quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

A AUTÓPSIA / THE AUTOPSY OF JANE DOE (2016) - REINO UNIDO/ ESTADOS UNIDOS





O BOM E VELHO FILME DE TERROR

Um brutal assassinato. Uma família toda chacinada. O corpo de uma jovem é encontrado e aparenta não ter sofrido mutilações. O Chefe de polícia encaminha o corpo imediatamente ao necrotério para que a autópsia revele uma pista do que poderia ter acontecido. Austin Tilden (Emile Hirsch) e seu pai Tommy (Brian Cox) resolvem realizar o procedimento e assim ajudar a polícia a desvendar o mais rápido possível o que acontecera à jovem. De acordo com que manipulam o corpo, fatos sinistros começam a ocorrer e a dupla  percebe que estão lidando com algo muito terrível.



Surpreendente talvez seja um bom adjetivo para qualificar esta produção. Um filme de baixo orçamento, simples, direto e apavorante. A Autópsia (ou A Autópsia de Jane Doe - título em Portugal) é um filme  de terror que cumpre o que promete: atmosfera sombria, terror crescente na dose certa e um suspense em torno da enigmática jovem ("Jane Doe" é um termo feminino usado quando não se sabe a identidade da pessoa. No masculino seria "John Doe" e pode ser entendido por "Zé ninguém"; "desconhecido"...). O roteiro abastece, aos poucos, informações necessárias através das descobertas de Tommy e seu filho assistente. Apesar de ser um filme "barato", não oferece um suspense / terror  na mesma medida, ao contrário, nos brinda com muita expectativa do que poderá vir pela frente. Os mais suscetíveis a sustos não irão se decepcionar.


O grande trunfo desta produção está no triunvirato roteiro, direção e atores. Tudo funcionando a contendo. O diretor André Øvredal (de "O Caçador de Troll" 2010) deu, ao público, uma direção inspirada com muita imaginação do que ocorrerá, em detrimento do uso dos efeitos. Muitas vezes o fato de um filme ser de baixo orçamento obriga os envolvidos a usarem da criatividade e isso não falta nesta produção. Se observarmos bem, praticamente não há efeitos, tudo é jogo de luzes, sons e a imaginação do espectador preenchendo a lacuna. É um cinema que está desaparecendo em prol da preguiça. Roteiros de ruim a medianos e elogiáveis efeitos é a marca do cinema atual. O espectador fica tão preso ao show de incessantes efeitos e câmeras ágeis que o filme acaba escondendo os seus defeitos. Com o tempo todas as produções se tornam tão padronizadas que não diferenciamos mais uma produção original. A Autópsia é isso: originalidade no mar de ideias sem grandes novidades das produções atuais.



A escolha do elenco é algo a ser destacadoEmile Hirsch ("Na Natureza Selvagem"); Brian Cox ("Planeta dos Macacos: A Origem"; "X-Men") e Michael McElhatton ("Games of Thrones") estão ótimos (este último em uma participação bem modesta). Os dois atores praticamente seguram o filme e dão a credibilidade que a produção buscou para o filme funcionar. O mais interessante é que a atriz Olwen Catherine Kelly, em seu segundo filme (o primeiro não passou por aqui: "Darkness on the Edge of Town" - 2014), não faz absolutamente nada a não ser parecer morta, mas a cãmera de André Øvredal consegue dar uma sensação de que a atriz está atuando intensamente, pois os vários closes feitos sobre a atriz e as explicações acerca dos mistérios que estão surgindo, nos passa a sensação incômoda de que algo habita aquele corpo. Algo muito ruim e terrível. A persoangem não move um músculo, mas é o fio condutor da história e a razão de ser do filme. O roteiro ainda tenta incomodar o espectador com cenas de autópsias bem reais. E este fator não deve ser desprezado, pois muitas pessoas não gostam destes tipos de cenas. Mas não são gratuitas, elas estão dentro do que a história precisa mostrar e estão lá, claro, para assustar também.


Outro fato a ser dito é que em quase toda a sua totalidade a ação ocorre entre quatro paredes, ou seja: o necrotério. São três atores e uma casa que se torna amaldiçoada, apresentando em 86 minutos um terror de primeira. Um feito e tanto que não deve ser desprezado. Tudo isso torna "A Autópsia" um dos melhores filmes do gênero de 2016, que todo fã de terror deveria dar uma olhada, assim como, alguns estúdios, para entenderem que ainda existe o cinema em sua essência e que o espectador ainda consegue perceber uma produção original quando lançada.



Trailer:



Curiosidades:
As filmagens ocorreram na Inglaterra e Reino Unido.

Martin Sheen foi a primeira escolha para o papel de Tommy


A música que toca ao longo deste filme é "Open up your heart (and let the sun shine in)", interpretada pela Escola Dominical da Igreja Cowboy. A versão utilizada é a gravação de 45 rpm tocada a 33 1/3.

