AVENTURA E ROMANCE ALÉM DO TEMPO
1893. O jovem H.G. Wells recebe seus amigos para um
jantar onde teoriza sobre os benefícios
do socialismo e o futuro de uma possível sociedade utópica que venceu guerras,
violência e conseguiu uma significativa evolução. Seu parceiro de xadrez, Dr
John Leslie Stevenson (David Warner), desdém do jovem idealista e considera um
eufemismo e que a sociedade pouco mudará ou mudará para pior. Enquanto o grupo
conversa, Wells resolve mostrar uma invenção, ainda não testada, que pode
comprovar suas teorias: uma máquina do tempo, capaz de percorrer passado e
futuro, até que recebem um grupo da Scotland Yard que informa que Jack, o
Estripador, depois um bom período inativo, voltou a cometer um crime e pedem
para checar a casa. Os policiais encontram uma maleta médica, cujas evidências
mostram que o famoso assassino se encontra entre eles. O grupo logo percebe que
o único que não está presente na sala é Stveveson, mas a polícia não o encontra
na casa. Após o grupo ir embora, Wells descobre que a máquina do tempo foi
roubada por seu amigo. Como ficara com a chave mestra, a máquina volta ao seu
local de origem (o espaço é o mesmo). Wells descobre que "Jack" foi
para o ano de 1979 e aciona a máquina para trazê-lo de volta, assim como,
descobrir se o futuro que idealizava corresponde as suas expectativas.
Um século em 43 minutos bebe na fonte do famoso escritor
H.G Wells (“Guerra dos Mundos”, “A Ilha do Dr. Moreau”...) e em um de seus
livros mais famosos: "A Máquina do Tempo". Escrito e dirigido por
Nicholas Mayer (de “Jornada nas Estrelas II - A Ira de Khan”, “Jornada nas Estrelas VI - A Terra Desconhecida" e “The Day After – O Dia seguinte”) é
uma inventiva estória que une o famoso romancista ao famoso e nunca
descoberto assassino londrino: "Jack, O Estripador". O filme se
inicia com o que parece ser uma homenagem ao clássico filme da década de 60
"A Máquina do Tempo": temos a reunião de amigos, o jantar, a
exposição da descoberta, a ida dos convidados embora e o acionamento da
máquina. Mas entra outro ingrediente nessa fórmula: a inclusão de
"Jack" e o que aconteceria se conseguisse dar prosseguimento aos seus
crimes no futuro (aqui o futuro da época da produção: 1979), na cidade de São
Francisco. A estória está creditada a Karl Alexander (que refez essa estória no
piloto da série "Time After Time" ou "Os Passageiros do
Tempo" de 2017) e desenvolvida por Steve Hayes (escritor de seriados como
"Conan" e "Tarzan" com Wolf Larson, além de episódios de
desenhos como "Rambo", Capitão Planeta e Batman: A Série Animada).
Nicholas Meyes (em sua estreia) entra na roteirização e direção da estória para as telas e
aproveitou alguns ingredientes desta obra para escrever “Jornada nas Estrelas IV: A Volta Para Casa” dirigida por Leonard Nimoy (o Sr. Spock da série e
filmes). Veja em curiosidades e se achar interessante assista os dois filmes e
comprove.
Após a aceleração temporal, nosso herói deslumbra um
mundo tecnologicamente muito mais avançado do que nos idos de 1800, mas,
ironicamente, não tão avançado frente a sua fabulosa criação. Ele vê as roupas
"ousada" das mulheres, bem diferente dos longos vestidos da era
vitoriana; vê aviões comerciais (os 747 da época); telefones e carros. O
roteiro soube brincar muito bem com um homem perdido a tantas maravilhas que
desconhece, e investe no lado romântico ao fazer com que cruze em seu caminho,
Amy (Mary Steenburgen em seu segundo filme) funcionária de um banco que sente
atração por Wells a primeira vista. Herbert George Wells se vê em um museu em
homenagem as suas obras e se surpreende que Amy não reconheça o seu nome. Com
uma forcinha do destino (e do roteiro) Amy também atendeu Jack e lhe recomendou
um hotel para se hospedar. Quando Wells encontra Jack, este sabe que não estará seguro até conseguir
colocar as mãos na máquina do tempo e sua chave mestra podendo viajar para onde
desejar, mas isso tornaria Wells prisioneiro em um mundo na qual se sente
perdido. A questão agora é como convencer Amy de sua estória, sem parecer um
louco e como capturar Jack levando-o de volta a sua verdadeira época para pagar
por seus crimes.
