UM ZORRO NA MEDIDA
Nos idos de 1840, Don Diego (Frank Langella) é mandado a Espanha para estudos onde se torna um exímio espadachim. Ao saber que as coisas não andam boas nas terras de seu pai, ele retorna à Califórnia para fazer uma visita e ficar a par dos acontecimentos. Quando chega na casa do Alcaide, que era de seu pai, percebe que esta está agora ocupada por um tirano chamado Don Luis Quintero (Robert Middleton) e sua esposa Inez (Louise Sorel) e que são assessorados pelo impiedoso Capitão Esteban (Ricardo Montalban). Don Diego rapidamente muda de postura e se apresenta como um homem que frequenta a requintada corte da Espanha e adepto de frivolidades, pouco interessado nos acontecimentos fora de seu meio. Ao chegar em casa conversa com sua mãe Isabella (Yvonne De Carlo) e encontra o seu pai Don Alejandro Vega (Gilbert Roland) cercado de proprietários de terra que desejam depor Quinteiro. Don Diego percebe que deve manter a farsa e, diante da recusa de seu pai em abraçar a causa, resolve usar as vestimentas do Zorro, um herói lendário quase esquecido.
Versão
para tv, em papel carbono, do clássico, A Marca do Zorro, de 1940 interpretado por Tyrone Power. Este novo A
Marca do Zorro trouxe como protagonista Frank Langella que vinha de elogiados
papéis na Broadway e que em 1979 faria o também elogiado Drácula. O diretor Don McDougall (1917–1991) sempre esteve a
frentes das câmeras em filmes para tv e
episódios de séries ("Mulher Maravilha", "Planeta dos Macacos", "O Homem de Seis
Milhões de Dolares", "Bonanza"...) e em 1h e 18min resolveu refilmar um clássico. E
até que se saiu muito bem. McDougall deu um bom ritmo, apoiado em um montagem dinâmica e auxiliado por um elenco bem afinado.
A
História é bem clássica: Em um lugar de tirania, surge um justiceiro mascarado munido de uma vestimenta negra, uma grande habilidade no manejo da espada e
um cavalo veloz. A ideia era até interessante: revitalizar a série "Zorro" que
fizera estrondoso sucesso com Guy Williams com um chamado "backdoor
pilot" que é quando se realiza um telefilme e se este possuir uma audiência for boa, pode
ser transformado em série. Nessa categoria nem todos os personagens podem ser
aproveitados na série, ou seja, é uma tentativa de lançar um filme e ver se
aquele personagem (já existente) ainda é atrativo o suficiente para gerar uma
nova franquia e aí poderá vir em outro modelo e atores. Diferente de um
episódio piloto que é a produção do primeiro
episódio de uma série e apresentado a emissora que pode dar o aval ou não para
a continuidade.
Este Zorro tem fatores bem interessantes que os distingue dos demais: é mais
sério, ao contrário das versões anteriores que usavam o humor em algumas cenas.
Frank Langella está ótimo e consegue até nos fazer esquecer do ótimo trabalho
de Tyrone Power. Ele é um Don Diego engraçado e um Zorro sério. O mexicano
Ricardo Montalban sempre entregou ótimas performances. Durante boa época foi
uma espécie de "Latin Lover" do cinema, mas para quem o assistiu entre
os anos 70 e 80 se lembrará dele como o Sr Roarke, do memorável seriado "Ilha da Fantasia (1977-1984), além do inesquecível vilão de "Jornada nas Estrelas II: A Ira de Khan".
Comparar Montalban com Basil Rathbone, da
versão de 1940, é muito complicado. Ambos tem suas qualidades reconhecidas por
gerações distintas, mas ainda Montalban esteja ótimo, Basil teve um roteiro
melhor para desenvolver seu personagem (até porque a versão de 40 é um longa
para o cinema). Yvonne De Carlo (1922–2007) foi uma conhecidíssima atriz dos
anos de ouro de Hollywood, mas o "mais novos" se lembrarão dela no
famoso seriado "Os Monstros" da década de 60 e no mega sucesso "Os 10
Mandamentos" (1956) como Sephora. A grande surpresa fica pela
personagem Teresa vivida ainda pela jovem Anne Archer (a esposa do
personagem de Michael Douglas em "Atração Fatal"). Alguns poderão
achar o rosto de Gilbert Roland (1905–1994) conhecido, provavelmente pelo
filme "A Virgem de Fátima" (1952). O restante do elenco está bem, mas faltou a
presença do criado mudo que auxilia Zorro em busca de sua justiça: Bernardo.
