DESPEDIDA MELANCÓLICA
Lord Agon (David Warner) e o bruxo Maldor (Olaf Pooley)
planejam se apossar do "Olho de Braxus" capaz de libertar uma
terrível criatura que lhe devolvará a juventude. Agon sabe que um jovem rei
chamado Tal (Casper Van Dien) possui o artefato e envia seus "Guerreiros
Vermelhos de Carmesin" para capturá-lo. Antes da chegada dos inimigos, Tal recebe a visita
de seu irmão mais velho, Dar, o “Mestre da Besta” e lhe confidencia que recebera do
pai o objeto para que mantivesse em sua
posse, longe de qualquer mal. Tal resolve, como segurança, dar parte do
artefato a Dar. Na mesma noite é capturado e levado ao palácio de Agon que descobre
que apenas metade do objeto é inútil para seu planos. Enquanto Dar e seus constantes
companheiros de viagem, um leão chamado Rhu, a águia Sharak e dois furões partem para resgatar
Tal, Agon planeja um meio de capturar "O Mestre da Besta" e obter um poder
incomensurável. Dar terá como companhia uma jovem guerreira (Sandra Hess); Seth
(Tony Todd), mentor de Tal; uma bruxa (Lesley-Anne Down) e um acrobata circense (Keith Coulouris).
O Príncipe Guerreiro (1982) era um modesto subproduto de Conan com
um toque de eficiência na direção. O
segundo filme (1991) era uma aventura em que Dar viajava de seu mundo para a Los Angeles dos anos 90 no rastro de um feiticeiro (um irmão que desconhecia), com direito a um teor cômico e certo nonsense. Este
terceiro exemplar (1996) ignora o segundo, restabelece personagens do primeiro filme fazendo uma volta às origens com
direito ao clássico “espada e feitiçaria”, mas com orçamento ainda mais reduzido. E, claro, gera uma pergunta: por que fazer
um terceiro longa, quatorze anos depois do primeiro, e não investir nele?
Talvez não haja uma resposta completa para tal questionamento, restando apenas
uma análise dessa produção que encerrou a trilogia.
Pra começar o “Senhor das Feras” recebeu uma tradução neste exemplar de “Mestre da Besta” o que nos leva a crer que os distribuidores nacionais nem deram uma olhada nos primeiros filmes para pelo menos acertar a alcunha de Dar. Quem assistiu ao primeiro exemplar se lembrará que Dar tinha um irmão bem novo que acompanhava seu mentor Seth, pois bem, a história gira em torno dessa ideia e agora o jovem rei precisa novamente que seu irmão mais velho lhe salve a vida. E lá irá o "Mestre da Besta" salvar o dia. O primeiro filme custou 8 milhões e rendeu 14, mostrando que o personagem tinha potencial para uma eventual franquia. Logo podíamos conjecturar que o segundo filme mereceria maior investimento numa aposta de lucro futuro, mas o investimento foi de 2 milhões a menos com a pífia arrecadação mundial de 869. 325,00 dólares. A completa mudança não agradou o público nos cinemas que ignorou a produção, mas, na TV, captaria a atenção de outra geração, mais jovem, que descobriria um filme mais voltado a sua idade com supressão da violência e acrescida de situações cômicas (no Brasil há quem goste muito desse segundo exemplar). Então, quatorze anos depois, resolveram revestir a nova sequência de uma aventura bem simples, agora feita direto para a Tv para evitar grandes prejuízos.
