“TRATO COM POLÍTICOS DA TERRA HÁ MAIS TEMPO QUE VOCÊ”
Objeto não identificado é localizado nos radares militares se aproximando da terra a uma velocidade inimaginável e pousando em Washington. De seu interior sai um homem vestido em uma estranha roupa e saúda os presentes como estando em missão de paz. Ao retirar um objeto de sua camisa é alvejado e ferido pelas tropas militares. Logo surge uma segunda figura, um enorme robô, dotado de um raio capaz de desintegrar tanques e canhões. O ser do espaço impede que o robô Gort ataque e é levado para o hospital, enquanto o ser de metal permanece imóvel e indestrutível.
No hospital o secretário do presidente, Sr Harley (Frank Conroy) trava um diálogo com o ser que se autodenomina Klaatu (Michael Rennie) e deseja saber o motivo de suas visitas, mas Klaatu não deseja falar com apenas um homem, mas com um grupo de líderes. Harley explica que será algo bem difícil , pois o momento é de “tensões e suspeitas” impossibilitando que Chefes de Estado sentem a uma mesma mesa.
Diante da impossibilidade de se reunir com os líderes terrestres, Klaatu, que em quase tudo se assemelha aos humanos, foge e aluga uma vaga em uma hospedagem para entender como vive o cidadão médio e como deverá lidar com esse povo. Klaatu conhece uma viúva de guerra, Helen Benson (Patricia Neal) e seu esperto filho (Billy Gray) e consegue descobrir que um renomado cientista, Barnhardt (Sam Jaffe) mora perto deixando-lhe uma mensagem em forma de uma resolução de uma intricada equação matemática. Enquanto os militares passam a empreender uma busca a Klaatu, cuja fisionomia poucos tiveram acesso, Barnhardt o localiza e tenta reunir os cientistas (os cérebros mais inteligentes de sua época) para que possam receber a mensagem e repassá-la à humanidade, mas para fazer-se escutar Klaatu precisa impactar esses habitantes. Ambos elaboram um plano, mas acontecimentos paralelos poderão colocar toda a humanidade à beira da extinção.
Particularmente gosto muito daqueles filmes de ficção-científica em que um alienígena chega e diz: "me leve ao seu líder". Já sei que “vai dar ruim”. Primeiro: Não temos um único líder mundial: o visitante terá que dialogar com todos que se considerem líderes (e nesse hora todos se considerarão), e isso levará anos. Segundo: Não adianta tentar conquistar nosso planeta, pois não temos um único (termo redundante, mas necessário) líder: cada nação faz o que quer e age da maneira que lhe convém. Portanto uns se renderão, outros lutarão e outros aprenderão e irão até os seus planetas e os tomarão deles. Terceiro: Não temos um único líder e possivelmente nos destruiremos antes que isso ocorra.
Voltando ao filme O Dia que a Terra Parou é um dos exercícios mais fascinantes feitos no gênero, um clássico da ficção-científica surgido em meio a Guerra Fria e Macartismo americano (fase de intensa histeria anticomunista - classificado por Klaatu como “disputas mesquinhas” - se você leu outras de minhas análises já deve se inteirado do assunto), com as aspirações pacifistas, alertando sobre os riscos do desenvolvimento atômico para fins bélicos.
O momento para o filme não poderia ser mais oportuno: em janeiro de 1951 a URSS havia testado com sucesso, acima do solo, pelo menos uma bomba . Já possuía 15 bombas nucleares de plutônio A ameaça do holocausto nuclear de repente se tornou muito real. Além disso, no início de 1951, os EUA encontravam-se profundamente engajados na Guerra da Coréia. Arsenal atômico, Guerra, Macartismo, corrida armamentista: “Tensões e suspeitas” como Harley falara a Klaatu. Um mundo que acredita que se luta por paz através da guerra. Se houvesse uma continuação do filme nos tempos atuais, Klaatu perceberia a falta de progresso que fizemos desde que ele veio pela primeira vez. Parece que estamos sempre procurando novas e melhores maneiras de ferir e matar nossos semelhantes. Afinal a aniquilação não parece nos assustar. O próprio cinema nos deu vários vislumbres de como um pós-holocausto pode se assemelhar. “A Máquina do Tempo”, “Planeta dos Macacos”, “O Dia Seguinte”, “Fuga no Século 23”, “Catástrofe Nuclear” ... cada qual nos permite deslumbrar uma vertente bem ruim do futuro; e nós ainda nos arrastamos para a frente, nunca prestando atenção nas advertências.
