terça-feira, 25 de setembro de 2018

JACK - O MATADOR DE GIGANTES / JACK THE GIANT KILLER (1962) - ESTADOS UNIDOS





DIVERTIDO, NOSTÁLGICO E MALFEITO

Cornualha, Inglaterra, perto do "Cabo do Fim do Mundo".  O Príncipe Pendragron (Torin Thatcher) era um feiticeiro, senhor das bruxas, demônios e gigantes  que aterrorizava o reino e fora expulso por um mago, Herlas, sendo exilando para além do mundo conhecido. Vivendo em um castelo fora do mapa e cercado de névoas, o poderoso feiticeiro esperou anos por seu retorno até o dia da coroação da princesa Elaine (Judi Meredith). Se apresentando como um príncipe de um lugar chamado Elidóros, desconhecido por todos, Pendragron consegue entrar na festa e entregar um lindo presente à futura rainha: uma caixa de música com um boneco dançarino que encanta a todos.  Ao anoitecer o boneco ganha vida e transforma-se em uma criatura gigante, que leva a princesa sem que o rei e os soldados consigam deter o monstro. No meio do caminho, Jack (Kerwin Mathews), um jovem fazendeiro, consegue salvar a princesa e ganha o título de cavaleiro. Para escapar das garras do feiticeiro, o rei determina que Elaine seja levada para um convento escondido na companhia de seu novo protetor: "Sir Jack, O Matador de Gigantes". Enquanto o casal e apaixona, Pendragon traça um plano para capturar a princesa e assim se tornar o novo rei da Cornualha.

 
Tudo começou Quando Charles Schneer e Ray Harryhausen estavam procurando por um produtor para o filme "Simbad e a Princesa" (The 7th Voyage of  Sinbad) de 1958. A ideia era ter Edward Small, mas este não demostrou interesse na produção. O filme foi um sucesso e Small resolveu que faria um filme nos mesmo moldes da oportunidade que perdera. E este seria "O Matador de Gigantes". 




Sua estratégia fora contratar o mesmo diretor, Nathan Juran, o mesmo herói (Kerwin Mathews) e o mesmo vilão (Torin Thatcher), mas algo fundamental ficou de fora: Ray Harryhausen e suas fabulosas criações. O mago dos efeitos que batizou seu efeitos como "Dynarama" (ainda chamada de "Dynamation") e nos trouxe filmes como: "As Novas Viagens de Simbad"; "Simbad e o Olho do Tigre" e "Fúria de Titãs" era a peça chave do sucesso, mas Small apostou na técnica "Fantascope" (técnica que junta atores a monstros animados) com outro artista à frente das criações: Jim Danforth, que havia trabalhado como assistente na produção de "A Máquina do Tempo" (1960) e já fizera outros trabalhos na área como "Atlântida, Continente Desaparecido" (1961) e "O Mundo Maravilhoso dos Irmãos Grimm" (1962). Posteriormente, conseguiria seu próprio lugar de destaque na indústria com trabalhos em dezenas de produções como "As Sete Caras do Dr. Lao" (1964); o seriado "The Outer Limits" (1963-1964);  "A Fantástica Fábrica de Chocolate" (1971); "007 - Os Diamantes São Eternos" (1971); "A Reencarnação de Peter Proud" (1975); "Fúria de Titãs" (como assistente de Harryhausen); "Conan, o Bárbaro" (1982); "O Enigma de Outro Mundo" (1982); "A História sem Fim" (1984); "Comando para Matar" (1985); "Eles Vivem" (1988)... em muitas destas produções, como "não creditada". Ainda trabalhou como diretor de segunda unidade, ator e na área de fotografia, como "matte artist", que fazia aquelas pinturas de fundo que hoje são feitas digitalmente, como castelos, florestas ... Mas algo não deu muito certo.



