quinta-feira, 18 de agosto de 2016

CREPÚSCULO DE AÇO - STEEL DAWN (1987) - ESTADOS UNIDOS





GUERREIROS DE AÇO, NUM PÓS-APOCALÍPTICO, COM CARA DE VELHO OESTE
 
Nômade do deserto (Patrick Swayze), reencontra um velho amigo e mentor, recebendo a notícia de que este foi indicado como pacificador de um vilarejo. A dupla, numa taverna,  percebe tarde demais que o vinho que bebiam continha algo. O nômade acaba caindo, sem forças, antes da entrada dos assassinos, para apenas presenciar a morte de forma covarde de seu mestre por um outro guerreiro que ele só consegue ver as botas. O grupo parte sem se importar com sua presença.   
Nosso herói parte para o vilarejo, onde encontra uma linda mulher chamada Kasha (Lisa Niemi), seu filho Jux (Brett Hool) e Tark (Brion James) que lhes protege. Kasha fica curiosa e lhe oferece trabalho na construção de um tanque de purificação. Todos na região são ameaçados por um rico detentor de terras chamado Damnil (Anthony Zerbe) e seus capangas, que procuram o bem mais precioso deste novo mundo: água pura. 



Crepúsculo de Aço foi uma produção independente de 1987, filmada no Deserto da Namíbia (norte da África), tendo a frente do elenco o ator Patrick Swayze (1952–2009) que protagonizou alguns sucessos bem conhecidos como: “Dirty Dancing”, “Ghost” e “Caçadores de Emoções”. A história centra em um futuro pós-apocalíptico e deixa algumas poucas pistas do que aconteceu através de uma fala ou outra. 


Podemos supor que a guerra deve ter sido longa, pois não há mais armas de fogo. Os novos soldados foram divididos por perícia em artes marciais e habilidades no uso de espadas. Poucos desses sobreviveram. O marido de Kasha não foi um deles. Um novo governo deve ter sido parcialmente estabelecido e os antigos soldados estão ajudando como homens da lei. Quando o assunto parece ser simples solicitam alguns ex-soldados como pacificadores para essas novas cidades, que surgem e que começam a enfrentar turbulência.

 
Quem estiver pensando em xerifes do velho oeste, samurais, vingadores solitários como Shane do clássico “Os Brutos Também Amam” e até Mad Max e seu cachorro em “Mad Max 2: O Guerreiro da Estrada” estarão certos. É uma colcha de retalhos desses e vários outros filmes. Me lembrou até o seriado Kung Fu (Aquele com David Carradine) na cena das dunas. Só faltou a musiquinha. Originalidade realmente passou longe. Mas o filme pode ser considerado muito ruim?


Eu diria que, atualmente, não é um filme de todo ruim. Devemos lembrar que o filme vem dos anos 80, onde se produziram muita coisa boa, muita coisa ruim e foi uma era de muita experimentação em busca de um novo padrão estético e sucessos que alavancassem dinheiro para produções mais ambiciosas. E produções independentes eram e ainda são carentes de recursos. Tudo é feito com muita criatividade e garra. E ainda tem que convencer os distribuidores a se interessarem pelo filme. Quando se tem um estúdio por trás é fácil, mas mesmos estes fazem apostas erradas. O filme foi atacado pela crítica e uma grande parte do público não gostou, conforme podemos ver em sites como IMDB e Rotten Tomatos.


O uso do deserto foi antes de tudo uma questão de economia e caiu bem dentro do contexto. Não há construções. Apenas a fazenda de Kasha e seu filho, um vilarejo de tendas no meio do nada e o local do vilão com uma torre e uns carros movidos a vento (uma ideia muito bem sacada para o filme) . Nosso herói tem vestimenta de um soldado / samurai e o misterioso homem que procura é o capitão da antiga guarda, Sho (Christopher Neame), que resolveu prestar seus serviços de forma mais lucrativa e menos nobre (alguém pensou nos ronins, os samurais sem mestre?), num mundo onde a nobreza é mais do que necessária para ser reconstruído. Ambos são mestres no que fazem, ambos são outsiders, mas Sho não sabe quem é o nômade que chegou como um qualquer ao povoado, sem sua indumentária. Quando se vêem pela primeira vez se reconhecem como pertencentes de uma mesma guerra ainda que em patentes diferentes.


