quarta-feira, 16 de setembro de 2015

A MÁQUINA DO TEMPO / THE TIME MACHINE (2002) - ESTADOS UNIDOS



"VOCÊ É O RESULTADO INEVITÁVEL DE SUA TRAGÉDIA, ASSIM  COMO EU SOU O RESULTADO INEVITÁVEL DE VOCÊ" 

O cientista Alexander Hartdegen (Guy Pearce) vive sua vida entre a paixão por sua namorada  Emma (Sienna Guillory) e sua obsessão em desvendar os segredos da viagem no tempo. Ao perder sua paixão de forma brutal, Alexander resolve que construirá sua máquina e impedirá os acontecimentos que precederam a sua perda. Quatro anos depois, Alexander tornou-se obsessivo em decifrar os caminhos do tempo. Seu Amigo Philby (Mark Addy) mostra-se preocupado com seu estado de reclusão, que o retirou do convívio social. Para seu espanto, mesmo mudando as circunstâncias, o resultado permanece inalterado. Então resolve buscar suas respostas em algum lugar no tempo. 


O jovem presencia o futuro de 2030 na qual o ser humano avançou muito tecnologicamente se comparado a 1899. Em uma biblioteca de Nova York, encontra uma projeção holográfica intitulada Vox, que detém todo o conhecimento humano, registrando, inclusive, dados sobre suas teorias e tratados sobre a criação de uma máquina do tempo. Alexandre avança sete anos e presencia um cenário bem diferente: caos e destruição, pois a lua foi explorada e iniciou-se um processo de dinamitação para a criação de colônias,   acontecendo o impensável: literalmente despedaçou o satélite natural que circundava a terra, levando o caos e devastação ao planeta devido a suas diversas turbulências.


Ao tentar fugir daquele local, o cientista acaba sofrendo um acidente que o leva ao ano de 802701 (ou seja: 800 mil anos no futuro) onde não  existe mais a civilização de outrora. O mundo caiu em ruínas, houve um esfriamento global de milênios, até a data em questão, onde uma pequena civilização retornou à época da caça e pesca e onde a tecnologia não mais existe. Há um novo dialeto e apenas alguns ainda falam a língua antiga (o inglês, mas neste caso até existe certo sentido se levarmos em consideração que o local de sua partida e chegada é o mesmo, só mudou o tempo). As pessoas vivem felizes, só que Alexander percebe que não existem idosos e as pessoas morrem de medo de um mal que vem inesperadamente.


Ao contrário da adaptação de George Pal, de 1960, onde a crítica especializada deu avaliações de moderadas a ruins, mas não impediu de tornar-se  um cult ao longo de décadas, esta adaptação recebeu críticas favoráveis e medianas, porém o público da época o viu apenas como um passatempo passageiro e interessante. Este filme tem suas qualidades, apesar de muitos não o considerarem superior ao primeiro. Os efeitos especiais são ótimos, principalmente a lua despedaçada e o holograma Vox. Os Morloks são mais ágeis e convincentes e há um vilão que explica como seria possível toda a situação que se apresenta.


Se no filme de 60 o que motivava nosso herói era a busca pelo desconhecido, aqui é o amor. Se no anterior tínhamos um povoado inocente, mudo, aqui temos um povo que saiu-se muito bem. A produção ignorou a produção televisiva “A Máquina do Tempo” de 1978, na qual o cientista viajava ao futuro para descobrir se o projeto de uma bomba de anti-matéria pelo seu governo mudaria o mundo. O resultado foi destruição à nível global. Assim como esta produção, o povo se comunicava por palavras, mas não eram tão bem articulados ou com uma vida mais organizada.


As homenagens também aparecem no filme. O diretor Simon Wells, bisneto de H. G. Wells, autor original do livro, colocou no filme, na cena do “homem holográfico”, uma citação ao livro de seu bisavô e ao filme de 1960, do diretor George Pal. Há também o seriado clássico "Jornada nas Estrelas" citado no momento em que Vox  faz a saudação Vulcana e diz “ Vida Longa e Próspera” do Personagem Spock (Leonard Nimoy 1931-2015) e um som característico dos episódios. O vidro na qual holograma se movimenta lembra (apenas conceitualmente)  o filme de 1978, na qual o personagem central tocava em uma “tela de vidro” que mostravam cenas das guerras ocorridas.


