UMA CÂMERA NA MÃO E UM RESULTADO MUITO INTERESSANTE
Dois
amigos resolvem partir em uma viagem de um ano ao redor do mundo documentando e
postando na Internet. A viagem planejada pela dupla é especial para Derek Lee
(Derek), que possui uma anomalia no cérebro que pode lhe causar um aneurisma e
até mesmo levá-lo à morte. Derek, a contragosto da família, resolve embarcar na
viagem com Clif Prowse (Clif) no medo de estar incapacitado em um futuro bem
próximo e ter perdido a chance de aproveitar a vida. Tudo começa a mudar quando
a dupla reencontra alguns amigos da banda de rock "Unalaska" em Paris e
estes decidem que Derek deve conquistar uma mulher. Surge Audrey (Baya Rehaz),
uma mulher que sai com Derek. Resolvendo fazer uma pegadinha com o rapaz o
grupo vai atrás, mas quando entram no quarto vêem Derek ferido e inconsciente.
Audrey desaparecera e restou apenas alguns de seus pertences. Com medo de ir
para o hospital e perceberem o seu problema cerebral, Derek minimiza os acontecimentos
e segue viagem com Clif para a Itália. Porém, a cada dia, Derek piora: começa a
sentir-se muito mal, tendo mal estar ao alimentar-se, e seu aspecto físico
nitidamente piora. O mais estranho é que, no meio desse processo, Derek começa
a perceber que sua força e velocidade aumentaram muito e suas crises na mesma
escala. De acordo com que o tempo passa, Derek parece cada vez mais perigoso,
criando situações de risco que colocam a polícia no encalço da dupla.
Infectado (Afflicted, um termo para designar pessoas atacadas por uma desordem ou doença mental) é uma produção canadense de 2013 nos estilo "Found footage" (filmes que se passam por um documentário, com uma filmadora para dar a sensação de realidade) podem dar certo ou muito errado. Exemplo: REC, Atividade Paranormal, Cloverfield e a mais famosa, nesse estilo, A Bruxa de Blair. O filme teve o seu custo em US 318.000,00, ou seja, é uma produção de baixo orçamento, mas, muitas vezes, não parece. O diretor tem um domínio de posicionamento de câmera que contorna situações que poderiam estragar o filme. Inicia meio despretensioso e, devido ao roteiro esperto, prende a atenção, trazendo um novo fôlego ao gênero que parecia estar quase moribundo. O que se deve deixar bem claro que o filme não é sobre uma doença que vai infectando populações inteiras. O título brasileiro sugere esse entendimento, mas aos poucos as situações começam a brotar e fica mais claro o tipo de filme que está passando
A ideia de filmar em três
países, Itália, Espanha e França, mostra que a dupla pensou bem em como utilizar
os seus recursos “in loco”, ao mesmo tempo em que propicia ao espectador
imagens “naturais” dos países, sem digitalização. O espectador vai aos poucos
sendo pego pela dupla de protagonistas que tentam resolver seus problemas das
formas mais inusitadas e, em alguns momentos, até divertidas. O interessante é
que a falta de grandes efeitos digitalizados contribuiu para aquele cinema meio
autoral, onde a história e o diretor são tudo. Muito do que se vê é formado na
mente de quem assiste e este é um grande aspecto, pois o espectador é obrigado
a “entrar no clima” do filme e torcer pelos protagonistas ou pelo menos
acompanhar suas angústias até o final bem bolado.
Na
verdade, "Infectado" poderia ser facilmente classificado como a
produção do meio, ou seja , ele abre brechas que permitem contar os fatos
anteriores a este filme, como a origem de Aubrey, e os posteriores em uma
continuação, revelando o destino dos personagens. O que normalmente ocorre em
filmes com mais recursos é que passam a ter suas finanças controladas, com
tempo estabelecido e ideias (leia-se criatividade) podadas, isso quando o
diretor termina sendo pressionado a seguir as determinações do estúdio “do que
realmente a plateia deseja”. Por isso, creio que uma continuação com total
liberdade e um orçamento um pouco maior podem ser bem-vindos. A dupla de
diretores / roteiristas e atores centrais devem ter deixados muitos de boca
aberta ao produzirem um filme com tão baixo recurso e repleto de grande criatividade,
onde gastam-se milhões em produções insossas ou que naufragam totalmente. E, de
repente, uma dupla de adultos, que mais parecem saídos da adolescência,
utilizam a máxima “uma câmera na mão e uma boa ideia” e mostram que, para se
fazer um filme de horror, não são necessários baldes de dinheiro. Talento,
criatividade e perseverança podem fazer uma baita diferença.
Infectado ganhou prêmios no Fantastic Fest
(Texas), nos Festivais de Stiges (Espanha) e Toronto (Canadá) que são festivais
de renome. Por onde passou deixou sua marca. O filme em si não é nenhuma obra
prima e muitos reclamarão exatamente de sua falta de recursos e efeitos de
primeira linha. Alguns dirão que uma refilmagem com um orçamento decente
permitiria uma obra que valesse a pena. Bobagem . Infectado não deve ser
refilmado, para que possa lembrar a alguns diretores que existe muita gente boa
com possibilidades, ainda que ocasionalmente, capazes de criarem um produto de
qualidade. E o público tem que entender a dinâmica de ser fazer um filme em que
se cata dinheiro na família e preenche os papéis secundários com amigos. Um
filme para aqueles que gostam de assistir produções de terror sem a necessidade
de terem sido feitos com algum grande ator como chamariz ou diretor de renome
ou, até mesmo, patrocinado por um grande estúdio. Uma boa pedida para
quem estuda cinema e quer uma boa referência sobre bons filmes de baixo
orçamento.
Trailer em
inglês :
Curiosidades:
Em uma entrevista, os diretores informaram que a parede não era tão mole quanto imaginavam e que a mão de Derek ficou quase um ano lesionada.
O filme é de 2013, mas foi lançado comercialmente em 2014
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