As lutas são o momento alto do filme. Patrick Swayze se saiu muito bem como um lutador de artes marciais rodeado de colonos e vilões que não conhecem técnicas de lutas. São bem coreografadas, inclusive o enfrentamento final do nosso herói contra Sho ficou na medida certa, com boas sequencias: nem demasiado longo, nem demasiado lento.
O fato de não haver armas de fogo deu boas possibilidades ao filme, pois não haveria lógica ter um mestre na espada e alguém com uma arma, basta lembrarmos de  Harrison Ford na famosa cena de “Os Caçadores da Arca Perdida” ou Mel Gibson na cena de bar de “Mad Max – Além da Cúpulado Trovão”.   
   

O elenco foi muito bem escolhido  Patrick Swayze vinha de algumas boas  participações em filmes como “Jovens Sem Rumo” e ‘”De Volta Para o Inferno” e tinha acabado de estourar em “Dirty Dancing” (nas listas dos sites oficiais “Crepúsculo de Aço” aparece feito logo após “Dirty Dancing”, mas pode ter sido feito antes e  lançado após o estouro de Swayze no mesmo ano). Apesar do filme não ter decolado, sua participação foi boa. Lisa Niemi, com sua kasha, fez muito bem o papel da mulher inteligente e decidida. Lisa era esposa de Swayze na vida real então o sucesso dessa química até que se justifica. Lisa tem poucos filmes na carreira, mas aqui se mostrou boa atriz. Brion James é um ator que será sempre lembrado por sua rápida e boa participação em “Blade Runner”, mas pode ser visto em boas atuações como “O Confronto Final” do diretor Walter Hill. Anthony Zerbe é aquele ator que ninguém sabe qual é o nome por aqui, mas quem foi adolescente nos anos 80 viu vários filmes deste ator como vilão. Christopher Neame (Sho) faz também um bom vilão, mas o cabelo no visual glam metal (aqueles cantores com cabelos longos e picotados) ficou estranho na época e atualmente ainda pior, mas sua atuação convence. A citar a participação de Arnoldo Vosloo que, 12 anos mais tarde, ficaria conhecido pelo vilão do sucesso “A Múmia” de 1999 e “O Retorno da Múmia” de 2001.





Crepúsculo de Aço é um filme interessante para quem procura um bom passatempo descompromissado. Não é um filme inesquecível, mas os fãs de filmes pós- apocalípticos, que curtem lutas bem feitas, poderão apreciar. É uma produção independente, de baixos recursos, uma mistura de Os Brutos Também Amam (Shane) com o visual Mad Max, mas que tem o seu charme.

Trailer:



Curiosidades:  

Patrick Swayze faleceu aos 57 anos de câncer de pâncreas. 

Swayze e Lisa viveram juntos por 34 anos. Segundo artigos da internet uma amiga de Swayze teria revelado, à revista "Globe", que o ator sofreu maus tratos da esposa no leito de morte impedindo até sua mãe de vê-lo. A assessoria de imprensa da atriz negou.

Lisa casou novamente  um ano depois. 

Brion James (1945–1999) faleceu de ataque cardíaco.

O diretor Lance Hool, que já foi um pouco de tudo na indústria cinematográfica, dirigiu mais dois filmes na carreira: "Braddock II: O Início da Missão" (1985)  e "A Coragem de um Homem" (1989). Foi o escritor do primeiro Braddock: "Braddock: O Super Comando" (1984) e produziu dezenas de filmes como por exemplo: "Dez Minutos Para Morrer" (1983); "Crocodilo Dundee em Hollywood" (2001) e "Chamas da Vingança" (2004) .


