terça-feira, 31 de maio de 2016

EU SOU A FÚRIA / I AM WRAITH ( 2016) - ESTADOS UNIDOS



DUPLO IMPACTO

Os índices de criminalidade aumentaram significativamente. As autoridades culpam gangues que estariam mais armadas. O governador vende a propaganda de que tudo melhorou, mas é questionado pela construção de um oleoduto. Stanley Hill (John Travolta) volta de uma viagem e sua esposa, Vivian Hill (Rebecca De Mornay), vai buscá-lo no aeroporto. No estacionamento o casal é abordado por um homem que simula pedir um trocado, mas na verdade trata-se de um assalto. Stanley é espancado e Vivian morta. Na delegacia ele reconhece o homem  que lhe abordou, mas o suspeito é solto por falta de evidências. Stanley não aceita a falta de empenho da polícia e resolve que agirá por conta própria. Mas o aparente pacato homem de família é um homem perigoso, com o passado nebuloso. Com a ajuda de Dennis (Christopher Meloni) que é dono de uma barbearia, mas também não é o que aparenta forma-se uma dupla que não atuava junta havia quase 20 anos, mas que se separou por desavenças. Essa dupla entrará fundo no submundo local e Stanley irá até as últimas consequências para obter justiça que, para Dennis, tem o nome de vingança. Só que os dois descobrirão fatos desconhecidos do grande público que comprometem figuras importantes da cidade.


Escrito para Nicholas Cage, "Eu Sou a Fúria", traz John Travolta na pele do justiceiro capaz de tudo para cumprir sua vingança. O filme lembra de imediato os filmes do ator Liam Neeson, que conseguiu boas bilheterias com seus “Busca Implacável”. Mas "Eu Sou a Fúria" é uma versão melhor ou pior dos “Desejos de Matar” de Charles Bronson que gerou tantos filmes de vingadores solitários? Sim e Não. Quem assistiu "Harry Brown" (com Michael Caine), "Valente" (Jodie Foster), "Sentença de Morte" (com Kevin Bacon) e outros tantos sabe que o tema sempre atrai novas versões e nem atores consagrados escapam dessa “vontade” de bancar o justiceiro. "Eu Sou a Fúria" bebe dessa fonte sim, mas pode ser um atrativo bem interessante se quem se interessar em assisti-lo gostar do gênero. A crítica compara este filme com “De Volta ao Jogo” (John Wick), com Keanu Reeves, onde, por exemplo, o protagonista pega suas armas escondidas para fazer justiça. A comparação fica a critério de quem quiser assistir aos filmes e tirar suas próprias conclusões.


John Travolta parece, a princípio, ser a pessoa mais improvável para este tipo de filme, mas o experiente diretor Chuck Russell de filmes como “A Hora do Pesadelo 3”, “Queima de Arquivo”, "Filha da Luz” e “O Escorpião Rei” sabiamente não transformou o personagem de Travolta em um Liam Neeson ou no agente Bourne de Matt Damon.  Stanley é um homem treinado com armas e combate (mas fora do meio há anos), mas já não é tão rápido com as mãos. Sobra habilidades com as armas e muita disposição. Já seu parceiro Dennis é visivelmente um homem letal (percebe-se na excelente cena de combate na barbearia). Ele se dispõe a ajudar por achar que deve algo a seu antigo companheiro de ação. Possui habilidade de combate, tiro e ainda está “ativo” de certa forma. Para contrapor temos Lemi K (Paul Sloan), um poderoso traficante local, que possui um segredo que coloca a polícia em suas mãos e não está nada contente em ver seu grupo diminuir de forma progressiva nas mãos da dupla justiceira.


O que justifica a apreciação do filme? Apesar do enredo ser mais do que banal, uma colcha de retalhos de vários filmes, a coisa toda funciona por alguns bons motivos. Primeiro a direção segura de Chuck Russel que se aproveitou de uma montagem inteligente, dando um bom ritmo ao filme. Montagem essa que utilizou também em Travolta, dando cortes rápidos nas cenas de luta, tornando Stanley um homem com perícia em combate. A escalação de Christopher Meloni (Dennis) é uma incógnita. Não dá para saber se acharam que Travolta não daria conta do recado sozinho ou inovaram e colocaram dois justiceiros. Independente de qual seja a resposta, o ator é o grande responsável pelo filme funcionar. Toda vez que surge na tela, o ator dos seriados “OZ” e “Lei e Ordem: Unidade de Vítimas Especiais”, rouba as cenas e coloca Travolta, em determinados momentos, como um coadjuvante. O que poderia ser muito ruim para um filme funciona a contento e a dupla rende alguns momentos bem interessantes. Stanley é emoção. Dennis lógica.  Outro ator  que faz um bom papel é Paul Sloan com o seu traficante Lemi K. Um vilão que prende a atenção, mesmo que atue mais nos bastidores. Se o vilão é fraco, um filme não funciona. Outra surpresa é a presença da atriz Rebecca De Mornay (“A Mão Que Balança o Berço”), em uma rápida aparição, quase irreconhecível.


"Eu Sou a Fúria" consegue seu objetivo: entreter os apreciadores desse gênero. Não é um top de linha, mas dá o seu recado com um Travolta com maquiagem pesada para disfarçar os seus 62 anos e um cabelo pra lá de estranho. Tem alguns momentos, principalmente a parte perto do final, que exige certa benevolência do espectador para aceitar algumas situações. Apesar de seus prós e contras “Eu Sou a Fúria”, o título se explica em dois momentos: quando Stanley lê a bíblia e quando é tatuado, pode ser um passatempo bem interessante desde que não levado muito a sério. Gera até uma curiosidade de se assistir a uma continuação.


