MAIS DO MESMO, MAS QUE AGRADA
1872.
John Henry Clayton (Kiefer Sutherland), após 10 anos fora de casa, retorna para sua
cidade natal, Wyoming, para descobrir que nesse período sua mãe adoecera e
falecera, que seu pai, o reverendo William Clayton (Donald Sutherland) não está
contente com sua presença e seu passado na guerra de secessão que dividiu os
EUA em norte e sul. Além disso, com a chegada de uma ferrovia, há um inescrupuloso
homem de negócios chamado James McCurdy (Brian Cox) que está forçando todos a
venderem suas propriedades, auxiliado por um pistoleiro contratado Dave Turner
(Michael Wincott) e um bando de capangas sanguinários e que sua paixão do
passado, Mary Alice (Demi Moore), desistiu de esperá-lo e constituiu uma família.
John deixou as armas de lado e quer deixar seu passado de mortes para trás, mas
em suas próprias palavras a morte não quis deixá-lo. Resta viver em paz,
esquecer um evento trágico em seu passado, e se reconciliar com o pai que vê
nele apenas um homem que conquistou fama como um exímio pistoleiro após dar
baixa na guerra.
"Não
sei se um homem pode se afastar de quem ele é" essa frase do reverendo
Clayton, no início do filme, dita exatamente a condução que a estória tomará: o pistoleiro solitário que busca terminar seus dias em paz, sendo levado a pegar suas armas novamente, colocando a casa em ordem, é um dos argumentos mais
copiados. Quem já viu dezenas de faroestes se lembrará de alguns filmes que
seguem essa fórmula, cuja adição de um ingrediente aqui e ali pode resultar em
boas produções. O Retorno de John Henry é um meio termo nesse mar de
criatividade. O problema é beber demais em algumas fontes, entre elas "Os
Imperdoáveis" (Unforgiven), clássico que Eastwood resolveu ressuscitar nos
idos de 1992. O título original dessa produção (Forsaken) que seria "Esquecido" não esconde sua intenção na comparação. Há elementos dos filmes
de Eastwood como o já citado "Os Imperdoáveis" e "O Cavaleiro Solitário". O
pistoleiro de Dave Turner (Michael Wincott) lembra algum personagem que já assistimos.
Qual a motivação que leva a personagem Vienna (Joan Crawford) a ter seu saloom
cobiçado no filme "Johnny Guitar"? Quem pensou na rodovia acertou facilmente.
Uns
dizem que "não se fazem mais filmes de faroeste como antigamente" ou,
como alguns sustentam, "os melhores filmes do gênero já foram feitos".
Bom, pode haver algo de verdade nessas afirmações ou o mercado de roteiristas já
não tem amantes dos filmes de faroeste para elaborar algo significativamente
novo. Falta de ousadia ou medo de errar? Há alguns exemplos de filmes feitos
após a "era de ouro" que merecem menção: "Silverado";
"Tombstone"; "Os Imperdoáveis"; "Django Livre";
"Bravura Indômita (2007)"; "Os Jovens Pistoleiros"; "Jovens
Demais Para Morrer"; "Dança com os Lobos"... o leitor dessas
linhas com certeza poderá elaborar sua lista de preferidos (se quiser deixe nos
comentários)
A
fórmula é a mesma de tantos outros. Carece de originalidade? Sim. Falta
criatividade e inventividade? Sim. É uma tendência contemporânea do nosso atual
cinema? Sem dúvida... mas até que agrada. Talvez o ingrediente mais curioso
desse filme seja os Sutherland atuando juntos como na vida real: pai e filho. O
pai, excelente ator, de inúmeros filmes e o filho que conseguiu também seu espaço
e respeito na indústria (quem assistiu seu Jack Bauer do seriado “24 Horas”
conhece bem o ator) não deixam "a peteca cair". A dupla já esteve junta em dois filmes: "A Volta de Max
Dugan" (1983) e "Tempo de Matar" (1996), mas atuando junta é a primeira vez. E
funcionou esplendidamente bem. Quando em cena rendem os melhores momentos, mas
não é apenas isso o (premiado na TV) diretor Jon Cassar (produtor do já citado “24
horas”) nos presenteia com O Retorno de John Henry (título nacional que para
mim sugeria ser uma continuação – tipo “O Retorno de Django” e que me fez
sempre deixar para “ver depois”) é um filme sem delongas. Dividido em três atos,
temos: a chegada do herói, seu encontro com o pai, a ex-namorada, o vilão e o pistoleiro;
sua nova vida em que “dar a outra face” parece ser a sua força a resistir as
maldades que assiste e recebe; e o terceiro ato que justifica a frase de seu
pai no segundo parágrafo. Tudo em um ritmo ágil, um ótimo duelo de saloom perto
do fim (sim, você já viu essa cena em vários filmes) e aquele momento, em que os
dois pistoleiros que já foram amigos, ainda se respeitam e estão em lados
opostos, devem finalmente se confrontar. A produção não hesita em definir quem é
o mocinho e quem é o vilão. Não há reviravoltas e o final da pra prever uma parte (ainda
bem que não todo) em 90 minutos bem distribuídos.