O filme se baseou na obra do autor Harry Bates publicada em seu conto “Farewell to the Master”. O título do filme seria "Journey to the World" (Viagem ao Mundo), mas durante a produção, foi alterado para o título atual, para enfatizar a cena chave no filme, onde Klaatu demonstra seus poderes parando o tempo por meio hora. Já a direção caberia a um diretor que seria consagrado como um dos grandes diretores americanos: Robert Wise (“Jornada nas Estrelas – O Filme”). Talvez muitos não tenham percebido o paralelo que o filme faz com religião, feito de uma forma muito sutil, para que os censores da época não embargassem o filme. E Wise disse que desconhecia essa intenção. Vejamos: Kaatu se apresenta como uma figura descendo dos céus com uma mensagem de paz universal e advertência; Klaatu adota um nome terrestre, “Sr. Carpenter” (Carpinteiro, entenderam?); Ele opera milagres como desaparecer do hospital e parar o tempo; o Robô Gort ter o poder de trazer Klaatu dos mortos depois que ele foi baleado pelos militares, incomodou certas pessoas ligadas ao filme que disseram que só Deus poderia fazer isso. Edmund North (o roteirista) reescreveu para que Klaatu vivesse apenas pouco tempo depois da ressurreição (Klaatu é incompreendido, perseguido e “morto”). Outro elemento religioso que agora ficará perceptível a quem lê essas linhas é a traição de Klaatu por Hugh Marlowe como uma situação análoga a de Judas, agora em troca de fama. Mas apesar dessas inclusões “subliminares” ao roteiro, o filme deve ser visto como se almejava inicialmente: uma advertência ao ser humano que busca sempre esforços para se armar e destruir o próximo, um contraponto da sociedade de Klaatu que avançou exponencialmente ao deixar o seu lado primitivo de lado e suas ambições mesquinhas de dominação e riqueza.
Quanto ao elenco, Spener Tracy foi o primeiro ator considerado para retratar Klaatu, mas ainda estava sob contrato com a MGM e por isso indisponível. A segunda escolha era Claude Rains (Casablanca), mas ele também estava indisponível. Michael Rennie, tinha feito sua estreia em um filme da Fox: A Rosa Negra, em 1950. Sua atuação e biótipo lhe garantiram o papel. Patricia Neal, acabara de assinar um contrato com a Fox, fora selecionada para interpretar Helen Benson, a viúva de guerra que é a única pessoa a entender completamente Klaatu e sua missão. Seu egocêntrico noivo é interpretado por Hugh Marlowe. Sam Jaffe, fez o Professor Jacob Barnhardt, que tenta marcar o encontro com os líderes mundiais. Foi uma das vítimas do macarthismo e entrou na lista negra do cinema. O filho de Helen Benson foi interpretado por Billy Gray. Lock Martin (1916–1959) foi indicado por Wise após este se lembrar de um porteiro de grande estatura no antigo do Teatro Chinês de Grauman. O ator media 2,31m. Os limites do traje do robô tornaram impossível para Martin se curvar e pegar Rennie e Neal como o roteiro pedia. Um truque de Câmera foi necessário para tal cena.