 Trailer:







Curiosidades: 
Paul Sloan, que faz o vilão, foi coautor do roteiro.

Diz-se que é o filme favorito do roteirista Justin Lader e até o inspirou a fazer uma tatuagem nas costas "I AM WRATH", idêntica à que Travolta faz no filme.

Nicolas Cage foi originalmente escalado para interpretar o papel principal, mas desistiu devido a vários atrasos nas filmagens. John Travolta o substituiu.

O custo do filme ficou em $18.000.000.

O filme seria originalmente dirigido por William Friedkin (Exorcista) e a estrela Nicolas Cage. Problemas de produção forçaram Cage e Friedkin a partir. No final de fevereiro de 2015, John Travolta estava em negociações para o papel principal.

A frase que Stanley lê na bíblia é : "But I am full of the wrath of the LORD, and I cannot hold it in." que o filme cita como: "mas a fúria do Senhor dentro de mim transborda, já não posso retê-la" (Jeremias 6:11,12)

O personagem Stanley (Travolta) passa por experiências muito semelhantes às de John Wick no primeiro filme "John Wick (2014)". 1) Ambos se aposentaram de seus empregos anteriores depois que encontraram o amor de suas vidas. 2. Ambos voltaram por causa de um evento que causou a morte de alguém de quem gostam. Em John Wick, foi a morte de seu cachorro que sua esposa comprou para ele depois que ela faleceu, enquanto neste filme foi a morte da esposa de seu Stanley. 3. Ambos os personagens esconderam sua identidade secreta do público e dos malfeitores, mas depois do evento você descobre quem esses personagens realmente foram em suas vidas passadas. 4. Ambos os personagens devem quebrar uma parte de sua casa para recuperar as armas que esconderam. John wick teve que quebrar seu chão de concreto com uma marreta, enquanto Stanley quebrou a parede de seu armário para pegar suas armas. 5. Ambos os personagens acabam obtendo a vingança que buscavam.

O slogan do filme, "Eu coloco minha vingança sobre eles", é uma referência direta a uma frase freqüentemente falada por Samuel L. Jackson em "Pulp Fiction", no qual Travolta co-estrelou.

Rebecca De Mornay participou do vídeo "Sara" do grupo Starship no início da carreira. Veja o Clip:



 

Bibliografia Parcial:

John Travolta:










Carrie, a Estranha (1976); O Rapaz da Bolha de Plástico (1976); Os Embalos de Sábado à Noite (1977); Grease: Nos Tempos da Brilhantina (1978); Cowboy do Asfalto (1980); Um Tiro na Noite (1981); Os Embalos de Sábado Continuam (1983); Embalos a Dois (1983); Perfeição (1985); Olha Quem Está Falando (1989); Olha Quem Está Falando Também (1990); Olha Quem Está Falando Agora! (1993); Pulp Fiction: Tempo de Violência (1994); A Cor da Fúria (1995); A Última Ameaça (1996); Fenômeno (1996); A Outra Face (1997); A Qualquer Preço (1998); A Filha do General (1999); A Senha: Swordfish (2001); Violação de Conduta (2003); O Justiceiro (2004); Motoqueiros Selvagens (2007); O Sequestro do Metrô 123 (2009); Eu Sou a Fúria (2016); American Crime Story: O Povo Contra O.J Simpson (minissérie 2016); Gotti (2018); Speed Kills (2018); Trading Paint  (2019); The Poison Rose (2019)

Christopher Meloni










Júnior (1994); Os 12 Macacos (1995); Medo e Delírio (1998); Noiva em Fuga (1999); Vírus (2009); O Homem de Aço (2013); Sin City: A Dama Fatal (2014); Eu Sou a Fúria (2016); Marauders (2016); Assalto ao Poder (2016); Quase Amigos (2016); Underground: Uma História de Resistência (seriado 2016-2017); Viagem das Loucas (2017); O Conto da Aia (seriado 2019); Lei e Ordem: Crime Organizado  (seriado 2021-2022); Lei & Ordem: Unidade de Vítimas Especiais (seriado 1999-2022); Jessica Jones (seriado 2015-2019); She Ball (2020)

Rebecca De Mornay










O Fundo do Coração (1981); Negócio Arriscado (1983); Herança Nuclear (1983); Expresso Para o Inferno (1985); O Regresso para Bountiful (1985); Deu a Louca nas Federais (1988); Backdraft - Cortina de Fogo (1991); A Mão Que Balança o Berço (1992); Chantagem Fatal (1993); Os Três Mosqueteiros (1993); Louca Obsessão (1999); Salem Witch Trials (2002); Os Reis de Dogtown (2005); Penetras Bons de Bico (2005); 1303 - Apartamento do Mal (2012); Eu Sou a Fúria (2016).

2 comentários:

  1. Em pelo menos duas passagens deste filme falam sobre São Paulo ,é São Paulo Brasil que se referem?

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    Respostas
    1. Boa Noite Eidy.
      Obrigado pela visita e pelo comentário. Sim as referências são sobre São Paulo, Brasil. Muitos filmes citam o Rio de Janeiro, mas esta produção optou por citar São Paulo e ficou bem legal.Volte sempre.
      Abs
      Cinéfilos Para Sempre

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