O Retorno de John Henry, um faroeste canadense, com co-produção francesa e americana, não ficará na história dos faroestes mais memoráveis do
cinema, mas cumpre sua função de entreter, muito mais pela gama de ótimos
atores em cena. A bela fotografia de Rene Ohashi é uns dos pontos altos de um
gênero que agoniza, mas que ainda cativa muita gente. Se não seguisse tanto a
fórmula de “Os Imperdoáveis” talvez lograsse um grau maior de sucesso, mas no
cômputo final é um passatempo simpático.
Trailer:
Curiosidades:
Este será o segundo filme em que Donald Sutherland e seu filho, Kiefer Sutherland, estão juntos em cenas. Ambos Sutherlands compartilharam um breve tempo juntos no filme de 1983 "Max Dugan Returns" (que foi a estreia do filme de Kiefer Sutherland). Eles também estrelaram Tempo de Matar (1996), embora não tenham atuado juntos naquele filme.
Kiefer Sutherland foi motivado a elaborar um filme que ele poderia fazer com seu pai Donald. Então ele convocou o escritor Brad Mirman para escrever uma história sobre pai e filho, para ser exibido na tela por um pai e filho. Kiefer alegou que eles esperaram anos até o roteiro certo surgir, mas com Donald se aproximando de 80 anos, era o momento que eles achavam que tinha que ser feito, mais cedo ou mais tarde.
Antes de ir para sala de corte o filme tinha mais de 3 horas e 15 minutos. O roteiro original tinha uma segunda estória com um jovem casal interpretado por Landon Liboiron e Siobhan Williams. Seu relacionamento se assemelhava ao de John Henry Clayton e Mary Alice Watson. Liboiron interpretaria um jovem pistoleiro que seguia com os bandidos e glorificava a vida de um pistoleiro, enquanto o protagonista fazia o contrário. Os produtores decidiram apenas reduzir o filme para todas as cenas que envolviam a relação pai-filho e começaram a adicionar todas as outras cenas que apoiavam esse relacionamento, e deixaram de fora todo o resto no filme. Uma cena de abertura que mostrava John Henry e o tiroteio que mudou sua vida também foi cortada: as únicas cenas que restaram foram as três imagens assombrosas que abrem o filme.
John Henry também é o nome real de Doc Holliday.
O reverendo Samuel Clayton (Donald Sutherland) compartilha seu nome com o personagem de Ward Bond em Rastros de Ódio (1956)
Kiefer Sutherland e Michael Wincott apareceram juntos em Os Três Mosqueteiros (1993)
Kiefer Sutherland e o diretor Jon Cassar começaram a cogitar sobre como fazer um western durante sua colaboração em "24 Horas" (2001).
Kiefer Sutherland e Demi Moore, que apareceram juntos em Questão de Honra (1992).
