O AMARGO SABOR DO PODER
Cidade de Chillacott, Texas,
metade dos anos 40. Callie Lord (Lindsay Wagner) é uma mulher que se vê
obrigada a entregar o seu filho para a adoção na impossibilidade de poder
criá-lo, nem conseguindo pegá-lo no colo após o parto. Ela desiste da decisão,
mas fica de mãos atadas quando o advogado do casal, que ficará com a criança,
lhe informa que os custos do pré-natal e parto foram custeados por eles e ela
seria processada. Logo, muda-se para Dallas, aluga um pequeno quarto e consegue
um emprego como garçonete. Durante a noite, passa a estudar para tentar melhorar
de vida, fazendo um curso de Estenotipista, ao mesmo tempo que tenta, através
de um investigador, descobrir o paradeiro do filho.
Callie conhece Randall Bordeaux (Dabney Coleman), um poderoso dono e editor do jornal Dallas Post Dispatch. Ambos se apaixonam e o casamento não tarda a acontecer. Callie sofre um aborto ficando três meses no hospital e findando suas chances de engravidar. Ela confessa ao marido que aquele não fora o seu primeiro filho. Diante da notícia, Randall resolve localizar o menino que estaria em torno de seus doze anos. Utilizando o seu poder e prestígio o recupera, agora chamado de Randy, que passa a viver com o casal, mas o inesperado acontece: um homem enlouquecido e armado invade a redação comandada por Randall, tirando-lhe a vida. Callie, agora viúva, se vê obrigada a assumir o jornal, ao mesmo tempo que precisará cuidar de seu filho que considera o futuro herdeiro da empresa.
Os anos passam e Randy (Jameson Parker) se torna um homem cerceado por uma mãe dominadora e obsessiva, que não o deixa tomar decisões e não aceita publicar seu artigo no jornal por questões políticas. Randy sai de casa e passa a trabalhar em uma associação que possa lhe dar independência. A situação começará a fugir do controle quando este conhece e se casa com Sue Lynn (Michelle Pfeiffer), uma jovem com um passado complicado, envolvida em pornografia, e que se transforma em um alvo perfeito de chantagem. Callie, uma figura proeminente e poderosa no meio jornalístico, passa a entrar em conflito com a nora, pois seu passado impedirá seu filho de alcançar voos na carreira política que agora abraçou. Após as duas entrarem em uma dura discussão e briga corporal, Sue é encontrada morta pelo disparo de uma arma de fogo. A suspeita recai em Randy que vivia uma vida conturbada com a esposa. O promotor resolve acusá-lo por assassinato, com pena de morte. Randy não tem álibi, há várias possíveis evidencias que justificariam ter assassinado sua esposa e Callie não consegue convencer o promotor de que cometera o crime.
O telefilme, da rede
televisiva americana CBS, começa com a narração feita por Kimball Smythe
(Andrew Prine) amigo e confesso apaixonado por Callie, que rejeita o seu amor
em prol do jornal e de seu filho. Para situar o espectador, vemos Callie, no início, em
frente a um cinema que passa o filme “Alma em Suplício” (Mildred Pierce),
estrelado por Joan Crawford, que foi lançado em 1945. Então podemos dizer que a
estória está se iniciando neste período, ou mais para frente, se o cinema
reprisava o filme. Coube ao diretor Waris Hussein conduzir o filme em forma de
saga, escrito por Thomas Thompson (1913-1993) que roteirizou vários seriados,
entre eles “Bonanza” (43 episódios) e que ficou conhecido por ter sido o autor do best-seller ''Blood and Money" ("Sangue e Dinheiro").
A exibição de um telefilme de
2h22min não era algo muito comum nas grades das TVS, visto que vários programas
precisavam se adequar a longa exibição do filme. Mas a CBS apostou no
empreendimento e resolveu nos mostrar essa estória que afeta a todos que
circundam Callie, uma mulher que se acostuma com o dinheiro, o poder e o prestígio que consegue alcançar, através de um poderoso jornal que passa a comandar. O filme começa nos revelando uma jovem
emocionalmente frágil, sem posses, que sobe vertiginosamente na sociedade ao
casar-se com um homem influente. Callie não é apenas a dona de um jornal, ela
decide o que se publica ou não, que laços deve criar, que favores deve contrair
e cumprir. O filho, seguindo carreira política, é uma fora de poder que a deixa ainda
mais satisfeita, mas uma nora presa a um passado
conturbado é visto como um obstáculo para um filho que pretende ir cada vez mais longe na política e uma ameaça ao seu amor obsessivo e protetor que tenta manter e controlar a todo custo.
