NEM SEMPRE SE CONHECE COM QUEM SE VIVE
Amin
Jaafari (Ali Suliman) é um respeitado cirurgião árabe vivendo em Tel Aviv
(cidade de Israel), casado com Sihem (Reymonde Amsellem), palestina de religião
cristã, cercada de amigos judeus. A carreira de Amim foi gloriosa até este
ponto recebendo, inclusive, um prêmio por sua dedicação e competência. Tudo
muda em sua vida quando, em plantão no hospital, escuta o barulho de uma
explosão. Logo, vários pacientes chegam entre a vida e a morte no hospital em
que trabalha. De volta para casa, durante seu descanso, recebe uma ligação de
seu amigo policial, Raveed (Dvir Benedek), que lhe pede que volte ao hospital
urgente. Amin é solicitado a reconhecer um corpo que seria de sua esposa. Para
seu espanto, encontra um corpo completamente mutilado. O cirurgião é preso pelo
Capitão Moshe (Uri Gavriel) informando que sua esposa seria a autora do
atentado, onde teria amarrado explosivos ao corpo e detonado em um restaurante
que resultou em 17 pessoas mortas, sendo 11 crianças. Na cadeia, passa por
tortura psicológica, onde o impedem de dormir, até deixá-lo desorientado.
Tentando provar que tudo não passara de um engano e que Sihem seria também
uma vítima, Amim tenta explicar porque sua esposa não estava ao seu lado no dia
em que recebeu seu prêmio. Após informar que ela teria ido para Nazaré,
descobre que a mesma teria ficado em Tel Aviv sem seu conhecimento. Amin é
solto por falta de provas e tem agora como únicos amigos Kim (Evgenia Dodena) e
Raveed. Amin resolve descobrir o mistério por trás do incidente, quem era realmente
sua esposa, quem a teria transformado em uma mulher capaz de matar e qual seria
sua motivação.
O
Atentado (The Attack) traz à tona um conflito que, para muitos brasileiros, é confuso de ser compreendido: a questão Israel x Palestina. Neste filme, o
espectador que não tenha nenhum conhecimento sobre o assunto poderá acompanhar
o filme com algumas lacunas, mas no final entenderá o contexto. Para os que
conhecem um mínimo do assunto e acompanham o conflito entre os dois lados
poderão desfrutar de um filme interessante e que funciona como fonte de
informação sobre a questão.
O espectador acompanhará Amim em sua incursão à cidade de Nablus, na Palestina, a procura de uma resposta. O que ele encontra são fotos de sua esposa espalhadas pela cidade como se fosse uma mártir e até a venda de alguns objetos
relacionados a sua imagem. O espectador poderá ficar surpreso em como a tensão
é gigantesca de ambos os lados. Ódio, frustração, ressentimento... Amim
tenta descobrir os contatos de Sihem, mas o que encontra são silêncio e
ameaças. Ele que ir até o fundo da questão e cada vez mais corre risco, por se
aproximar das pessoas erradas e, de certa forma, na hipótese de estar sendo
seguido, ajudando a capturar a célula terrorista.
O
Atentado algumas vezes segue num ritmo morno sendo mais voltado aqueles que
gostam de filmes fora do padrão Hollywoodiano. O espectador acompanhará,
através de flashbacks, a vida do casal enquanto Amin começa a relembrar
detalhes de sua relação e até mesmo pequenas situações, que agora se encaixam
como um quebra-cabeças. Um casamento de 15 anos na qual Amin não aceita o fato de ter
sido um joguete, devido sua posição social e seu prestígio. Lembra-se dos
momentos amorosos ao lado da esposa e de como se conheceram. Recebe informações
que contradizem as atitudes da esposa, mas continua acreditando que existia
amor na relação. O filme tem em seu roteiro o grande diferencial e na direção
Ziad Doueiri (que tem trabalhos assinados como assistente de câmera em alguns
filmes de Tarantino) que deu ao filme um toque muito pessoal. Muitos
perguntarão se o filme toma alguma posição no conflito. Acredito que, para os
brasileiros que não vivem esta realidade, entenderão que numa guerra, no final,
ninguém ganha. Já as pessoas que estão envolvidas na questão, podem ter uma
visão bem diferente da nossa e entender o filme como mais simpático a um lado
do que outro.
O Atentado é mais voltado para a reflexão e pode
ser considerado um bom filme, até mesmo acima da média. Não chega ao status de
obra prima, mas segura na cadeira aqueles que gostam de assistir filmes de
outros países que mostram uma realidade bem distante da nossa. Resta a quem
desejar vê-lo, que tire suas próprias conclusões
Trailer legendado:
Curiosidades:
Baseado no livro L'Attentat" de Yasmina Khadra (pseudônimo do argelino Mohammed Moulessehoul , um oficial veterano das forças armadas da Argélia).
Ganhador do prêmio do Júri Especial no Festival de San Sebastian em 2012 na Espanha.
Ganhador do Golden Star no Festival de Marrakesh em Morrocos. O júri foi presidido pelo diretor John Boorman diretor de filmes como: Amargo Pesadelo (1972); Excalibur (1981) e Esperança e Glória (1987).
O roteiro foi escrito pelo diretor e sua esposa Joelle Touma.
O filme não concorreu ao Oscar devido não possuir “uma quantidade significativa de libaneses” que justificasse a indicação pelo Líbano.
O
ator Ali Suliman, curiosamente, protagonizou um papel onde é recrutado para ser
homem-bomba no filme "Paradise Now" de 2005.
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