ZUMBIS "MADE IN BRAZIL"
Filme de zumbi brasileiro com poucos recursos, uma câmera
na mão e muita garra. O filme se inicia com dois pescadores: Agenor dos Santos
(Markus Konká) e um pescador sem nome
(Alzir Vaillant). Agenor conta que o manguezal, outrora um local de
várias espécies, hoje é um lugar sem vida e fonte de histórias sobrenaturais.
Batista (Reginaldo Secundo) é pescador de caranguejos no
manguezal e encontra um corpo no local. Inesperadamente é atacado pelo morto transformando-se em um
Zumbi. Paralelamente, outras pessoas passam a ser atacadas pelo que parece ser
uma criatura que habita o mangue.
Luis (Walderrama Dos Santos) é apaixonado por Raquel (Kika Oliveira), que vive com
seu pai (Ricardo Araújo) leproso, (se não for, é culpa da maquiagem!), que parece ter
saído do filme “Papillon”, e sua mãe cega que fica em uma cama. A epidemia
aproximará o casal que tentará fugir do local tendo os zumbis em seu encalço.
Fosse uma produção estrangeira, poderia dizer-se que seria
um filme de terror trash de baixa qualidade. Por ser uma produção brasileira de
terror, em um segmento que praticamente inexiste em nosso país, sem recursos
financeiros dignos, a análise deve ser vista por outra ótica. O filme pode ser
visto como uma mistura de “Evil Dead“ com as histórias de quadrinhos de terror
brasileiras (meados da década de 80), junto com uma homenagem ao mestre do Stop Motion Ray Harryhausen (de filmes como
“Simbad e o Olho do Tigre” e “As Novas Viagens de Simbad”) e “REC” (a
criatura do filme).
O filme tem várias
falhas: é risível em algumas cenas (e esse parece não ser o intuito); os
personagens são caricatos demais e alguns diálogos são pouco naturais. A
maquiagem é boa, mas percebe-se muita "borracha" nas cenas das mortes
dos Zumbis. Falando de maquiagem, o uso de atores masculinos interpretando
femininos ficou ruim e os espectadores mais conhecedores do gênero, além
daqueles que assistem muitas produções,
perceberão na hora. Ficou a dúvida se faltaram atores ou se foi proposital. O
sangue em demasia, com excesso de mutilações, parece querer que o espectador se
esqueça de que, estória, houve apenas no começo, para depois tornar-se uma
montanha russa de zumbis de George Romero.
Como pontos positivos: a
iniciativa de tentar adaptar o filme à
realidade brasileira, mais particularmente, a região rural do país (neste filme
as filmagens foram nos manguezais do Espírito Santo e Guarapari, apesar da
intenção se parecer outro local). O uso de efeitos especiais nos bonecos,
atores e stop motion (a técnica de Ray Harryhausen), em uma cena em que um cadáver
tem um enorme pescoço pendurado com um crânio e ataca Luis e Raquel.
Sangue à parte, o filme vale
pela curiosidade de se fazer cinema brasileiro de terror, com Rodrigo Aragão
responsável como diretor, roteirista, cenógrafo, maquiador (com outros profissionais), marionetes, efeitos especiais e digitais. É interessante
ver o uso de várias técnicas, algumas muito utilizadas há pelo menos duas décadas
atrás e que funcionam, ainda que não muito satisfatoriamente.
Como zumbi está
em voga, nada mais apropriado de ser fazer um filme no mesmo tema. O custo do
longa (estreia do diretor, oriundo de curtas) custou em torno de 50.000,00 reais,
valores completamente irrisórios em produções estrangeiras. Não chega a pagar
sequer os atores principais. Falando em atores, no filme alguns não estão bem
(destaque para a boa interpretação de Markus Konká, o Agenor dos Santos).
Quem espera ver algo como “The
Walking Dead” é melhor nem se aventurar. Os amantes de filmes no estilo Trash poderão curtir muito. As cenas de
comédia (involuntárias) ficam por conta de certos confrontos com zumbis e
algumas falas, decoradas e sem espontaneidade.
Mangue Negro é cinema
autoral (onde o diretor é a força motriz da produção). Rodrigo Aragão não teve
a sua disposição efeitos modernos, tudo foi feito com muita criatividade,
paciência e garra dos envolvidos. Contratempos, repetições exaustivas de cenas,
as águas geladas do mangue. Uma gama de obstáculos que não impediu os
envolvidos de tentarem entregar um produto interessante ao publico, mesmo que os mais
exigentes não o aprovem como um filme merecedor de uma conferida. Na linha ame
ou odeie.
Trailer:
Curiosidades:
Na Alemanha o filme foi
apresentado com o título Brain Dead Zombies.
Rodrigo Aragão
revelou, em seu
making off, que a vovó (Mauricio Junior) do filme, foi baseada na vovó Mafalda do
antigo programa do Bozo
Making Off do filme:
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