quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

DRIVE / DRIVE (2011) - ESTADOS UNIDOS



UM FILME FORA DA MESMICE DO CINEMA ATUAL

Oriundo do livro de James Sallis, publicado em 2005, Drive, não se encaixa propriamente em um gênero. Não é um filme de ação propriamente dito, pois sua narrativa em muitos momentos flui de forma mais lenta; não seria romance, apesar de haver um fio condutor na trama que seria o ponto de partida para as ações; não seria um filme de super-heróis, pois o personagem não tem poderes ou uma caverna. No final é uma junção de ação-romance-herói em um formato que lembra os filmes de caubóis solitários, aqui transportado para o século XXI. Os traços que apontam essa conclusão são até certo ponto interessantes. Nosso herói (ou seria anti-herói?) é um sujeito calado que um dia aparece pedindo emprego (o pistoleiro solitário?). Sua especialidade são carros (cavalos?) na qual faz um bico trabalhando como dublê de cenas de carros em filmes. 



O personagem (que não tem nome revelado no filme) é um sujeito frio, tal como Eastwood em alguns de seus filmes: metódico e de poucas palavras. Nosso caubói moderno trabalha como dublê que, nas horas vagas pratica assaltos, como motorista de fuga e tem que salvar uma donzela (na verdade casada) em perigo, junto com seu filho, ameaçados por gângsteres (vilões modernos do velho oeste), que obrigam o marido (Oscar Isaac, o vilão de X-Men: Apocalipse) da jovem a saldar uma dívida.  Qualquer inspiração com o clássico “Os BrutosTambém  Amam” (Shane) pode não ser mera coincidência.



Apaixonado pela jovem garçonete (Carey Mulligan), nosso herói resolve ajudá-la: ele será um motorista em um assalto a uma joalheria. “Drive” terá sua vida virada de ponta cabeça e uma personalidade nada interessante aflorará. Os vilões mexeram com um motorista (leia-se pistoleiro) desconhecido e agora pagarão por isso. 
O jeito de atuar do nosso "Driver" (agora com um r) lembra o personagem de Jason Stathan no primeiro Adrenalina, onde utiliza seu carro para fazer trabalhos (leia-se assaltos) e retorna insuspeitamente à sua rotina diária, tudo meticulosamente calculado e acordado antes, com um tempo exato de espera. 



Ryan Goslling conseguiu mostrar novamente sua versatilidade para diversos papéis e construiu um personagem de poucas falas, misterioso e até certo ponto sociopata, que segue seus instintos e verdades sem mudar sua trajetória. Os vilões são um show a parte: Albert Brooks mais conhecido por fazer filmes dramáticos ou papéis de bonzinho em filmes como “Um Visto Para o Céu” surpreende como um gângster de caráter dúbio. Sua melhor fala sintetiza um pouco de sua personalidade: ao estender a mão para cumprimentar Driver este lhe informa que no momento suas mãos estão sujas. Bernie lhe replica: “as minhas também”. Essa simples e genial frase mostra exatamente quem é Bernie, sem necessitar de Flashbacks sangrentos ou historinhas. O filme não tem tempo para isso e o que importa é o agora é o futuro. O que os personagens fizeram antes não interessa ao roteiro. Assim como também sabemos pouco sobre o marido de Irene: apenas diz ter vergonha do que fez. 


Outro que está muito bem é o ator Ron Perlman (Hellboy, Caça as Bruxas e Skin Trade), como Nino, um italiano mafioso dono de uma pizzaria. Cruel e ineficiente, Nino será o estopim de toda a confusão que em que "Drive" se envolverá. Carey Mulligan (Irene) consegue passar aquele ar de mulher desprotegida, bonita e à procura de uma paixão verdadeira. Nesse quesito a atriz se sai muito bem. E para terminar, a participação do excelente ator do seriado Breaking Bad, Bryan Cranston, como Shannon.



Neste faroeste moderno sobre rodas, em que a ação sem limites (dos atuais filmes) fica de lado e centra mais na construção de uma história com personagens bem definidos, deixa bem claro que o filme não fica em cima da parede. Pode desagradar pelo, já mencionado, contexto com menos ação do que o normal, pode agradar exatamente por esse motivo, onde os personagens são tudo na história, com uma narrativa seca e direta, aliado a um clima noir, em que o diretor não perde tempo com questões filosóficas. Aqui tudo é direto e em uma linha contínua, mas não pense que o filme é ruim. 




Na verdade o diretor dinamarquês Nicolas Winding Refn fez um filme díspar, mas com um magnetismo fortíssimo. Quem assistiu outras produções de sua autoria como a trilogia "Pusher", "O Guerreiro Silencioso" e "Bronson" saberá que sua condução da narrativa é algo bem diferente do cotidiano. Refn tem um olhar único sobre os ângulos com que filma suas cenas. Tem uma ótima direção de atores  e prende o espectador com uma direção firme e uma temática adulta.



