UMA LUZ NO FIM DO ESGOTO
Uma
família visita um parque de répteis em que durante a apresentação um treinador
acaba sendo atacado por um jacaré. Apesar do abalo dos que se encontravam, um
pai compra para a filha um filhotinho de jacaré para, dias depois, jogá-lo vaso
sanitário abaixo e informando à filha que o animal falecera. O animal passa a
viver nos esgotos enquanto uma empresa passa a fazer experiências clandestinas
com cães que são descartados nos esgotos sem que ninguém perceba. Esses animais são inoculados com uma forma sintética
de testosterona que visa aumentar significativamente o seu tamanho, mas a
empresa não consegue lograr êxito utilizando assim mais e mais cães. O réptil passa a se alimentar dessas carcaças
e doze anos depois se torna uma criatura gigantesca. De acordo com que estranhas mortes começam a
ocorrer com empregados da manutenção, o detetive David Madison (Robert Forster)
começa a suspeitar de que algo vive nos esgotos da cidade.
Alligator
- O Jacaré Assassino aportou timidamente em nossos cinemas, assim como nos
Estados Unidos, mas foi através das exibições televisivas (O SBT apresentava a
exaustão) e via VHS que o filme teve algum sucesso. Considerado pela mídia
especializada da época como uma produção B ou até mesmo Trash, o longa
sobreviveu na memória de muitos que eram adolescentes numa época que efeitos
digitais não existiam. E revendo décadas depois até que o filme é divertido.
Tendo
a frente do elenco o ator Robert Forster, como um detetive que perdera o colega de farda
em uma missão mal sucedida e que ninguém o quer como parceiro e com a atriz Robin Riker como a Herpetologista Marisa
Kendall, o filme apresenta bons motivos para que se "perca algum tempo"
assistindo. Apesar da imagem do cabeçalho o réptil não é
tão gigantesco assim (os cartazes sempre eram muito bem feitos e funcionavam
muito bem como chamariz). Nosso pequeno jacaré de 13 cms se transformou em um
predador de 12 metros. Acertadamente a tradução brasileira colocou no título
"Jacaré", pois este espécime não é um crocodilo, mas pelo tamanho
deve ter confundido muita gente. Após uma rápida pesquisa on-line encontrei uma
interessante edição da ótima "Mundo Estranho" (de 23 fev 2018) que explica essa diferenciação: "
Os jacarés têm focinho largo e arredondado, enquanto os crocodilos têm a cabeça
mais afilada. Além disso, os crocodilos possuem, nas escamas do ventre ... A diferença mais visível, porém, está nos
dentes. Todos os crocodilos apresentam o quarto dente do maxilar inferior
hipertrofiado e encaixado numa cavidade lateral na parte externa da boca. Esse
dente fica exposto mesmo com a boca fechada, ao passo que, nos jacarés, ele
fica escondido dentro da boca”, diz o biólogo Hussam Zaher, da USP. Tem mais:
os dentes superiores dos crocodilos são alinhados com os inferiores – os dos
jacarés, não." E ainda
disponibilizaram um desenho em que mostra um jacaré e abaixo um crocodilo (este
último não existe em nosso país")
Com
roteiro de John Sayles ("Piranha" *1978*; "Mercenários das Galáxias" *1980*; "Grito de Horror" *1981*; "As Crônicas de Spiderwick' *2008* ...) e Frank Ray Perilli ("A Gang dos Dobermans" *1972*
e "Zoltan - O Cão Vampiro de Drácula" *1977* ...) aliada a direção de Lewis Teague ("Cujo" *1983*; "Olhos de Gato"
*1985*; "A Jóia do Nilo" *1985* ; "Aliança Mortal" *1991*) dá para se ter uma ideia
do que o trio seria capaz de fazer. O Orçamento muito limitado prejudicou o
filme, sem dúvida: temos pequenos jacarés em meio a miniaturas de carros (mas
bem feitas), um visível jacaré mecânico
e outro de borracha; atores se contorcendo dentro das mandíbulas mecânicas com
direito a muito sangue cenográfico e pessoas sem partes do corpo. Tudo parte do
show. A esta altura aquele que lê deve estar pensando em não perder tempo vendo
um filme que parece muito ruim. Só que o roteiro bem feito e os cortes rápidos
do diretor (que foi diretor de segunda unidade em vários filmes do famoso
diretor Roger Corman), com um bom jogo de luz e sombras, deram uma certa
criatividade a produção que ficou bem legal, numa estória coesa (dentro de um
gênero que tem muita porcaria, claro) que veio na esteira de filmes como
Tubarão. Aproveitar uma tasquinha desse filão e tentar emplacar um filme de
baixo orçamento era uma grande ideia ainda mais que vinha baseada uma lenda urbana de que, nos anos 70, centenas
de moradores americanos, teriam comprado esses animais que depois foram descartados
esgoto abaixo.
A
sacada do roteiro foi criar algumas sub-camadas que se fecham lá na frente. A certa altura descobriremos que aquela
garotinha é hoje a Dra Marisa que ajuda nosso herói e que uma cena sem o menor
sentido de existir (o homem louco na delegacia) tem um porque lá perto do
final. E temos alguns momentos engraçados: David e sua fixação em não
parecer calvo; o ator Henry Silva como um grande caçador contratado para matar
a fera (alguém lembrou de Tubarão?); fora a mãe de Marisa que consegue fazer
rir nos poucos momentos em cena. Claro
que vocês já sacaram que a Dra seria a dona do Jacaré (interessante é que
nunca se encontram) Gigante. E o nosso amável réptil sai dos subsolos fedorentos
e resolve provar da agua limpa e comida farta que lhe aguarda. Há apenas uma
cena que realmente impressiona e incomoda: a da criança na piscina. E dá-lhe polícia, SWAT, helicópteros, todos atrás do "arurá sanguinolento". O resto é só
divertimento.
