FEITO PARA DAR SUSTOS
(contém spoilers)
Romênia.
Após um aterrador evento, uma freira comete suicídio em uma isolada abadia. Ao
tomar ciência dos fatos pelos moradores, o Vaticano resolve enviar o Padre
Burke (Demián Bichir), especializado em investigações e exorcismos e Irmã Irene
(Taissa Farmiga), uma noviça que ainda não constituiu os votos, pois conheceria
o local. Ao chegarem no vilarejo são recebidos por Frenchie (Jonas Bloquet), um
franco-canadense que vive no local e a pessoa que encontrou a freira morta. Ao
chegarem ao sinistro local, percebem que o mal habita a abadia e que suas vidas
estão em eminente perigo.
A
Freira é um spin-off (filme derivado) dos sucessos "Invocação do mal I"
(2013) e "Invocação do Mal" II (2016) que conta a estória do casal de
demonólogos chamados "Warren" e
a direção coube a Corin Hardy, mais conhecido pelo filme "A Maldição da
Floresta" (2015). Tendo como produtor James Wann, um nome cada mais
vez mais conhecido e admirado no meio, podemos considerar como um selo de
qualidade.
Apesar
de A Freira ter despertado a curiosidade de sua origem em "Invocação do Mal
2", espertamente, o roteiro optou por fazer uma adaptação que não
necessita que o espectador esteja familiarizado com o filme de 2016. A trama se situa em 1952, logo após a Segunda Grande
Guerra (e antes dos filmes citados) onde descobrimos que o mal residiu no
local, um antigo castelo habitado por um homem cuja prática era realizar atos
profanos, mas fora, na idade média, contido e aprisionado. Quando o trio chega
no agora convento de freiras que vivem em clausura absoluta, logo percebem que
este mal libertou-se e realidade e ilusão começam a permear os sentidos dos
envolvidos. Um mal extremamente perverso e diabólico que, caso consiga sair
daquele local, poderá espalhar-se por toda terra, mas que apesar de liberto de
sua prisão, ainda não consegue sair dos limites que cercam a abadia. E aí
começa o bom o roteiro. O local era profano e foi transformado em local
"santo". A guerra chegou até a Romênia e entre todos os males que
essa Grande Guerra causou, foi ironicamente, agora, libertar não um mal do
coração humano, mas um mal absoluto. Um ser das trevas que aguardava milênios
por uma chance de se espalhar. Hardy soube conduzir uma bem desenvolvida mitologia a partir de sua aparição em "Invocação do Mal 2".
Corin
Hardy soube brincar muito bem com as luzes e sombras, aproveitando a bela
fotografia de Maxime Alexandre ("Annabelle 2: A Criação do Mal") que
imprime tons quase acinzentados, dando às cenas o ar de local tenebroso. Optar
por filmar na Romênia trouxe uma atmosfera mais apropriada ao gênero, além de
baratear significativamente os custos da produção. Há quem critique muito os "jump
scares" (os famosos "pulos e sustos" que provocam gritos), mas
esta franquia prova que sabendo o momento certo para se utilizar, pode ser um
recurso dos mais importantes, em um filme de terror religioso, uma categoria
que assusta muita gente. Outro aspecto a ser analisado é que a figura da Freira
(Bonnie Aarons reprisando seu papel) e suas "aparições" poderia
estragar toda expectativa criada, destruindo uma franquia que vinha oxigenando o
gênero. E não faz feio. Hardy coloca a entidade num jogo de gato e rato, em
momentos bem criativos, com direito a cruzes em profusão, crucifixos
invertidos, rostos escondidos, escuridão, ataques repentinos, longos corredores escuros e bons movimentos de câmera. Mesmo o
espectador mais calejado em evitar as cenas de susto poderá ser pego em uma ou
duas cenas.
E
as sutilezas estão ali quando percebemos que as duas mulheres que confrontaram
a entidade possuem dons clarividentes: Irene (Taissa Farmiga) no passado e
Lorraine Warren (Vera Farmiga) no "futuro". Aliais Tassia é a irmã
mais nova de Vera na vida real. A roupa branca de Irene é outro ponto, um aspecto
que nos conduz a percepção de pureza constrando ao impuro. É a terceira aparição da
Freira, após "Annabelle 2" (2017). E James Waan com certeza tem muito
cuidado com seus filmes, mesmo atuando como produtor e isso é essencial para
que não perca o rumo como aconteceu com, por exemplo, a franquia "Alien".
E hardy revelou que Waan dirigiu algumas externas.
O
elenco está ótimo: Taissa Farmiga (do seriado American Horror Story) conseguiu
passar aquela imagem de meiguice, inocência, medo e pavor que um filme necessita. Sua personagem
começa frágil, meio (propositadamente) perdida e vai ganhando a força que o
roteiro exigiu. O ator mexicano Demián
Bichir (de "Os Oito Odiados") encarna muito bem um Padre que, no passado, cometeu
um erro que lhe persegue desde então. O ator belga Jonas Bloquet está bem
funcionando com a válvula de escape cômica que o filme precisava. Sua boa
atuação e o bom roteiro impediram de estragar o filme com esse artifício que às
vezes pode dar muito errado.