Há diferenças significativas entre as três versões: as deslumbrantes belezas das Weena (Yvette Mimieux e Priscilla Barnes) na qual os personagens centrais se apaixonavam (os cientistas não mantinham relacionamentos) e a beleza exótica da atriz Samantha Mumba que faz Mara (não temos “Weena”). Um vilão, interpretado pelo ator Jeremy Irons, que nas versões de 60 e 78  não foi inserido na história, e os Morlocks que nesta versão são rápidos, ágeis e mortais (mais apropriado aos tempos atuais de computação gráfica). A versão clássica, atualmente, possui um visual infantil e a de 78 é bizarra. Por algum motivo a primeira aparição aqui dos Morlocks na floresta me lembrou também as dos macacos caçando em "Planeta dos Macacos" (2001) de Tim Burton. Sem citar o fato de que os Morlocks saem durante o dia e não temem a luz. E não há vestígios de humanidade nas criaturas.  O motivo da quase extinção da raça humana também é diferente. Nas duas versões anteriores o motivo é uma guerra. Nesta, a expansão demográfica, ganância e ineficiência. Há também uma nítida divisão de castas: o chefe Morlock é de uma casta mais alta, abaixo vem seus soldados e, por último,  o povo de Mara (os Eloi), as presas. A partir do momento que Irons entra em cena, o filme melhora consideravelmente, mas, em contraponto, sua participação passa a impressão de ser muito rápida e subutilizada. 


Se o filme de 60 é voltado para os amantes da ficção científica, este exemplar está mais para os que querem assistir uma produção em busca de entretimento. É um bom filme, pena que refilmagens sempre sofrem comparações e, em poucos casos, conseguem apagar o "share of mind" que o primeiro conquistou. Mas considerar esta versão, a melhor das três, não seria também algo de absurdo, pois a história é bem contada, os atores estão muito bem e os efeitos são excelentes. Cada geração tende a preferir as produções que fizeram parte de um período bom de suas vidas.

Trailer ( em inglês):






Curiosidades:

Indicado ao Oscar de Melhor Maquiagem.

Samantha Mumba é, além atriz, uma cantora com vários sucessos. Foi sua estreia no cinema.

O personagem Vox revela a data de nascimento  e “desaparecimento” de Alexander: 1869 – 1903.

Steven Spielberg quase pegou a direção do filme.

O diretor foi substituído, na parte final, por Gore Verbinski, devido ao intenso stress que sofreu.

Uma foto de H.G. Wells é visível na casa de Alexander em várias fotos.

Guy Pearce fez a maioria de suas próprias acrobacias e, ocasionalmente, ficava frustrado quando não tinha permissão para fazer algumas.

Guy Pearce quebrou uma costela durante as filmagens quando atacou o Morlock de lado.

Guy Pearce foi tão consistente na maioria de seus takes que o áudio de um take poderia ser colocado com o vídeo de outro e a combinação dos dois se encaixaria perfeitamente.

O som do rugido do Morlock é na verdade o de um touro.

A ideia de Simon Wells para a máquina incorporar lentes Fresnel veio do fato de que o Viajante do Tempo no livro é mencionado como professor de óptica física.

A cena de abertura foi filmada no Vassar College no outono de 2000. Os alunos na cena são alunos reais e os professores são professores reais. Várias cenas adicionais foram filmadas, mas não entraram no filme. Uma cena deletada mostrava 10 estudantes Vassar andando pelo campus em frente à biblioteca com Guy Pearce (Alexander Hartdegen). A cena pode ser vista nos extras do DVD. Todos os alunos foram autorizados a faltar às aulas durante as filmagens e todos foram pagos por seus esforços.

Originalmente programado para ser lançado em dezembro de 2001. Foi adiado para março de 2002 por causa de uma cena envolvendo uma chuva de meteoros paralisando Nova York. Os cineastas estavam preocupados que a cena despertasse as lembranças do ataque terrorista de 11 de setembro de 2001 ao World Trade Center.

Assim como A Máquina do Tempo (1960), o protagonista é um australiano. Naquela época era Rod Taylor, desta vez é Guy Pearce.

Samantha Mumba (Mara) e Omero Mumba (Kalen) são irmãos na vida real.

O número de licença do Vox é 114: número que Stanley Kubrick usou em muitos de seus filmes.

Quando Hartdegen começa a viajar para o futuro, ele observa três manequins em uma vitrine e suas roupas mudam ao longo do tempo. Em A Máquina do Tempo (1960), George observa a troca de roupa de um manequim durante sua viagem no tempo.

Alan Young: "Filby" de "A Máquina do Tempo" (1960) aparece como florista. Quando Young escolheu seu traje, ele encontrou a mesma camisa de época que usava no filme anterior, completa, com seu nome escrito no colarinho!

O filme se passa em 18 de janeiro de 1899, em 3 de fevereiro de 1903, em 24 de maio de 2030, em 26 de agosto de 2037, em julho de 802.701, em 635.427.810 e em 10 de fevereiro de 1903.