Talvez o grande mérito da produção esteja nos
ingredientes: viagem no tempo, romance e suspense tão bem dissecados. E para quem já conhecia o escritor, inseri-lo dentro de uma
aventura, ele que criou vários personagens em suas famosas estórias, é algo
saboroso de se ver porque mistura um personagem real à fantasia inteligente de
uma viagem no tempo o que deve ter seduzido muita gente. E se muitos acharem
que o par central teve uma perfeita química, não foi por acaso: eles se
conheceram neste filme e mantiveram um casamento que durou de 1980 a 1990. Além
disso o título original dessa produção “Time After Time” inspirou a música da cantora
/ atriz Cindy Lauper ao consultar uma
cópia da revista “TV Guide” para "títulos de músicas imaginárias".
Quanto ao ótimo elenco, Malcolm McDowell ficara famoso
com o filme "A Laranja Mecânica" de Stanley Kubrick e aqui faz um de
seus papéis mais "contidos". Ainda que fisicamente muito diferente de
Wells, o ator emprega o vigor necessário para o filme funcionar. David Warner
de "Tron" e "Titanic' alterna cinema com Tv e aparece até
atrás de maquiagens como a de um Klingon em "Jornada nas estrelas VI"
ou em "Planeta dos Macacos" de 2001 como um símio. Sua atuação de Jack
convence em uma trama que a violência não é mostrada, apenas subentendida. Mary
Steenburgen de “De Volta Para o Futuro III” e “Energia Pura” faz a mocinha
carente, mas convicta de seus ideais, numa época em que as mulheres já possuíam
sua independência. Como curiosidade temos o ator Joseph Maher (1933–1998) que participou de
muitos seriados e filmes (como “Mudança de Hábito” e “Será Que Ele É?”) como o
chefe da Scotland Yard no início do filme e o ator Charles Cioffi, como o Chefe
de Polícia, de filmes como “Shaft” e “Remo: Desarmado e Perigoso”
Partindo de um interessante argumento: tendo coexistido
na vida real, na mesma época, o que aconteceria se Wells tivesse realmente
inventado uma máquina do tempo e ela fosse roubada por ninguém menos que Jack,
o Estridor? Um Século em 43 Minutos (título nacional baseado no tempo que a
máquina leva pra chegar até 1979 - mas, curiosamente, não completa um século como
título supõe) é um filme pouco exibido, o que é uma pena, mas por possuir
ingredientes que atraem o público pode ser assistido sem arrependimentos. Os
efeitos e a ambientação envelheceram, a estória não.
Uma aventura que foge dos tons sombrios e fala sobre responsabilidade
e moralidade. Jack sai de um mundo de
crimes e avança para um futuro onde diz “sentir-se em casa”. Uma reflexão se a
humanidade evoluirá apenas tecnologicamente e não socialmente. Um dos grandes
filmes do gênero "viagem no tempo". Música de Miklos Rozsa
Trailer:
Curiosidades:
Mary
Steenburgen ganhou o Oscar por Melvin e Howard (1980)
Todos os quatro filhos do verdadeiro H.G. Wells ainda
estavam vivos no momento do lançamento deste filme.
Malcolm McDowell ouviu gravações de H.G. Wells para se
preparar para o papel. Segundo ele, a voz de Wells era aguda, então ele decidiu
não imitar sua voz.
Neste filme, Mary Steenburgen interpretou Amy Robbins,
uma mulher do século XX que se apaixona por um viajante do tempo do século XIX.
Em “De Volta para o Futuro III” (1990), interpretou Clara Clayton, uma mulher
do século XIX que se apaixona por um viajante do tempo do século XX.
Apesar do romance do filme, o casamento da vida real de
H. G, Wells e, sua segunda esposa, Amy Robbins era tudo menos feliz. Wells
traiu sua esposa repetidamente e não se desculpou por isso. Na verdade, ele era
tão egoísta que disse aos amigos que os homens deveriam ter tantas amantes
quanto quisessem. As esposas, no entanto, disse Wells, deveriam ser castas,
pelo bem da aparência.
H.G. Wells sempre se refere à sua máquina do tempo
simplesmente como "a máquina do tempo" ou "a máquina".
Quando a máquina é mostrada pela primeira vez, no entanto, o nome
"Argo" é visível na frente. Esse é o nome que Wells deu à sua máquina
no romance que inspirou o filme.
Durante as cenas de perseguição no hotel, David Warner é
substituído por um dublê de longe porque ele ainda estava se recuperando de
dois tornozelos quebrados. Em close-ups, ele pode ser visto correndo com muito
cuidado para não se machucar. Além disso, para cenas em que Malcolm McDowell
está correndo através das colunas, ele também é substituído por um dublê por
causa de uma entorse no tornozelo.