A
Freira é um um bom exemplar em um gênero que vinha cambaleando, com produções
isentas de criatividade. Traz um sopro de vida através de um James Wan que atua
às vezes como produtor ("Invocação do Mal I e II"; "Sobrenatural I e II")
e como diretor (de "Jogos Mortais I", "Velozes e Furiosos 7",
"Aquaman"). Resta esperarmos por um "Invocação do Mal 3",
já anunciado, e sabermos se a estória se encerrou por aqui, ou, futuramente,
poderemos ter um novo confronto com o casal Warren, pois há um hiato, que
alguns perceberão, a ser explicado entre
esse filme e os filmes dos Warren. O mais interessante que os dois filmes
"Invocação do Mal" intitulam-se como baseados em fatos reais. Logo "A
Freira" seria uma estória real? Dessa vez, conforme os envolvidos,
trata-se de apenas um (belo) exercício de imaginação.
Trailer:
Curiosidades:
Orçado
em $22.000.000
Em
"Invocação do Mal 2" (2016), foi
revelado que o nome real da "Freira-Demônio" seria Valak.
Os
eventos acontecem antes de Annabelle: A Criação (2017), tornando-se o primeiro
filme (cronologicamente) na série de filmes.
O verdadeiro nome da freira - Valak - pode ser
visto na placa de registro no veículo do aldeão local pouco antes de o padre
Burke, a irmã Irene e Frenchie partirem para a abadia e no parquinho onde
encontramos pela primeira vez a irmã Irene no playground
O
filme estava programado para chegar aos cinemas americanos em meados de julho
de 2018, mas foi adiado para o halloween de setembro, na esperança de ter o
mesmo sucesso nas bilheterias de It: A Coisa (2017) no ano passado, que arrecadou
mais de US $ 700 milhões.
Música: "You Belong to Me" - Jo Stafford
SPOLIER
(NÃO LEIA SE NÃO VIU AINDA O FILME)
No
final de A Freira, uma cena de "Invocação do Mal" é mostrada onde Ed
& Lorraine (os Warren) estão realizando um exorcismo em Maurice. Esta cena
ligaria o Maurice daquele vídeo como sendo o mesmo Maurice de A Freira, mas
eles editaram a cena para se encaixar na narrativa: eles editaram o ator Jonas
Bloquet na cena do exorcismo. E como ele fora feito por um ator diferente, acrescentaram um diálogo de Ed dizendo
"chamavam-lhe Frenchie", para fazer uma conexão melhor.
Bonnie Aarons
Bonnie Aarons
Filmografia
Parcial:
Taissa Farmiga
Regressão (2013); Terror nos Bastidores (2015); No Vale da Violência (2016); A Freira (2018); História de Horror Americana (seriado 2011 a 2018); We Have Always Lived in the Castle (2018); A Mula (2018)
Demián Bichir
Hotel Colonial (1987); O Penitente (1988); Miroslava (1993); Ninguém Falará de Nós Quando Estivermos Mortos (1995); Sexo, Pudor E Lágrimas (1999); Ave María (1999); Sem Notícias de Deus (2001); Che: O Argentino (2008); Che 2: A Guerrilha (2008); Hidalgo - A História Jamais Contada (2010); Selvagens (2012); A Recompensa (2013); Machete Mata (2013); Os Oito Odiados (2015); Alien: Covenant (2017); Walden: Life in The Woods (2017); A Freira (2018); Chaos Walking (2019)
Jonas Bloquet
Taissa Farmiga
Regressão (2013); Terror nos Bastidores (2015); No Vale da Violência (2016); A Freira (2018); História de Horror Americana (seriado 2011 a 2018); We Have Always Lived in the Castle (2018); A Mula (2018)
Demián Bichir
Hotel Colonial (1987); O Penitente (1988); Miroslava (1993); Ninguém Falará de Nós Quando Estivermos Mortos (1995); Sexo, Pudor E Lágrimas (1999); Ave María (1999); Sem Notícias de Deus (2001); Che: O Argentino (2008); Che 2: A Guerrilha (2008); Hidalgo - A História Jamais Contada (2010); Selvagens (2012); A Recompensa (2013); Machete Mata (2013); Os Oito Odiados (2015); Alien: Covenant (2017); Walden: Life in The Woods (2017); A Freira (2018); Chaos Walking (2019)
Jonas Bloquet
Tonnerre (2013); A Família (2013); 3 Dias Para Matar (2014); Elle (2016); Valerian e a Cidade dos Mil Planetas (2017); A Freira (2018)
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