TELEFILME DE QUALIDADE
O pequeno John Emil List vivia com mãe que o impedia de brincar com outras crianças por considera-los uma péssima influencia. Sua mãe, uma religiosa luterana fervorosa, trata o filho com fortes conceitos de ordem e disciplina, além de dogmas bíblicos a fim do mesmo obter uma vida de sucesso quem nem o pai e nem o avô conseguiram. John (Robert Blake), agora adulto e casado, se mostra uma pessoa com dificuldades de se relacionar com os demais. Ele se torna um contador, mas sua vida não é o que imaginara.
Certo dia, um vizinho suspeita de que algo está ocorrendo na casa da família List. A polícia pega o homem rondando e ele comunica que algo está estranho: a mulher não tem dado notícias, a música está sempre alta e as luzes constantemente acesas. Quando a dupla de policiais consegue entrar na casa descobre a mãe, a esposa e os três filhos de John mortos a tiros e nenhum sinal do patriarca da família, apenas uma carta endereçada ao reverendo local confessando o crime. Logo, um perfil é traçado: John era considerado um homem muito rígido, pacato e que dava aulas aos domingos na igreja. Ele desaparece, assumindo uma nova identidade, e o chefe de polícia Bob Richland (David Caruso) resolve que se empenhará a todo custo para levar o assassino à prisão. Os anos passam e John, com uma nova identidade, trabalha como contador e frequenta normalmente a igreja, sem arrependimentos do que fizera. Quando conhece Eleanor (Melinda Dillon), planeja uma nova vida, mas Richard consegue um modo de tentar expor John, caso este ainda esteja vivo depois de dezoito anos.
A Marca de um Assassino
estreou em nossas tevês com o título: "Dia do Julgamento: A Hitória de
John List" e pouco foi reprisado depois na tevê aberta. Dirigido por Bobby
Roth, conhecido por ter dirigido 15 episódios do seriado “Prision Break” (entre
20005 e 2009), foi um eficiente telefilme produzido pela rede americana CBS em
1993 e trazendo a frente o ator Robert Blake (1933-2023) do famoso seriado “Baretta”
(1975-1978), na qual o ator chegou a ganhar um Emmy.
Baseado em fatos reais, o
filme se aproxima muito do que realmente ocorreu, algo raro no gênero, e
conjectura através de ocasionais flashbacks o motivo que teria levado List a
cometer o brutal assassinato. O filme inicia com John ainda criança preso a uma
mãe dominadora. E isso iria refletir em sua vida. Seu casamento, com uma jovem
viúva (que nunca esquecera o marido falecido na Guerra do Vietnã), começa bem,
mas aos poucos começa a afundar. A educação que recebera da mãe, tenta repassar
aos filhos e novos conflitos surgem. Quando John resolve levar a mãe (que lhe
ajudará financeiramente) para morar com sua família na mansão, que comprara
pressionado pela esposa, uma mulher de valores bem diferentes dos seus, a
atmosfera para John começa a se tornar insuportável: agora ele vê a esposa e a
mãe como as culpadas por sua vida enfadonha (ele vê outras pessoas sempre sendo
promovidas e recebe feedbacks que sua falta de capacidade de lidar com outras
pessoas é o grande problema). Ele perde o emprego e as dívidas se acumulam (mas
finge estar trabalhando) e os filhos se tornam um obstáculo a ser feliz. Quando
John, agora com o nome de Robert Clark, conhece Eleanor, anos depois, parece que
conseguirá deixar o passado para trás e sua vida tomará um novo rumo acreditando
que poderá ser feliz, mas um programa na tevê chamado “America's Most Wanted” (nós
tivemos em nosso país um programa similar: "Linha Direta") relembra o caso.
O que a produção tenta passar é que List seria um homem que cometeu o massacre acreditando estar fazendo a coisa certa e que acreditava seria perdoado por Deus, preso a uma noção deturpada de certo ou errado criado por sua mãe e interpretações equivocadas da bíblia. Na vida real, os advogados de List tentaram argumentar que ele sofria de “Transtorno Pós-traumático” por ter servido na Segunda Guerra Mundial e na Coréia. List foi condenado a cinco prisões perpétuas. Sua alegação para o massacre foi que sua família iria para “um lugar feliz”, sem dor ou sofrimento, na qual um dia se reuniriam com ele. E que não cometera suicídio, pois não entraria no céu. John morreria na prisão aos 82 anos. O curioso é que na mansão comprada pela família (que sofreu um incêndio não esclarecido três meses depois) foi encontrada um lustre que já estava no local antes da compra e o valor dele (100 mil dólares na época) resolveria todos os problemas financeiros de List.
