CINEMA DE ARTE DA TURQUIA
Produção Turca de 2004 que se inicia com Servet (Ercan
Kesal), um rico homem de negócios, de meia idade, com aspirações políticas que,
ao dirigir a noite, com sono, acaba atropelando um transeunte. Um carro passa e anota a sua placa. Para fugir da
prisão e continuar sua vida, Serve faz uma proposta a seu motorista particular
Eyüp: assumir a culpa e receber ao final da pena, entre 6 meses a 1 ano,
dinheiro suficiente para iniciar uma nova vida e, enquanto cumpre a pena,
enviará o seu salário integralmente à família. Eyüp (Yavuz Bingol) aceita e
assume a culpa. Sua família, porém não é das mais estáveis e tudo que havia de
escondido no seio familiar começa a vir a toda.
Assim começa o título Três Macacos: nada vejo, nada ouço,
nada falo. Uma fábula japonesa adaptada à realidade dos personagens e que cada
um assume o seu papel de macaco. A bela esposa, Hacer (Hatice Aslan), que finge
não ver que o acontece em casa, o filho Ismail (Ahmet Rifta Sungar), que se
cala diante da situação que descobre em casa e o marido que finge não entender
o que escuta.
Entendendo o filme, fica mais fácil de aceitar um roteiro
que abusa um pouco do silêncio, representado pelo distanciamento dos
personagens, ainda que fisicamente próximos, com poucos diálogos e tramas que
fazem com que o espectador tenha que deduzir vários eventos.
O fato desses eventos serem subentendidos pode deixar alguns
espectadores confusos se não prestarem a devida atenção, pois o filme muda de
tomada, ou seja, de situação e entra direto em outra e, nesse meio caminho,
fica a lacuna a ser preenchida por quem assiste, mas nada de excepcional. Os
grandes méritos desse filme são: certo clima claustrofóbico dos personagens, a
fotografia escura de Istambul, os personagens em conflitos morais e existenciais, num ambiente de cor próxima ao sépia,
e os bons atores escolhidos para os respectivos papéis. A família não é muito
diferente das que existem por aí: um pai sem perspectivas, com um filho que se
encaminha para a mesma situação. Uma geração que tende a se destruir mais
rápido diante do futuro incerto. A esposa, sem saber como lidar com o filho e,
sem carinho e amor, por parte do marido, descobre na prisão deste a sua chance
de liberdade.
Neste contexto, cada um entende que seus problemas devem
ser resolvidos apenas por eles mesmos e cada um se separa e cumpre o seu papel,
apesar de todos estarem ligados pelo incidente ocorrido. Como na sequência de
dominós caindo, um novo evento, de um dos personagens, fará com que cada um dos
personagens passe a tomar uma atitude, que resultará em uma nova tragédia e,
aí, a figura dos 3 macacos impera novamente na trama. O final é bem
interessante e pode surpreender alguns. Quem assistiu o filme argentino "Relatos Selvagens", que apresenta sua narrativa episódica, irá familiarizar-se com este filme, pois possui uma passagem bem parecida com a desta produção.
3 macacos é, sem dúvida, um filme de arte, voltado às
plateias que procuram cinema como forma de reflexão e entretenimento
sofisticado longe dos filmes blockbusters que mensalmente ocupam as
programações. O diretor Nuri Bilge Ceylan conseguir extrair do silêncio uma
tremenda sensibilidade poética e a deixa durante um bom tempo na mente dos
espectadores.
Trailer:
Curiosidades:
O diretor ganhou o prêmio de melhor diretor no festival
de Cannes por este filme.
Yavuz Bingol é um famoso cantor turco
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