Marco da ficção científica O Dia que a Terra Parou é um líbero contra a violência e advertência a todos os povos, que nos leva a reflexão do quão é difícil para a humanidade evoluir para uma sociedade de paz e união. Muito se diz que algum dia travaremos contato com outra civilização, mas uma civilização inteligente realmente se interessaria em entrar em contato com uma sociedade que só pensa em guerra, poder e destruição mútua? Termino deixando parte dos versos da canção “O Sal da Terra” (Beto Guedes) para uma reflexão: Tempo, quero viver mais duzentos anos / Quero não ferir meu semelhante / Nem por isso quero me ferir / Vamos precisar de todo mundo / Pra banir do mundo a opressão / Para construir a vida nova / Vamos precisar de muito amor / A felicidade mora ao lado / E quem não é tolo pode ver / ... Terra, és o mais bonito dos planetas / Tão te maltratando por dinheiro / Tu que és a nave nossa irmã ...
Trailer:
Curiosidades:
Lock Martin não era um homem fisicamente forte e não podia carregar Patricia Neal, e por isso teve que ser ajudado por fios (em fotos pelas costas onde ele a carrega, na verdade é um manequim leve em seus braços). Ele também tinha dificuldade com o pesado traje de Gort e só podia ficar nele por cerca de meia hora de cada vez.
Para dar a aparência de perfeição à nave espacial, a rachadura ao redor da porta foi preenchida com massa de vidraceiro e depois pintada. Quando a porta se abriu, a massa foi rasgada, fazendo a porta parecer simplesmente aparecer.
Patricia Neal admitiu em entrevistas que desconhecia completamente durante as filmagens que o filme sairia tão bem e se tornaria um dos grandes clássicos da ficção científica de todos os tempos. Ela assumiu que seria apenas mais um dos filmes de discos voadores atuais e bastante inúteis, e ela achou difícil manter um rosto sério enquanto dizia suas falas.
O Exército se recusou a cooperar depois de ler o roteiro. O estúdio então abordou a Guarda Nacional, que não teve escrúpulos em ver o Exército retratado sob uma luz nada lisonjeira, e ofereceu sua cooperação de bom grado.
As equações vistas no quadro-negro do professor Barnhardt são física autêntica e descrevem uma forma particular do famoso "problema dos três corpos" na gravitação newtoniana, um problema que não tem solução geral de forma fechada. Esses problemas de muitos corpos são centrais para a navegação no espaço interestelar. A maneira de escrever e a organização dos termos mostram que um físico de verdade produziu a obra.
A cena da grande multidão fugindo da área do disco depois que Gort aparece é obviamente um filme "acelerado", fazendo com que a tomada pareça pouco natural. A razão para o efeito acelerado do filme foi explicada pelo diretor Robert Wise em uma entrevista. Parece que, apesar de muitas súplicas e bajulação dele, a multidão de figurantes inexperientes retratando os espectadores do disco simplesmente não se afastava do disco com rapidez suficiente para parecer em pânico e convincente. Depois de várias tomadas, Wise finalmente teve que seguir em frente com as filmagens e relutantemente permitiu que a cena fosse "acelerada" na pós-produção, sabendo que o resultado final provavelmente ficaria estranho.
De acordo com Danny Elfman, a partitura de Bernard Herrmann o inspirou a se tornar um compositor.
Harry Bates recebeu apenas US$ 500 da 20th Century-Fox pelos direitos de seu conto "Farewell to the Master".
Robert Wise foi atraído pelo projeto por causa de sua postura antimilitar aberta e também porque acreditava em OVNIs.
Este foi o terceiro filme de Michael Rennie para a 20th Century-Fox; embora ele estivesse sob contrato com o estúdio por sete anos e tivesse importantes papéis coadjuvantes em todos eles, Klaatu foi o único papel principal que ele recebeu.
Além dos dois trajes Gort usados por Lock Martin, uma estátua de fibra de vidro do robô, vários centímetros mais alta que Lock Martin em seu traje de espuma, também foi feita para tomadas em que o robô deveria estar parado. Um grande busto da cabeça do robô com um visor de controle remoto foi usado para close-ups de Gort disparando seu raio da morte.
A música de Bernard Herrmann para o filme é composta por dois theremins, pianos, harpas, diferentes órgãos elétricos, percussão, cordas solo amplificadas e uma grande seção de metais incluindo quatro tubas.
