"A PAZ SÓ REINA COM JUSTIÇA" (TÁCITO)
Michael
Kohlhaas e seu empregado, Cesar, conduzem cavalos para a venda em uma feira
quando percebem a ponte interditada. Michael fica surpreso quando dois homens
lhe informam que a princesa deu ao jovem Barão local a permissão de cobrar
pedágio e lhe exigem uma licença. Michael informa ter passado dezenas de vezes
pela ponte e nunca ter sido necessário. Fazem então um acordo: ele deixará dois
cavalos negros como garantia e irá resgatá-los quando obtiver a licença.
Enquanto segue com os restantes dos cavalos para a feira, seu empregado cuidará
dos animais.
Cesar
percebe que os cavalos estão sendo usados como animais de carga e retira-lhes o
peso. O nobre manda seus empregados darem uma lição em Cesar. Quando Michael
volta, após três meses, vê seus dois cavalos feridos e acabados com a desculpa
de que tiveram que trabalhar para serem alimentados. Quanto a Cesar, alegam que
tentou fugiu com os cavalos e desaparecera. Michael exige a devolução dos
cavalos como os deixou: sadios, limpos e bem alimentados e informa ao lorde que
descobriu que a rainha havia abolido o pedágio. A cobrança e a posse dos
animais era ilegal.
Michael
manda uma carta para a corte julgar a procedência de seu pedido de compensação
e a devolução dos animais cuidados. Recebe uma notificação de que o caso deve
ser encerrado, pois o nobre possui um parente cavaleiro na corte. A carta
sugere ainda que Michael seria um arruaceiro e que deveria ser punido caso
resolvesse seguir com a questão. Ele não aceita a ordem e começa a planejar um
contato com a rainha, mas sua mulher, Judith (Delphine Chuillot), intercede e
combina dela própria levar a carta as mãos da princesa, driblando sua
comitiva, na corte. Michael segue sua vida e aguarda a volta de sua
mulher, mas se depara com sua mulher surrada, ensanguentada e vindo a falecer
em seus braços. Agora nada o impedirá de fazer a justiça que não lhe foi
concedida.
Baseado
no livro de Heinrich von Kleist, Michael Kohlhaas - Justiça e Honra é um filme
franco-germânico e, antes de tudo, trata sobre o que é realmente justiça.
Michael, com sua pequena filha, reúne homens para atacar o nobre. Ele invade
sua propriedade e mata a maioria, mas o nobre escapa. Ele passa a persegui-lo,
tornando-se um fora da lei que incomodará o império vigente.
O filme lembra, conceitualmente, “Coração Valente” com um homem comum sofrendo uma injustiça por parte de um nobre e sendo acobertado pela Lei. Mads Mikkelsen (do ótimo "A Caça" e "007 Cassino Royale") faz o personagem título num filme bem diferente dos habituais. Com um ritmo, muitas vezes arrastado, até mesmo para o cinema europeu, Michael Kohlhaas tinha tudo para ser um grande épico, mas optou por uma direção fria, cuja emoção passou bem longe. Mas não pensem que o filme é ruim. Para quem gosta de produções europeias, mais calcadas na historia do que na virtuosidade visual, pode ser um filme bem proveitoso. A ambientação no século XVI, com um punhado de atores e várias tomadas abertas funcionou muito bem, atrelada a uma fotografia que se destaca quando apresentada à luz do dia, mas o contraste de luzes e sombras tornou o filme, em alguns momentos, demasiado escuro.
O filme lembra, conceitualmente, “Coração Valente” com um homem comum sofrendo uma injustiça por parte de um nobre e sendo acobertado pela Lei. Mads Mikkelsen (do ótimo "A Caça" e "007 Cassino Royale") faz o personagem título num filme bem diferente dos habituais. Com um ritmo, muitas vezes arrastado, até mesmo para o cinema europeu, Michael Kohlhaas tinha tudo para ser um grande épico, mas optou por uma direção fria, cuja emoção passou bem longe. Mas não pensem que o filme é ruim. Para quem gosta de produções europeias, mais calcadas na historia do que na virtuosidade visual, pode ser um filme bem proveitoso. A ambientação no século XVI, com um punhado de atores e várias tomadas abertas funcionou muito bem, atrelada a uma fotografia que se destaca quando apresentada à luz do dia, mas o contraste de luzes e sombras tornou o filme, em alguns momentos, demasiado escuro.
O
maior mérito desta produção é centrar nos conceitos do que é justiça e
ética. A princesa aceita acatar o direito de Michael de ter o seu caso
julgado, desde que deponha as armas e pare sua caçada, mas, em contrapartida, o
levará para julgamento por suas ações em busca de uma justiça que primeiramente
lhe foi negada . Esse paradoxo de que para se ter a justiça merecida, é preciso
tomar ações ilegais para alcançar o resultado desejado, levará o espectador a
reflexão de um sistema que precisa ser justo, mas que também tem que punir. A
forma como se dá a solução para a questão fundiária talvez seja o grande
momento do filme.
