terça-feira, 14 de julho de 2020

COMA: A DIMENSÃO DO FUTURO / KOMA (2019) - RÚSSIA


FICÇÃO-CIENTÍFICA RUSSA

Viktor (Rinal Mukhametov) é um jovem arquiteto que acorda pela manhã e vê que a realidade está mudada: prédios estão desaparecendo e muitos estão de ponta-cabeça ou suspensos no ar. Pessoas estão se desintegrando e uma misteriosa criatura parece brotar das imensas “ligas” negras que cobrem os céus. Ao ser atacado por uma dessas criaturas é salvo por Phantom (Anton Pampushnyy) e pela soldado Fly (Lyubov Aksyonova) que o levam para um local que abriga outras pessoas. Viktor descobre que está em outro mundo: um mundo das pessoas que ficam em coma e que tudo ali é produzido pelas memórias dos que estão inconscientes, inclusive as mortais criaturas chamadas "Ceifadores". Se alguém é morto por essas criaturas nessa realidade, não mais acordará no mundo real.  Yan (Konstantin Lavronenko) é o mais antigo naquela realidade e por isso líder. Ele explica que todos possuem habilidades naquele mundo, mas pouco as desenvolvem, Phantom, por exemplo, tem super-força e super-velocidade, mas é instável, imaturo e arrogante e Fly o poder de cura. Yan crê que Victor possui habilidades que o ajudarão em seu plano e Phantom começa a se incomodar com a aproximação de Victor e Fly. Mas o grande mistério para Victor é entender o que lhe aconteceu para ter entrado em coma.


O cinema russo no Brasil ainda é pouco conhecido do grande público. Alguns podem ter visto O Encouraçado Potemkin (1925), Guerra e Paz (1965), Solaris (1972); Vá e Veja (1985); Arca Russa (2002)... mas essas produções não são para todo o tipo de público, principalmente os que gostam de produções made in USA. Mas de um tempo para cá jovens cineastas russos tem se aproximado mais do estilo ocidental de fazer cinema. Quem viu os Guardiões, a versão americana de os Vingadores, percebeu que ainda que engatinhe em certos aspectos, há uma luz na escuridão e principalmente os filmes de ficção científica tem apresentado melhores resultados para o grande público ainda que as estórias careçam de melhor dramatização e estilo. "Coma" não foge muito à regra, mas apresenta melhoras perceptíveis do que podemos esperar nos próximos anos.


Em sua estreia na direção, Nikita Argunov, que foi uma das produtoras de “Os Guardiões”, mas sua até então experiência era no campo dos efeitos especiais (como “O Guerreiro Genghis Khan” de 2007), nos entrega um filme visualmente hipnotizante com efeitos especiais de primeira linha, mas a estória que até flui bem, tem alguns altos e baixos como uma primeira parte mais lenta, algumas perguntas sem resposta apostando num ritmo mais dinâmico perto do final. Quem viu “A Origem” e “Doutor Estranho” perceberá que a cineasta bebeu nessas fontes quanto a questão dos efeitos, mas o filme tem vida própria e se afasta dessas produções ao elaborar sua própria estória que evita a violência habitual dos filmes atuais preenchendo de aventura, ação e fantasia.  Há um certo mistério quanto a toda situação, que será esclarecida ao longo da estória. Satisfará alguns, mas outros sentirão que mais alguns minutos dariam um final bem mais estruturado.


No elenco não temos rostos conhecidos e algumas atuações ficam no automático, algo que o cinema russo ainda precisa resolver. Lyubov Aksyonova esteve em Salyut-7 e em um episódio da série Jack Ryan (2019). Anton Pampushnyy foi "Arsus" em "Os Guardiões" e o restante do elenco vem de produções russas.


Koma custou em torno e 4 milhões de dólares, mas sua arrecadação mundial ficou em torno da metade do valor. Sabendo que americanos não gostam de filmes estrangeiros para não lerem legendas e que outros países preferem divulgar filmes de países mais conhecidos, justifica-se porque essa produção pouco arrecadou e porque muitos ainda não a conhecem. Não é um filme fantástico, não é um filme inesquecível, mas pode ser assistido como um bom passatempo e até como curiosidade em como a indústria cinematográfica russa vem se desenvolvendo no século XXI.

Trailer:







Cartazes:





2 comentários:

  1. Parabéns Luis pela a analise. Muito bom esses filmes vindos da Rússia, cada vez ficando melhor.

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  2. Boa Noite Marcos.
    Um filme visualmente muito bem realizado. Se o cinema russo continuar nessa caminhada e acertar algumas coisas, poderá produzir filmes bem interessantes. Obrigado pela indicação do filme. Um grande abraço.

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