sexta-feira, 20 de agosto de 2021

THUNDER 2: UM HOMEM CHAMADO TROVÃO / THUNDER II / THUNDER WARRIOR II (1987) - ITÁLIA

O TROVÃO DO DESERTO

Luis “Thunder” Martinez (Mark Gregory) está de volta. O índio Navajo, que praticamente destruiu uma pequena cidade no Arizona para defender o seu povo, retornou com sua esposa grávida. E agora ele está do lado da lei para o desgosto do assistente de xerife Rusty (Raimund Harmstorf) que, ao vê-lo, espera ir "à forra" pelo problemas causados na cidade. Roger (Bo Svenson), um xerife honesto, acolhe Thunder e o incentiva a patrulhar o local em busca de desordeiros e criminosos. O que ambos não sabem é que Rusty está envolvido em um esquema de drogas com motoqueiros locais e a chegada de Thunder põe tudo a perder.

Max, o motoqueiro que negocia drogas com Rusty, é morto por este, mas o policial corrupto resolve tirar proveito da situação e forja um fragrante que acaba condenando Thunder a cumprir uma pena de quatro anos, por porte de drogas,  em dos presídios mais brutais, no meio do deserto, em regime de trabalhos forçados, com oficiais que impõe condições sub-humanas de trabalho. E Rusty informou a um amigo oficial que Thunder é um policial corrupto e que sua vida não deve ser facilitada. Thunder foge da prisão, mas quando sua esposa sofre um acidente provocado por Rusty ele parte para uma nova e violenta vingança.

Thunder- Um Homem Chamado Trovão (1983), cópia italiana de Rambo I, fez relativo sucesso permitindo que os produtores pensassem em uma nova aventura para o herói índio. A bem da verdade, os dois filmes estrearam no circuito brasileiro, permaneceram um bom tempo no circuito oficial, sendo, posteriormente, jogados para sessões duplas com filmes de Kung Fu, eróticos ou trash em cinemas direcionados a este segmento. E os jornais da época mostram que havia uma boa quantidade de exibições. A verdade foi que o advento do VHS impulsionou os filmes. Era um mercado novo, poucas fitas e quase tudo que chegava as locadoras era consumido rapidamente fosse lançamento ou catálogo. Não por acaso, vários produtores italianos perceberam uma oportunidade de negócios produzindo filmes “Made in Itália” e os lançando com títulos americanos tendo atores, produtores e diretores com pseudônimos americanos o que confundia os críticos de jornais que recebiam poucas informações. Por isso o ator Marco Di Gregorio se transformou em “Mark Gregory“ e  o diretor Fabrizio De Angelis, por vezes, utilizava o  nome de “Larry Ludman”, como neste filme em questão. E o primeiro filme foi várias vezes exibido pelo SBT.

Neste segundo exemplar a faixa etária americana foi reduzida para (PG-13) que permitia uma quantidade maior de  público assistindo ao filme (no Brasil, a censura foi 14 anos) e, consequentemente, a violência seria drasticamente reduzida (nada de cenas muito violentas ou mortes). Com isso, os envolvidos tiveram que ser mais criativos e tentar criar um produto que agradasse os jovens. Ainda assim as comparações a Rambo I e II foram inevitáveis só que com violência reduzida, mas algumas cenas estão lá: a da ducha (Rambo I); o atirador no helicóptero (Rambo I); o ataque a delegacia (Rambo I) as flechas com pontas explosivas (Rambo II)  e até uma quase cópia da cena, quando Rambo volta e enfrenta o homem que o deixara para morrer no Vietnã (Rambo II), só trocou a faca por uma machadinha. E, uma inspiração bem sutil, do Coronel Trautman (Rambo II, II e III) na pele do Xerife Roger (que no primeiro filme se chamava Bill !!!???). Há cópias no YouTube, mas atentem sempre para a duração oficial de um filme. Este aqui teve a metragem oficial de 1h e30 min .