Embora existam algumas próteses utilizadas, o papel do cadáver nu, em sua maior parte, foi interpretado pela atriz Olwen Catherine Kelly. André Øvredal sentiu que era necessário ter uma atriz ao vivo para o papel para ajudar a conectar o público em um nível humano. Em algum nível, a decisão também foi prática, pois Øvredal acredita que fazer algumas das cenas de perto com uma prótese teria sido impossível.

Olwen Kelly passou cerca de oito horas por dia durante cinco semanas deitada nua em uma mesa de autópsia. Antes de filmar, ela disse que passou muito tempo pensando "como vou ficar nua e, ainda assim, no que provavelmente será uma sala cheia de homens?" Sua experiência como modelo a ajudou a lidar. Durante um trabalho de modelo inicial depois de se mudar para Londres, ela posou totalmente nua, exceto por um par de sapatos, em uma sala cheia de pessoas.

Os nomes "John Doe" ou "John Roe" para homens, "Jane Doe" ou "Jane Roe" para mulheres, "Johnny Doe" e "Janie Doe" para crianças, ou apenas "Doe" não especificamente de gênero são usados como nomes de espaço reservado para uma parte cuja verdadeira identidade é desconhecida ou deve ser retida em uma ação legal, caso ou discussão

Stephen King disse sobre o filme: "A AUTÓPSIA DE JANE DOE: Horror visceral para rivalizar com ALIEN e Cronenberg. Assista, mas não sozinho."

Uma das razões pelas quais Olwen Catherine Kelly foi selecionada para seu papel como Jane Doe foi seu conhecimento de ioga, que a ajudou a controlar seu corpo e respiração.

André Øvredal disse que Olwen Catherine Kelly teve o papel mais difícil no filme, e ele creditou a ela por deixar todos os outros confortáveis ​​no set.

O realizador norueguês André Øvredal inspirou-se para fazer um filme de terror depois de assistir a uma exibição de Invocação do Mal (2013). Ele imediatamente ligou para seu agente e disse que eles deveriam tentar encontrar um bom roteiro de terror para ele. Um mês depois, eles lhe mostraram esse roteiro e ele ficou imediatamente interessado.

O filme cita Levítico 20:27 - Conforme a Bíblia:
"O homem ou mulher que consultar os mortos ou for feiticeiro(a), certamente será morto. Serão apedrejados, e o seu sangue cairá sobre eles".  (
A man also or woman that hath a familiar spirit, or that is a wizard, shall surely be put to death: they shall stone them with stones: their blood shall be upon them.)


Premiações:
Austin Fantastic Fest 2016
Fantastic Fest 2016
Sitges - Catalonian International Film Festival 2016  


Filmografia Parcial 
Emile Hirsch









Meninos de Deus (2002); O Clube do Imperador (2002); Os Reis de Dogtown (2005); Alpha Dog (2006); Na Natureza Selvagem (2007); Speed Racer (2008); Milk: A Voz da Igualdade (2008); A Hora da Escuridão (2011); O Grande Heroi (2013); A Autópsia (2016)

Brian Cox









Caçador de Assassinos (1986); Iron Will: O Grande Desafio (1994); Jutland - Reinado de Ódio (1994); Rob Roy: A Saga de uma Paixão (1995); Coração Valente (1995); Reação em Cadeia (1996); The Glimmer Man - O Homem das Sombras (1996); Despertar de um Pesadelo (1996); O Lutador (1997); Medidas Desesperadas (1998); Sem Saída (2001); A Identidade Bourne (2002); O Chamado (2002); X-Men 2 (2003); Tróia (2004); A Supremacia Bourne (2004); Ponto Final: Match Point (2005); Vôo Noturno (2005); O Escocês Voador (2006); Zodíaco (2007); Ataque Terrorista (2007); Red: Aposentados e Perigosos (2010); Planeta dos Macacos: A Origem (2011);; RED 2: Aposentados e Ainda Mais Perigosos (2013); Regressão (2013); X-men: Dias de um Futuro Esquecido (2014); A Autópsia (2016); Churchill (2017).


Olwen Catherine Kelly









Darkness on the Edge of Town (2014);  A Autópsia (2016); Winter Ridge (2018); The Obscure Life of the Grand Duke of Corsica (2021)


Ophelia Lovibond









Cruzada: Uma Jornada Através dos Tempos(2006); No escurinho do cinema (2007); O Garoto de Liverpool (2009); O Último Guarda-Costas (2010); Sexo Sem Compromisso (2011); Os Pinguins do Papai (2011); Thor: O Mundo Sombrio (2013); Guardiões da Galáxia (2014); A Autópsia (2016);  Rocketman (2019); Minx (seriado 2022)

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