Mas a baixa duração provavelmente foi um fator decisivo para não agregar mais
um personagem à estória
O
nome Zorro (que significa "raposa" na tradução) recebe essa alcunha devido o personagem
mover-se como o animal, esgueirando-se de seus inimigos com astúcia. E não
foram poucos que encarnaram os personagens: Alain Delon, Douglas Fairbanks, Guy Williams, Antonio Bandeiras, Tyrone Power ... além de centenas de filmes de várias
nacionalidades com o herói. Houve, inclusive,
no Brasil um seriado com o personagem: "As Aventuras do Zorro" (1969)
estrelada por José Paulo de Andrade com a participação de Jardel Filho e Suely
Franco. Até Batman foi inspirado neste famoso personagem. Quando
Bruce Wayne vê os pais sendo assassinados ele saíra de uma seção de "A Marca
do Zorro" com Tyrone Power. Mesmo com Antonio Bandeiras dando uma revitalizada
na franquia alguns heróis perderam espaço, mesmo que volta e meia Hollywood
tente adaptá-los, sem muito interesse do público, como "Tarzan", "O Fantasma", "O
Sombra", 'Simbad", "Robin Hood" ... Por isso os filmes antigos ainda conseguem manter aquela
aura de magia que o mundo atual de armas de destruição não possui mais. Aquela
ingenuidade do herói que resolvia tudo na espada (e as vezes com uma pistola
antiga) não volta mais e a nova geração tem seus próprios heróis mais adaptados a realidade.
Esta
versão televisiva de ainda pode manter o interesse daqueles
que sentem saudades de um herói de outra época. Sua motivação é universal: um
combatente contra as injustiças. Quando vemos um herói atual com uma fantasia
combatendo vilões não há como não imaginar que lá no fundo tem alguma essência
do Zorro. Filme que vale a pena ser revisto pelo capricho com que cuidaram do
personagem, por ser divertido, ter uma estória fiel ao personagem, um pouco
tempo de projeção que ajudou muito e um elenco muito bom que deu a consistência
que o filme precisava. Para os saudosos da "Sessão da Tarde" que
apresentava filmes com ótimas dublagens
Curiosidades
Alcaide
era o antigo governador de uma província ou comarca
Frank
Langella fez o esqueleto no filme Mestres do Universo (He-Man)
Frank Langella - Mestres do Universo
Yvonne De Carlo no seriado "Os Monstros"
Ricardo Montalban em A Ilha da Fantasia
Filmografia Parcial:
Frank Langella:
A Marca do Zorro (1974); Drácula (1979); Mestres do Universo (1987), 1492: A Conquista do Paraíso (1992); Dave, Presidente por um Dia (1993); Brainscan: Jogo Mortal (1994); Má Companhia (1995); A Ilha da Garganta Cortada (1995); Eddie, Ninguém Segura esta Mulher (1996); O Último Portal (1999); Doce Novembro (2001); Reflexos da Amizade (2004); Parceiros no Crime (2005); Boa Noite e Boa Sorte (2005); Superman: O Retorno (2006); Frost / Nixon (2008); Entre Segredos e Mentiras (2010); Desconhecido (2011); Frank e o Robô (2012); A Grande Luta de Muhammad Ali (2013); A Grande Escolha (2014); Encontro Marcado (2014); Grace de Mônaco (2104); O Mistério de Stella (2015); Capitão Fantástico (2016); The Americans (seriado 2015 a 2017); Kidding (seriado 2018 a 2020); The Trial of the Chicago 7 (2020)
Ricardo Montalban (1920–2009)
Os Três Mosqueteiros (1942); Beijou-me um Bandido (1948); O Preço da Glória (1949); Quando Canta o Coração (1950); A Marca do Renegado (1951); Assim São os Fortes (1951); México de Meus Amores (1953); A Espada Sarracena (1954); Rainha da Babilonia (1954); Sayonara (1957); Algemas Partidas (1960); Rashomon (1960); O Pirata Negro (1961); Mercado de Corações (1963); Crepúsculo de Uma Raça (1964); Madame X (1966); Joaquim Murietta (1968); Charity, Meu Amor (1969); Fuga do Planeta dos Macacos (1971); A Conquista do Planeta dos Macacos (1972); A Marca do Zorro (1974); Jornada nas Estrelas II - A Ira de Khan (1982); Ilha da Fantasia (seriado 1977-1984); Um Rally Muito Louco (1984); Corra Que a Polícia Vem Aí! (1988); Pequenos Espiões 2: A Ilha dos Sonhos Perdidos (2002); Pequenos Espiões 3-D: Game Over (2003)
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