O elenco é muito bom, o que contribuiu para a qualidade da produção. Robert Blake fez uma composição bem interessante de List, com uma aparência bem diferente da época do seriado. Blake, em sua vida particular, teve sua imagem arranhada com a morte da esposa, assassinada a tiros em um estacionamento na qual ele também estava. O ator foi tido como suspeito e levado a julgamento, mas foi inocentado devido a arma que possuía ser diferente da usada no crime e porque a esposa teria se envolvido em possíveis transações fraudulentas que poderiam ter gerado uma vingança. Beverly D'Angelo é uma atriz com carreira extensa em cinema e televisão. Ele fez a esposa Helen, que perdeu o marido que amava e viu em List um casamento seguro, mas da qual nunca viria a ter. Na verdade, ela nunca foi feliz e seu relacionamento com a mãe de seu esposo era o pior possível. Carroll Baker, famosa atriz da “época de ouro” de Hollywood interpretou Alma, mãe de List. O filme a colocou como uma mulher manipuladora e que mantinha controle sobre o filho até na fase adulta. Nunca concordou com o casamento do filho e odiava a nora. A criação que dera a List, conforme o filme, o transformou em uma pessoa sem capacidade de conduzir a própria vida, inseguro e sem capacidade de adaptação, um homem que apesar de possuir uma formação (em Administração com mestrado em Contabilidade), nunca conseguiu manter-se durante muito tempo em um emprego. David Caruso interpretou o obstinado chefe de polícia, que não aceitou encerrar o caso e Alice Krige fez a irmã de Helen List. Melinda Dillon interpretou Eleanor, uma mulher divorciada que conheceu List em uma reunião social da igreja e se casou com ele, sem saber que este assumira uma nova identidade. O restante do elenco não é muito conhecido em nosso país.
A Marca de um Assassino é um
telefilme muito interessante com uma história que prende o espectador. Robert
Blake fez uma composição muito interessante, apoiado por um elenco muito bem
representado. É um telefilme da época em que as emissoras americanas investiam em
obras de qualidade e concorriam entre si. Um telefilme que merece ser
redescoberto.
Promocional:
Curiosidades (contém spoilers):
O filme estreou em 06 de julho de 1996 no Supercine da rede Globo e resurgiu em 1998 no Intercine
Frank Bender, o renomado escultor forense da Filadélfia, PA, recriou e envelheceu a cabeça de John List. Quando foi exibido no America's Most Wanted, ele foi capturado poucos dias após a exibição por um informante que o reconheceu como um morador de sua comunidade.
Antes dos assassinatos, List escreveu uma carta às escolas de seus filhos dizendo que a família estaria fora da cidade por algumas semanas para cuidar de um parente doente. A polícia foi chamada quando vizinhos notaram as luzes da casa se apagando uma a uma. Como não se sabia se a mãe idosa de List estava com a família, a polícia entrou na casa e descobriu os corpos. A polícia também encontrou uma carta manuscrita de 5 páginas escrita por List e endereçada ao seu pastor. Nesta carta, List fez uma confissão completa.
Carroll Baker, que interpreta a mãe de John List, era menos de dois anos mais velha que Robert Blake, que interpretou seu filho.
Quando a casa dos List pegou fogo em 1972, foi descoberto que o vitral da claraboia sobre o salão de baile foi feito por Louis Comfort Tiffany e valeu cerca de US$ 100.000,00.
John List afirmou em uma entrevista que originalmente planejava matar sua família em 1º de novembro de 1971, porque era o "Dia de Todos os Santos", um dia que ele considerou apropriado para mandá-los para o céu. No entanto, devido a uma interrupção nos seus planos de viagem, ele adiou os assassinatos para oito dias depois, 9 de novembro.
List deixou todas as luzes da casa acesas e a música tocando para dar à casa uma aparência de habitada e dissuadir quaisquer intrusos.
O aniversário de John List era 17 de setembro (1925), e o de Robert Blake, 18 de setembro (1933).
Blake nasceu em Nutley, NJ, a aproximadamente 25 minutos de Westfield, NJ, onde ocorreram os assassinatos de List.
O ator que interpretou John List, Robert Blake, foi acusado do assassinato de sua esposa Bonnie Lee Bakley em 4 de maio de 2001. Blake foi absolvido em 16 de março de 2005.
Robert Blake em Baretta
Beverly D'Angelo em Férias Fustradas
David Caruso em CSI Miami
Alice Krige em Jornada nas Estrelas : Primeiro Contato
Carroll Baker em Assim Caminha a Humanidade
Cartaz:
Filmografias Parciais:
Robert Blake (1933-2023)
Beverly D'Angelo
Carroll Baker
David Caruso
Alice Krige
Carruagens de Fogo (1981); Histórias de Fantasmas (1981); Rei David (1985); Barfly: Condenados pelo Vício (1987); Sonâmbulos (1992); Jornada nas Estrelas: Primeiro Contato (1996); O Pequeno Vampiro (2000); O Chamado do Anticristo (2000); Reino de Fogo (2002); A Sombra do Medo (2004); Stay Alive: Jogo Mortal (2006); Terror em Silent Hill (2006); O Contrato (2006) O Cativeiro (2008); Solomon Kane - O Caçador de Demônios (2009); O Aprendiz de Feiticeiro (2010); Thor: O Mundo Sombrio (2013); O Príncipe do Natal (2017); O Príncipe do Natal: O Casamento Real (2018); The Bay of Silence (2019)
Fontes:
Jornal O Globo
Jornal do Brasil
IMDB
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