Bia (Maeve Jinkings), é uma dona de casa, mãe de dois filhos, que estudam inglês e mandarim. Compra drogas de um entregador de água local e sofre com os uivos e latidos de um cão que mora ao lado. João (Gustavo Jahn) e Sofia (Irma Brown) tentam engatar um romance. Estão se conhecendo e aproveitando o momento, o famoso “que dure enquanto for eterno”. João é filho de Francisco (W. J. Solha), um poderoso e rico fazendeiro que vive em uma casa luxuosa. Seu poder se estende além do bairro e até mesmo os homens liderados por Clodoaldo (Irandhir Santos), que oferecem a segurança, tem que pedir seu consentimento para trabalhar no local (uma clara crítica ao regime coronelista que ultrapassa a fronteira agrária e se estende às grandes cidades). Dinho, primo de João, é o bad boy do bairro, conhecido por furtos e que João suspeita ter arrombado o carro de Sofia levando o cd player. Esses personagens, aliados a outros, que interagem à trama, tornam o filme “O Som ao Redor” um filme muito interessante.
Com um investimento de 1,6 Milhões, o filme colheu ótimas críticas do New York Times que o colocou entre as dez melhores produções daquele ano. O diretor Kleber Mendonça Filho, que foi crítico de cinema do Jornal do Commercio de Pernambuco, também foi o responsável pelo roteiro e teve sua esposa, Emilie Lesclaux, como produtora. Kleber Mendonça, ao longo de 2 horas de filme, trabalhou com aspectos interessantes da sociedade brasileira, mas o seu mérito foi ter realizado um filme que pode ser perfeitamente adequado a qualquer país da América do Sul ou outros países socialmente equivalentes ao Brasil.
Essa dualidade da vida neurótica e caótica das cidades é expressa em vários exemplos, assim como a sociedade divida em classes. Podemos percebê-los na violência expressa no homem que arranha um carro; na mulher que apanha da vizinha; no tratamento de Francisco com seu empregados; no adolescente que furta no bairro, mas como é da Família do Sr Francisco, é considerado um "intocável". Com a chegada da milícia, algumas coisas mudam: Dinho recebe uma ameaça anônima avisando para não “aprontar”. Uma empregada se relaciona com Clodoaldo que aparenta ter sempre um ar de mistério em suas ações. A reunião dos condôminos para decidir se mandam embora, por justa causa, o zelador idoso que passou a dormir no serviço. Muitos ficam em dúvida, mas quando descobrem que sua demissão custará 16 mil, por ter trabalhado durante treze anos, as feições e comportamentos mudam, mesmo quando um dos condôminos cita que o valor do rateio será irrisório e que eles gastam muito mais em coisas supérfluas. Ironia e hipocrisia. Kleber Mendonça ainda remexe, levemente, na relação entre patrões ricos e empregados comparando-as, em certas situações, a um modelo de escravidão moderna.
Trailer:
Curiosidades:
- O filme foi rodado em 2010, estreou em 2012 no Festival de Roterdã e,
no Brasil, em 2013.
- Foi escolhido como o representante do Oscar 2104, mas ficou fora da
pré-seleção da academia.
- Kleber Mendonça escreveu o roteiro em 8 dias.
- A Film Comment (Pubicado pela Film Society of Lincoln Center )
colocou o longa como um dos 20 melhores do ano.
Principais
Prêmios:
Festival de Gramado 2012: Melhor filme, som e crítica
Festival do Rio 2012: melhor filme
International Film Festival Rotterdam 2012: prêmio da crítica
Copenhagen International Film Festival2012: melhor filme
Associação de Críticos de Toronto 2013: melhor filme
Filmografia Parcial:
Irandhir
Santos:
Cinema, Aspirinas e Urubus (2005); Baixio das Bestas (2006); Olhos Azuis (2009); Besouro (2009); Tropa de Elite 2:
O Inimigo Agora é Outro (2010); A Febre do Rato (2011); O Som ao Redor (2012);
Ausência (2014); A Luneta do Tempo (2014); A História Da Eternidade (2014);
Obra (2014); Aquarius (2016).
Maeve Jinkings
Falsa Loura (2007); Boa Sorte, Meu Amor (2012); Era Uma Vez Eu, Verônica (2012); Boi Neon (2015); Aquarius (2016).
W.J. Solha
O Salário da Morte (1971); Lua Cambará - Nas Escadarias do Palácio (2002); Lua Cambará - Nas Escadarias do Palácio (2008); Era Uma Vez Eu, Verônica (2012)
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