Para a direção foi escolhida Gabrielle Beaumont, com larga experiência em direção de episódios de seriados, para tocar o projeto e podemos dizer que com o que lhe foi dado talvez seja a menos culpada, mas faltou a leveza que o diretor e roteirista, Don Coscarelli, imprimiu no primeiro filme. Há detalhes que novamente são omitidos: Rhu, no primeiro filme era um tigre negro (explicações lá na análise do primeiro filme), no segundo filme um tigre comum e agora temos um leão (??!!) meio sonolento. Como o nome é o mesmo concluímos que nem se importaram de lhe dar um novo nome ou devemos considerar que deva ser o mesmo animal (uma licença poética?) ou que o Senhor das Feras gosta de repetir nomes. O Símbolo de Dar, no primeiro filme, estava na mão direita, no segundo na mão esquerda e neste quase não se vê (não se preocupem em qual mão está, não faz diferença). O efeito da transformação de Agon, em uma versão pouco mais nova, parece um efeito mal realizado daquele clip de Michael Jackson “Black & White”. Fora que o reino de Tal é um reino de (poucas) tendas e o de Lorde Agon de papelão (entendam como pedras). Tudo muito mal feito. As lutas então são até engraçadas (nada de violência, pois é direcionada ao público infantil). E temos um tal de “Manto da Agonia”, um instrumento de tortura mental e físico. Mas, o melhor (na verdade considerem pior), fica pela tal criatura que será invocada: nada menos que uma versão maligna de “Dino” do seriado “ A Família Dinossauro”. Até aquele jeito de olhar do personagem ficou parecido, fora que há uma cena que “Dar” pula nas costas da criatura e que me lembrou Conan em “Conan, O Destruidor”, quando o bárbaro tenta arrancar o chifre da criatura. A diferença é que o nosso Dino é do mesmo tamanho do herói. Fica a dúvida: os produtores (um deles, Sylvio Tabet, que produziu os dois anteriores e dirigiu o segundo) acreditaram que o vilão iria impressionar ou simplesmente acabou o pouco do dinheiro que tinham e fizeram qualquer coisa. Sim, porque o espectador conjectura, durante o filme inteiro, quem será o tal Braxus, uma criatura terrível e, de repente, surge em cena um ator em uma roupa de réptil emborrachada. Mais anticlímax impossível. Há também situações que evidenciam claramente a intenção de realizarem um quarto filme que nunca seria feito. Em compensação tivemos o seriado “Mestre das Feras” (1999–2002) com um novo protagonista e a participação de Mark Singer em seis episódios, com outro nome.
Falando em Marc Singer, o ator estava com 48 anos ao
realizar este filme e em plena forma. Singer reprisa com seriedade e sobriedade
o seu papel, ainda que o início tenha uma cena que surja em um cipó (precisa
dizer qual personagem lembra?). John Amos não reprisou seu papel de Seth e foi
para as mãos de Tony Todd (O Mistério de Candyman e a franquia Premonição) que
também funcionou muito bem no personagem. Casper Van Dien (com uma peruca
engraçada) ficaria famoso com “Tropas Estelares” e fez Johnny Cage no seriado “Mortal
Kombat” de 2013. O ator não tinha um filme famoso em sua filmografia e vinha de
participações em seriados. David Warner (com uma peruca mais engraçada) sempre fez bons vilões: “Um Século em
43 Minutos”, “Tron”, “Titanic” ..., mas lhe jogaram numa furada. A atriz / modelo sueca Sandra Hess (de “Mortal Kombat: A Aniquilação”
- 1997), como Shada, ficou interessante, como interesse romântico, mas subutilizada.
Para não dizer que não temos uma feiticeira (obrigatório no gênero) há Lesley-Anne Down como Morgana (nome
sugestivo, mas que aqui não quer dizer nada) que trouxe humor e leveza a
personagem, além de Keith Coulouris como o malabarista Bey (não perguntem qual
sua relevância para o filme) e Patrick Kilpatrick, bom ator, com rápida
participação, como um saqueador no início do filme e que funcionaria como chamariz
para uma possível continuação.
“O Príncipe Guerreiro 3: O Olho do Mal” mesmo tendo a boa
ideia de partir do (bom) primeiro filme não funciona porque quase tudo em cena
é muito ruim: cenário, fotografia, efeitos e até a música que parece ter sido feita com sintetizadores, infelizmente comum nos anos 90. É um final melancólico para um
personagem que poderia ter rendido boas produções. Se o filme não é
completamente ruim deve-se aos bons atores escalados que tentam levar o filme a
sério, apesar de os realizadores não terem feito o mesmo. As crianças até
poderão curtir os animais, principalmente as duas criaturinhas “Kodo e Podo”.
Pelo menos não tingiram o leão como fizeram com o tigre. Passou por aqui no "Cinema
em Casa" do SBT e no "Corujão" da Globo.
Trailer:
Trailer do Seriado
Marc Singer no Seriado Beastmaster
Filmografia Parcial:
Marc Singer
Os Dois Mundos de Jennie Logan (1979); O Príncipe Guerreiro (1982); V: A Batalha Final (mini-série 1984); V: Os Extraterrestres no Planeta Terra (seriado 1984-1985); Dallas (seriado 1986); Uma Paixão Incontrolável (1990); No Frio da Noite (1990); Watchers II: O Limite do Terror (1990); No Silêncio do Espaço (1991); O Portal do Tempo / Príncipe Guerreiro 2 (1991); Convite Para a Morte (1991); Testemunha Chave (1994); Príncipe Guerreiro III: O Olho do Mal (1996); BeastMaster (seriado 2001-2002); V: Visitantes (seriado 2011); Arqueiro (seriado 2015); A Bela e a Fera (seriado 2016).
