"PARA QUE O MAL TRIUNFE, BASTA QUE OS HOMENS DE
BEM NÃO FAÇAM NADA"
Essa citação de Edmund Burke, filósofo e político anglo-irlandês (1729-1797), ao final do filme, ilustra bem o que se passou até esse momento: um belo de filme de guerra onde homens provam seus valores morais
O
tenente Waters (Bruce Willis) recebe uma ordem: resgatar a médica Dra Lena
(Monica Bellucci), um padre e suas freiras, evitando o confronto com o inimigo,
a não ser que envolva risco direto dessas pessoas. A médica é essencial, o
padre e as freiras não, logo, se insistirem, poderão ser deixados à própria
sorte. O que parecia ser uma missão simples de resgate de americanos, em meio a
um golpe de estado na Nigéria, torna-se um conflito sem precedentes.
Diante
da recusa da Dra em deixar seus pacientes, o tenente e seu pelotão resolvem
levá-los juntos. Ao chegarem no local do resgate, a doutora é levada até o
helicóptero e os sobreviventes deixados à própria sorte. Ao sobrevoar o local
onde se encontravam o padre e a freira, agora mortos pelos soldados rebeldes,
Waters entra num dilema: seguir com sua missão de levar a médica em segurança e
deixar os refugiados na selva ou retornar e tentá-los conduzir à fronteira com
Camarões, onde estariam a salvo? O dever ou a consciência? Waters opta por
fazer o improvável, retornando e colocando crianças, velhos e feridos em um
helicóptero enquanto seguirá a pé até o encontro destes, acompanhado de seu
pelotão, da Dra e mais um grupo de refugiados aparentemente aptos a caminhar e
que não puderam seguir no helicóptero.
O
filme mescla muito bem o drama e a guerra pelos olhos de Waters: o espectador
presencia as barbáries da guerra: até onde o ser humano é capaz de chegar por
questões ideológicas e religiosas.
De
acordo com que avança com seu pelotão, Waters será obrigado a se envolver
numa batalha que não compreende, tentando ao menos uma vez (conforme suas
palavras) fazer a coisa certa. Ele mostra ao espectador que, em suas missões
passadas, fez coisas de que não se orgulha. Por algumas frases curtas sabemos
que o personagem e seu pelotão sempre estiveram prontos para a ação, sem
questionamentos. Agora é entrar numa guerra por um propósito que vale a pena,
pois há muito tempo deixou de ser sua real missão.
Vemos
que Waters não deseja uma redenção, uma anistia de seus pecados ou exorcizar
seu passado sombrio, mas uma diminuição de seus débitos com Deus. Deixa de ser
um robô e recupera sua humanidade. Para os refugiados ele e seu pelotão são a
única esperança de salvação frente à um massacre étnico que lhes espera.
Em
determinado momento, chegam em uma vila onde as pessoas estão sendo
exterminadas (quem viu o filme “Deserto de Dafur” entenderá bem) e, pelos
olhares de seus colegas, surge um misto de incredulidade, insanidade e
sentimento de justiça. Essa reação é propositadamente passada ao espectador e
aí percebemos bem o conceito do filme: Ele simboliza, no espectador e seu
pelotão, as pessoas de bem que gostariam de por fim a qualquer tipo de
atrocidade cometida a outro semelhante. A justificativa de sua presença é
para que o espectador perceba o que realmente ocorre nesses países e sua
consequências quando outras nações resolvem não intervir.
As
cenas são bem reais e cruas para que, quem o assista, tenha um envolvimento
emocional direto. Waters olha para o alto. Só vê nuvens carregadas e fumaça. É
o simbolismo da desesperança, da tempestade pela qual irão passar. Em nenhum
momento o filme é cansativo. Quando suas cenas de ação diminuem, entram as de
tensão.
O
elenco está ótimo: Willis está excelente no papel do homem que quer fazer a
diferença por uma causa justa. Monica Bellucci (Lena) está muito bem no
papel da dra decidida e corajosa (é muito interessante ver como os papéis
femininos nesse gênero melhoraram: há alguma décadas atrás seria o de uma
mocinha indefesa que sempre precisava do herói à socorrê-la). Devemos
destacar também os atores Cole Hauser (Paparazzi ; Eclipse Mortal); Eamonn
Walker (o pastor do seriado OZ e dos filmes Corpo Fechado e Senhor das
Armas); Tom Skerritt (Alien, o 8º passageiro, Top Gun e Contato); Akosua Busia,
como Patience, (A Cor Púrpura; Ashanti e O Massacre de Rosewood) e Peter
Mensah, o líder dos rebeldes (300, Mar de Fogo, o Incrível Hulk 2008 e várias
séries televisivas)
Em suma: um drama onde temos, como pano de
fundo, a guerra. Independente da nacionalidade dos heróis (aqui americanos) o
filme visa a reflexão. De nossos papéis no mundo. De como podemos fazer algo ou
ficarmos inertes. Se o filme não nos mudará em atitudes, pelo menos que nos
mude em conceitos. O inferno está nos homens.
Trailer legendado:
Curiosidades:
O
diretor Antoine Fuqua já dirigiu Wills em “Os Substitutos” e entre alguns
de seus filmes podemos destacar: Rei Arthur (com Clive Owen), Dia de
Treinamento (com Denzel Washington) e o Atirador (com Mark Wahlberg).
Wills
trabalhou com Eamonn Walker em "Corpo Fechado".
Wills trabalhou com Cole Hauser em a "A Guerra de Hart".
As tensões entre o diretor Antoine Fuqua e Bruce Willis surgiram logo após o início das filmagens, terminando com cada um jurando nunca mais trabalhar com o outro.