Uma cena deletada mostrava H. G. Wells (Malcolm McDowell)
conhecendo um punk que tocava música boom-box extremamente alta em um ônibus em
São Francisco. A ideia foi posteriormente reutilizada no “Jornada nas Estrelas IV: A Volta Para Casa”” (1986), co-escrito por Nicholas Meyer.
Jornada nas Estrelas IV |
O elevador panorâmico no Hyatt Regency Hotel é o mesmo
elevador usados nos filmes “Inferno na Torre” (1974) e “Alta Ansiedade” (1977).
Quando H.G. Wells dá um nome falso à polícia, ele usa
"Sherlock Holmes". E um dos policiais se chama Inspector Gregson, um
personagem das histórias originais de Sherlock Holmes. Além disso, Meyer
escreveu “Visões de Sherlock Holmes” (1976), que é considerado uma das melhores
histórias de Sherlock Holmes não escritas por Sir Arthur Conan Doyle.
A primeira escolha de Nicholas Meyer para interpretar o
Estripador foi Edward Fox (“O Dia do Chacal”). Mick Jagger também considerou o
papel, mas Meyer não podia ver Jagger interpretando de forma convincente um
cirurgião da Harley Street.
A música tocada pelo relógio de bolso de Jack é baseada
em Chants d'Auvergne, "The Spinner".
A rede americana ABC produziu uma série de TV "Time
After Time" (2017) baseada neste filme. A ABC removeu a série de sua
agenda devido as baixas classificações após a transmissão de cinco episódios.
No entanto, todos os 12 episódios foram transmitidos em Espanha e Portugal.
O papel de Amy Robbins foi para Mary Steenburgen. No
entanto, o estúdio queria Sally Field. A primeira escolha do diretor Nicholas
Meyer foi sua namorada, Shelley Hack. Ela supostamente não queria se tornar
famosa devido à "ajuda" de seu namorado, mas aceitou um pequeno papel
como docente no museu em que H.G. Wells foi transportado.
O estúdio queria Richard Dreyfuss para o papel de H.G.
Wells. A primeira escolha do diretor Nicholas Meyer foi Derek Jacobi (Gladiador
de 2000), mas depois ele decidiu por Malcolm McDowell.
Na versão teatral, quando Wells e Amy saem para jantar,
ele diz que a comida é "muito superior àquele lugar escocês que tomei no
café da manhã". Ela pergunta que lugar e ele diz McDonald's, referindo-se
a uma cena anterior. Os produtores não tiveram permissão para usar o nome
McDonald's no filme e ele diz que comeu no McDougall's.
Nos anos seguintes a este filme, David Warner e Malcolm
McDowell participaram da franquia Star Trek. McDowell fez um vilão em "Jornada nas Estrelas: Gerações", de 1994, enquanto
Warner apareceu na série "Jornada nas Estrelas: A Nova Geração" e
em "Jornada nas Estrelas V e VI"
Mc Dowell em Jornada nas Estrelas: Gerações |
Warner em Jornada nas Estrelas: A Nova geração; em Jornada nas Estrelas VI e Jornada nas Estrelas V |
O romance de H. G. Wells "The Time Machine" foi
concebido como um conto de teor social. Na história, o viajante do tempo
descobre um mundo onde o sistema de classes criou dois conjuntos diferentes de
seres humanos. As pessoas bonitas do mundo superior são infantis com baixo QI,
enquanto os trabalhadores vivem no subsolo e se tornaram selvagens canibais. O
romance prescreve o socialismo como a cura
Tanto este filme quanto “Jornada nas Estrelas IV: A Volta para Casa”
(1986) foram escritos por Nicholas Meyer. Este filme apresenta um viajante do
passado que chega na moderna São Francisco, enquanto em “Jornada IV” apresenta
viajantes do futuro que chegam à moderna São Francisco. Ambos os filmes
apresentam os viajantes do tempo experimentando vários exemplos de cenários de
"peixe fora da água" como efeito cômico, bem como a venda de itens
antigos que possuem em sua posse, a fim de arrecadar dinheiro. Em ambos os
filmes, uma mulher moderna decide juntar-se aos viajantes do tempo à medida que
retornam aos seus próprios períodos de tempo.
A revista Rolling Stone colocou o filme na 31º posição
entre os 50 melhores filmes de ficção-científica dos anos 70.
