UM ANJO RUDE
Sanada (Takashi Shimura) é um doutor, alcoólatra, que atende os pobres, num Japão pós-guerra. Certo dia, durante a noite, recebe a visita de Matsunaga (Toshirô Mifune), um homem que diz ter ferido sua mão com um prego. Ao inspecionar o ferimento, Sanada retira uma bala da mão do jovem. Ele sabe que Matsunaga é membro de uma das mais famosas facções do Japão, a Yakuza. Examinando o jovem, ele descobre que existe a possibilidade do rapaz estar com Tuberculose em estágio avançado e aconselha que faça de imediato uma radiografia. Matsunaga não gosta do conselho e ameaça o médico, partindo em seguida.
O médico mantém em sua casa a mãe e uma jovem
que funciona como enfermeira, mas que possui um mistério a respeito de sua
vida. A saída da cadeia do chefe do grupo revela que a vida da jovem pode estar
correndo perigo. Enquanto Sanada tenta salvar a vida de Matsunaga, acompanha
uma jovem que está sob seus cuidados, melhorando progressivamente da
Tuberculose.
Primeiro
filme de Toshiro Mifune (1920–1997) com o diretor Akira Kurosawa (1910–1998) na
qual mantiveram uma parceria de longa data. Kurosawa fez um filme na qual
mostrava algumas de suas características: uma direção que extraía o melhor dos
atores e um jeito de transpor para as plateias sua visão única de uma história.
E uma história muito interessante.
O
personagem de Mifune, é um anti-herói: violento, bandido e não aceita que lhe
digam o que fazer. O de Takashi, um sujeito simples e que diz o que pensa, sem
importar quem é a pessoa. Apesar sua rudez no modo de tratar as pessoas (como
revelado pela menina curada), Sanada poderia ter tido uma vida confortável e se
recorda de seu amigo da faculdade que “trata dos ricos”. Por acaso, o encontra
e aceita uma carona e se deslumbra que o conforto que um carro pode
proporcionar.
O
manguezal poluído, que muitas vezes serve de contemplação aos personagens, representa
a podridão, a degradação, o que há de ruim. Sanada se vê no jovem Matsunaga e
acredita que pode convencê-lo a largar a Yakuza (um dos primeiros filmes a
abordar a organização, não como secreta, mas de conhecimento de todos) e viver
uma nova vida. Matsunaga, a certa altura, percebe que foi considerado carta
fora do baralho e que seu chefe pretende usá-lo de “bucha” para tirar proveito
de sua condição de moribundo. Sanada enfrenta o chefe da organização. O Jovem,
debilitado, percebe que tem que ajudar o único que se dispôs a fazer algo por
ele. O confronto é inevitável e um dos grandes momentos do filme. A cena, perto
do final, mostra que o ciclo da vida se renova e onde não há mais esperança
para alguns, há uma vida toda pela frente para outros. Filmado três anos após a
segunda grande guerra, percebe-se em seu cenário o reflexo de um Japão que
perdeu a guerra, sofreu suas consequências e como seu povo lidou no dia a dia
com a questão.
O Anjo Embriagado não é um dos grandes clássicos
de Kurosawa como Rashomon (1950), Os Sete Samurais
(1954) ou Ran (1985), para citar os mais conhecidos. O filme destina-se
àqueles que procuram filmes antigos com conteúdo ou que buscam conhecer a
filmografia de um dos maiores mestres da sétima arte, responsável por
influenciar uma geração inteira de diretores
Breve Filmografia
Toshiro Mifune
O Anjo Embriagado (1948); Rashomon (1950); O Idiota (1951); A
Vida de O'Haru (1952); Os Sete Samurais (1954); Anatomia do Medo (1955); Trono
Manchado de Sangue(1957); O Homem do Riquixá (1958); A Fortaleza Escondida
(1958); Yojimbo - O Guarda-Costas (1961); Grand Prix (1966); Inferno no
Pacífico (1968); Morte no Inverno (1979) ; 1941 - Uma Guerra Muito Louca
(1979); Shogun (A SÉRIE) 1980; A Mulher Prometida (1994)
Akira Kurosawa
O Anjo Embriagado (1948);
Rashomon (1950); Os Sete Samurais (1954); Yojimbo - O Guarda-Costas (1961);
Sanjuro (1962); Dersu Uzala (1975); Kagemusha, a Sombra de um Samurai
(1980); Ran (1985); Sonhos (1990); Rapsódia em Agosto (1991).
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