BOA ATMOSFERA EM UM FILME
DE BAIXO ORÇAMENTO
Karla Davis (Caren L. Larkey) é uma famosa atriz dos anos 60, que agora vive no ostracismo e
que fará um comercial de café que pode reativar sua carreira. No meio da noite
tem um pesadelo que lhe revela a queda de um avião. Ligando para um amigo tenta se certificar que, uma das produtoras do comercial, Denise Watson (Anita
Skinner), não estará no voo, mas não consegue muitas informações. Mais tarde os controladores de voos percebem que um avião caiu sobrevivendo apenas,
milagrosamente, Denise. E praticamente sem lesões.
No hospital, Denise recebe
alta pelo doutor Brian Richardson (Kurt Johnson) que lhe confidencia que ela
pode estar sofrendo de uma condição psicológica chamada “síndrome do
sobrevivente”. Tentando fugir da imprensa, ela sai pelos fundos, pelo setor de
cargas, apenas para encontrar uma estranha menina ferida e um caminhão que
misteriosamente quase a esmaga, mas cujo motorista não se encontra na direção. A
pessoa que lhe aguardava nada viu e acredita que os freios do caminhão estavam
quebrados.
Denise passa a se relacionar com o doutor Brian, mas enquanto engata um romance começa a escutar vozes que chamam pelo seu nome e a perceber estranhas pessoas que parecem estar de algum modo perseguindo-a e observando-a, ao mesmo tempo que Karla faz várias tentativas, mas não consegue gravar o comercial, pois há algo que a perturba profundamente. Denise começa a se apavorar quando Brian lhe diz que o corpo de uma menina, que morrera em uma acidente de barco, sumira do necrotério durante meia hora e depois reaparecera misteriosamente.
O Único Sobrevivente é um
daqueles filmes bem raros de se encontrar nos dias atuais. Lançado pela "Paris
filmes" em VHS, utilizando o selo "America Video". Foi transmitido na tevê aberta em duas ocasiões,
maio de 1994 e maio de 1996, nas madrugadas da Rede Bandeirantes. O título é
algo bem interessante e deveria se chamar “A Única Sobrevivente” já que quem sobrevive é uma pessoa do sexo feminino.
Aqui temos um filme bem interessante, bem na linha do ame ou odeie. Há tantos defensores como detratores do filme. Para analisarmos o filme precisamos entender seu investimento. O filme consta como tendo custado 350.000 dólares na época, ou seja, um valor ínfimo se comparado a diversas outras produções, valor que muitas vezes não pagaria o elenco de um grande filme (ou sequer o salário de um grande astro). Diante desta informação, podemos entender que a falta de recursos obrigou os envolvidos a investirem diretamente na estória, com isso podemos dizer que O Único Sobrevivente é basicamente um filme que se centra em uma contínua atmosfera de terror evitando sustos fáceis e mortes apelativas. Tudo foi construído para prender o espectador numa narrativa que vai se modificando de uma forma mais lenta e que aos poucos este começa a entender sua proposta. Houve quem comparasse com “O Parque Macabro” (Carnival of Souls), mas também há quem veja filmes cuja inspiração vieram deste filme: Premonição (Final Destination - 2000) e até mesmo Corpo Fechado (única sobrevivente de um desastre).
O diretor Thom Eberhardt (que também cuidou do roteiro), em seu primeiro filme (“A Noite do Cometa”, do mesmo ano, é mais conhecido) pegou bons atores iniciantes, vários extras e uma atriz mais conhecida criando uma estória no estilo “a morte lhe persegue”. Denise escapou de um desastre fatal e aparentemente a morte cochilou nessa hora e não a levou, mas como exemplificado por Denise, sobre uma compra feita e que a operadora de cartão não lhe cobrou, “a conta um dia chega”. Uma sutil analogia para explicar ao espectador o que está por vir. Quanto a “Síndrome do Sobrevivente” o filme "Sem Medo de Viver" aborda essa questão de um modo bem interessante. Aqui, a morte manda avisos a Denise e os que estão ao seu redor também passam a correr sérios riscos. O filme carece de algumas explicações e em alguns momentos parece um filme de terror inglês (é uma produção americana), em outros parece um filme de zumbi. Na verdade, me lembrou a imaginativa e famosa série “Além da Imaginação” com seus finais bem atípicos. Falando no final, é um pouco abrupto, inesperado, o que desapontará alguns, enquanto outros gostarão de ver um filme que foge das convencionalidades do gênero.