Para adicionar credibilidade científica ao Produção. Dr. Samuel Herrick, um professor associado de astronomia da Universidade da Califórnia em Los Angeles, foi adicionado à equipe de produção. Trabalhando com os designers e Wise, ele ajudou a projetar o interior da nave de Klaatu, tornando-a tão mundana e estrangeira quanto possível, não incorporando qualquer botões e mostradores terrestres reconhecíveis para os controles.
Lock Martin
Cartaz:
Filmografia Parcial:
Michael Rennie (1909–1971)
Luar Perigoso (1941); César e Cleópatra (1945); A Rosa Negra (1950); O Dia em que a Terra Parou (1951); Jamais Te Esquecerei (1951); O Implacável (1952); Marinheiro do Rei (1953); Uma Trágica Aventura (1953); O Manto Sagrado (1953); Rebelião na Índia (1953); Demétrio e os Gladiadores (1954); A Princesa do Nilo (1954); Désirée, o Amor de Napoleão (1954); O Aventureiro de Hong Kong (1955); Sete Cidades de Ouro (1955); As Chuvas de Ranchipur (1955); Alma Rebelde (1956); O Terceiro Homem na Montanha (1959); O Mundo Perdido (1960); Mary Mary (1963); Cyborg 2087 (1966); Os Poderosos (1968); A Brigada do Diabo (1968); A Batalha de El Alamein (1969); Los monstruos del terror (1970); Conspiração em Surabaya (1974)
Patricia Neal (1926–2010)
Vontade Indômita (1949); O Dia em que a Terra Parou (1951); Feitiço de Amor (1951); Um Rosto na Multidão (1957); Bonequinha de Luxo (1961); O Indomado (1963); A Primeira Vitória (1965); A História de Três Estranhos (1968); Paixão e Crime (1971); Passageiros do Inferno (1979); A História de Patricia Neal (1981); Histórias de Fantasmas (1981); O Amor Mostra o Caminho (1984); Traída Pela Justiça (1992); Flying By (2009)
Sam Jaffe (1891–1984)
Horizonte Perdido (1937); A Luz é para Todos (1947); O Segredo das Joias (1950); O Bárbaro e a Geisha (1958); Ben-Hur (1959); Ben Casey (seriado 1961-1965); Tarzan, O Rebelde da Selva / A Pedra Azul (1967); Os Canhões de San Sebastian (1968); O Altar do Diabo (1970); The Old Man Who Cried Wolf (1970); Se Minha Cama Voasse (1971); Mercenários das Galáxias (1980); Nada é para sempre (1984); Fronteira Brutal (1984)
Billy Gray
Sublime Ideal (1948); Alma de Boêmio (1950); Audácia dos Fortes (1950); Vingança que se Desvanece (1950); Meus Braços Te Esperam (1951); O Dia em que a Terra Parou (1951); Estranho Inimigo (1952); A Noiva de Papai (1953); Um Coringa e Sete Ases (1955); A Hora Escarlate (1956); Papai Sabe Tudo (seriado 1954-1960); Geração Violenta (1961); Os Monstros da Noite (1966); Lobisomens sobre Rodas (1971); A Reunião do Papai Sabe Tudo (1977); Amor e Balas (1979)
Hugh Marlowe (1911–1982)
Entre Duas Mulheres (1937); A Felicidade Vem Depois (1944); Sombras do Mal (1950); A Malvada (1950); O Dia em que a Terra Parou (1951); Cavalgada de Paixões (1952); Levante dos Apaches (1953); Jardim do Pecado (1954); Trágica Fatalidade (1955); 20 Milhões de Léguas a Marte (1956); O Chicote Negro (1956); Entre Deus e o Pecado (1960); O Laço Ameaçador (1961); O Homem de Alcatraz (1962); A Moderna Mata Hari (1963); Sete Dias de Maio (1964); The Last Shot You Hear (1969)
Frank Conroy (1890–1964)
Gigantes do Céu (1931); Grande Hotel (1932); Asas da Noite (1933); O Gato e o Violino (1934); Culpa do Divórcio (1934); Charlie Chan no Egito (1935); O Grito da Selva (1935); Os Últimos Dias de Pompéia (1935) A Astúcia de Nero Wolf (1936); Charlie Chan na Ópera (1936); A Força do Coração (1937); Os Castiçais do Imperador (1937); Os Amores de Edgar Allan Poe (1942); Consciências Mortas (1943); Cidade Nua (1948); Legião Sinistra (1948); Na Cova da Serpente (1948); O Dia em que a Terra Parou (1951); O Moço de Filadélfia (1959); Espinhos da Carne (1960); O Poder e a Glória (1961)
Fontes:
Fantastic Films
Starbust Magazine
Luís, td bem?