O diretor Nathan Juran (1907–2002) que dirigiu episódios de séries famosas como como "Tunel do Tempo", "Perdidos no Espaço",  "Viagem ao Fundo do Mar", "Terra de Gigantes" e "Daniel Boone" também dividiu os créditos com Orville H. Hampton (1917–1997) um experiente roteirista de filmes e séries. A dupla até entregou um trabalho interessante se olharmos para época de sua concepção. O filme é uma aventura infanto-juvenil; um conto de fadas sobre o bem contra o mal e o amor vencendo todos os obstáculos; sobre persistência e solidariedade; sobre honra e manter a palavra; sobre a amizade. Há vários elementos interessantes na  narrativa: bruxas (tem uma que deve ser uma ancestral da "Cuca" do primeiro "Sitio do Pica-Pau Amarelo"); tem um gigante (na verdade ele mata apenas um); tem um pássaro gigante. E um feiticeiro cheio de pompa e falas rebuscadas.



Há vários personagens misturados nessa salada de magia e feitiçaria: temos um viking (da mitologia nórdica); um gigante (que parece uma das criações Harryhausen do filme de Simbad de 1958);  um Leprechaun irlandês, preso em uma garrafa (alguém lembrou do gênio de Aladin ?), que lhe concede três (!) moedas mágicas que combaterá três grandes feitiços; uma referência ao "Cavalo de Tróia" no presente da caixa de música;  um menino corajoso (para o público infantil). O  nome "Pendragon" vem da lenda do Rei Arthur, pois Uther Pendragon seria pai deste.  Logo o mago Herlas pode ser uma mudança do nome de Merlin e Pendragon poderia ser Mordred, filho de Artur e Morgana, meia-irmã materna de Artur.  Até Barrabás (Cristianismo) e Isis (Egito Antigo) são citados (!!!???). Mas se a ideia era usar esses elementos e criar belos efeitos de Stop Montion provou-se um grande equívoco. As criaturas saíram bem malfeitas.


Kerwin Mathews (que em alguns momentos me lembrou o rosto de Gordon Scott) até se sai bem, como o fizera em seu filme de Simbad (é praticamente o mesmo personagem, mudando apenas o nome); Judi Meredith saiu-se igualmente bem em um papel duplo;  Torin Thatcher faz um vilão meio caricato e pouco assustador. Destaques  para Walter Burke (o lacaio do mago,  Garna); Don Beddoe (o Leprechaun, com suas frases em forma de rimas); Barry Kelley (Sigurd, o Viking) e Roger Mobley (o menino Peter)



Jack - O Matador de Gigantes envelheceu muito. A estória da princesa raptada por um mago malvado era mais do que batida com o seu salvador passando por alguns desafios para ficar para sempre com sua amada. E, aqui, tudo acontece com aquela inocência dos contos, com uma bem-vinda ausência de violência, comparada aos padrões atuais, que chega a nos deixar surpresos.  Caso achem o filme ruim (na verdade é bem nostálgico) é bom saberem que o produtor lançou uma posterior versão musical (para fugir de um processo da Columbia Pictures por conta da similaridade com "Simbad") na qual dublaram-se os atores e adaptaram-se os diálogos à números musicais.  


Trailer:





Curiosidades:

Kerwin Mathews se retirou dos holofotes em 1978, abrindo, posteriormente, uma loja de roupas e antiquários. Faleceu de ataque cardíaco.

Judi Meredith  se aposentou em 1973, vindo a falecer em 2014 de causas não reveladas

Torin Thatcher faleceu de câncer
 

Walter Burke faleceu em decorrência de um Enfisema

Don Beddoe faleceu de causas naturais

O filme não foi lançado no Reino Unido até 1967 e, em seguida, recebeu cortes para um certificado 'A', editando o ataque de bruxa no navio, a princesa Elaine sendo atacada pelo gigante e a luta de Jack com o dragão.