De acordo com Jon Cassar, o mais difícil de trabalhar com Michael Wincott foi acertar o figurino de seu personagem.
Demi Moore e Donald Sutherland estiveram no filme "Assédio Sexual" (1994).
Este será o segundo filme em que Donald Sutherland e seu filho, Kiefer Sutherland, estão juntos em cenas. Ambos Sutherlands compartilharam um breve tempo juntos no filme de 1983 "Max Dugan Returns" (que foi a estreia do filme de Kiefer Sutherland). Eles também estrelaram Tempo de Matar (1996), embora não tenham atuado juntos naquele filme.
Kiefer Sutherland foi motivado a elaborar um filme que ele poderia fazer com seu pai Donald. Então ele convocou o escritor Brad Mirman para escrever uma história sobre pai e filho, para ser exibido na tela por um pai e filho. Kiefer alegou que eles esperaram anos até o roteiro certo surgir, mas com Donald se aproximando de 80 anos, era o momento que eles achavam que tinha que ser feito, mais cedo ou mais tarde.
Antes de ir para sala de corte o filme tinha mais de 3 horas e 15 minutos. O roteiro original tinha uma segunda estória com um jovem casal interpretado por Landon Liboiron e Siobhan Williams. Seu relacionamento se assemelhava ao de John Henry Clayton e Mary Alice Watson. Liboiron interpretaria um jovem pistoleiro que seguia com os bandidos e glorificava a vida de um pistoleiro, enquanto o protagonista fazia o contrário. Os produtores decidiram apenas reduzir o filme para todas as cenas que envolviam a relação pai-filho e começaram a adicionar todas as outras cenas que apoiavam esse relacionamento, e deixaram de fora todo o resto no filme. Uma cena de abertura que mostrava John Henry e o tiroteio que mudou sua vida também foi cortada: as únicas cenas que restaram foram as três imagens assombrosas que abrem o filme.
John Henry também é o nome real de Doc Holliday.
O reverendo Samuel Clayton (Donald Sutherland) compartilha seu nome com o personagem de Ward Bond em Rastros de Ódio (1956)
Kiefer Sutherland e Michael Wincott apareceram juntos em Os Três Mosqueteiros (1993)
Kiefer Sutherland e o diretor Jon Cassar começaram a cogitar sobre como fazer um western durante sua colaboração em "24 Horas" (2001).
Kiefer Sutherland e Demi Moore, que apareceram juntos em Questão de Honra (1992).
De acordo com Jon Cassar, o mais difícil de trabalhar com Michael Wincott foi acertar o figurino de seu personagem.
Demi Moore e Donald Sutherland estiveram no filme "Assédio Sexual" (1994).
Filmografia Parcial:
Kiefer Sutherland
Caminhos Violentos (1986); Conta Comigo (1986); Os Garotos Perdidos (1987); 1969 - O Ano que Mudou Nossas Vidas (1988); Os Jovens Pistoleiros (1988); Quase sem Destino (1990); Jovem Demais Para Morrer (1990); Linha Mortal (1990); Twin Peaks: Os Últimos Dias de Laura Palmer (1992); Questão de Honra (1992); O Silêncio do Lago (1993); Os Três Mosqueteiros (1993); Olho Por Olho (1996); Tempo de Matar (1996); Cidade das Sombras (1998); Dupla Tentação (2000); Espelhos do Medo (2008); 24 Horas (seriado 2001 a 2010); Melancolia (2011); Pompeia (2014); 24 Horas: Viva um Novo Dia (mini-série 2014); Twin Peaks: O Mistério (2014); O Retorno de John Henry (2015); Além da Morte (2017)
Donald Sutherland
As Profecias do Dr. Terror (1965); Os Doze Condenados (1967); M.A.S.H (1970); Johnny Vai à Guerra (1971); Klute, O Passado Condena (1971); A Águia Pousou (1976); O Clube dos Cafajestes (1978); Os Invasores de Corpos (1978); O Buraco da Agulha (1981); Condenação Brutal (1989); Backdraft - Cortina de Fogo (1991); JFK - A Pergunta que Não Quer Calar (1991); Assédio Sexual (1994); Cidadão X (1995); Epidemia (1995); Tempo de Matar (1996); Prova de Fogo (1998); Vírus (1999); Instinto (1999); Cowboys do Espaço (2000); A Cilada (2000); Orgulho & Preconceito (2005); Terra de Ninguém (2006); A Legião Perdida (2011); Jogos Vorazes (2012); Jogos Vorazes: Em Chamas (2013); Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 1 (2014).
