quinta-feira, 27 de agosto de 2015

O SISTEMA / THE EAST (2013) - ESTADOS UNIDOS / INGLATERRA



BOM ROTEIRO EM UM FILME CURIOSO

Grupo de anarquistas autointitulado “O Sistema” ameaça as grandes corporações por suas atitudes em destruir o ecossistema da terra. Sarah Moss  (Brit Marling) trabalha para uma empresa que vende proteção à essas empresas, através do mapeamento e destruição dessas "células". Sarah consegue estabelecer contato e repassar seu progresso à sua chefe que colhe informações, junto ao FBI, para desmantelar o grupo. De acordo com que passa a acompanhar o grupo a jovem começa a ter uma visão bem diferente do que esperava e fica na dúvida: executa o seu serviço ou une-se à causa ?


"O Sistema" (título nacional pouco criativo e sem nenhum atrativo) é um filme com um roteiro que se parece com vários já lançados, mas este é um filme da produtora Scott Free Productions, do filme  Prometheus, cujos fundadores são nada menos que Ridley Scott e Tony Scott (1944 -2012). Logo, leva um selo de qualidade na produção.


Sarah recebe ordens de sua chefe, Sharon (Patricia Clarkson), para investigar o que a mídia chama de eco-terroristas, um grupo que age dentro do próprio país atacando empresas. A jovem passa a atuar como uma mochileira, levantando informações de supostos suspeitos.  Ao ver uma bússola apontado para o Leste (por isso o nome do filme: East) que, independente de sua posição o ponteiro não se move, num furgão de um suposto hippie, Sarah percebe a sutil marca do grupo. Conquistando a confiança do motorista, consegue chegar ao grupo. No local conhece Benji (Alexander Skarsgård), Izzy (Ellen Page), Doc (Toby Kebbell) e o restante do grupo, com direito a um filosófico jantar sem utilizar as mãos ( por sinal já houve comercial com este tema), Sarah descobre que a motivação do grupo se deve a questões pessoais. Um doutor que consumiu um remédio que encerrou sua carreira, um ex-milionário que percebeu facetas do mundo que lhe desapontaram são alguns exemplos.


"O Sistema" aborda um assunto polêmico: o eco-terrorismo. Até que ponto os meios justificam os fins? Essas atitudes seriam o meio correto de resolverem a situação? O grupo de Benjim seria apenas uma célula dentro de todo um sistema (daí o título nacional) com a missão de atacar empresas poluidoras, através de seus membros. Sarah, à medida que conhece o grupo, passa a entender seus motivos e cria certa simpatia e empatia com o grupo, apesar das recomendações de sua chefe de que isso poderia acontecer. O filme começa a mostrar as ações do grupo e a dualidade de sentimentos que Sarah demonstra.  O diretor Zal Batmanglij que, além de dirigir, divide o roteiro com a atriz Brit Marling (que também escreveu e atuou no filme, pouco compreendido, A Outra Terra) resolveu não pegar pesado e tentou fazer com que o público também tivesse simpatia pelo grupo e até torcesse pelos “heróis”, uma armadilha muito bem escrita, visto que no final o espectador ficará pensando em qual linha de ação será a que melhor gerará resultados e qual os reais motivos por trás das atitudes desse grupo, mostrando que devemos sempre pensar por nós mesmo e não nos levarmos por filosofias que até parecem corretas, mas que só são questionadas por pessoas com conhecimento e sem medo de pensar.


O Sistema tem acertos e falhas. Os acertos estão, sem dúvida, no roteiro que vai se desvendando aos poucos, sem revelar tudo e perder a graça do filme. Os atores estão muito bem e o quinteto Marling, Page, Skarsgård, Kebbell e Clarkson se destacam (até porque ficaram com as melhores cenas e diálogos), colocando o restante em papéis secundários sem muita chance de brilharem mas, ainda assim, tiveram um desempenho competente. Os erros ficam por conta do ritmo do filme: desacelerado em algumas (poucas) partes, chegando à monotonia, além da falta de uma carga mais dramática. O diretor realizou algumas cenas, como a da festa e a do casal de executivos, com pouca emoção. Num momento crucial, que deveria ser um dos grandes momentos para a personagem Ellen Page, vemos pouco entusiasmo no que acontece e depois no que virá.  Esses fatos, aliados as duas vidas que  Sarah vive, deveriam ter sido  melhor exploradas, mas em algum momento parece que resolveram acelerar a história, deixando algumas lacunas.


Sabem daquele ditado “às vezes, mais é menos”?. Neste caso não se aplica. Algumas vezes simplificar pode prejudicar o todo. Mas não deixe se levar pelos aspectos negativos, pois há ótimos momentos: como quando Sharon, chefe de Sarah, usa a psicologia para fazer uma rápida análise do comportamento de sua pupila, após os incidentes. Ou até mesmo no comportamento da empresa que Sarah trabalha, quando Sharon recebe uma informação que poderia salvar vidas e diz: “eles não são meus clientes”. Afinal, Sarah é a rainha no tabuleiro de xadrez ou apenas um peão ?


Quem escolher assistir ao filme verá uma produção competente, tanto nas atitudes dos protagonistas quanto das empresas ávidas por lucro que destroem qualquer coisa que as permitam prosperar. Apesar de não se aprofundar nas questões sócio - econômicas, a trama cumpre seu papel que é de questionar. Se prestarmos muita atenção, a direção não toma partido (apesar de parecer). Sua principal virtude é deixar que o espectador, ao final do filme, tire suas próprias conclusões


Trailer legendado:







Filmografia Breve:
Brit Marling:









A Seita Misteriosa (2011); A Outra Terra (2011); A Negociação (2012); A Negociação (2012); Sem Proteção (2012);  O Sistema (2013); O Universo no Olhar (2014); Um Refúgio (2014); Babylon (seriado 2014); The OA (seriado 2016-2019)

Ellen Page:









Menina Má.Com (2005); X-Men: O Confronto Final (2006); Um Crime Americano (2007); Juno (2007); A Origem (2010); X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (2014).

Alexander Skarsgård:









Zoolander (2001); Saída (2006); 13 - O Jogador (2010); Melancolia (2011); Sob o Domínio do Medo (2011); Battleship: A Batalha dos Mares (2012).


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