ROBOCOP / ROBOCOP (2014) - ESTADOS UNIDOS

DO DIRETOR DE TROPA DE ELITE

2028. O policial Alex Murphy é um detetive infiltrado que tem sua operação revelada por alguém de dentro. Ao entrar em confronto com um grupo tem o seu parceiro ferido, mas consegue escapar com vida. Ao sair de casa para verificar um aparente efeito no carro, ocorre um atentado que detona um explosivo que destrói 90% do seu corpo.

A OmniCorp é a responsável pela tecnologia robótica, no campo da defesa de conflitos urbanos fora do país e na recuperação de através de próteses avançadas, que devolvem a  amputados a capacidade de terem uma vida normal.

                    

O grande empecilho para a OmmiCorp é uma emenda de um senador, que impede que sejam utilizados robôs dentro dos Estados Unidos, aonde o lucro para a empresa seria imenso. Seu presidente, Raymond Sellars (Michael Keaton), percebe no atentado a Murphy uma nova possibilidade. Ao invés de robôs sem capacidade humana de julgamento, a criação de um homem com o corpo de robô e cérebro humano, além de burlar a lei anti-robôs daria ao público o que queria: um robô com “alma”. Raymond encarrega o Dr Dennett Norton (Gary Oldman) de adaptar Murphy às situações cotidianas. Logo é apresentado Robocop que faz enorme sucesso, obrigando o senado a liberá-lo para vasculhar a cidade atrás de criminosos, porém sua família passa a reclamar publicamente que lhe é negada a visita a Murphy, que parece ter outros objetivos em mente.

Nova versão do clássico dos anos 80, agora dirigida pelo brasileiro José Padilha (Tropa de Elite 1 e 2) em seu primeiro filme americano. Essa nova repaginada ao personagem deve-se ao fato de Hollywood tentar fazer sucesso com produções que marcaram época como a nova versão de o Vingador do Futuro e a Hora do Espanto, por exemplo.

                     

Este novo Robocop acerta no visual mais moderno, provavelmente inspirado no sucesso da franquia Homem de Ferro. Acerta também em colocar os antigos  Ed209 como robôs de apoio, com armamento pesado para confrontos com terroristas, porque, na antiga Detroid do filme de 87, os ED 209 não desciam escada e o Robocop não corria. Os bandidos faziam a festa. Parece que o diretor resolveu dar bastante ênfase a essa singularidade, como pode ser visto numa cena em que Robocop  foge de um centro e corre por uma plantação. Outro fator relevante ao filme é centrar os dilemas de Muphy através de sua família. Se na antiga versão Murphy foi rejeitado como um ser bizarro, aqui ele não só possui o apoio da família como esta o quer ao seu lado. Padilha também evitar a trilha de Paul Verhoeven  (também em seu primeiro filme americano) no quesito violência. Se na versão de 87 Murphy é executado, numa das cenas mais controversas em termos de violência até então, Padilha pegou um recurso mais ameno, mas igualmente interessante, com a ideia de não levar o filme a um público de faixa etária superior, diminuindo assim a bilheteria jovem

Os comercias sarcásticos, a crítica à TV e ao cotidiano dos anos 80 do primeiro Robocop foram substituídos por um apresentador que tenta, a todo custo, convencer o público (sempre ao fundo com algo que lembre a bandeira americana) da  importância da OmmiCorp na vida dos cidadãos americanos. Padilha quis mostrar que apelar para o nacionalismo americano pode ser uma arma psicológica muito forte. As cenas ficaram a cargo de Samuel L. Jackson, que tem momentos interessantes na composição de seu personagem, mas que, em determinados momentos, cansa o espectador mais impaciente à procura de ação. 

                    

Quanto ao elenco. Joel Kinnaman (Alex Murphy / RoboCop) fez um personagem correto e tem boa atuação, porém a de Peter Weller, numa composição mais sofrida, deu maior destaque ao personagem.  Fazendo uma breve análise, os dois atores foram bem dentro do panorama apresentado por cada diretor. Por algum motivo inexplicável, ao ver a cena de Murphy no hospital, me veio a lembrança o antigo seriado "O Homem de Seis Milhões de Dólares" quando perde as pernas, um braço e o olho esquerdo destroçados (se foi o acaso ou uma homenagem foi  de muito bom gosto). Michael Keaton (Spotlight: Segredos Revelados (2015)) está muito bem, porém o personagem de Rony Cox tinha um ar mais intimidador e características mais obscuras acerca de seus motivos frente a Ommi. O personagem de Keaton é um idealista que trocou sonho  por ganância empresarial.    

