AVISOS QUE CHEGAM MUITO TARDE
Filme que mostra umas das raízes do nazismo: a falta de compaixão, os
segredos em família, a dura educação, o ressentimento de ricos e pobres,
intolerância e indiferença e a punição para garantir a disciplina. A Fita Branca
simboliza a pureza que os pais consideravam existir em seus filhos, algo que
vai se diluindo através das más ações dos adultos personificados nas figuras do
médico, do barão e do pastor. Uma forma também de punição e segregação da comunidade ao praticarem algo reprovável. Uma atitude que se desencadeia em uma série de
“maldades” crescentes e improváveis. O diretor austríaco, Michael Haneke (do
filme “Caché”), em entrevista, revelou que o filme trabalha sob a ótica dos
filhos assumindo a moral dos pais.
Não se pode achar que este filme vai realmente mostrar o que causou o
nazismo. É uma de suas facetas. O filme parte do ponto de vista de um professor de escola, no norte da Alemanha, em 1914, que testemunha alguns
fatos considerados cruéis para época (às vésperas da primeira guerra mundial e aí está a sacada do filme), como
colocar um arame no caminho para o cavalo tropeçar com o cavaleiro, sequestrar
e espancar crianças e a segregação dos considerados não aptos.
Há uma ótima reconstituição de época, mostrando o “way of life”
da sociedade: rígida, conservadora, seletista, religiosa e hipócrita. O duro
regime patriarcal mostra-se extremamente forte, como vemos na casa do pastor e
do médico. Está tudo nas entrelinhas, ou melhor, entre fonogramas, com sutilezas
bem interessantes. O filme praticamente revela logo no início, aos mais
atentos, o (s) criminoso(s). Basta entender o porquê e aí está a grande façanha
do filme.
Fala basicamente sobre ódio, abuso físico e psicológico e desprezo. De como a sociedade mostra alguns
avisos que só são percebidos quando já é muito tarde. O clima sombrio é valorizado ainda mais pela fotografia em preto e branco. Aconselho aos que gostam do tema, a darem uma pesquisada na Europa antes e depois da Primeira Grande Guerra, porque o diretor habilmente não situou o drama próximo a Segunda Grande Guerra, ele voltou um pouco mais para nos revelar uma sociedade que já apresentava uma transformação antropológica e sociológica, aqui representada em um vilarejo alemão.
Vale a pena ser visto por quem curte filmes europeus de arte e por quem
gosta do assunto nazismo, holocausto, temas políticos e sociais. Não é um filme
de guerra, é um drama com suspense que funciona como complemento à outras produções que tentam explicar como
tudo começou. É uma critica e, ao mesmo, tempo uma
constatação. É o típico filme para se assistir no cinema, já que na telinha
perde (e muito) seus enquadramentos e os efeitos de sombra e luz. O difícil é ficar indiferente.
Trailer:
Curiosidades:
O diretor Michael Haneke dirigiu "Amor" (2012) que foi vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
Indicado ao Oscar nas categorias: Melhor Filme
Estrangeiro e Melhor Fotografia
O título seria algo como: A Fita Branca - Uma História de Crianças Alemãs
Vencedor do prêmio dos Críticos da Federação de Imprensa Cinematográfica.
O filme perdeu a disputa de Melhor Filme para o argentino “O Segredo de
Seus Olhos”.
O filme consta no livro "1001 Filmes para ver Antes de Morrer".
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Olá Cinéfilos.
Obrigado por visitarem minha página.
Estejam à vontade para comentarem, tirarem dúvidas ou sugerirem análises.
Os comentários sofrem análises prévias para evitar spans. Tão logo sejam identificados, publicarei. Quaisquer dúvidas, verifiquem a Política de Conduta do blog.
Sua opinião e comentários são o termômetro do meu trabalho. Não esqueça de informar o seu nome para que possa responder.
Visitem a minha página homônima no Facebook onde coloco muitas curiosidades sobre cinema , séries e quadrinhos (se puderem curtir ajudaria). Comentários que tragam e-mails e telefones não serão postados
Bem-vindos.
Cinéfilos Para Sempre