços (1952); Todos os Irmãos Eram Valentes (1953); O Príncipe Estudante (1954); Um Estranho no Paraíso (1955); O Palhaço que não Ri (1957); Com Lágrimas na Voz (1957) 


Dorothy Kirsten (1910–1992)









Dias Felizes (1929); A Secretária do Malandro (1950); O Grande Caruso (1951)


Alan Napier  (1903–1988)









A Volta do Homem Invisível (1940); A Casa das Sete Torres (1940); A Força do Coração (1943); A Canção de Bernadette (1943); O Solar das Almas Perdidas (1944); Concerto Macabro (1945); A Ilha dos Mortos (1945); A Casa dos Horrores (1946); Simbad, o Marujo (1947); A Ilha da Maldição (1947); Entre o Amor e o Pecado (1947); Macbeth - Reinado de Sangue (1948); Joana D'Arc (1948); O Mundo de Lassie (1948); Na Corte do Rei Artur (1948); Tarzan e a Montanha Secreta (1949); Numa Noite Sombria (1949); Danúbio Vermelho (1949); Desafio de Lassie (1949); Tarzan na Terra Selvagem (1951); O Grande Caruso (1951); Assim são os Fortes (1951); Júlio César (1953); A Rainha Virgem (1953); Désirée, o Amor de Napoleão (1954); O Tesouro de Barba Azul  (1955); O Destino de um Gângster (1956); Viagem ao Centro da Terra (1959); Suave é a Noite (1962); Obsessão Macabra (1962); Marnie, Confissões de uma Ladra (1964); Marcado para o Crime (1964); Batman, o Homem Morcego (1966); Batman e Robin (1966 a 1968); Crime Club (1973);  The Monkey Mission (1981)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olá Cinéfilos.
Obrigado por visitarem minha página.
Estejam à vontade para comentarem, tirarem dúvidas ou sugerirem análises.
Os comentários sofrem análises prévias para evitar spans. Tão logo sejam identificados, publicarei. Quaisquer dúvidas, verifiquem a Política de Conduta do blog.
Sua opinião e comentários são o termômetro do meu trabalho. Não esqueça de informar o seu nome para que possa responder.
Visitem a minha página homônima no Facebook onde coloco muitas curiosidades sobre cinema , séries e quadrinhos (se puderem curtir ajudaria). Comentários que tragam e-mails e telefones não serão postados
Bem-vindos.
Cinéfilos Para Sempre