Mads Mikkelsen entrou no clima frio do filme (e das locações) e tem poucas falas em expressões contidas, mas mostra que consegue ser um ótimo ator mesmo quando o filme não lhe favorece. Nada daqueles rompantes de interpretação e falas exasperadas dos filmes hollywoodianos ou mesmo cavalgadas desenfreadas e discursos pomposos. Essa opção por fazer um filme com um orçamento mais limitado deu um caráter de certa veracidade, pois a dinâmica do filme segue como seria na vida real. Nada de batalhas épicas ou traições. Apenas um homem e sua busca por justiça. Michael é um homem justo. Não aceita “presentes” dos aldeões, pois entende que o fazem sempre por medo. Ao contrário, exige dar-lhes o pagamento justo pelo que ofertam. Quando um de seu grupo saqueia uma casa, ele o enforca na frente de sua filha e de seu grupo que receberá um soldo por acompanhá-lo. Michael é um homem religioso e uma conversa com o padre, que tenta demovê-lo de seu intento, abre seus olhos para qual será o seu futuro ou a ausência dele. Sua atitude é vista como um péssimo exemplo que pode incitar futuros revoltosos contra a coroa.
Mads Mikkelsen entrou no clima frio do filme (e das locações) e tem poucas falas em expressões contidas, mas mostra que consegue ser um ótimo ator mesmo quando o filme não lhe favorece. Nada daqueles rompantes de interpretação e falas exasperadas dos filmes hollywoodianos ou mesmo cavalgadas desenfreadas e discursos pomposos. Essa opção por fazer um filme com um orçamento mais limitado deu um caráter de certa veracidade, pois a dinâmica do filme segue como seria na vida real. Nada de batalhas épicas ou traições. Apenas um homem e sua busca por justiça. Michael é um homem justo. Não aceita “presentes” dos aldeões, pois entende que o fazem sempre por medo. Ao contrário, exige dar-lhes o pagamento justo pelo que ofertam. Quando um de seu grupo saqueia uma casa, ele o enforca na frente de sua filha e de seu grupo que receberá um soldo por acompanhá-lo. Michael é um homem religioso e uma conversa com o padre, que tenta demovê-lo de seu intento, abre seus olhos para qual será o seu futuro ou a ausência dele. Sua atitude é vista como um péssimo exemplo que pode incitar futuros revoltosos contra a coroa.
O
elenco apresenta bons coadjuvantes. A pequena atriz Mélusine Mayance no papel
da filha de Michael, Lisbeth, tem uma atuação muito segura e chama a atenção
por sua bela interpretação. Roxane Duran que faz a princesa fez o ótimo
filme "A Fita Branca" (2009). David Kross que interpreta o jovem
monge fez "O Leitor" e "Cavalo de Guerra" (2011). Bruno
Ganz como uma extensa filmografia participou de filmes como "Nosferatu'
(1979); "Asas do Desejo" (1987); "A Queda! As Últimas Horas de
Hitler" (2004) e "Desconhecido" (2011) com Lian Neeson. David
Bennent, que faz o empregado e melhor amigo de Michael, participou de filmes
como "O Tambor" (1979) e "A Lenda" (1985). Ou seja, o
elenco ainda que não tenha seus rostos no mainstrem da indústria do cinema, possuem
bons filmes que atestam suas experiências.
Michael
Kohlhaas, conforme informações de quem leu, foi uma adaptação (bem) livre do
livro e muitos reclamaram que a falta de fidelização à obra comprometeu o
filme. Ainda que o filme tenha seus pontos positivos, não é o melhor trabalho
do ator e de seu elenco. Talvez a inclusão de um ritmo mais dinâmico tornasse
tudo mais fácil de ser assistido, principalmente se, em algum momento, houve o
desejo do filme fazer carreira internacional. Aqui, como em algumas partes do mundo,
o costume de exaltar filmes de ação americanos, relega filmes de artes ao
conceito de chatos. Se houvesse um hábito maior de nossas tvs em mostrar filmes
europeus, a quantidade de adeptos com certeza seria maior e filmes como estes
teriam uma aceitação melhor.
Trailer americano:
Trailer em português:
Curiosidades:
Concorreu a Palma de Ouro no festival de Cannes (2013)
Também conhecido como Age of Uprising: The Legend of Michael Kohlhaas
O livro:
Breve filmografia:
Mads Mikkelsen
Pusher (1996); Instintos Diabólicos (2002); Corações Livres (2002); Rei Arthur
(2004); Pusher II: Mãos de Sangue (2004); Depois do Casamento (2006); Saída
(2006); 007 - Cassino Royale (2006); O Guerreiro Silencioso (2009); A Porta
(2009); Fúria de Titãs (2010); Os Três Mosqueteiros (2011); A Caça (2012); Michael Kohlhaas - Justiça e Honra
(2013); A Salvação (2014); Hannibal (seriado 2013-2015); Doutor Estranho (2016); Rogue One: Uma
História Star Wars (2016).
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