Heidi
(Shirley Temple) é uma órfã que vive com sua Tia Dete (Mady Christians) que
consegue um emprego e resolve se livrar da sobrinha levando-a aos alpes suíços
onde vive seu recluso avô, Adolph Kramer (Jean Hersholt), um homem que vive como
ermitão e que passou a ser temido pelos moradores por seu temperamento tempestivo. Ao
contrário do que se podia imaginar, Kramer, que fora contrário ao matrimônio de
seu falecido filho, acolhe a pequenina órfã, pura de coração, em sua casa e o encanto de Heidi o vai
conquistando a cada dia. Kramer se torna um avô dedicado e um laço afetivo é
criado até o dia que a Tia de Heidi volta
sem aviso e a sequestra, levando-a a viver contra a vontade em uma casa rica que
abriga uma cruel governata, Fraulein Rottenmeier (Mary Nash), com o intuito de
fazer companhia a uma doce menina chamada Klara (Marcia Mae Jones), presa a uma
cadeira de rodas. Heidi deseja intensamente voltar para seu avô e este parte em
busca da única pessoa capaz de lhe fazer feliz.
Filme
de 1937 com a atriz Shirley Temple novamente em um papel que conquistou a América em um de seus momentos mais
duros da história: a depressão econômica dos anos 30, onde a pequena atriz
passou a ser sinônimo de esperança para toda uma nação com seus filmes recheados de alegria e superação.
Heidi
ainda visto hoje é um filme que impressiona. Não há efeitos especiais ou uma
estória incrível. Na verdade tudo se sustenta a partir de uma narrativa bem
simples, uma direção que conseguiu transpor para as telas com uma eficiência
impressionante e o carisma de Temple que realmente era uma excelente atriz,
capaz de prender até hoje, mais de 80 anos depois de seu lançamento, um público
que talvez nunca tenha ouvido falar da produção ou da atriz. É o tipo de filme
que pode surpreender quem acha que um filme dos anos 30 não tem nada a oferecer
nos tempos atuais.
O
filme foi baseado no conto juvenil de Johanna Spyri e teve várias versões para
o cinema, mas poucas com uma atriz mirim tão carismática e talentosa como
Temple. Admito que pouco conhecia a respeito dos filmes dessa atriz falecida em
2014 e me peguei surpreso ao ver um filme que parece voltado ao público
infantil, mas que possui um conteúdo perfeitamente assistível por adultos.
Talvez seja a força do livro, talvez seja o magnetismo de Temple ou ambos.
Heidi
foi dirigido por Allan Dwan (1885–1981)
que colocou os seus pés na Galeria da Fama de Hollywood em 1960 com
várias produções no currículo, inclusive o filme Titanic (1927). A Twentieth Century Fox ficou por trás do
projeto e as filmagens foram feitas nos estúdios da própria e em Big Bear Lake,
Big Bear Valley, San Bernardino National Forest na Califórnia. O elenco também
foi muito bem escolhido: Delmar Watson foi escolhido para interpretar Peter por Temple depois de trabalharem juntos em Rixa Antiga (1933). O jovem Watson não recebeu
suas falas até um dia antes de serem filmadas, para que não tivesse tempo de
decorá-las e parecesse lento. Jean Hersholt, que fez o avô, está ótimo e chegou a
cair nas filmagens devido ao calor da época e a vestimenta de frio que usara
para o filme. Marcia Mae Jones, que faz a jovem Klara, era quatro anos mais
velha, o que preocupou a mãe de Temple na época, visto que poderia roubar os
holofotes da "filha", mas estas tornaram-se amigas e, após o filme, Marcia
recebeu cartas de fãs de crianças que apresentavam
deficiências de todo o mundo. Outros dois que se destacam são Arthur Treacher (1894–1975), como o mordomo
Andrews e Mary Nash (1884–1976) a governanta que odeia Heidi. Nash faria outro filme com Temple: "A Princesinha" em 1939 que também teve a participação de Marcia Mae Jones.
Heidi é um filme atemporal de um época em que o mundo era "mais ingênuo", ou pelo menos o cinema. Um filme divertido com momentos engraçados que até nos leva à reflexão do que o ser humano é capaz pelo dinheiro. Um filme acima da média que merece ser redescoberto ainda mais que foi lançado em DVD e também pode ser encontrado no Youtube. Diversão garantida.
Curiosidades:
Na cena em que Heidi é atacada por uma cabra e cai, Temple foi realmente atacada nas primeiras tomadas. Embora mais tarde ela tenha dito que ser agredida não era doloroso, sua mãe, Gertrude Temple, ficou preocupada com sua segurança e insistiu em que uma dublê fosse usada.
Shirley Temple desenvolveu problemas de garganta depois que engoliu acidentalmente neve falsa durante uma cena de inverno, e a equipe teve que observá-la por dois dias.
Shirley Temple sugeriu a ideia e o posicionamento da sequência "In Our Little Shoes Shoes" porque ela sentiu que a música animaria o filme.
Uma cena em que Heidi ensina Peter a ler foi cortada do filme final.
Poster:
Filmografia Parcial:
Shirley Temple (1928–2014)
Alegria de Viver (1934); O Seu Primeiro Amor (1934); Dada em Penhor (1934); A Queridinha da Família (1934); A Mascote do Regimento (1935); A Pequena Órfã (1935); A Pequena Rebelde (1935); Pobre Menina Rica (1936); Princesinha das Ruas (1936); Queridinha do Vovô (1937); Heidi (1937); Sonho de Moça (1938); A Princesinha (1939); O Pássaro Azul (1940); Kathleen (1941); Ver-te-ei Outra Vez (1944); Ninguém Vive Sem Amor (1945); Solteirão Cobiçado (1947); Sangue de Heróis (1948); Uma Mulher Contra o Mundo (1949); Têmpera de Vencedora (1949); Shirley Temple's Storybook (1958-1961 seriado)
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