DIFERENÇAS SOCIAIS
Leonardo
(Guilherme Vieira) é um menino de classe média alta que vive com os pais Otávio
(Tarcísio Filho) , Márcia (Flávia Alessandra estreando na nona arte) e sua irmã
(Maria Mariana Azevedo). Alcides (Leandro Hassum) é o motorista da
família, encarregado de levar as crianças para a escola, cursos e esportes. Bem
sucedidos, os pais tem pouco tempo para os filhos e querendo proporcionar um
futuro adequado, lhes enchem de atividades. Sem tempo para poder brincar,
Leonardo passa a travar uma amizade com o menino Kiko (Cleislay Delfino), que
faz malabarismos em um sinal de trânsito em troca de algumas moedas. Leonardo resolve emprestar um game boy para Kiko se divertir. Quando sua mãe
descobre, o repreende. Leonardo, no dia seguinte, foge da escola e vai à procura
de Kiko para que este lhe devolva o brinquedo. Só que Kiko teve o game tomado de
suas mãos por uma dupla de delinquentes que vivem em sua comunidade. Leonardo
informa que não pode voltar sem o game e Kiko o convida para seguir com ele
para o morro e elaborarem um plano de “resgate” do brinquedo. Leonardo dorme na
casa de Kiko e seus pais, sem saberem seu paradeiro, começam a imaginar que
estão diante de um sequestro.
No Meio da Rua é um drama a respeito das
diferenças sociais, onde se tenta passar um painel do que ocorre entre o
asfalto e a favela. Nesse contraste de realidades, o diretor Antonio Carlos da
Fontoura de “Espelho de Carne” (1985) e “Somos tão Jovens” (2013) fez um
filme simpático, narrando através das vidas de Leandro e Kiko o cotidiano de
cada um. Enquanto Leandro é um menino considerado “rico” por Kiko, com ótimos
cursos e uma vida de conforto, a este só resta ocupar o seu tempo ganhando
dinheiro para ajudar a mãe (que não aparece no filme), suas irmãs e irmão. O
dinheiro que ele ganha. na forma de ajuda dos motoristas parados
nos sinais, garante, pelo menos, o café da manhã da família. O filme não mostra
os irmãos de Kiko indo à escola e há apenas uma menção que a mãe exige que eles
“completem o primeiro grau”.
A comunidade (filmada no Morro do Vidigal) é mostrada de
uma forma estranha: em pleno horário comercial as pessoas cantam e dançam em
pagodes e festas. Um homem toca seu cavaquinho e canta tranquilamente em uma
tomada quase completa. Fora esses “pormenores” há a comparação entre as
realidades juvenis que permeiam nossa sociedade. Leandro só tem colegas na
escola, não tendo tempo para brincar. Quando sai da escola, vai para cursos,
aula de tênis. Volta para casa, faz os deveres e dorme. Possui segurança de 24
horas, seja na companhia (pouco presente) dos pais ou na figura do estressado
Alcides, que sempre parece preocupado em não deixar falhas que possam
comprometer seu emprego. A vida de Kiko é recheada de amigos: jogam bola,
passeiam, dividem com ele suas refeições, mas este não tem um futuro. Tudo é
muito incerto.
O porém de “No Meio da Rua” fica no ponto em que
o diretor perdeu a chance de fazer um ensaio sobre o olhar que a sociedade tem
dos que moram em morros e atira Leandro em meio a uma trama que envolverá o
traficante Baratão e seus olheiros. Esse desvio da trama, serviu para dar ritmo
e criar um clima de tensão, mas ficou a impressão que o diretor (que também
acumula a função de roteirista) apostou que a vida na favela, sem a figura de
um traficante, não convenceria. Se a ideia fosse concentrar o olhar sobre
aqueles que lá vivem, colocando o tráfico em segundo plano, apenas mostrando
rapidamente, o filme teria sido mais reflexivo e seguiria por um outro caminho.
A figura de um chefe do tráfico, querendo se aproveitar da situação, apenas
colocou uma justificativa para o desespero do casal Otávio e Márcia que acreditavam
que o sumiço do garoto devia-se a um sequestro mediante resgate. Se o filme
focasse apenas no universo infantil e o comparasse com olhar adulto, talvez as
questões sociais fossem um ótimo tema de discussão.
Não há como negar que ter um elenco "global"
atrai mais o público brasileiro do que um grupo de atores desconhecidos, visto
que uma grande parcela da sociedade cultua celebridades da TV. Logo, faz todo o
sentido investir no que traga retorno. Os atores estão muito bem, visto que já
são conhecidos e com anos de estrada. Hassum faz um tipo de neurótico carioca,
bem comum em nossos dias: sempre nervoso, lutando contra o relógio e com pouco
ou nenhum humor para lidar com o dia a dia extenuante
No meio da rua é um bom filme e deveria ser mais divulgado,
pois apresenta uma boa história (baseada em uma experiência pessoal do diretor)
e uma boa direção. Ainda que existissem outros caminhos para a condução da
história, em nada retira o mérito desta produção que acertou nos atores e no
cenário, tornando o filme uma boa pedida para quem gosta de assistir
produções brasileiras de qualidade. Talvez se devesse considerar uma
continuação, com os mesmos atores, já adolescentes e o caminho que cada um
seguiu.
Curiosidades:
Vencedor
do troféu Calunga no Cine PE - Festival do Audiovisual de Recife nas
categorias:
Melhor ator: Guilherme Vieira e Cleislay Delfino
Melhor Atriz Coadjuvante: Maria Mariana Monnerat
Melhor ator: Guilherme Vieira e Cleislay Delfino
Melhor Atriz Coadjuvante: Maria Mariana Monnerat
Trailer:
Filmografia Parcial:
Leandro Hassum
Tainá 2: A Aventura Continua (2004) ; Se Eu Fosse Você (2006); No Meio da Rua (2006); Xuxa Gêmeas (2006); Xuxa em O Mistério de Feiurinha (2009); Muita Calma Nessa Hora (2010);Até que a Sorte nos Separe (2012); Até que a Sorte nos Separe 2 (2013); O Candidato Honesto (2014); Até Que a Sorte nos Separe 3: A Falência Final (2015).
Tainá 2: A Aventura Continua (2004) ; Se Eu Fosse Você (2006); No Meio da Rua (2006); Xuxa Gêmeas (2006); Xuxa em O Mistério de Feiurinha (2009); Muita Calma Nessa Hora (2010);Até que a Sorte nos Separe (2012); Até que a Sorte nos Separe 2 (2013); O Candidato Honesto (2014); Até Que a Sorte nos Separe 3: A Falência Final (2015).
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