QUANDO TORNAR-SE
CONHECIDO É O ÚNICO OBJETIVO NA VIDA
Cinebiografia
do “detento mais violento da Gra-Bretanha”, Michael Gordon Peterson (1952),
autodenominado "Charles Bronson", uma alusão ao famoso ator de
inúmeros filmes americanos. Começou sua vida em presídios a partir de 19 anos
em 1974, cumprindo perpétua até hoje, na maioria do tempo em uma solitária. Foi
transferido 120 vezes por seu comportamento extremamente violento, onde agredia
guardas e fazia reféns. Passou 69 dias em liberdade e voltou a prisão, na qual
permanece até hoje em confinamento. Envolveu-se em lutas clandestinas, foi
transferido para sanatórios (aos 27 anos), casou-se pela segunda vez,
converteu-se ao islamismo e após, separar-se novamente, renunciou ao islã. Toda
essa loucura em prol de apenas um objetivo: tornar-se famoso.
Bronson
é um filme independente britânico incomum. Realizado pelo diretor Nicolas
Winding Refn de filmes como: a trilogia “Pusher”; “O Guerreiro Silencioso” e “Drive”, com o ator Tom Hardy de
filmes como: “Jornada nas Estrelas- Nemesis”; “A Origem”; “O Cavaleiro das
Trevas Ressurge” e “Mad Max - Estrada da Fúria”, mostra-se
uma produção com várias facetas.
O diretor resolveu mostrar a vida de Bronson (atualmente autodenominado Charles Salvador, em homenagem a Salvador Dali) de um modo bem pessoal (apesar de iniciar o filme na sua fase adulta). Tom Hardy teve grande influência no trabalho de Refn, pois sua atuação é visceral. O ator entrou literalmente no personagem, alternando momentos de loucura extrema e violência com pitadas de humor negro. O espectador fica sempre aguardando quando Bronson terá outros de seus surtos e atacará com fúria incontrolável.
O diretor resolveu mostrar a vida de Bronson (atualmente autodenominado Charles Salvador, em homenagem a Salvador Dali) de um modo bem pessoal (apesar de iniciar o filme na sua fase adulta). Tom Hardy teve grande influência no trabalho de Refn, pois sua atuação é visceral. O ator entrou literalmente no personagem, alternando momentos de loucura extrema e violência com pitadas de humor negro. O espectador fica sempre aguardando quando Bronson terá outros de seus surtos e atacará com fúria incontrolável.
O filme alterna momentos curiosos: Bronson é mostrado, em algumas partes, como um artista em cima de um palco contanto sua vida e entretendo as plateias. Talvez a ideia seja passar o que realmente Bronson queria: um palco e uma plateia entusiasmada à aplaudir os momentos de sua vida, obviamente, sob sua ótica. Esse estratagema pode ser considerado uma faca de dois gumes: agrada a algumas pessoas pela narrativa bem diferente do cinema atual ou desagrada outros pela “quebra” da ação, numa interpretação literalmente teatral. Mas é inegável que, em qualquer das situações criadas no filme, o ator saiu-se muito bem com seu sorriso irônico e sua face que contrasta fúria, dor e irreverência.
Ainda
que o filme passe uma ideia de glamorização de um personagem controverso é, sem
duvida, exatamente uma crítica a esse fenômeno de nossos tempos: a necessidade,
a qualquer custo de torna-se uma celebridade. De tornar-se conhecido. Algo bem
diferente do “ Quem sou e de onde vim?“. Aqui seria algo mais como: O que serei
e o que posso fazer para tornar-me visível?. Bronson é uma vítima do seu
próprio tempo, onde a idolatria desmedida alcança patamares “sui generis”. Onde
muitos buscam a fama a qualquer preço, mas se escondem por trás de máscaras.
Nesse quesito, pelo menos, Bronson é sincero. Ele quer ser famoso e ponto. O
seu palco é a prisão, os coadjuvantes desta tragicomédia são todos que o
desagradam. O diretor mostra um personagem que vive do confronto, mesmo
sabendo que no final levará a pior. Muito pior. Mas Bronson só diminui o ritmo
para recuperar-se fisicamente dos espancamentos e depois voltar ao que mais
gosta: brigar com os guardas. As prisões são o seu lar, lutando, batendo,
apanhando, se destruindo, mas sendo considerado uma celebridade com
direito a livros, pinturas, documentários e até esse filme em questão.
A
trilha sonora é bem eclética, mas funciona dentro de cada situação. Temos Doris
Day, Pet Shop Boys, New Order e as eruditas como Verdi, Wagner, Puccini, Strauss
e outras composições. Essa salada de estilos poderia não dar muito certo,
mas houve a harmonia necessária para que que o espectador pudesse “sentir” as
emoções de Bronson
Bronson
pode não ser um filme clássico, mas a atuação de Hardy é. Com certeza será
lembrado por sua performance em um filme que não se tornou muito conhecido e
que a promoção do filme o cita como a nova "Laranja Mecânica".