Cartazes:



  
Um trecho da versão musical




Filmografia Parcial: 
Kerwin Mathews (1926–2007) 

 



Simbad e a Princesa (1958); Fiel a Duas Bandeiras (1959);  As Viagens de Gulliver (1960);  Piratas do Rio Sangrento (1962); Jack - O Matador de Gigantes (1962);  Maniac (1963);  Pânico em Bangkok (1964); Um Roubo em Paris (1967); A Maldição da Lua Cheia (1977);  Nightmare in Blood (1977)

Judi Meredith (1936–2014)
 

 








  

Estação do Amor (1958); Época sem Lei (1958); Falta um para Vingar (1958); O Matador de Gigantes (1962); Bandoleiros do Oeste (1963); Queen of Blood (1966); Os Renegados (1971) e participação em várias séries

Torin Thatcher (1905–1981)


 







  

  

Barabbas (1935); O Homem Que Fazia Milagres (1936); O Amor Nasceu do Ódio (1937); Alguém Falou (1942); Um Estranho na Escuridão (1946); Jassy, A Feiticeira (1947); O Ídolo Caído (1948); A Rosa Negra (1950); O Pirata Sangrento (1952); As Neves do Kilimanjaro (1952);Barba Negra, o Pirata (1952); Ratos do Deserto (1953); Houdini, o Homem Miraculoso (1953); O Manto Sagrado (1953); O Escudo Negro de Falworth (1954); Rifles para Bengala (1954); Suplício de uma Saudade (1955); Helena de Tróia (1956); Meu Pecado Foi Nascer (1957); Testemunha de Acusação (1957); Simbad e a Princesa (1958); O Matador de Gigantes (1962); Adeus às Ilusões (1965); O Pirata do Rei (1967); Brenda Starr  (1976) e participação em vários seriados

Walter Burke  (1908–1984)
 

 











A Grande Ilusão (1949); O Último Jogo (1951); Algemas Partidas (1960); O Matador de Gigantes (1962); A Bela e a Fera (1962); A Conquista do Oeste (1962); A Volta ao Mundo em Oitenta Risadas (1963); Minha Bela Dama (1964); Respondendo à Bala (1966) A Louca Missão do Dr. Schaefer (1967); Uma Cidade Contra o Xerife (1969); Latigo, o Pistoleiro (1971); Jogo Sujo (1973) e participação em vários seriados


Don Beddoe (1903–1991)
 

 











O Falcão Mascarado (1939); Mandrake, O Mágico (1939); O Homem Imortal (1939); Conflito de Duas Almas (1939); Charlie Chan e o Estrangulador (1940); Perseguidor Implacável (1940); Máscara de Fogo (1941); E a Vida Continua (1942); Rua das Almas Perdidas (1947); Sombras da Ambição (1949); Cyrano de Bergerac (1950); O Rei do Rodeio (1951); Almas Desesperadas (1952); O Palhaço (1953); O Rio das Almas Perdidas (1954); Tarzan e os Selvagens (1955); Mensageiro do Diabo (1955); Minha Vontade é Lei (1959); O Mago de Bagdad (1960); O Matador de Gigantes (1962); O Estado Interessante de Papai (1963); Dois Contra o Oeste (1966); Nickel Mountain (1984) 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olá Cinéfilos.
Obrigado por visitarem minha página.
Estejam à vontade para comentarem, tirarem dúvidas ou sugerirem análises.
Os comentários sofrem análises prévias para evitar spans. Tão logo sejam identificados, publicarei. Quaisquer dúvidas, verifiquem a Política de Conduta do blog.
Sua opinião e comentários são o termômetro do meu trabalho. Não esqueça de informar o seu nome para que possa responder.
Visitem a minha página homônima no Facebook onde coloco muitas curiosidades sobre cinema , séries e quadrinhos (se puderem curtir ajudaria). Comentários que tragam e-mails e telefones não serão postados
Bem-vindos.
Cinéfilos Para Sempre