quarta-feira, 15 de junho de 2016

INVOCAÇÃO DO MAL 2 / THE CONJURING 2 (2016) - ESTADOS UNIDOS



CONTINUAÇÃO QUE FAZ JUS AO INGRESSO 

Continuação de Invocação do Mal 1 e de seu "spin-off" Anabelle. Invocação do Mal 2 inicia mostrando o casal Warren, 7 anos após os eventos do primeiro filme, dentro da famosa casa de Amityville (para quem não conhece o filme “Amityville II - A Possessão” é uma ótima pedida e conta este episódio em particular), na qual Lorraine Warren (Vera Farmiga) conseguiu visualizar o incidente que ocorrera na casa, onde o jovem Ronald DeFeo Jr assassinou 6 pessoas da família por ordens de vozes em seu cérebro. Esse fato revela-se perturbador para Lorraine que vê uma cena que a deixa apavorada, envolvendo seu marido Ed (Patrick Wilson), com uma entidade macabra que parece querer destruí-lo. O casal de demonólogos resolve parar um pouco suas atividades a pedido da esposa.






Estamos em 1977, na Inglaterra. Peggy Hodgson (Frances O'Connor de Inteligência Artificial) vive com seus quatro filhos: dois meninos e duas meninas. Uma família pobre, sem o matriarca que foi viver com uma vizinha do bairro, numa casa cedida pelo governo inglês. Após as irmãs Janet e Margaret usarem uma tábua ouija fenômenos inexplicáveis começam a ocorrer na casa, como sons estranhos e objetos que se movem diante da incredulidade da família. Janet passa a sofrer uma espécie de possessão de uma entidade que reivindica o lugar onde teria falecido. 




O caso vai parar nos jornais, quando se descobre que a polícia foi ao local e constatou os mesmos fenômenos inexplicáveis. A igreja, reticente, pede que os Warren investiguem e dêem um parecer a igreja se há algo que deva ser realmente feito no âmbito espiritual e assim evitar um embaraço em um caso fajuto. Aliado aos Warren junta-se um investigador paranormal, que já se encontrava no local, chamado Maurice Grosse (Simon McBurney de “O Último Rei da Escócia” e “A Teoria de Tudo”), que acredita que há realmente algo de paranormal e mal no local. E Anita Gregory (Franka Potente de “Corra Lola Corra”) que é totalmente descrente com os fatos que presencia. Quando os Warren se aprofundam no caso descobrem algo aterrador.




Invocação do Mal 2 é uma continuação excelente do primeiro longa e o melhor: não há uma necessidade de ter assistido o primeiro capítulo. O caso narrado é independente. Claro que quem assistiu Invocação do Mal 1 já está familiarizado com a dupla central e conseguirá pescar algumas informações que pertenceram ao primeiro, mas que em nada atrapalha quem está assistindo somente esta segunda parte.




Mas, afinal, o que há de tão bom no filme que justifique esse alvoroço? Bom, podemos começar pelo diretor australiano, descendente de chineses, James Wan, responsável pelos filmes "Jogos Mortais 1"; "Gritos Mortais"; "Sobrenatural 1 e 2"; "Velozes e Furiosos 7", "Invocação do Mal 1" e o filme do "Aquaman" em 2018 (muitos que não acompanham quadrinhos ainda têm na lembrança, aquele cara que montava um cavalo marinho e se comunicava por telepatia com os animais aquáticos, no desenho dos Super Amigos – Esqueça, nada a ver com esse desenho). James já é um nome respeitável no segmento, pois seus filmes são, sem dúvidas, bons. Invocação do Mal 1 e 2 seguem o mesmo padrão de eficiência ou até amplificam. O plano sequência, passando da rua para dentro da casa, mostrando suas dimensões (como no primeiro filme), os quartos, a sala ... dá uma boa prévia ao espectador do que ele deve esperar, assim como familiarizar-se com o ambiente. No primeiro filme, há essa mesma forma sequencial. Outro recurso utilizado refere-se ao início das duas produções: no primeiro é mostrado, logo no início,  o caso Anabelle. Na parte 2 começamos com os Warrem às voltas com a famosa casa de Amityville.




O trinômio: sons desconhecidos, sombras e expectativas  funciona plenamente. A questão dos sons desconhecidos, como "bate estaca", é algo bem manjado, mas sempre funciona (quem viu o filme "Desafio do Além" de 1963 lembrará que esse recurso foi usado ao extremo). Assim como móveis que voam e pessoas projetadas contra paredes. Está tudo lá. A diferença é como tudo isso é misturado no liquidificador e colocado no copo para o público provar. E aí aparece a mão do diretor que entrega, em meio a efeitos manjados, um produto com cara de embalagem nova. Ou seja, ele pega vários clichês e entrega algo que produz um ótimo resultado, sem que muitos se apercebam disso.
O diretor sabe usar muito bem os jump scares (quando há um ruído forte, ou  silêncio, seguido de uma imagem que aparece do nada, repentinamente, com a intenção de assustar). Mesmo nas situações banais, sempre tem uma tirada que leva a um susto ou deixa o espectador inquieto. Wan se aperfeiçoou no conceito de elaborar uma atmosfera que deixe seus espectadores assustados. O contraste entre a luz e escuridão é dos pontos altos que o diretor apresenta no filme.
O filme se passa perto do final da década de 70 e o apuro com cenário, figurino, os cortes de cabelos, músicas de cantores como Elvis e Bee Gees (de uma forma bem sutil e agradável) colocam o espectador ainda mais dentro do filme.