Música do filme:
Filmografia Parcial:
Malcolm McDowell
Laranja Mecânica (1971); Calígula (1979); Um Homem de Sorte (1973); Um Século em 43 Minutos (1979); A
Marca da Pantera (1982); Trovão Azul (1983); Get Crazy - Na Zorra do Rock
(1983); Merlin e a Espada (1985); Assassinato em Hollywood (1988); A Guerra dos
Donos do Amanhã (1989); Estação 44 - O Refúgio dos Exterminadores (1990);
Jornada nas Estrelas: Gerações (1994); Experiência Mortal (1995); Mar de Fogo (2004); Halloween - O Ínicio (2007); H2: Halloween
2 (2009); O Artista (2011); Silent Hill: Revelação 3D (2012); Esqueceram de Mim 5
(2012); Natal Sangrento (2012); Ricardo: Coração de Leão (2013); Ensina-me o
Amor (2014); 31 (2016); Mississippi
Murder (2017); American Satan (2017); Experiment 77 (2018); Monster Butle
(2019)
David Warner
David Warner
As
Aventuras de Tom Jones (1963); O Homem de Kiev (1968); A Casa das
Bonecas (1973); Vozes do Além (1974); A Profecia (1976); A Cruz de Ferro
(1977); Os Trinta e Nove Degraus (1978); Aeroporto 79: O Concorde
(1979); Um Século em 43 Minutos (1979); S.O.S. Titanic (1979); A Mulher
do Tenente Francês (1981); Tron: Uma Odisseia Eletrônica (1982); A
Companhia dos Lobos (1984); João e Maria (1987); Meu Doce Vampiro
(1987); O Elétrico Mr. North (1988); Jornada nas Estrelas V: A Última
Fronteira (1989); Sangue de Herói (1989); As Tartarugas Ninja II: O
Segredo do Ooze (1991); Feitiço Mortal (1991); Jornada nas Estrelas VI: A
Terra Desconhecida (1991); Trilogia do Terror (1993); Necronomicon - O
Livro Proibido dos Mortos (1993); O Santuário do Medo 2 (1994); O Príncipe Guerreiro 3: O Olho do Mal (1996); Tudo por Dinheiro (1997);
Titanic (1997); Pânico 2 (1997); Wing Commander: A Batalha Final (1999);
De Volta ao Jardim Secreto (2000); O Planeta dos Macacos (2001); O
Violinista que Veio do Mar (2004); O Retorno de Mary Poppins (2018)
Mary
Steenburgen
Um Século em
43 Minutos (1979); Na Época do Ragtime (1981); Sonhos Eróticos de uma Noite de
Verão (1982); Morte no Inverno (1987); Baleias de Agosto (1987); Fibra de
Heróis (1987); De Volta para o Futuro Parte III (1990); Filadélfia (1993);
Ensina-me a Viver (1995); Energia Pura (1995); Nixon (1995); Tempo de Recomeçar
(2001); Falando com os Mortos (2002); Elvis
& Anabelle: O Despertar de um Amor (2007); Valente (2007); Quase Irmãos
(2008); A Proposta (2009); Última Viagem a Vegas (2013); 7 Dias no Inferno (2015); O Último Cara da Terra (seriado 2015 a 2018)
Joseph Maher (1933–1998)
Nossa, que Loucura! (1974); O Céu Pode Esperar (1978); Um Século em 43 Minutos (1979); Dançando como Loucos (1982); Haverá Outro Amanhã? (1983); Justiça Selvagem (1984); Minha Noiva é uma Extraterrestre (1988); Mudança de Hábito (1992); O Sombra (1994); Marte Ataca! (1996); Será que Ele é? (1997); Perdidos em Nova York (1999)
Charles Cioffi
Klute, O Passado Condena (1971); Shaft (1971); Lucky Luciano - O Imperador da Máfia (1973); O Próximo Homem (1976); O Outro Lado da Meia Noite (1977); S.O.S. - Submarino Nuclear (1978); Um Século em 43 Minutos (1979); Desaparecido: Um Grande Mistério (1982); Remo: Desarmado e Perigoso (1985); Romance de Outono (1992); Conspiração (1997); Detective (2005).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Olá Cinéfilos.
Obrigado por visitarem minha página.
Estejam à vontade para comentarem, tirarem dúvidas ou sugerirem análises.
Os comentários sofrem análises prévias para evitar spans. Tão logo sejam identificados, publicarei. Quaisquer dúvidas, verifiquem a Política de Conduta do blog.
Sua opinião e comentários são o termômetro do meu trabalho. Não esqueça de informar o seu nome para que possa responder.
Visitem a minha página homônima no Facebook onde coloco muitas curiosidades sobre cinema , séries e quadrinhos (se puderem curtir ajudaria). Comentários que tragam e-mails e telefones não serão postados
Bem-vindos.
Cinéfilos Para Sempre