ResponderExcluirO Dia em que a Terra Parou é um filme impactante até hoje. E acho que sempre o será.
Quando o vi ( na TV, numa época em que poucas famílias tinham seu aparelho á cores, portanto o preto-e-branco não era desabono algum), o tema de vidas extra-terrestres já era vívido e aglutinava as pessoas. Assim, me lembro da atenção dos meus pais ao assistir o filme comigo, todos nós fixados naquele fantástica estória.
No gênero da Ficção Científica é um filme seminal, um paradigma.
Como obra cinematográfica é enxuto, muito bem editado e conduzido. Os diálogos inteligentes e a boa direção dos atores fez a diferença, pois nos dá a exata medida daquilo que até hoje marca a História Humana: o quanto o Homem pode ser ao mesmo tempo magnânimo e mesquinho, tolerante e violento, um sonhador e uma fera amedrontada.
Todas as alegorias de Klaatu — não como o Cristo, mas a Cristo, ainda que subliminarmente — acabam tornando esta obra um dos melhores libelos contra a insanidade do terror atômico. Sim, vc disse bem, o contexto da época do lançamento do filme foi um dos mais tensos vivido por nós. Hoje só podemos imaginar isso, mas subtraindo a paranóia ideológica daquele período, certamente o filme contribuiu imensamente para que as platéias do mundo ( quiça seus líderes, será? ) parassem para repensar aquela realidade. Ao meu ver, esta é a maior contribuição que a Arte pode almejar: tornar o mundo melhor.
A Robert Wise, todos os fãs de Jornada nas Estrelas devemos enorme gratidão. Por sua filmografia, me pareceu versátil e competente, um trabalhador incansável da sétima arte. Capitaneou alguns filmes que serão sempre citados, isso não é pouca coisa.
Michael Rennie, para mim aqui fez o seu papel mais memorável. Construiu um personagem sempre íntegro, nobre, a personificação do ideal humano da paz e da aceitação entre os diferentes.
O sucesso de O Dia em que a Terra Parou se deve também á boa construção dramática das cenas ( tensas ) de Gorth e da excelente trilha sonora criada. Excelentes! Uma aula de como com pouco, se faz muito.
Apenas para complementar, a refit do filme de 2008 tem um momento, num diálogo específico entre os personagens, muito interessante em prol não só da humanidade, mas em favor de todas as raças inteligentes no seu processo de evolução moral: se fossemos extintos por um poder maior e assim impedidos de errar mais, sim, desapareceria toda dor e destruição causados por nossos erros.
Mas como aprenderíamos, não fossem nossos erros?
Luís, tenho visto sua produção recente e vc está de parabéns. Sinto não comentar quase nada, apesar das escolhas muito felizes as quais vc tem brindado seus leitores. Me esforçarei mais, ok?
Um saudoso abraço!
Olá Mario.. Tudo bem ?