O telefilme tem pontos altos e
baixos. Lindsay Wagner (aqui morena) mostra-se capaz de conduzir o filme com
segurança e sua atuação dá a sua personagem as características necessárias para
que o espectador reflita sobre suas atitudes e como esta conduz sua vida. Mas
há momentos em que o filme se mostra muito longo, com cenas que talvez não
fossem tão importantes. Mas, sem dúvida, o momento clímax é o embate da
personagem de Wagner com a da personagem de Pfeiffer, em início de carreira,
que culmina em um assassinato. Deste ponto em diante, temos um filme de
tribunal, com um promotor implacável em sua busca por condenar quem ele
considera ser o culpado e mostrar que nem todos estão acima da lei, e que a
justiça alcança a todos. Amor, ódio, traições, corrupção e chantagens são os
ingredientes dessa estória que quase se assemelha a uma novela.
Quanto as atuações, como já dito, Lindsay Wagner foi construindo uma sólida carreira em telefilmes depois de “A Mulher Biônica”, sendo muito elogiada em suas atuações mesmo que os telefilmes não fossem tão bons. E aqui não foi diferente. Michelle Pfeiffer (fazendo sotaque texano) ainda não era uma atriz conhecida (era a garota propaganda dos sabonetes Lux Luxo). Após esse filme faria “As Crianças que Ninguém Queria”, “Grease 2” e “Scarface” que a transformaria em uma atriz de vários filmes de sucesso. Interpretou bem a jovem de passado duvidoso e que se mostra um desafeto e obstáculo para Callie. Jameson Parker (Cão Branco) fez o filho já adulto, que tenta fugir da obsessão da mãe e termina vítima, sentado no banco dos réus, por um crime que não cometera. Dabney Coleman (Como Eliminar Seu Chefe e Tootsie) interpretou o marido de Callie que falece em decorrência de um atentado. James Sloyan (Golpe de Mestre) interpretou o promotor, ávido por provar a culpa de Randy e que não acredita quando Callie lhe confessa o assassinato. Sloyan participou de várias séries (normalmente em 1 episódio) dos anos 80. Andrew Prine (com extensa filmografia entre séries, telefilmes e filmes) interpretou o amigo que Callie conhecera em uma festa do marido e que se mostra apaixonado ficando sempre ao seu lado. Sua participação permeia a estória, em poucos momentos, mas mostrando-se importante no final. Joy Garrett interpretou Jeannie, a melhor amiga de Callie.
Callie & Son não foi
exibido no Brasil, sendo um filme indicado a quem não se importa com uma condução
mais lenta e que tem uma estória bem dirigida. A grande curiosidade é descobrir
Lindsay Wagner e Michelle Pfeiffer atuando juntas com um bom elenco de suporte.
Por ser um telefilme, o investimento não pode ser comparado a um filme de
cinema. Devido a sua longa duração, poderá dividir opiniões, pois teremos
aqueles que desejariam uma metragem menor com uma edição mais enxuta e aqueles
que acreditam que a longa duração permitiu contar a estória sem atropelos.
Outro aspecto interessante é o curioso final dado, para uns interessante, para
outros dispensável.
Curiosidades:
Até este momento, disponível no YouTube no
idioma original com a opção de legendas traduzidas automaticamente para
português e outros idiomas.
Andrew Prine faleceu aos 86
anos de causas naturais
Som: Mono
Cartazes:
Filmografias
Parciais:
Lindsay Wagner
Michelle Pfeiffer
Jameson Parker
Dabney Coleman (1932-2024)
James Sloyan
Andrew Prine
Kiss Her Goodbye (1959); O Milagre de Anne Sullivan (1962); Dois Contra o Oeste (1966); O Preço de um Covarde (1968); Escravos da Noite (1970); Hannah, na Ilha dos Vampiros (1973); O Pequeno Índio (1973); Nightmare Circus (1974); Grizzly, A Força Assassina (1976); Pânico ao Anoitecer (1976); Abe Lincoln: Freedom Fighter (1978); Callie & Son (1981); Terror em Amityville (1982); Brincando com Fogo (1984); V: The Final Battle (seriado 1984); Mandroid, O Exterminador (1986); Anjos Assassinos (1993); Em Busca da Liberdade (1993); Justiça Sob Suspeita (1995); Serial Killer - Desejo Assassino (1995); As Duas Faces do Desejo (1995); Programados Para Matar (2001); Deuses E Generais (2003); Os Gatões: Uma Nova Balada (2005); As Senhoras de Salem (2012); Beyond the Farthest Star (2015).
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