Arnold Vosloo em A Múmia (1999)













Anthony Zerbe em A Última Esperança da Terra (1971)










Brion James em Blade Runner (1982)










Christopher Neame em perigo Mortal (1994)














Cartaz:

























  
Filmografia Parcial:

Patrick Swayze (1952–2009):

 








 
Vidas Sem Rumo (1983); De Volta Para o Inferno (1983); Amanhecer Violento (1984); Veia de Campeão (1986); Dirty Dancing: Ritmo Quente (1987); Crepúsculo de Aço (1987); Matador de Aluguel (1989); Ghost: Do Outro Lado da Vida (1990); Caçadores de Emoção (1991); Cidade da Esperança (1992); Os Três Desejos (1995); Estrada Alucinante (1998); Eternamente Lulu (2000); Donnie Darko (2001); A Última Dança (2003); Ponto de Partida (2009).

Lisa Niemi

 









Dançando Com o Perigo (1987); Crepúsculo de Aço (1987); Ela Vai Ter um Bebê (1988); Marcados Pelo Ódio (1989); Escrito nas Estrelas (1993); A Última Dança (2003).

Brion James (1945–1999)












Lutador de Rua (1975); Dois Vigaristas em Nova York (1976); A Outra Face de Moisés (1980); O Confronto Final (1981); Blade Runner, o Caçador de Andróides (1982); 48 Horas (1982); O Senhor das Águias (1984); Conquista Sangrenta (1985); Inimigo Meu (1985); O Aniquilador (1986); Crepúsculo de Aço (1987); Cherry 2000 (1987); Morto ao Chegar (1988); Inferno Vermelho (1988); Escorpião Vermelho (1988); Tango e Cash - Os Vingadores (1989); 48 Horas - Parte 2 (1990); Nemesis - O Exterminador de Andróides (1992); Showdown - A Hora de Vencer (1993); O Quinto Elemento (1997); Perseguidos Pela Máfia (2000). 

John Fujioka (1925- 2018)

 










A Submersão do Japão (1973); Octagon, Escola de Assassinos (1980); Quem Encontra um Amigo, Encontra um Tesouro (1981); Crepúsculo de Aço (1987); O Último Samurai (1988); Bonita E Perigosa (1991); Mortal Kombat (1995); Pearl Harbor (2001).

Christopher Neame












Luxúria de Vampiros (1971); Days of Our Lives (seriado 1986); Morto ao Chegar (1988);  Fugindo do Inferno 2: A História Verdadeira (1988); 07 - Permissão para Matar (1989); Os Caça-Fantasmas 2 (1989); Clube de Heróis (1991); Comando Suburbano (1991); Justiceiro da Noite (1993); Perigo Mortal (1994); Projeto Mortal: O Retorno (1995); Ground Zero (2000); A Experiência III (2004); O Grande Truque (2006),   House of the Gorgon (2019)

Arnold Vosloo
 

 









Crepúsculo de Aço (1987); 1492 - A Conquista do Paraíso (1992); Darkman II - O Retorno de Durant (1995); A Múmia (1999); O Retorno da Múmia (2001); Ruas Sangrentas - O Acerto Final (2006); G.I. Joe: A Origem de Cobra (2009); G.I. Joe: Retaliação (2013). 

Anthony Zerbe












...E o Bravo Ficou Só (1967); A Libertação de L. B. Jones (1970); A Última Esperança da Terra (1971); Justiceiro Implacável (1975); Na Hora da Zona Morta (1983); Onze para o Inferno (1986); Crepúsculo de Aço (1987); Cegos, Surdos e Loucos (1989); 007 - Permissão para Matar (1989); Jornada nas Estrelas - Insurreição (1998); Matrix Reloaded (2003); Matrix Revolutions (2003); Trapaça (2013).

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