quarta-feira, 4 de novembro de 2015

AS TRÊS MÁSCARAS DE EVA / AS TRÊS FACES DE EVA - THE THREE FACES OF EVE (1957) - ESTADOS UNIDOS



MÚLTIPLAS PERSONALIDADES EM UM CASO TIDO COMO REAL

Filme em preto e branco, de 1957, que deu o Oscar de melhor atriz a Joanne Woodward onde interpreta com maestria 3 personagens na história. O filme trata do famoso caso de Transtorno Dissociativo de Identidade (mais conhecido como Transtorno de Múltiplas Personalidades, ou Personalidade Múltipla), um fato real ocorrido com Chris Costner Sizemore (1927) que gerou o filme em questão e cujo personagem passou a chamar-se Eve White. A identidade real de Chris só foi revelada na década de 70. Foi um dos primeiros casos publicados pela dupla de psiquiatras, em 1953, para a Associação Americana de Psiquiatria, Drs  Corbett H. Thigpen e Hervey M. Cleckley um tema que até hoje gera controvérsias no meio. O filme conta a história de Eve White dona de casa em plenos anos 50, na cidade de Georgia,  cujos os costumes sociais diferiam em muito dos nossos atuais.


Nesse contexto encontramos uma esposa tímida e recatada que, de uma hora para outra, começa a ter um comportamento estranho, bem diferente de sua personalidade. Ao ser encaminhada à um psiquiatra, Doutor Curtis Luth (Lee J. Cobb excelente), relata possuir momentos de amnésia completa que chega a durar horas, sempre iniciada de uma forte dor de cabeça. A princípio o Dr Curtis não vê nada de muito complicado e apenas acompanha o caso. Certo dia ao chegar em casa o marido de Eve, Ralph, se depara com roupas caríssimas sobre a cama da esposa. Roupas mais adequadas a uma mulher solteira. Ao ser questionada, Eve diz que pensara que o marido lhe comprara. Ralph liga para a loja e descobre que ela comprou pessoalmente e ainda citou que estaria indo para outra cidade.  Ao tentar confrontar a verdade com Eve, ele vê uma cena chocante: A esposa está enforcando sua filhinha com uma corda como se quisera matá-la. A filha é salva e Eve volta para uma nova sessão com Dr Curtis, onde relata estar sendo vítima de difamação do marido que quer interná-la e assim conseguir uma separação ficando com custódia da filha.
 

No meio da análise surge Eva Black, uma mulher sensual, extremamente extrovertida que informa que não é casada com Ralph e que não tem filha e que sabe a condição de Eva White. Intrigado Cutis chama seu colega de profissão o doutor Francis Day que, no início, acredita estar diante de uma farsa, mas com a volta de Eve White percebe que o caso é muito complicado. A dupla iniciará um acompanhamento das duas Evas que se revezarão em cena, às vezes seguidamente, até que aparece Jane, uma personalidade que Eva White tem simpatia, mas que assusta Black, pois não consegue "ler" seus pensamentos. A entrada de Jane mudará por completo toda a história que nos mostrará um final empolgante e inesperado. 


Hoje um pouco esquecido em nossa programação e Videotecas, As Três Máscaras de Eva é cinema de primeira qualidade, indicado às pessoas que gostam do gênero e que procuram filmes antigos que possa lhes prender até o instante final.
A apresentação do filme começa bem diferente dos demais, com um apresentador narrando que o filme é realmente verdadeiro e não um filme baseado em fatos reais, normalmente preenchido com muita ficção. 


A atuação de Joanne Woodward é extremamente convincente fazendo-nos acreditar que, durante o filme, existem três atrizes atuando. A narrativa é intensa, dramática, repleta de suspense com uma montagem dinâmica, que não perde tempo com cenas sem interesse. A produção fez  questão de concentrar-se em Joanne que leva o filme nas mãos. Para brindar esse grande filme, Lee J. Cobb dá a empatia necessária ao sem personagem, que consegue dialogar com as "três mulheres" e ter a confiança de todas como um doutor, amigo e confidente.
 

As melhores partes são as investidas da desinibida, porém inconveniente, Eva Black sobre o doutor, numa tentativa de seduzi-lo apenas para ver qual o alcance de seu poder. Além das cenas em que o doutor consegue controlar as três personalidades, trazendo à tona para uma conversa toda vez que se faz necessário. Em determinada cena Lee J. Cobb  e Joanne Woodward dão um show de interpretação quando Black & White submergem, uma após a outra em intervalos de minutos. Cena muito difícil de ser feita e que apenas um exagero na interpretação de ambos poderia por abaixo totalmente a credibilidade do filme.


Filme antigo de primeira que gerou até uma canção do extinto grupo musical Siouxsie and the Banshees que gravou a música "Eve White/ Eve Black".


Trailer: 






Eve White / Eve Black (Siouxsie and the Banshees) 





 
Curiosidades:
Lee J. Cobb  teve 2 indicações ao Oscar: Sindicatos dos Ladrões (1954) e Os Irmãos Karamazov (1958) na categoria Ator Coadjuvante.

Joanne Woodward foi indicada 4 vezes ao Oscar : As 3 (Faces) Máscaras de Eva (Oscar) ; Rachel, Rachel (1968); Lembranças (Summer Wishes, Winter Dreams) (1973) e Cenas de Família (Mr. & Mrs. Bridge) (1990) todas na categoria Melhor Atriz. Foi casada com o ator Paul Newman entre 1958 e 2008


A escritora Janete Clair, ao escrever a novela "Os Irmãos Coragem", baseou-se no livro "Os Irmãos Karamazov" de Dostoiévski para criar os irmãos e em "As Três Faces (Máscaras) de Eva" para criar Laura (Glória Menezes) que possuía três personalidades distintas.
 
Foi o primeiro filme de Joanne como protagonista


Cartaz:




Filmografia Parcial:
Joanne Woodward (1927):









As 3 Máscaras de Eva (1957); O Mercador de Almas (1958); Sublime Loucura (1966);  Rachel, Rachel (1968); O Preço da Solidão (1972);Se Não Me Mato, Morro! (1978); Meu Pai, Eterno Amigo (1984); Cenas de uma Família (1990); Filadélfia (1993);
 
Lee J. Cobb (1911–1976):









A Canção de Bernadette (1943); Sindicato de Ladrões (1954); 12 Homens e uma Sentença (1957);  As 3 Máscaras de Eva (1957); Os Irmãos Karamazov (1958); Exodus (1960); Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse (1962); A Conquista do Oeste (1962); Flint Contra o Gênio do Mal (1966); Meu Nome É Coogan (1968); O Ouro de Mackenna (1969); A Libertação de L. B. Jones (1970);  O Exorcista (1973)

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