BOM ROTEIRO EM UM FILME CURIOSO
Grupo
de anarquistas autointitulado “O Sistema” ameaça as grandes corporações por
suas atitudes em destruir o ecossistema da terra. Sarah Moss (Brit
Marling) trabalha para uma empresa que vende proteção à essas empresas, através
do mapeamento e destruição dessas "células". Sarah consegue
estabelecer contato e repassar seu progresso à sua chefe que colhe informações,
junto ao FBI, para desmantelar o grupo. De acordo com que passa a acompanhar o
grupo a jovem começa a ter uma visão bem diferente do que esperava e fica na
dúvida: executa o seu serviço ou une-se à causa ?
"O
Sistema" (título nacional pouco criativo e sem nenhum atrativo) é um filme
com um roteiro que se parece com vários já lançados, mas este é um filme da
produtora Scott Free Productions, do filme Prometheus, cujos fundadores
são nada menos que Ridley Scott e Tony Scott (1944 -2012). Logo, leva um selo
de qualidade na produção.
Sarah
recebe ordens de sua chefe, Sharon (Patricia Clarkson), para investigar o que a
mídia chama de eco-terroristas, um grupo que age dentro do próprio país
atacando empresas. A jovem passa a atuar como uma mochileira, levantando
informações de supostos suspeitos. Ao ver uma bússola apontado para o
Leste (por isso o nome do filme: East) que, independente de sua posição o
ponteiro não se move, num furgão de um suposto hippie, Sarah percebe a sutil
marca do grupo. Conquistando a confiança do motorista, consegue chegar ao
grupo. No local conhece Benji (Alexander Skarsgård), Izzy (Ellen Page), Doc
(Toby Kebbell) e o restante do grupo, com direito a um filosófico jantar sem
utilizar as mãos ( por sinal já houve comercial com este tema), Sarah descobre
que a motivação do grupo se deve a questões pessoais. Um doutor que consumiu um
remédio que encerrou sua carreira, um ex-milionário que percebeu facetas do
mundo que lhe desapontaram são alguns exemplos.
"O
Sistema" aborda um assunto polêmico: o eco-terrorismo. Até que ponto os
meios justificam os fins? Essas atitudes seriam o meio correto de resolverem a
situação? O grupo de Benjim seria apenas uma célula dentro de todo um sistema
(daí o título nacional) com a missão de atacar empresas poluidoras, através de
seus membros. Sarah, à medida que conhece o grupo, passa a entender seus motivos
e cria certa simpatia e empatia com o grupo, apesar das recomendações de sua
chefe de que isso poderia acontecer. O filme começa a mostrar as ações do grupo
e a dualidade de sentimentos que Sarah demonstra. O diretor Zal
Batmanglij que, além de dirigir, divide o roteiro com a atriz Brit Marling (que
também escreveu e atuou no filme, pouco compreendido, A Outra Terra) resolveu
não pegar pesado e tentou fazer com que o público também tivesse simpatia pelo
grupo e até torcesse pelos “heróis”, uma armadilha muito bem escrita, visto que
no final o espectador ficará pensando em qual linha de ação será a que melhor
gerará resultados e qual os reais motivos por trás das atitudes desse grupo,
mostrando que devemos sempre pensar por nós mesmo e não nos levarmos por
filosofias que até parecem corretas, mas que só são questionadas por pessoas
com conhecimento e sem medo de pensar.
O
Sistema tem acertos e falhas. Os acertos estão, sem dúvida, no roteiro que vai
se desvendando aos poucos, sem revelar tudo e perder a graça do filme. Os
atores estão muito bem e o quinteto Marling, Page, Skarsgård, Kebbell e
Clarkson se destacam (até porque ficaram com as melhores cenas e diálogos),
colocando o restante em papéis secundários sem muita chance de brilharem mas,
ainda assim, tiveram um desempenho competente. Os erros ficam por conta do
ritmo do filme: desacelerado em algumas (poucas) partes, chegando à monotonia,
além da falta de uma carga mais dramática. O diretor realizou algumas cenas,
como a da festa e a do casal de executivos, com pouca emoção. Num momento
crucial, que deveria ser um dos grandes momentos para a personagem Ellen Page,
vemos pouco entusiasmo no que acontece e depois no que virá. Esses fatos,
aliados as duas vidas que Sarah vive, deveriam ter sido melhor
exploradas, mas em algum momento parece que resolveram acelerar a história,
deixando algumas lacunas.
Sabem
daquele ditado “às vezes, mais é menos”?. Neste caso não se aplica. Algumas
vezes simplificar pode prejudicar o todo. Mas não deixe se levar pelos aspectos
negativos, pois há ótimos momentos: como quando Sharon, chefe de Sarah, usa a
psicologia para fazer uma rápida análise do comportamento de sua pupila, após
os incidentes. Ou até mesmo no comportamento da empresa que Sarah trabalha,
quando Sharon recebe uma informação que poderia salvar vidas e diz: “eles não
são meus clientes”. Afinal, Sarah é a rainha no tabuleiro de xadrez ou apenas
um peão ?
Quem escolher assistir ao filme verá uma
produção competente, tanto nas atitudes dos protagonistas quanto das empresas
ávidas por lucro que destroem qualquer coisa que as permitam prosperar. Apesar
de não se aprofundar nas questões sócio - econômicas, a trama cumpre seu papel
que é de questionar. Se prestarmos muita atenção, a direção não toma partido (apesar
de parecer). Sua principal virtude é deixar que o espectador, ao final do
filme, tire suas próprias conclusões
Trailer legendado:
Filmografia Breve:
Brit Marling:
A Seita Misteriosa (2011); A Outra Terra (2011); A Negociação (2012); A Negociação (2012); Sem Proteção (2012); O Sistema (2013); O Universo no Olhar (2014); Um Refúgio (2014); Babylon (seriado 2014); The OA (seriado 2016-2019)
Ellen Page:
Menina Má.Com (2005); X-Men: O Confronto Final (2006); Um Crime Americano
(2007); Juno (2007); A Origem (2010); X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (2014).
Zoolander (2001); Saída (2006); 13 - O Jogador (2010); Melancolia (2011); Sob o
Domínio do Medo (2011); Battleship: A Batalha dos Mares (2012).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Olá Cinéfilos.
Obrigado por visitarem minha página.
Estejam à vontade para comentarem, tirarem dúvidas ou sugerirem análises.
Os comentários sofrem análises prévias para evitar spans. Tão logo sejam identificados, publicarei. Quaisquer dúvidas, verifiquem a Política de Conduta do blog.
Sua opinião e comentários são o termômetro do meu trabalho. Não esqueça de informar o seu nome para que possa responder.
Visitem a minha página homônima no Facebook onde coloco muitas curiosidades sobre cinema , séries e quadrinhos (se puderem curtir ajudaria). Comentários que tragam e-mails e telefones não serão postados
Bem-vindos.
Cinéfilos Para Sempre