Se você tem interesse em assistir filmes que possuem como tema “conflitos na África” poderá gostar de "Hotel Rhuanda”, “Tiros em Rhuanda” e “O Último Rei da Escócia”
Na cena de atrocidade da aldeia, o nativo africano mais velho visto desmoronando e chorando não está no roteiro. A filmagem foi tão realista do que ele testemunhou e sobreviveu, dos verdadeiros ataques de genocídio, ele desabou e o resto do elenco viu, e suas reações são genuínas.
A história é baseada em uma missão da Força-Tarefa Conjunta Canadense Dois (JTF2) realizada na Colômbia. Um ex-membro do comando escreveu a história original e a sugeriu quando conheceu a equipe de produção de Momento Crítico (1996) em um set em Nevada.
Em 29 de outubro de 2002, um dublê foi morto filmando uma cena de pára-quedismo perto de Oceano, Califórnia. Saltando com outros oito paraquedistas a quatorze mil pés, o homem deveria pousar na praia, mas na verdade pousou a cerca de trezentos metros da costa e se afogou.
Todos os atores que interpretaram Navy SEALs tiveram que passar por um campo de treinamento de duas semanas.
Uma cena em que Bruce Willis beijou Monica Belluci foi filmada, mas excluída após um teste de exibição.
O título do filme foi tirado do título do roteiro escrito por Alan B. McElroy por volta de 1990, que era sobre um grupo de pessoas que vão para a Amazônia para instalar uma estação de rádio retransmissora, mas depois se metem em muitos problemas ao longo do caminho e, eventualmente, têm que correr pela selva para salvar suas vidas dos traficantes de drogas que encontraram durante a viagem. Originalmente, o roteiro seria transformado em um filme moderno de Tarzan, mas como Bruce Willis leu e gostou do roteiro, ele queria que fosse transformado no quarto filme Die Hard, mas nunca foi. É por isso que é freqüentemente mencionado como Tears of the Sun (2003) seria originalmente um Die Hard 4, quando na verdade não era. A razão pela qual o filme tem este título é porque Willis concordou em trabalhar em Die Hard 4 apenas se ele pudesse usar esse título para este filme.
Na batalha final, os Jatos da Marinha chegam à estação e disparam foguetes contra as forças inimigas. O que as explosões que acontecem com esses foguetes indicam é um bombardeio com bombas com napalm, e não um ataque com foguete.
Muitos dos figurantes interprtetando refugiados eram refugiados na vida real.
Antoine Fuqua: aparece brevemente como o rebelde fumando um cigarro na cena de batalha da aldeia.
Filmografia Parcial:
Bruce Willis:
Encontro às Escuras (1987); Duro de Matar (1988); Fantasmas da Guerra (1989); Duro de Matar 2 (1990); Pensamentos Mortais (1991); A Morte lhe Cai Bem (1992); Pulp Fiction: Tempo de Violência (1994); Duro de Matar - A Vingança (1995); Os 12 Macacos (1995); O Último Matador (1996); O Quinto Elemento (1997); Armageddon (1998); Corpo Fechado (2000); A Guerra de Hart (2002); Meu Vizinho Mafioso 2 (2004); Refém (2005); Sin City: A Cidade do Pecado (2005); Alpha Dog (2006); Xeque-Mate (2006); 16 Quadras (2006); Substitutos (2009); Os Mercenários (2010); Red: Aposentados e Perigosos (2010); Os Mercenários 2 (2012); Looper: Assassinos do Futuro (2012); Duro de Matar: Um Bom Dia para Morrer (2013); Sin City: A Dama Fatal (2014); O Príncipe (2014); A Máquina (2015); Operação Resgate (2015); Fragmentado (2016); Desejo de Matar (2018); Vidro (2019); Motherless Brooklyn (2019); Cornerman (2019)
Monica Bellucci:
Drácula de Bram Stoker (1992); Asterix & Obelix: Missão Cleópatra (2002); Lágrimas do Sol (2003);Matrix Reloaded (2003); A Paixão de Cristo (2004); Os Irmãos Grimm (2005); O Aprendiz de Feiticeiro (2010); A Informante (2010); 007 Contra Spectre (2015).
Cole Hauser:
Código de Honra (1992); Gênio Indomável (1997); Eclipse Mortal (2000); A Guerra de Hart (2002); Lágrimas do Sol (2003); +Velozes +Furiosos (2003); Paparazzi (2004); Separados pelo Casamento (2006); Duro de Matar: Um Bom Dia para Morrer (2013); Invasão a Casa Branca (2013).
Eamonn Walker:
Corpo Fechado (2000); O Senhor das Armas (2005); O Mensageiro (2009); Lutador de Rua (2009).
Tom Skerritt:
M.A.S.H (1970); Ensina-me a Viver (1971); Alien, o Oitavo Passageiro (1979); A Hora da Zona Morta (1983); Top Gun: Ases Indomáveis (1986); Onze para o Inferno (1986); Poltergeist III: O Capítulo Final (1988); Rookie: Um Profissional do Perigo (1990); Face a Face Com o Inimigo (1992); Contato (1997); Lágrimas do Sol (2003); A Vingança de um Pistoleiro (2000); Terror na Antártida (2009).
Peter Mensah:
A Filha da Luz (2000); Jason X (2001); Lágrimas do Sol (2003); Mar de Fogo (2004); 300 (2006); O Incrível Hulk (2008); Avatar (2009); 300: A Ascensão do Império (2014).
De fato ,Willis e Fuqua só trabalharam nesse filme. Substitutos(2007) é de Jonathan Mostow. Fuqua dirigiu Assassinos Substitutos( 1998) , seu primeiro longa.
ResponderExcluirBoa Noite (você esqueceu de informar o seu nome).
ResponderExcluirObrigado pela correção e pelo comentário. Um grande abraço.