Bronson está muito longe do filme de Kubrick. Talvez alguns movimentos de
câmera e o personagem de Hardy possam até lembrar. Se o roteiro revelasse o
panorama político da Grã- Bretanha, com a juventude do personagem a época (que
levou em 1979, à subida do poder, Margareth Thatcher como Primeira Ministra do
Reino Unido), poderia acrescentar um algo mais, pois muitas vezes quando um
filme é feito, os produtores ignoram que ele será exportado e que as pessoas
não conhecem fatos da história do país de origem da obra.
Bronson não é uma vítima do sistema, é apenas uma determinada pessoa dentro do sistema. Uma mente complexa, um estudo de caso, num filme interessante, que deveria ser melhor divulgado.
Trailer (em inglês) :
Documentário da Tv (em inglês, sem legendas)
:) :
Curiosidades:
Michael Peterson, também conhecido como Charles Bronson, mudou seu nome para Charles Salvador.
Charles Bronson não teve permissão para ver o filme, mas disse que se sua mãe gostasse, isso seria suficiente para ele. De acordo com Refn, sua mãe adorou. Em 2011, Bronson finalmente foi autorizado a ver o filme e o chamou de "teatral, criativo e brilhante".
O diretor só
pode ter 2 telefonemas com Michael.
Tom Hardy
passou por uma transformação física para encarar o papel ganhando quase 20
quilos.
A frase "foi uma loucura absoluta no seu melhor" foi escrita pelo próprio Charles Bronson para o filme e contada a Nicolas Winding Refn durante um de seus telefonemas.
Charles Bronson raspou o bigode e o enviou para Tom Hardy para que pudesse ser transformado em um bigode solto para Hardy usar.
Michael
Gordon Peterson nunca matou ninguém .
Tom Hardy
foi indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante pelo filme "O
Regresso" de 2015.
Nicolas Winding Refn não teve permissão para se encontrar pessoalmente com Charles Bronson, já que ele não é da Grã-Bretanha, mas foi autorizado a fazer duas ligações telefônicas com ele. Tom Hardy se encontrou com Bronson várias vezes e os dois se tornaram bons amigos. Bronson ficou impressionado com a forma como Hardy conseguiu ficar tão musculoso quanto ele e como ele conseguia imitar sua própria personalidade e voz. Bronson afirmou que acredita que Hardy era a única pessoa que poderia interpretá-lo.
Bronson é ocasionalmente visto usando um pequeno par de óculos escuros. Estes não são acessórios. De acordo com o Bronson da vida real, seus anos em unidades solitárias mal iluminadas danificaram tanto sua visão que ele precisava de lentes escuras apenas para ler.
Embora Michael "Charles Bronson" Peterson tenha gostado muito do filme, ele criticou o retrato dele como um ávido entusiasta da vida na prisão. Ele declarou que absolutamente odeia a prisão e sofreu trauma físico e mental de seu tempo de serviço.
Jason Statham foi originalmente convidado para interpretar Charles Bronson, mas conflitos de agenda o impediram de aparecer neste filme.
Embora o verdadeiro Charles Bronson nunca tenha matado ninguém, ele está cumprindo prisão perpétua.
Ao contrário da crença popular, Tom Hardy não fazia 2.500 flexões por dia em preparação para o papel de Bronson. A confusão e a razão para esse boato é que o próprio Charlie Bronson (Michael Peterson) era quem fazia 2.500 flexões por dia na época em que Hardy estava se reunindo com ele para reunir informações para o roteiro do filme. O próprio Hardy negou esse boato durante uma entrevista no final de 2009 com Michael Slenke da Interview Magazine. A entrevista completa está disponível no site da revista. A entrevista é intitulada Rough Character (Caráter áspero).
Premiações:
British Independent Film Awards 2009 - Melhor Ator - Tom Hardy
Sydney Film
Festival 2009 – Melhor Filme
Filmografia Parcial:
Tom
Hardy
Falcão Negro em Perigo (2001); Jornada Nas Estrelas: Nêmesis (2002); Maria
Antonieta (2006); Bronson (2008); Jogo Entre Ladrões (2009); O Morro dos Ventos
Uivantes (Mini-série) (2009); O Espião Que Sabia Demais (2011); Mad Max: Estrada da Fúria (2015);
O Regresso (2015); Dunkirk (2017).
Boa noite, luis. Após um hiato retorno a seu site para falar desse filme realmente incomum. A atuação de Tom Hardy é notável e é o que alimenta essa película que por vezes se torna monótona ao percebermos que há poucas variantes. Assisti movido pela curiosidade em conhecer um personagem desajustado e mentalmente instável que, apesar de passar mais da metade de sua vida preso, pasmem, nunca matou ninguém. Vale uma conferida, mas certamente não entrará para a lista de grandes clássicos e embora a promoção mencione Laranja Mecânica, não há comparar as obras. Forte abraço.
ResponderExcluirOlá Janerson. Bem-vindo de volta.
ResponderExcluirBronson é um filme pouco conhecido, possuindo em alguns momentos, como você bem citou, um ritmo mais cadenciado. A atuação de Hardy é a força motriz do filme. Enfim, realmente não é um clássico, mas é indicado aqueles que gostam também de filmes não comerciais. Um grande abraço.