Robocop    1987

Robocop    2014

Robocop   2014                                    

Homem de 6 Milhões de Dólares

         

     

                                    

 

Refilmagens sempre serão objetos de comparação com os originais. Uns gostam do primeiro por ser ter sido algo novo ainda não realizado, outros preferem uma modernidade e atualização da trama. Se visto pelos olhos de uma pessoa que não assistiu ao primeiro filme, podemos dizer que este exemplar passará a impressão de uma produção cuidadosa, com um ritmo ágil e boas cenas de ação. Se comparado ao original, muitos ficarão com a lembrança do robô de fibra de vidro com visual futurista. Se olharmos este novo Robocop como um novo começo de franquia, podemos dizer que o filme é bom e pode tentar engatar uma continuação. O problema talvez seja a falta de impacto do filme, que pode ser visto apenas como mais uma produção de entretenimento. José Padilha optou por um filme voltado a esse entretenimento e Verhoeven quis dar um pouco de reflexão, numa época de Rockys, Rambos, Braddocks e outros. A reflexão que o primeiro longa gerou, a despeito do rumo que a  sociedade poderia seguir e sua conivência com a violência (leia-se a banalização desta), foi algo bem impactante. A sacada de Verhoven de fazer uma crítica aos meios de comunicação, aos anúncios (propositadamente ridículos) e a frieza das corporações, frente ao cidadão comum, estavam a frente de seu tempo, mas que na nova versão optou-se por não seguir o mesmo caminho, até para evitar uma cópia carbono e perder sua concepção de numa nova linguagem. Padilha optou por centrar a discussão nos perigos da tecnologia auxiliando um sistema fascista e fugiu de tentar demonstrar sua visão de como seria o futuro. Centrou sua abordagem na política externa, mais perceptível ao espectador em tempos atuais, enquanto o primeiro Robocop centrava em uma cidade americana.
 

A concepção do visual do personagem título foi acertada e não fazia sentido a antiga vestimenta. O cinema tornou-se mais ágil, as cenas idem e um visual mais dinâmico fez-se necessário. Robocop não se tornará um filme “clássico”, apenas foi feito de maneira correta para ser um Blockbuster (o que limita as ideias criativas dos diretores). Se o público se solidarizava com o primeiro filme, esta nova versão poderá apenas angariar simpatias, mas é muito pouco para tornar-se Cult. 

Trailer legendado:

Curiosidades:

O filme foi orçado em 140 milhões.

O fotógrafo Lula Carvalho, o compositor Pedro Bromfman e o montador Daniel Resende que trabalharam no filme são brasileiros.

Paul Verhoeven, o diretor de RoboCop: O Policial do Futuro (1987), foi cético em relação ao remake, dizendo que era típico da falta de ideias novas em Hollywood. Ficou ainda menos impressionado com o filme finalizado, comentando que, assim como O Vingador do Futuro (2012) (outro remake de um de seus filmes), faltou o humor que tornou o trabalho original tão bom.

O RoboCop com uma mão humana em sua forma final é uma homenagem a RoboCop: O Policial do Futuro (1987), no qual os técnicos discutem com Bob Morton sobre a possibilidade de resgatar o braço de Murphy depois que ele foi "morto" no cumprimento do dever. No filme original, Morton rejeita a ideia de forma insensível, e é tomada a decisão de remover o braço sobrevivente de Murphy.

O primeiro nome do Dr. Norton (Gary Oldman) é Dennett, que é o último nome do filósofo Daniel Dennett, que é famoso por seu trabalho sobre consciência e livre arbítrio, ambos temas-chave no filme. Daniel Dennett argumenta que a consciência é uma ilusão criada por camadas de processos físicos e químicos e que a consciência é essencialmente computacional. No entanto, ele argumenta que sua visão é compatível com a ideia de livre arbítrio.

A fala "Vivo ou morto, você vem comigo." é dito por Murphy neste filme e RoboCop: O Policial do Futuro (1987).

Durante a cena em que o RoboCop é apresentado ao público, pode-se ler na última manchete a notícia "Surfista brasileiro Gui Padilha ..". Esta é uma homenagem ao filho de José Padilha.

Daniel Kash, escalado para o papel do policial de Detroit John Lake, teve um papel recorrente na série de televisão RoboCop (1994).

Edward Norton recusou o papel do Dr. Dennett Norton.

Tom Cruise, Johnny Depp e Keanu Reeves foram considerados para interpretar RoboCop.

Michael Fassbender, Matthias Schoenaerts e Russell Crowe foram considerados para jogar RoboCop. Matthias Schoenaerts revelou que recusou por achar que ainda não estava preparado para um grande filme como este.

Hugh Laurie estava em negociações para fazer o papel de Raymond Sellars, mas as negociações do contrato foram interrompidas entre ele e os produtores do filme. Clive Owen foi seriamente considerado um substituto.

Chris Pine foi considerado para o papel de Alex Murphy (RoboCop). Apareceu em Além da Escuridão: Star Trek (2013) com o RoboCop original, Peter Weller.

Gael García Bernal, Alexander Skarsgård, and Logan Marshall-Green were considered for the role of Jack Lewis.

