AVENTURA
ECOLÓGICA COM O TARZAN MAIS VELHO DO CINEMA
Tarzan
(Jock Mahoney) chega à Índia a pedido do Marajá, que conhecera anos atrás e
agora se encontra enfermo. Sua filha, Kamara (Simi Garewal), o representa nos
assuntos mais importantes. Tarzan recebe a informação de que uma represa abrirá
suas comportas em três semanas e inundará quilômetros de floresta para o funcionamento
de uma usina hidrelétrica. Essas terras pertenciam ao Marajá, que havia criado
uma reserva ecológica para os animais. A preocupação refere-se a uma enorme
manada de elefantes, mais de 300, que guiados por um líder enorme e selvagem impede
qualquer tentativa de retirada. O engenheiro O' Hara (Mark Dana) é o principal
responsável pela construção da usina, que receberá suas águas da nova represa,
levando-as para um rio que inundará o santuário ecológico. Junto a ele encontram-se
duas pessoas: Bryce (Leo Gordon), o engenheiro chefe que Tarzan reconhece como
um homem sem escrúpulos, que atuou na África, no comércio ilegal de Marfim, e o
príncipe Raghu Kumar (Feroz Khan), que acompanha a obra mas não simpatiza com
Bryce, tendo dúvidas quanto ao caráter de O' Hara. O prazo não pode ser estendido porque se iniciará a estação das chuvas. Se a
usina não for ligada será um fracasso. Enquanto Tarzan luta contra o tempo para
localizar a manada e encontrar um modo de trazê-la a salvo, Bryce não quer o
homem-macaco em seu caminho e fará qualquer coisa para detê-lo.
Primeiro
de dois filmes estrelado pelo ator Jock Mahoney, aos 44 anos, que sucedeu o
ator Gordon Scott no personagem de Edgar Rice Borroughs. O produtor Sy
Weintraub queria um Tarzan mais alto e
esguio, fugindo da figura musculosa de Gordon (que foi o ator fisicamente mais
forte a interpretar o personagem). Jock (1,93 metros) foi um dos cogitados a
assumir o personagem quando Johnny Weissmuller (1,95 metros) foi descartado, por
solicitar uma maior participação nos lucros. O papel, no entanto, foi parar nas
mãos do ator Lex Barker (1919–1973) que interpretou Tarzan em cinco filmes,
entre 1949 e 1953, sucedido por Scott (1,90 metros) em 6 filmes (entre 1955 e
1960) e ainda tendo, nesse ínterim, o filme “Tarzan, O Filho das Selvas” com o
ator Denny Miller (em 1959). Nesses
termos, Tarzan Vai à Índia tem pontos positivos e negativos.
A
transposição da aventura, da África para a Índia, dividiu críticos e público. Particularmente
acredito que a mudança de ares tornou esse filme interessante, explorando algumas particularidades
locais e subutilizando outras. Tarzan está fora de seu habitat natural, apesar
de lidar com um elefante africano (??!!!) que distingue-se, entre outras características,
por ser maior que o indiano. Como subterfúgio fizeram parecer que seria um elefante bem maior que
os demais. Tarzan come uma planta e odeia; dá de cara com uma cobra Naja (ou
King Kobra - não sei realmente dizer) e
sobe em uma árvore. Esse Tarzan é bem diferente do interpretado pelo ator Gordon Scott a começar que em “Tarzan
o Magnífico” Scott se enrosca em uma enorme jiboia e luta contra o seu aperto
mortal. Resolvia a maioria das coisas com seus músculos e punhos. O Tarzan de
Scott era o mais articulado até então, uma tendência bem-vinda, que tirava o ar
monossilábico do personagem e lhe dava desenvoltura no modo de falar e pensar.
Por isso, este Tarzan de Jock usa sempre o cérebro ante à violência. É estrategista e
perspicaz. E Jock, apesar de não possuir o físico de Scott (o que deve ter
desagradado os fãs) conseguiu se impor em cena com uma caracterização mais
séria. E o fato de ter começado sua carreira como dublê, o permitiu abrir mãos
destes nas filmagens, fazendo suas cenas por conta própria (assim como Ron Ely - o "Tarzan da tevê" -,
que se lesionou várias vezes por insistir em fazer suas cenas de um modo mais
real).
Mas
nem tudo é tão bem explorado neste longa e algumas coisas se perderam no
caminho. O Vilão Leo Gordon (1922- 2000), aos 40 anos, pareceu bem mais
envelhecido e não chegou a ser um oponente à altura que Jock foi contra Gordon
Scott em “Tarzan o Magnífico” ou contra o Tarzan de Ron Ely (1,94 metros) da
série televisiva, onde protagonizou o ótimo episódio “O Silêncio Mortal” (que
chegou a ser lançado em nossos cinemas como “O Tirano do Chicote”). Leo Gordon ficou em segundo plano com apenas uma
luta. Essa falta de um vilão de impacto, situando a história nos elefantes,
enfraqueceu o filme. Outro aspecto a ser citado é que os produtores poderiam
ter mudado o início do filme, colocando um Tarzan com roupas normais (como
fizeram com Mike Henry, seu sucessor, em Tarzan e o Grande Rio) em meio às belas paisagens
do país e, posteriormente, inserindo-o nas cenas em que desembarca nas terras
do Marajá (as filmagens foram feitas em Bangalore, Bombay, Madras e Karnataka
(Palácio de Mysore). A inserção do menino Jai (sacando Jane e cheeta), órfão
que vive na floresta com um elefante, funcionou como um fio condutor da história, tendo sua relevância para a história.
