MEDIEVAL-SURREALISTA
Filme
dinamarquês de difícil qualificação com o ator Mads Mikkelsen ("007
Cassino Royale", "Rei Arthur", "A Caça" ...) na linha
ame ou odeie.
Aqui
ele faz um escravo nórdico caolho e mudo, mantido como prisioneiro de Vikings
em 1000 D.C com o único propósito de lutar contra qualquer oponente que lhe
seja apresentado, até a morte. Certo dia ele é libertado por um menino e inicia
uma vingança, extremamente sangrenta, contra seus captores, enquanto tenta
fugir. Parece um bom filme não? Aí começam as divergências. Não só o
protagonista é mudo como praticamente existem pouquíssimas falas (existem apenas 120 linhas de falas durante todo o filme).
É
mais uma experiência metafísica (a trilha
sonora é meio melancólica, mas não ficou de todo ruim) do que um filme. Não
identifiquei uma força sobre-humana no personagem, apenas um indivíduo que se
tornou quase um animal predador e que possui, isso sim, uma violência acima do
normal, devido a tudo que passou.
O
filme segue sua brutal via-crúcis (para alguns espectadores, claro) misteriosa,
nebulosa e sombria em um ritmo glacial, mostrando imagens e montanhas... e assim o filme segue fluindo (filmado na Escócia e Reino Unido). Mesmo quando encontra um grupo de cristãos, indo para as Cruzadas
por ideologia e/ou por fortuna e, lhes acompanha em um navio Viking (vikings
que abandonaram o paganismo nórdico e abraçaram o cristianismo !!??), pouco muda.
Tudo isso em 93 minutos.
Existem
as metáforas? Existem. Existem os simbolismos? Existem. É um filme com mais
perguntas que respostas? Sim . É uma
jornada de um indivíduo rumo à sua origem? Sim. Por ser mudo não sabemos nada
dele e provavelmente nem seus captores. O seu passado vira conjectura na mente
do espectador. Talvez ele seja o que o garoto fala: ele é o inferno (será que o
homem de um só olho conhece sua origem?). E esse inferno (que de certa forma
vive dentro dele) está indo de encontro a esses homens. Falta profundidade aos
personagens ? Sim. Mas isso o torna cult? Talvez sim.
Talvez
uma dica esteja no título "Valhalla Rising". Valhalla vem da
mitologia nórdica e outras religiões ligadas ao paganismo nórdico (Thor, Odin e
Cia) e significa "Salão dos Mortos", situado em Asgard. Metade dos
que morrem em combate são levados pelas Valquírias à presença de Odin para que
escolha os melhores combatentes para a chegada do Ragnarok (eventos que conduzirão
ao fim do mundo). Então, de certa forma, até poderia ser entendido como um
conto de um guerreiro ascendendo (Rising) ao Valhalla. Se alguém tiver outra
visão esteja a vontade para comentar.
A
bela fotografia talvez seja o ponto mais alto deste filme, que traz o ótimo ator
Mads Mikkelsen numa interpretação
visceral, muito difícil e inesperada.
Aliás se há algo a elogiar é o ator encarar protagonizar filmes que muitos não
fariam e conseguir se destacar em filmes tão autorais como este.
O
diretor Nicolas Winding Refn de produções como a trilogia Pusher (1996);
Bronson (2008) e Drive (2011) parece capaz de fazer filmes absolutamente
distintos , isto é, não segue uma linha linear em suas escolhas o que o torna
um cineasta que tem coragem de arriscar (o que pode gerar bons filmes e outros
ruins). Aqui, aparentemente, não teve interesse de alcançar o público mediano,
deixando sua direção à apreciação de um público mais diferenciado.
Se
você desejar conhecer um filme completamente fora dos padrões habituais este é o seu filme. A impressão que ficará para alguns
espectadores é que desistiram do projeto no meio e resolveram inserir mais e
mais cenas para não durar só 20 minutos. Tem um final bem interessante.
Um
filme brutal e para poucos. Se você gosta de cinema como entretenimento talvez não seja o seu estilo de filme.
Trailer:
Curiosidades: (contém revelações sobre o filme)
Maarten Stevenson (o garoto) é na verdade o filho da co-estrela Gary Lewis (que faz Kare). Lewis o levou junto para o elenco e ambos acabaram sendo escalados no filme.
Nicolas Winding Refn afirmou que este filme é uma ficção científica metafísica.
O filme deveria terminar com uma enorme cena de batalha, com Caolho lutando contra um exército inteiro de índios. Nicolas Winding Refn recebeu um orçamento para a cena e ele começou a planejar a batalha, antes de decidir que o Caolho deveria se sacrificar para que The Boy pudesse viver.
O final original do filme tinha o Caolho embarcando em uma espaçonave e sendo levado embora. Nicolas Winding Refn, no entanto, decidiu que seria muito fácil para o público interpretar, e retirou-o.
Caolho era um apelido para Oden (Odin), que nas lendas nórdicas deu um de seus olhos como um sacrifício para o poço de Mimer para obter sabedoria. O sacrifício também lhe deu o poder de ver coisas ocultas.
Mads Mikkelsen assumiu o papel principal, pensando que seria bem fácil para ele, já que não tinha diálogo. Ele não percebeu as árduas exigências físicas de fotografar em lugares escoceses.
Durante toda a sequência "Men of God", o mar é feito de sacos plásticos pretos.
A ideia de "um olho" (ou caolho) ser um mudo veio a Nicolas Winding Refn em um sonho onde o Caolho não podia falar. Quando acordou, telefonou para Roy Jacobsen e contou-lhe a ideia.
Por escrito, o roteiro Nicolas Winding Refn foi responsável pela parte espiritual, metafísica e relacionada ao enredo, enquanto Roy Jacobsen foi responsável por todos os temas mitológicos, viking e históricos nórdicos, devido ao seu extenso conhecimento sobre vikings e paganismo nórdico.
A prótese de Mads Mikkelsen é, na verdade, inspirada na que Kirk Douglas usava em Vikings, os Conquistadores (1958).
Nicolas Winding Refn concebeu o filme como uma espécie de viagem ácida.
Nicolas Winding Refn, originalmente, lançou o filme como uma versão viking de seus filmes Pusher. No final, tornou-se algo completamente diferente, muito para o alívio de Refn.
O site oficial do filme refere-se ao personagem de Mads Mikkelsen como Harald. No filme, no entanto, ele é sempre mencionado como Caolho.
Foi a principal inspiração para o video game, God of War (2018)
Filmografia Parcial:
Mads Mikkelsen
Pusher (1996); Instintos Diabólicos (2002); Corações Livres (2002); Rei Arthur
(2004); Pusher II: Mãos de Sangue (2004); Depois do Casamento (2006); Saída
(2006); 007 - Cassino Royale (2006); O Guerreiro Silencioso (2009); A Porta
(2009); Fúria de Titãs (2010); Os Três Mosqueteiros (2011); A Caça (2012); Michael Kohlhaas - Justiça e Honra
(2013); A Salvação (2014); Hannibal (seriado 2013-2015); Doutor Estranho (2016); Rogue One: Uma
História Star Wars (2016); Arctic (2018); No Portal da Eternidade (2018); Polar (2019); Druk (2020)
Tá aí um filme que eu tenho de por na minha lista
ResponderExcluirSó de ter inspirado god of war 4 já vale
Boa Noite (Você esqueceu de mencionar o seu nome)
ExcluirÉ um filme que divide opiniões, gerando admiração e ódio na mesma proporção. Bem interessante mesmo ter inspirado o jogo "God of War" do ano passado.
Obrigado pelo comentário e um grande abraço.