Efeitos:

Filmografia Parcial:
Joel Kinnaman

O Invisível (2002); Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres (2011); Protegendo o Inimigo (2012); RoboCop (2014); Cavaleiro de Copas (2015); Noite Sem Fim (2015); Crimes Ocultos (2015); Esquadrão Suicida (2016);

Samuel L. Jackson

Um Príncipe em Nova York (1988); Faça a Coisa Certa (1989); Vítimas de uma Paixão (1989); O Casamento de Betsy (1990); O Exorcista III (1990); Os Bons Companheiros (1990); Jogos Patrióticos (1992); Máquina Quase Mortífera (1993); Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros (1993); Attica: A Solução Final (1994); Pulp Fiction: Tempo de Violência (1994); Duro de Matar 3: A Vingança (1995); Tempo de Matar (1996); 187: O Código (1997); Jackie Brown (1997); 187: O Código (1997); A Negociação (1998); O Violino Vermelho (1998); Star Wars: Episódio I - A Ameaça Fantasma (1999); Do Fundo do Mar (1999); Shaft (2000); Corpo Fechado (2000); Fora de Controle (2002); Star Wars: Episódio II - Ataque dos Clones (2002); Triplo X (2002); Violação de Conduta (2003); S.W.A.T.: Comando Especial (2003); Kill Bill: Volume 2 (2004); Coach Carter: Treino para a Vida (2005); xXx 2 - Estado de Emergência (2005); Star Wars: Episódio III - A Vingança dos Sith (2005); Serpentes a Bordo (2006); Entre o Céu e o Inferno (2006); O Resgate de Um Campeão (2007); 1408 (2007); Jumper (2008); Homem de Ferro (2008); O Vizinho (2008); Homem de Ferro 2 (2010); Homem de Ferro 2 (2010); Thor (2011);  Capitão América: O Primeiro Vingador (2011); The Avengers: Os Vingadores (2012); Django Livre (2012); Oldboy: Dias de Vingança (2013); RoboCop (2014); Capitão América 2: O Soldado Invernal (2014); Vingadores: Era de Ultron (2015); Os Oito Odiados (2015); A Lenda de Tarzan (2016); O Lar das Crianças Peculiares (2016); xXx: Reativado (2017); Kong: A Ilha da Caveira (2017); Avengers: Infinity War (2018); Vidro (2019); Capitã Marvel (2019) 

Gary Oldman

Sid & Nancy - O Amor Mata (1986); Um Tiro de Misericórdia (1990); Henry & June - Delírios Eróticos (1990); JFK: A Pergunta que Não Quer Calar (1991);  Drácula de Bram Stoker (1992); Amor à Queima Roupa (1993); O Profissional (1994); Minha Amada Imortal (1994); A Letra Escarlate (1995); Assassinato em Primeiro Grau (1995);  O Quinto Elemento (1997); Força Aérea Um (1997); Perdidos no Espaço: O Filme (1998); Jesus - A Maior História de Todos os Tempos (1999); Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban (2004);  Batman Begins (2005); Harry Potter e o Cálice de Fogo (2005); Harry Potter e a Ordem da Fênix (2007); Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008); Alma Perdida (2009); O Livro de Eli (2010); Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2 (2011); O Espião Que Sabia Demais (2011); Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012);  RoboCop (2014); Planeta dos Macacos: O Confronto (2014);  Crimes Ocultos (2015); O Destino de Uma Nação (2017).

Michael Keaton

Johnny, o Gângster (1984); Fábrica de Loucuras (1986); Encontro Fatal (1986); De Médico e Louco Todo Mundo Tem um Pouco (1989); Batman (1989); Morando com o Perigo (1990); Batman: O Retorno (1992); Muito Barulho por Nada (1993); O Jornal (1994); Eu, Minha Mulher e Minhas Cópias (1996); Jackie Brown (1997); Medidas Desesperadas (1998); A Filha do Presidente (2004); Vozes do Além (2005); O Último Golpe (2006); RoboCop (2014); Need for Speed: O Filme (2014); Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) (2014); Spotlight: Segredos Revelados (2015); Fome de Poder  (2016); American Assassin (2017); Homem-Aranha: De Volta ao Lar (2017)

Jackie Earle Haley

O Dia do Gafanhoto (1975); Herança Nuclear (1977); O Vencedor (1979); Porky 3 (1983); A Gang do Zoo (1985); Nemesis - O Exterminador de Andróides (1992); Maniac Cop 3 - O Distintivo do Silêncio (1993); Pecados Íntimos (2006); O Efeito da Fúria (2008); Watchmen: O Filme (2009); Ilha do Medo (2010); A Hora do Pesadelo (2010); Sombras da Noite (2012); Lincoln (2012);  Robocop (2014); O Nascimento de Uma Nação (2016); Preacher  (seriado 2016); A Torre Negra (2017); Alita: Battle Angel  (2018)