Outro fator a ser destacado é a atuação do elenco: Vera Farmiga e Patrick Wilson estão em uma sintonia perfeita. O diretor resolveu realçar o laço entre o casal e colocou nas expressões de Farmiga toda a sua preocupação,  carinho, cumplicidade e o medo do sentimento da perda e este lhe retribui em uma linda canção de Elvis onde a troca de olhares diz tudo. A cena é feita para dar esse momento ao casal e cai muito bem para quem vai com a namorada (o), além de que “descansa “ o espectador para o montanha russa de situações que se aproxima. Madison Wolfe (a menina Janet) tem uma atuação impecável. De cabelos pretos, em alguns ângulos, me remeteu à Natalie Portman no filme "O Profissional", onde teve grande atuação e é hoje uma atriz “oscarizada”. Se essa jovem souber aproveitar seu potencial em bons papéis, logo a estaremos assistindo em blockbusters junto ao primeiro escalão. O restante do elenco está muito bem, dando a consistência necessária. Destaque para uma atriz pouco conhecida do público: Maria Doyle Kennedy (do filme The Commitments – Loucos Pela Fama) que faz a vizinha que ajuda a família.


Madison Wolfe
Natalie Portman











Como nem tudo são flores há um pequeno porém que não me agradou: O Homem Torto (o personagem criado em Computer Graphic Imagery - CGI), que destoou muito do filme e passou uma imagem de algo muito infantil. Talvez o diretor tenha entendido que uma criança teria uma visão de seus pavores na concepção daquela forma, mas o filme é voltado para o público adulto e ficou meio fora de contexto e pouco assustador (leia-se algumas gargalhadas e zombarias do público), algo a ser evitado em uma produção do gênero. Funcionou nos anos 80 com Poltergeist (o menino e o boneco palhaço), de onde o diretor parece ter se inspirado para algumas cenas como na parte alagada. Ficou com ares de Stop Motion ou um personagem do filme "Alice no País da Maravilhas". Muito colorido e parecendo ter surgido de um conto de fadas.
O restante dos personagens estão excelentes como a freira macabra, que realmente assusta,  (interpretada pela atriz Bonnie Aarons   de “O Lado Bom da Vida” e “Cidade dos Sonhos”) e Bill Wilkins (pelo ator Bob Adrian de “Os 12 Macacos” e “Febre da Selva”), na pele do velhinho que ataca Janet.


Bonnie Aarons
O roteiro faz um mix da história ocorrida e noticiada pelos tabloides com a parte criativa dos realizadores, que inseriram na trama os personagens do  “O Homem Torto” e da “Freira”, além do questionamento a respeito da participação dos Warren, que muitos afirmam ter sido muito reduzida no evento real e que no filme são as grandes estrelas.
Alguns críticos reclamaram dos 134 minutos de projeção que teria,  cenas descartáveis, comprometendo o filme como um todo e que uma duração menor o teria tornado mais dinâmico. Particularmente não percebi o tempo passar e a “longa duração”, na verdade, evitou que várias questões acabassem sem uma resposta convincente. Importante destacar que todas as sensações do espectador são potencializadas na tela grande onde o filme realmente exibe todas as suas qualidades. Ou seja, o cinema é o lugar ideal para ser assistido. Quem o deixar para assistir na tela pequena poderá sentir falta de uma “atmosfera ideal”.





Invocação do Mal 1 custou em torno de 20 milhões de dólares e gerou um retorno de 318 milhões. Esta continuação teve o orçamento dobrado e já se pagou na primeira semana de exibição. Ótimo filme para quem gosta de terror e suspense. Dá uma vontade de ver uma terceira parte, contando o caso de Amitivylle, pela ótica dos Warren. Boa diversão. 


 Trailer legendado

 















Curiosidades:
Trilha Sonora:

"This Old Man - Folk Song" (assovio)  - Ben Parry
"Bus Stop" - The Hollies
"Bored Teenagers"  - The Adverts
"Jolly Christmas Medley"  - Robert J. Walsh
"Don't Give Up On Us" - David Soul
"Don't Worry Tracy" -  Christopher Blue
Can't Help Falling In Love" -   Patrick Wilson
"I Started A Joke"  - Performed by Bee Gees
"Can't Help Falling In Love" - Elvis Presley


Poster:

 



















Cartazes Alternativos:


 


























Filmografia Parcial:

Patrick Wilson
O Álamo (2004); O Fantasma da Ópera (2004); Menina Má.Com (2005); Pecados Íntimos (2006); Watchmen: O Filme (2009); Esquadrão Classe A (2010); Sobrenatural (2010); A Tentação (2011); Prometheus (2012); Invocação do Mal (2013); Sobrenatural: Capítulo 2 (2013); Batman vs Superman: A Origem da Justiça (2016) voz; Invocação do Mal 2 (2016), Fome de Poder (2017);  Sobrenatural: A Última Chave (2018); O Passageiro (2018); Nightmare Cinema (2018); Aquaman (2018)


Vera Farmiga
Outono em Nova York (2000); Sob o Domínio do Mal (2004); No Rastro da Bala (2006); Os Infiltrados (2006); Vítimas da Guerra (2008); O Menino do Pijama Listrado (2008);A Órfã (2009); Amor sem Escalas (2009); Contra o Tempo (2011); Ovelha Negra (2012); Protegendo o Inimigo (2012); Invocação do Mal (2013); O Juiz (2014); Invocação do Mal 2 (2016); Motel Bates (seriado 2013 - 2018); O Passageiro (2018);  Godzilla: King of the Monsters  (2019);
 

Madison Wolfe
Na Estrada (2012); Trumbo - Lista Negra (2015); Renascido das Trevas (2015); Joy: O Nome do Sucesso (2015).


Frances O'Connor
A.I.: Inteligência Artificial (2001); Códigos de Guerra (2002); Linha do Tempo (2003); O Caçador (2011); A Grande Ilusão (2013); Invocação do Mal 2 (2016).



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