O
diretor John Guillermin que dirigiu “A Maior Aventura de Tarzan” (1959), “Inferno
na Torre” (1974) e “King Kong” (1976), realizou uma direção até boa pelo script
que coescreveu. Este é um ponto interessante: a história não é boa, mas a
direção até que manteve o interesse. Conseguiu também a façanha de colocar uns
50 elefantes na tela (o máximo que enxerguei) e, com cortes ágeis e em ângulos
distintos, passar a impressão de um número 6 vezes maior. O caráter ecológico
da aventura também conta pontos. Tarzan vai salvar animais que serão dizimados.
Um tema atual e simpático até hoje. Há quem diga que Scott poderia ter
continuado em mais alguns filmes, outros que o ator não atuava bem. Fisicamente,
Jock era bem diferente dos outros "Tarzans", quer fosse na ausência de músculos,
quer fosse na idade já avançada. Neste ponto acredito que a idade até funcionou
bem. Foi um Tarzan que já era conhecido fora da selva e, por suas façanhas,
requisitado a atuar em uma outra selva. A idade não permite impulsividades de
um Tarzan outrora jovem. Jock, é verdade, funcionou melhor como vilão. Seu segundo filme, “Os Três Desafios de Tarzan”,
talvez seja até mais interessante que este, principalmente pelos problemas
sofridos pelo ator durante as filmagens no Nepal e que decretaram o fim de seu papel frente ao personagem.
Tarzan Vai à Índia vale pela curiosidade e pela nostalgia. Assim como 007, é um
personagem que muda de atores frequentemente, apesar de não ter a
frequência nas telas como as do agente
britânico. Agora, em 2016, ocorrerá uma nova aventura do herói das selvas. A
dúvida é se o personagem encanta como antigamente, ou sua essência perdeu-se em
algum lugar no passado. Fãs não faltam. Falta uma boa história com um ator
carismático, caso contrário, voltará novamente a habitar os desenhos que vinham
sendo lançados nos últimos anos.
Trailer:
Trailer : A lenda de Tarzan (2016):
Curiosidades:
Jock
Mahoney apareceria em três episódios da série televisiva com Ron Ely como
protagonista: A Última Arma (The Ultimate Weapon); O
Silêncio Mortal (The Deadly Silence) e A Máscara de Rona (Mask of Rona).
Jock
foi padrasto da atriz Sally Field em seu segundo casamento.
O
ator faleceu de falência cardíaca dois dias após um acidente de carro.
O
ator foi dublê de grandes astros como John Wayne, Gregory Peck e Errol Flynn.
Leo Gordon faleceu aos 78 anos de problemas cardíacos.
Leo Gordon participou de um episódio da série de Tv "Tarzan" chamado "O Circo' (The Circus)
Leo Gordon faleceu aos 78 anos de problemas cardíacos.
Leo Gordon participou de um episódio da série de Tv "Tarzan" chamado "O Circo' (The Circus)
Conforme
informações da internet, o autor Gene
Freese em seu livro: “Jock Mahoney: The Life and Films of a Hollywood Stuntman”
teria dito que o filme estrelado por Burt Reynolds e Sally Field, “Hooper, O
Homem das Mil Façanhas” (1978) seria inspirado na vida de Jock.
O
filme passou na Tv Globo, TVS (hoje SBT) e Tv Corcovado (canal 9)
Filmografia Parcial:
Leo Gordon (1922- 2000)
Filmografia Parcial:
Jock
Mahoney (1919–1989)
Santa Fé
(1951); No Mundo dos Monstros Pré-Históricos (1957); Cavalgada para o Inferno (1958); Tarzan o Magnífico (1960); Tarzan Vai à Índia (1962); Os Três Desafios de Tarzan (1963); Tarzan e o Silêncio Mortal (1966); Se o Meu 'Fusca'
Falasse (1968); Se Não Me Mato, Morro! (1978).
Leo Gordon (1922- 2000)
Átila, o
Rei dos Hunos (1954); Sangue de Bárbaros (1956); O Homem Que Sabia Demais
(1956); Tarzan Vai à Índia (1962); Quando um
Homem É Homem (1963); Os Reis do Sol (1963); Beau Geste (1966); Alienator - A
Exterminadora Indestrutível (1990); Maverick
(1994).
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