 

Filmado como um filme de velho-oeste disfarçado, a primeira cena é uma boa analogia a este fato. O diretor Fabrizio De Angelis (novamente na direção) nos apresenta um filme, talvez superior, mas carente de originalidade e com várias deficiências técnicas, como uma fotografia bem ruim (economizaram muito nessa parte) em que não vemos sequer uma boa iluminação, além do abuso de cenas em câmera lenta e aquelas brigas cujos os socos fazem aqueles barulhos típico dos filmes de Western-Spaghetti. Fora que há elementos fora de contexto: como o homem que dá carona para Thunder duas vezes; o ladrão vestido de mulher; a “caixa da tortura”, de onde Thunder sai depois de 11 dias (sem comer, sem beber, sem fazer suas necessidades) para “dar uma descansada” numa cama e partir cheio de energia para capturar Rusty. Há três cenas também que merecem comentários: Thunder preso a uma corda no helicóptero dando “um passeio” (ele sai do rio molhado e sem seguida aparece praticamente seco - ok, foi o forte sol do deserto), índios que tem seu próprio médico no hospital (são tratados da pior maneira, mas tem um médico nativo formado a atendê-los!) e um advogado que dirige bebendo (se beber, não dirija!). A última cena do filme é uma incógnita, deixando um final aberto (e sem sentido – parece que o diretor enxertou aquela cena, não aproveitada, para o filme e a colocou ali).

Quanto ao elenco, Mark Gregory estava mais velho e mais definido fisicamente e não comprometeu (dentro do que o filme exigiu). O ator se aposentou e nada se sabe de seu paradeiro. (Informação de 21/03/22: Na análise do primeiro filme, comentários, foi informado que o ator faleceu em 2013).   O ator sueco Bo Svenson era o mais tarimbado, tendo trabalhado em várias produções, ficou famoso por duas produções em que fez um xerife durão: "Fibra de Valente 2" (1975) e "Fibra de Valente 3" (1977). O ator, de origem alemã, Raimund Harmstorf, interpretou o oficial Rusty (no primeiro filme se chamava Barry). Fez filmes com Bud Spencer, Franco Nero e Charlton Heston. Viria a falecer em 1998 cometendo suicídio.  Karen Reel (Shena) só fez esse filme e não há informações sobre seu nome real. William Rice (1931–2006) fez o advogado Thomas.

Thunder 2 – Um Homem Chamado Trovão é considerado um filme italiano trash, mas com vários admiradores que o assistiram nos idos do VHS. É uma produção pobre, com mais ação e menos violência, cujo gênero apresentou vários filmes,(mal) dublados em inglês. O roteiro tem muitos furos e o filme mostra-se visivelmente mal montado e inspirado no personagem Rambo, mas pode ser uma diversão descompromissada para os mais saudosistas dos filmes de baixo orçamento dos anos 80. Teve um último exemplar: Thunder 3: O Homem Trovão


Trailer:


Cartazes:





Filmografia Parcial:

Mark Gregory (1964-2013)







1990 – Os Guerreiros do Bronx  (1982); Fuga do Bronx (1983); Thunder - Um Homem Chamado Trovão (1983); Thunder 2: Um Homem Chamado Trovão (1987); Thunder III (1988); Delta Force Commando (1988); Afganistan - The Last War Bus (1989).

Bo Svenson







Quando as Águias se Encontram (1975); Fibra de Valente 2 (1975);  A Fera das Neves (1977); Fibra de Valente: Capítulo Final (1977); O Expresso Blindado da S.S. Nazista (1978);  Heróis Sem Amanhã (1979); Vírus (1980); Thunder: Um Homem Chamado Trovão (1983);  Os Guerreiros do Reino Perdido (1985); Comando Delta (1986); O Destemido Senhor da Guerra (1986); Os Doze Condenados - Missão Mortal (1987); Thunder 2: Um Homem Chamado Trovão (1987); Comandos Mercenários (1987);  Seita de Horrores (1987); Delta Force Commando (1988); Três Dias para Matar (1992); Velocidade Máxima 2 (1997); Kill Bill: Volume 2 (2004); Bastardos Inglórios (2009); Ação e Reação (2010); Os X-Mercenários (2014); Uma Aventura Canadense (2015); Finding Grace (2020); Action Words (2022)


Raimund Harmstorf (1939–1998)







Don Juan  (1965);  O Uivo dos Lobos (1972); Catástrofe nas Selvas (1972); Caninos Brancos (1973); Desafio ao Lobo Branco (1974); Trinity e seus Companheiros (1975); Califórnia (1977);  O Expresso Blindado da S.S. Nazista (1978); O Xerife e o Pequeno Extraterrestre (1979); Thunder, um Homem Chamado Trovão (1983); Thunder 2: Um Homem Chamado Trovão (1987);  Cafe Europa (1990); O Desafio de um Guerreiro (1995); The Wolves (1996); Blutrausch (1997)

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