Filme ideal para quem quer assistir a um produto fora dos padrões, com uma história criativa em estilo noir,  ótimas atuações e cenas de ação na medida certa que a história pede.  A trilha sonora é um achado e adequada ao filme..

Trailer:



Curiosidades:
O Orçamento foi em torno de 15 milhões e arrecadou mais de 76 milhões mundo afora.

Indicado ao Oscar de Melhor edição de som.

Premio de Melhor diretor no Festival de Cannes 2011.

Ryan Gosling foi indicado ao Oscar de Melhor Ator por "Half Nelson - Encurralados".

Trilha Sonora:
Nightcall - Vincent Belorgey (como Kavinsky)
Under Your Spell  - Desire
A Real Hero - College
Oh My Love - Riz Ortolani
Tick of the Clock - Chromatics
Back in Toon - Craig Riley


Filmografia Parcial:

Ryan Gosling

     
  








O Jovem Hercules (seriado 1998-1999); Cálculo Mortal (2002); Diário de uma Paixão (2004); Half Nelson - Encurralados (2006); A Garota Ideal (2007); Drive (2011); Amor a Toda Prova (2011); Caça aos Gângsteres (2013); A Grande Aposta (2015); Blade Runner 2049 (2017).

Carey Mulligan


 




  




Orgulho & Preconceito (2005); Inimigos Públicos (2009); Entre Irmãos (2009); Wall Street: O Dinheiro Nunca Dorme (2010);  Drive (2011); Shame (2011); O Grande Gatsby (2013); As Sufragistas (2015).



Bryan Cranston


 








 



O Retorno do Homem de Seis Milhões de Dolares e da Mulher Bionica  (1987); As Amazonas na Lua (1987); Acima da Lei (1993); The Wonders: O Sonho Não Acabou (1996); O Resgate do Soldado Ryan (1998); Pequena Miss Sunshine (2006); O Substituto (2011); Drive (2011); Contágio (2011); John Carter: Entre Dois Mundos (2012); Rock of Ages: O Filme (2012); O Vingador do Futuro (2012); Argo (2012); Godzilla (2014); Trumbo - Lista Negra (2015).

Albert Brooks


 








Taxi Driver (1976); A Recruta Benjamin (1980); No Limite da Realidade (1983); Infielmente Tua (1984); Nos Bastidores da Notícia (1987); Um Visto Para o Céu (1991); A Musa (1999); Drive (2011); Bem-vindo aos 40 (2012); Um Homem Entre Gigantes (2015).

Oscar Isaac


 











Jesus - A História do Nascimento (2006); Rede de Mentiras (2008); Alexandria (2009); Robin Hood (2010); Drive (2011); O Legado Bourne (2012); O Ano Mais Violento (2014); Ex_Machina: Instinto Artificial (2015); Star Wars: O Despertar da Força (2015); X-Men: Apocalipse (2016); Star Wars: Episode VIII (2017).

Christina Hendricks


 











O Substituto (2011); Drive (2011); O Diário de Carson Phillips (2012); Lugares Escuros (2015); Zoolander 2 (2016); Demônio de Neon (2016); Papai Noel às Avessas 2 (2016); Te Pego na Saída (2017).


Ron Perlman

 









A Guerra do Fogo (1981); Piratas das Galáxias (1984); O Nome da Rosa (1986); Sonâmbulos (1992); A Ilha do Dr. Moreau (1996); Alien - A Ressurreição (1997); O Guardião do Rei (2000); Círculo de Fogo (2001); Blade II - O Caçador de Vampiros (2002); Jornada Nas Estrelas: Nêmesis (2002); Hellboy (2004); Em Nome do Rei (2007); Hellboy II: O Exército Dourado (2008);    Outlander: Guerreiro vs Predador (2008); Caça às Bruxas (2011); Drive (2011); Conan, o Bárbaro (2011); Skin Trade - Em Busca de Vingança (2014).

2 comentários:

  1. Eu amo muito o trabalho do Ryan gosling. Um dos aspectos mais importantes de cada produção é o seu elenco, pois deles despende que a história seja caracterizada corretamente. Ancho que Blade Runner 2049 é umo dos mellhores filmes do Ryan Gosling é bom e eu já quería ver quando vi o trailer, ancho fizeram uma eleição excelente ao eleger os atores. Gostei muito desta história, acho que é perfeita para todo o público.

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    1. Boa noite Monica. Sim Ryan Gosling é um ótimo ator. Sua atuação em La La Land também foi ótima. Blade Runner 2049 vale muito a pena e, se assistir, busque os curtas animados que produziram para explicar o filme. Coloquei os links na postagem da análise de Blade Runner. O elenco faz muita diferença no sucesso do filme, assim como um diretor hábil para extrair as melhores interpretações. Obrigado por mais este comentário. Um grande abraço

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