Tony Todd (1954-2024)
Platoon (1986); Nunca Te Vi, Sempre Te Amei (1987); Território Inimigo (1987); As Cores da Violência (1988); Bird (1988); A Noite dos Mortos-Vivos (1990); O Mistério de Candyman (1992); O Corvo (1994); Candyman 2 - A Vingança (1995); A Rocha (1996); Prova de Fogo (1997); O Mestre Dos Desejos (1997); Premonição (2000); Premonição 2 (2003); O Homem da Terra (2007); Premonição 5 (2011); Agoraphobia (2015) ; Grito de Pânico (2015); Beyond the Game (2016); Death House (2017); From Jennifer (2017); O Cobrador de Dívidas (2018); Parque do Inferno (2018); Flash (seriado 2015 a 2018); Badland (2019); Immortal (2019); Sky Sharks (2020); Tales from the Hood 3 (2020); A Lenda de Candyman (2021);
Casper Van Dien
Dangerous Women (seriado 1991 a 1992); Barrados no Baile (seriado 1994); Olhos Noturnos 4 (1996); O Príncipe Guerreiro 3: O Olho do Mal (1996); James Dean: Live Fast, Die Young (1997); Gasparzinho, como Tudo Começou (1997); Tropas Estelares (1997); Tarzan e a Cidade Perdida (1998); Gasparzinho e Wendy (1998); Tubarões (1999); Omega Code (1999); Caçadores de Emoção (1999); A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça (1999); Python, a Cobra Assassina (2000); Pânico Na Estrada (2000); Instinto Radical (2000); Crimes Diabólicos (2000); De Volta ao Inferno (2001); Drácula 3000: Escuridão Infinita (2004); Hollywood Pervertida (2005); Premonição (2005); Dias de Destruição (2006); A Lenda da Lápide de Esmeralda (2006); Watch Over Me (seriado 2006 a 2007); Atirando Para Matar (2008); Tropas Estelares 3 (2008); Mask of the Ninja (2008); O Cão Que Salvou as Férias de Natal (2010); Motoqueiros Sem Rumo (2011); Pesadelos do Passado (2012); Uma Paixão em Nova York (2012); Mortal Kombat (seriado 2013); Sharktopus vs. Whalewolf (2015); Showdown in Manila (2016); Star Raiders: The Adventures of Saber Raine (2017); Darkness Reigns (2018); Alita: Anjo de Combate (2019); Dead Water (2019); The Warrant (2020); All American (seriado 2018 a 2020); One Nation Under God (2020)
David Warner
As Aventuras de Tom Jones (1963); O Homem de Kiev (1968); A Casa das Bonecas (1973); Vozes do Além (1974); A Profecia (1976); A Cruz de Ferro (1977); Os Trinta e Nove Degraus (1978); Aeroporto 79: O Concorde (1979); Um Século em 43 Minutos (1979); S.O.S. Titanic (1979); A Mulher do Tenente Francês (1981); Tron: Uma Odisseia Eletrônica (1982); A Companhia dos Lobos (1984); João e Maria (1987); Meu Doce Vampiro (1987); O Elétrico Mr. North (1988); Jornada nas Estrelas V: A Última Fronteira (1989); Sangue de Herói (1989); As Tartarugas Ninja II: O Segredo do Ooze (1991); Feitiço Mortal (1991); Jornada nas Estrelas VI: A Terra Desconhecida (1991); Trilogia do Terror (1993); Necronomicon - O Livro Proibido dos Mortos (1993); O Santuário do Medo 2 (1994); O Príncipe Guerreiro 3: O Olho do Mal (1996); Tudo por Dinheiro (1997); Titanic (1997); Pânico 2 (1997); Wing Commander: A Batalha Final (1999); De Volta ao Jardim Secreto (2000); O Planeta dos Macacos (2001); O Violinista que Veio do Mar (2004); O Retorno de Mary Poppins (2018)
Sandra Hess
O Homem da Califórnia (1992); Perseguição Selvagem (1994); O Príncipe Guerreiro 3: O Olho do Mal (1996); Mortal Kombat: A Aniquilação (1997); Nick Fury: Agente da S.H.I.E.L.D (1998); Pensacola: Wings of Gold (seriado 1998 a 2000); Face Value (2001); Gargoyle (2004); Pacto Quebrado (2006); General Hospital (seriado 2008)
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