O ano é 1968,
Gilles (Clément Métayer) é um adolescente de 17 anos numa França de regime
conservador. O jovem divide seu tempo entre os estudos de arte, distribuição de
panfletos de esquerda, atos rebeldes e o primeiro amor, ao lado de Laure (Carole
Combes). Com a ida de Laure para a Inglaterra, que tem dúvidas sobre o
relacionamento, Gilles conhece Christine (Laura Creton), uma jovem que, ao
contrário de Laure, é uma ativista política com convicções do mundo que deseja
revolucionar. Após uma ação malsucedida, que deixa um policial ferido
gravemente, o grupo resolve dar uma pausa em seus atos e Gilles foge com
Christine para Londres e depois Florença (Itália), onde trava contato com
correntes da época: anarquismo, maoismo, contracultura e a posição contrária
a invasão dos Estados Unidos no conflito Vietnã . Tudo isso misturado à
liberdade sexual, pacifismo e uma salada de ideias que leva o jovem a
questionar-se sobre o seu futuro. Seu primeiro contato com pequenos curtas,
direcionados a debates sobre a conjuntura social-econômica mundial, o faz
refletir sobre entrar para o mundo do cinema. Ao reencontrar Laure, ele
descobre que a jovem encontra-se em um mundo de hedonismo em que ele não se
enquadra, enquanto Christine seguirá seu próprio caminho com suas ideologias.
Resta a Gilles refletir sobre seu futuro: largar os atos revolucionários de
seus pares, parar de pensar em mudar o mundo, arrumar uma profissão e, como diz, “amadurecer”. Só que esta decisão o encaixará em um mundo contrário ao que
combatia: capitalismo, uma vida mais segura, constituir família e ter uma
profissão que ama.
"Depois de Maio" é um filme essencialmente de arte. Isto quer dizer que nem todos apreciarão a forma como a narrativa será conduzida. Ainda que o diretor tenha optado por dar um ritmo que cadenciasse os diálogos dos protagonistas com suas ideias, temores e desejos, não há como determinado público não achá-lo “arrastado”. Essa característica do filme é essencial para a condução da história, pois o ritmo do filme é ditado pela vida dos protagonistas. Há momentos “calmos” com diálogos, reflexões e casais namorando. Em outros momentos o ritmo acelera, como na vida de qualquer um. A diferença do cinema europeu é que não há uma necessidade de ditar ritmos acelerados para manter o espectador preso a poltrona, pois esse público está acostumado com produções mais centradas na história do que na ação. Com isso aqueles acostumados a produções com muita ação, efeitos e diálogos curtos poderão se desinteressar logo no início. Já aqueles que estão acostumados a produções reflexivas, poderão encontrar em "Depois de Maio" um filme delicioso que será mais fácil de ser compreendido, em sua totalidade, ao final da projeção, quando perceberemos claramente a transposição das ideias do diretor.
Vale a pena acentuar a bela fotografia do francês Éric Gautier ("Diários de Motocicleta" e "Na Natureza Selvagem") com belas imagens que nos remetem aos “anos dourados”. A trilha sonora também é de bom gosto com composições de: Tangerine Dream, Nick Drake; Johnny Flynn; Syd Barrett entre outros.
"Depois de Maio" é direcionado aos espectadores que gostam do
cinema europeu de arte. É um filme aparentemente lírico, mas de acordo com o
andamento da história torna-se reflexivo. Uma demonstração (ou uma expiação do
diretor) sobre jovens sonhadores e idealistas que apenas desejavam mudar o
mundo.
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