ExcluirRealmente esta é uma obra maior, pelos motivos que você bem dissecou. Apesar de muitas pessoas reclamarem de que o filme é antigo e em preto e branco, nada tira as qualidades dessa obra. Um roteiro impecável, muitos dessa época eram. Ótimos atores e cineastas que entendiam o que estavam fazendo. Acho engraçado quando uma pessoa me diz que "nem era nascida" quando saiu este filme motivo pela qual não veria o filme. Por essa lógica não leríamos história antiga, nem os grandes clássicos. Vai entender ... Robert Wise tem um grande peso no gênero, sem dúvida. Aliás, quanto a Jornada nas Estrelas, assisti "Star Trek Continues" no Youtube, uma ótima dica sua . Uma série "fan made" excelente, que completa alguns episódios e se une ao primeiro filme lançado nos cinemas.
O filme de 2008 é bem realizado, logra em manter uma mensagem reflexiva, mas, como você bem citou, as vezes "menos é mais" motivo pela qual fico com este original.
Quanto a questão de Cristo, você elucidou-a muito bem quando escreveu "não como", "mas a". Acredito que esta seja a melhor explicação.
Quanto as recentes publicações, estava me devendo (e devendo a vocês) filmes "Clássicos" que merecem serem vistos, revisados e analisados. Continuarei por algum tempo nesse sentido, volta e meia publicando filmes mais recentes que tenham me chamado a atenção pelo tema ou pela simplicidade de filmar um assunto, já que a safra atual está um pouco escassa de grandes obras (as constantes greves de roteiristas pode ser uma das causas e a intenção de lucrar mais do que fazer arte possa ser uma outra vertente dentre várias).
Muito obrigado por sempre comentar, volte sempre e um grande abraço.
Luís
ResponderExcluirFico felicíssimo que vc tenha assistido STC. Bons roteiros e boas atuações, não é? O episódio White Iris me surpreendeu e muitos dos demais também são igualmente bons. Q legal!
Temos q ter paciência com essa turma jovem. É pegar na mão e fazê-los ver o que vale a pena, pro bem deles e da memória cinematográfica.
Quanto ás obras contemporâneas, concordo: bons roteiros e boa execução deles está faltando. Sim, e as fórmulas fáceis seduziram os estúdios. Mas tenho de admitir que — como tenho ido pouco ao cinema e também me falta tempo para o home video — não posso dizer que nossa época está ruim. Teria que estar mais ativo.
Viu algo sobre o livro do Zanin?
Olha, eu vi muitas resenhas recentes suas que considero uma obrigação comentar contigo. E o farei. Vai ser homeopático, mas farei.
Abração!
Olá Mario.
ResponderExcluirHá uma questão bem interessante quanto a filmes antigos que as pessoas não querem assistir. Talvez haja uma questão entre obras cinematográficas atemporais e as ultrapassadas. Assim como a arte, as obras atemporais resistem ao tempo porque sua temática se mostra atual, ainda que visualmente pertençam a outra época. As ultrapassadas, especificamente neste caso, são aquelas que não se aplicam mais, se perderam em algum momento e servem mais a título de curiosidade. Talvez você diga: existe arte ultrapassada? É uma boa pergunta, que cabe uma discussão mais ampla.
Os filmes atuais possuem muitas produções voltadas para o consumo rápido, para o escapismo. Não que os anos 40, 50, 60, 70, 80 e 90 ... não tivessem, mas havia uma gama de cineastas e roteiristas que tentavam equilibrar a balança. A minha crítica recai mais no cinema que foge da reflexão quando sua premissa inicial se dirige a isso (diferente do cinema diversão que gosto, mas esse se assume como tal sem pretensões). Os roteiros atuais parecem passar por uma autocensura de pensamento, o que acaba limitando algumas obras, me obrigando a voltar para filmes antigos. Quantos filmes como Platoon; Salvador - O Martírio de um Povo; Z; Desaparecido, um Grande Mistério; Mephisto; Frances ... o cinema atual tem produzido? Pouca coisa, em termos comparativos. Claro que desejo que surjam mais filmes para poder analisá-los, mas estamos em uma entressafra.
Quanto a Zanin, está na lista. Estou me devendo zerar um dezena de livros para adquirir outros e o do Zanin será um deles.
Obrigado por sempre que tem um tempo vir e deixar suas considerações, sempre importantes e que agregam muito às postagens. Um grande abraço e até a próxima.