O SER HUMANO MANIPULÁVEL
Ben Ross (Bruce Davison) é um professor de história,
explicando as raízes do nazismo durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e
como parte da Alemanha abraçou a causa. Dos alunos surge uma pergunta
enigmática: porque seus cidadãos não impediram tamanha loucura? Ben não tem uma
resposta, mas a pergunta o persegue durante a noite.
No dia seguinte o professor inicia um experimento, que
consiste em mostrar o poder e o sucesso através da disciplina. Consegue a
atenção da classe e começa a mostrar novas regras de comportamento. A classe
estranha, mas se sente entusiasmada com o novo modo como o professor conduz a
aula. Ben se surpreende , ao chegar no outro dia, e ver a turma tendo
aceitado prontamente sua primeira diretriz. Resolve aplicar mais dois
conceitos: comunidade e ação. Aproveita para criar uma saudação e nomear
monitores que informem aqueles que não estejam seguindo as regras ou se
engajando. São incentivados a trabalharem juntos e recrutarem novos adeptos. Um
novo mantra é criado: “A força pela disciplina, a força pela comunidade, a
força pela ação”
A jovem Lauree (Lori Lethin), ensinada a pensar por si
mesma, começa a entrar em conflito com Ben e seus alunos, percebendo uma mudança
em toda escola, inclusive em seu namorado David (John Putch). Robert (Johnny Doran),
até então um jovem aluno tímido, torna-se confiante e braço direito de Ben e do
movimento. Lauree resolve lutar contra seu professor, cuja esposa também
percebe a mudança de comportamento do marido. Só que muitos começam a ver a
interferência de Lauree como algo indesejado.
Baseado em um caso real, ocorrido em Palo Alto, Califórnia,
“A Onda” narra os acontecimentos ocorridos em 1967, quando o professor Ron Jones
criou um movimento chamado “Terceira Onda” (uma alusão de que é a onda mais
forte no mar). Só que sua experiência revelou-se um verdadeiro Tsunami.
A Onda de 1981 (não confundir com a versão alemã de 2008)
é um telefilme americano, de 44 minutos, que mostra como a manipulação, bem
orquestrada, pode influenciar pessoas a fazerem aquilo que normalmente
contestariam. Esta produção é muito fiel aos fatos e, por ser de curta duração,
é bem direta.
Temos vários fatores interessantes: a vontade de
pertencer a algo maior do que a própria pessoa (o pertencer social, o medo da
exclusão); a submissão à autoridade (muito bem explicada numa cena do filme I Como Ícaro, que disseca o famoso
experimento Milgram); a abdicação de pensar (muito clara na frase de Ben: “"é
impressionante o quanto eles nos estimam mais quando tomamos decisões por
eles"); a exclusão daqueles que se mostram contrários ao pensamento
reinante. A comunidade acima do indivíduo (onde este passa a ter um papel menos
importante em sua individualidade). O líder com o ego inflado, a adulação e
devoção. Quando a situação começa a sair do controle, Ben tem que tomar uma
decisão: acabar com o experimento ou elevá-lo a um grau mais alto, mas será que
as pessoas estão prontas para sua revelação ?
Esta versão de “A Onda” é de certa forma impactante, não
por cenas, mas pela mensagem de alta
reflexão, que mostra que mesmo num país democrático (principalmente em períodos
de turbulência social ou econômica) sempre haverá uma porta para “líderes
carismáticos”, que ofereçam uma solução para os problemas reinantes. E que
cidadãos comuns podem sentir identificação com ideias fascistas, mesmo que
nunca tenham pensado em tal coisa. Serve também para pessoas refletirem sobre
grupos que participam e se analisarem dentro destes e se sofrem manipulação de
terceiros.
Típico filme que deve ser sugerido àqueles que, como Lauree, fizeram a mesma pergunta de como a Alemanha
se tornou nazista. Recomendado para ser assistido junto com a versão de
cinematográfica de 2008, com mais enredo e duração e, propositadamente, mais
impactante. Ambas as versões encontram-se no You Tube.
Curiosidades:
Ron Jones, o professor responsável pelo experimento
original, esteve na première de "A Onda" de 2008. Em entrevista,
informou que o que seria uma experiência de sala transformou-se em uma
experiência de terror. Que seu ego envaideceu-se e a sensação de poder e
controle tomaram conta dele.
Baseado no romance de Todd Strasser.
A terceira onda teve um movimento combatente, chamado “Breakers”, cuja líder era uma aluna que não concordava com os preceitos da
ordem.
Ron Jones coescreveu a história deste telefilme e a da
versão alemã de 2008.
Filmografia Parcial:
Bruce Davison
Calafrio (1971); Ensina-me a Esquecer (1973); A Onda (1981); Crimes de Paixão (1984); Os Espiões que Entraram numa Fria (1985); Rodas do Terror (1987); Short Cuts - Cenas da Vida (1993); A Cura (1995); As Bruxas de Salém (1996); O Aprendiz (1998); X-Men: O Filme (2000); Crimes em Primeiro Grau (2002); X-Men 2 (2003); O Júri (2003); Quebra de Confiança (2007); O Guardião 3 - A Maldição do Cálice de Judas (2008); As Senhoras de Salem (2012); Palavras e Imagens (2013); Star Trek: Captain Pike (2016); Sobrenatural: Capítulo 4 (2017).
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