Demi Moore
Escolha do Destino (1981); Feitiço do Rio (1984); O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas (1985); Sobre Ontem à Noite (1986); Um Verão Muito Louco (1986); Heróis ou Vilões (1986); A Sétima Profecia (1988); Não Somos Anjos (1989); Ghost: Do Outro Lado da Vida (1990); Pensamentos Mortais (1991); Questão de Honra (1992); Proposta Indecente (1993); Assédio Sexual (1994); A Letra Escarlate (1995); A Jurada (1996); Striptease (1996); Até o Limite da Honra (1997); Desconstruindo Harry (1997); As Panteras: Detonando (2003); Protegida por um Anjo (2006); Instinto Secreto (2007); O Retorno de John Henry (2015); Corporate Animals (2019).
Brian
Cox
Caçador de Assassinos (1986); Iron Will: O Grande Desafio (1994); Jutland - Reinado de Ódio (1994); Rob Roy: A Saga de uma Paixão (1995); Coração Valente (1995); Reação em Cadeia (1996); The Glimmer Man - O Homem das Sombras (1996); Despertar de um Pesadelo (1996); O Lutador (1997); Medidas Desesperadas (1998); Sem Saída (2001); A Identidade Bourne (2002); O Chamado (2002); X-Men 2 (2003); Tróia (2004); A Supremacia Bourne (2004); Ponto Final: Match Point (2005); Vôo Noturno (2005); O Escocês Voador (2006); Zodíaco (2007); Ataque Terrorista (2007); Red: Aposentados e Perigosos (2010); Planeta dos Macacos: A Origem (2011); RED 2: Aposentados e Ainda Mais Perigosos (2013); Regressão (2013); X-men: Dias de um Futuro Esquecido (2014); A Autópsia (2016); Churchill (2017).
Michael Wincott
Travessia Selvagem (1979); Um Bilhete Para o Céu (1981); O Último Pesadelo (1983); O Siciliano (1987); Talk Radio: Verdades que Matam (1988); Doce Inocência (1989); Nascido em 4 de Julho (1989); The Doors (1991); Robin Hood, o Príncipe dos Ladrões (1991); 1492: A Conquista do Paraíso (1992); Os Três Mosqueteiros (1993); O Corvo (1994); Panteras Negras (1995); Estranhos Prazeres (1995); Basquiat - Traços de Uma Vida (1996); Alien, a Ressurreição (1997); O Negociador (1997); Na Teia da Aranha (2001); O Conde de Monte Cristo (2002); O Assassinato de um Presidente (2004); O Escafandro e a Borboleta (2007); Cavaleiro de Copas (2015); O Retorno de John Henry (2015); A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell (2017).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Olá Cinéfilos.
Obrigado por visitarem minha página.
Estejam à vontade para comentarem, tirarem dúvidas ou sugerirem análises.
Os comentários sofrem análises prévias para evitar spans. Tão logo sejam identificados, publicarei. Quaisquer dúvidas, verifiquem a Política de Conduta do blog.
Sua opinião e comentários são o termômetro do meu trabalho. Não esqueça de informar o seu nome para que possa responder.
Visitem a minha página homônima no Facebook onde coloco muitas curiosidades sobre cinema , séries e quadrinhos (se puderem curtir ajudaria). Comentários que tragam e-mails e telefones não serão postados
Bem-vindos.
Cinéfilos Para Sempre