O elenco é muito bom. Robert Forster, Robin Riker e Henry Silva (com cara de mau, mas muito engraçado) seguram o filme tranquilamente. Robin Riker praticamente se dedicou a séries e telefilmes. Sue Lyon ("Lolita" 1962), como a repórter de tv, terminou sua carreira de atriz nesse filme e Leslie Brown (a pequena Marisa) só fez esse filme. Bart Braverman (como o reporter Kemp) participou da série Vega$ (1978-1981) e continua ativo nesse segmento. Michael V. Gazzo (1923–1995) fez "O Poderoso Chefão II" (1974) e participou de várias séries famosas até o seu falecimento.
Alligator é um filme divertido que prende a atenção. Não pode ser considerado uma obra diferenciada devido ao seu baixo orçamento quase beirando (se não for) o trash. Ainda assim é um passatempo a ser revisto por uma gama de pessoas que curtiam esse filme nos anos 80. Agora se quer um bom filme (sério) do gênero assista Morte Súbita (Rougue). Teve uma continuação tardia e dispensável: Alligator 2: A Mutação (1991)
Trailer:
Curiosidades:
John Sayles leu o roteiro inicial de Frank Ray Perilli para o filme e o descartou totalmente. Sayles disse que se passava em Milwaukee e que o jacaré cresceria gigantesco por causa da cerveja de uma fábrica de cerveja indo para os esgotos.
Joe Dante (Gremlins) foi uma das escolhas iniciais para a direção
Nos cinemas recebeu o nome de "O Jacaré Assassino". Na Tv recebeu os nomes de "Alligator" e "Alligator - O Jacaré Assassino". Em DVD saiu como "Alligator - O Jacaré Gigante"
Posters e Capas de VHS e DVD:
Filmografia Parcial:
Robert Foster
Os Pecados de Todos Nós (1967); Dias de Fogo (1969); A Morte do Chefão (1973); O Buraco Negro (1979); O Jacaré Assassino (1980); Os Vigilantes (1982); Comando Delta (1986); Caçada Alienígena (1990); Maniac Cop 3 - O Distintivo do Silêncio (1993); Jackie Brown (1997); Psicose (1998); Fúria Urbana (1999); Eu, Eu Mesmo e Irene (2000); Cidade dos Sonhos (2001); Natureza Quase Humana (2001); As Panteras: Detonando (2003); Xeque-Mate (2006); Rise: A Ressurreição (2007); D-War: Guerra dos Dragões (2007); Evidências de um Crime (2007); Minhas Adoráveis Ex-Namoradas (2009); Os Descendentes (2011); Invasão a Casa Branca (2013); O Lado Americano (2016); Em Defesa de Cristo (2017); Bigger (2018); Old School Gangstas
Henry Silva
Henry Silva
Viva Zapata! (1952); Estigma da Crueldade (1958); Onze Homens e um Segredo (1960); Cinderelo Sem Sapato (1960); Sob o Domínio do Mal (1962); Alligator, O Jacaré Assassino (1980); Vírus / Extermínio (1980); Caçada em Atlanta (1981); O Homem com a Lente Mortal (1982); O Marginal (1983); Um Rally Muito Louco (1984); Código do Silêncio (1985); Allan Quatermain e a Cidade do Ouro Perdido (1986); Nico - Acima da Lei (1988); Dick Tracy (1990); Anatomia de um Crime (1992); Três Dias para Matar (1992); Ghost Dog (1999); Onze Homens e um Segredo (2001).
Não se fazem mais filmes como esse. Super divertido.
ResponderExcluirBoa Noite. Sem dúvida é um bom passatempo em que ousar era o imperativo, mesmo dando certo ou não. Hoje tudo é mais complicado. Muito obrigado por comentar e um grande abraço.
ExcluirLi recentemente que o ator Bryan Cranston (o Sr. White de Breaking Bad), trabalhou neste filme, com Robert Foster. Não deve ter sido creditado. Quem descobrir em que momento ele aparece (deve estar quase irreconhecível), poste aqui.
ResponderExcluirBom dia(você não citou seu nome). Sim, li essa declaração do ator lamentando a morte de Robert Foster e de terem se conhecido neste filme. Nos sites oficiais como IMDB, que é muito completo, o ator não consta tendo feito o filme. O que ocorre muitas vezes é que um estúdio produz vários filmes simultaneamente e atores se encontram nessas locações cenográficas. Acredito que ele tenha conhecido Robert Foster numa dessas locações e travaram uma amizade. O que acontece muitas vezes também é um site publicar a declaração e o restante dá "CRTL C" e "CRTL V" na matéria. Se você perceber é quase tudo igual e se houver um erro de tradução, todos publicarão. Existe a possibilidade de ter feito uma ponta não creditada? Existe, mas o IMDB costuma registrar até isso como "uncredit". Vendo o filme, quando fiz essa postagem, não localizei o ator, que esteve excelente em "Breaking Bad" (uma das melhores séries da década). Caso alguém consiga identificar o ator nos informe em qual momento ele aparece (minutos). Muito obrigado pelos comentários e volte sempre
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