Quanto ao elenco, há informações bem
interessantes: a atriz que protagoniza o filme, Anita Skinner, foi indicada ao
Globo de Ouro por seu primeiro filme "Girlfriends" (1978), mas, curiosamente, sua
filmografia terminou neste segundo filme e não há informações sobre qual carreira seguiu. Skinner está muito bem
em cena o que dá qualidade ao filme. Caren L. Larkey (que fez Karla Davis) foi
uma das produtoras deste filme e pode
ser vista, recentemente, no filme Corra! (2017) . Kurt Johnson (1952–1986)
vinha de dois filmes bem interessantes: "O Fã: Obsessão Cega" (1981) e "Histórias de Fantasmas" (1981), este foi seu quarto e último filme. O ator faleceria aos
33 anos de causas não informadas. Robin Davidson (que faz a amiga Kristy) só
fez este filme e não há informações disponíveis. Brinke Stevens, que aparece em
uma rápida cena de strip-tease parcial, em um jogo de cartas (como Jeniffer), ficou conhecida como
uma das “Scream Queen” (“Rainhas do Grito”) dos antigos filmes de terror B. A
atriz está na ativa com várias produções a serem lançadas.
O Único Sobrevivente (não confundir
com o filme homônimo de 1970) é uma produção bem diferente do que estamos
acostumados a assistir. Tem bons atores, tem uma boa direção, mas a estória
carece de um pouco mais essência e desenvolvimento tendo um final muito abrupto,
mas diferente. Como dito é um filme que agradará aqueles que gostam de um
terror com uma atmosfera sombria (dentro do que o reduzido orçamento permitiu),
mas desapontará aqueles que procuram filmes violentos e com narrativa dinâmica.
Para quem gosta de filmes raros pode ser uma boa pedida, nos mostrando que com
pouco dinheiro e boas ideias é possível fazer um filme interessante.
Trailer:
Curiosidades:
Disponível no You Tube
Filmado em apenas 28 dias.
Filmado em torno de Orange County, Califórnia, sem autorizações oficiais.
Thom Eberhardt foi o responsável pelo roteiro de "Querida, Estiquei o Bebê" (1992) e dirigiu "Sherlock & Eu" (1988) com Michael Caine
Trilha Sonora:
Where Did You Get that Hat? - Sarah Parr-Byrne
Rock of Ages - Mrs Hudson (Pat Keen) at the theatre
The Man Who Broke the Bank at Monte Carlo - Sarah Parr-Byrne
Rule, Britannia! - Thomas Augustine Arne
Cartaz:
Filmografia Parcial:
Anita Skinner
Girlfriends (1978); O Único Sobrevivente (1984)
Kurt Johnson (1952–1986)
Jane Austen in Manhattan (1980); O Fã: Obsessão Cega (1981); Histórias de Fantasmas (1981); O Único Sobrevivente (1984)
Caren L. Larkey
O Único Sobrevivente (1984); Corra! (2017); Baker's Man (2017)
Bom dia!!
ResponderExcluirGostei do filme mas não gostei do final, porque foi muito abrupto e frustrante. Nossa! impressionante que os protagonistas tiveram uma breve carreira como atores no cinema e que não encontramos quase nada falando dos atores. Obrigada por mais essa resenha e parabéns.
Fabiana.
Bom dia Fabiana.
ResponderExcluirRealmente, o filme é bom com momentos bem interessantes, o final é que careceu de uma melhor elaboração. Também achei bem curioso que grande parte do elenco não seguiu carreira e pouco sabe-se a respeito deles. Obrigado pela sugestão do filme e por mais este comentário. Um grande abraço.