Algumas diferenças entre o livro e este filme incluem: Alexander nunca recebe um nome no livro, o narrador apenas o chama de "o viajante do tempo"; a máquina do tempo é construída puramente para exploração científica no livro e não para mudar o passado como no filme; o viajante do tempo escapa dos Morlocks por meio da máquina do tempo e retorna ao seu próprio tempo no livro antes de fazer outra viagem no tempo para um período desconhecido após o qual ele não retorna.

De acordo com a máquina do tempo, a data da destruição da lua é 26 de agosto de 2037.

No trailer, quando Alexander é mostrado em pé em sua máquina do tempo, o cenário mostra uma bela paisagem e torres altas. Isso era para indicar que os Eloi haviam vencido e evoluído para uma corrida tecnológica. Quando o filme foi exibido nos cinemas, a cena foi alterada para um céu vermelho-sangue e covis de Morlock aparecendo em todos os lugares. O diretor Simon Wells fez isso porque sentiu que se Alexander viajasse para um futuro onde os Eloi vencessem sua guerra contra os Morlocks, ele não teria motivos para voltar ao passado e Mara.


O livro que Vox recita para as crianças Eloi no final do filme é "As Aventuras de Tom Sawyer", escrito por Mark Twain e publicado originalmente em 1876.

Kalen salva Hartdegen de um Morlock atacando-o com uma tocha. Em A Máquina do Tempo (1960), George (Rod Taylor) salva Weena (Yvette Mimieux) usando uma tocha contra os Morlocks.



Cartaz:
























Filmografia Parcial:
Guy Pearce









Priscilla, a Rainha do Deserto (1994); Los Angeles: Cidade Proibida (1997); Regras do Jogo (2000); Amnésia (2000); O Conde de Monte Cristo (2002); A Máquina do Tempo (2002); A Proposta (2005); O Efeito da Fúria (2008); O Traidor (2008); Guerra ao Terror (2008); A Estrada (2009); O Discurso do Rei (2010); Prometheus (2012); Homem de Ferro 3 (2013); Brimstone (2016) 

Orlando Jones









Como Enlouquecer seu Chefe (1999); Um Drink no Inferno 3: A Filha do Carrasco (1999); Magnólia (1999); À Toda Prova (2000); Virando o Jogo (2000); Endiabrado (2000); Evolução (2001); A Máquina do Tempo (2002); Corridas Clandestinas (2003); O Júri (2003); Reflexos da Amizade (2004); Primitivo (2007); Acima de Qualquer Suspeita (2009); Circo dos Horrores: O Aprendiz de Vampiro (2009); Sentimentos Mortais (2011); Aliança Mortal (2013); O Livro do Amor (2016);

Jeremy Irons









A Mulher do Tenente Francês (1981);Um Amor de Swann (1984);A Missão (1986); Gêmeos - Mórbida Semelhança (1988);O Reverso da Fortuna (1990);Kafka (1991); Perdas e Danos (1992);Duro de Matar - A Vingança (1995); Beleza Roubada (1996); O Homem da Máscara de Ferro (1998); Dungeons & Dragons - A Aventura Começa Agora (2000); A Máquina do Tempo (2002); Cruzada (2005);Eragon (2006); Appaloosa - Uma Cidade Sem Lei (2008); O Homem que viu o Infinito (2015); Batman vs Superman: A Origem da Justiça (2016); Liga da Justiça (2017). 

Smantha Mumba







A Máquina do Tempo (2002); Johnny Was (2006); Once Upon a Time in Dublin (2009); Loftus Hall (2014); Home (2016)


Sienna Guillory








O Último Minuto (2001); Superstition (2001); A Máquina do Tempo (2002); Resident Evil 2: Apocalipse (2004); Vítima da Sedução (2005); Eragon (2006); Coração da Terra (2007) Coração de Tinta: O Livro Mágico (2008); Realidade Virtual (2009); Resident Evil 4: Recomeço (2010): Morte por Encomenda (2010); Resident Evil 5: Retribuição (2012); No Topo do Poder (2015); Não Desligue (2016); Portal dos Guerreiros (2016); Os Crimes de Fortitude (seriado 2015-2018); Nuclear (2019); Filhos do Ódio (2020); Clifford, o Gigante Cão Vermelho (2021)


Alan Young (1919–2016)








Um Marido Impossível (1949); A Felicidade Estava Por Perto (1952); Androcles e o Leão (1952); O Pequeno Polegar (1958); A Máquina do Tempo (1960); Mister Ed (seriado 1961 - 1966); O Gato que Veio do Espaço (1978); Os Smurfs (desenho - voz - 1981-1989); Earth Angel  (1991); Um Tira da Pesada III (1994); A Máquina do Tempo (2002); Em & Me (2004)

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