UM AR DE CRIATIVIDADE NO GÊNERO
Hector (Karra Elejalde) e Clara (Candela Fernández) são um
casal comum, recém chegados a sua nova moradia.
Enquanto sua mulher vai à cidade fazer compras, o marido resolve
inspecionar os arredores com um binóculo e o que presencia lhe deixa intrigado:
uma jovem seminua na floresta (a atriz Bárbara Goenaga) que parece saber de sua
presença, mas que desaparece de suas
vistas. Resolvendo investigar encontra a jovem nua e desacordada, sendo
atacado e perseguido por um homem com o rosto coberto de ataduras.
Ao refugiar-se em um laboratório recebe a ajuda, por
rádio, de uma pessoa (o próprio diretor, Nacho Vigalondo) que está em outra
área do complexo. Hector foge com o estranho em seu encalço e, ao chegar ao
local, é colocado em uma câmara fechada. Quando sai, descobre ter entrado num protótipo
de máquina do tempo que o transportara para uma hora antes dos acontecimentos.
Ao ver sua esposa, com o que seria ele nesse presente, só resta uma coisa a ser
feita: tentar consertar a situação e voltar para o seu tempo correto, sem
interagir diretamente com sua versão atual.
Longa de estreia do diretor espanhol Nacho Vigalondo que concorreu
ao Oscar, em 2003, pelo curta “7:35 de La Mañana” e que aqui também foi responsável
pelo roteiro. Com uma produção de baixo orçamento, Vigalondo leva o espectador a acompanhar uma estória e, ao longo da
projeção, lhe surpreende com uma intrincada dissecação dos acontecimentos. Los
cronocrímenes (título original) pode ser uma dica até interessante do que estar
por vir: Cronos, na mitologia grega, era
um titã, filho de Urano e Gaia, sendo visto
em seu aspecto destrutivo como o tempo inexpugnável que rege os destinos e a tudo
devora (Wikipedia)
O filme se apresenta de uma forma bem modesta, passando a
impressão de que a estória não apresentará muitos atrativos, mas de acordo com
que os eventos se sucedem a trama ganha
corpo, os personagens tornam-se progressivamente interessantes e a curiosidade
de como essa estranha estória se desenrolará ganha os espectadores. Um dos grandes
méritos da produção foi apresentar um exercício de criatividade de uma maneira
simplória, mas numa narrativa complexa, exigindo apenas de quem assiste, total
imersão, para não se perderem nas
reviravoltas que o roteiro nos revela.
Viagens no tempo ou temporais podem
apresentar bons filmes. Essa questão pode ser apresentada com várias nuances:
viagem ao futuro (“O Planeta dos Macacos” 1967; “De Voltas Para o Futuro 2”; “
A Máquina do Tempo”); viagens do futuro (a saga “Exterminador do Futuro”); personagens
que não podem interagir entre si (“De Volta Para o Futuro 1”) para evitar um
caos temporal; viagem ao passado (“Projeto Filadélfia”); criação de novas
linhas temporais (a nova saga “Star Trek”) ou realidades paralelas (“Planeta
dos Macacos” 2001) e os paradoxos da predestinação (“Predestinado”; “O Homem do
Futuro” e “O Efeito Borboleta”, na qual os personagens interagem para tentar
reverter os danos dos pulos nos tempos). Há ainda diversos outros filmes com
diversas outras teorias (“Donnie Darko”; “Sr Ninguém”; “Triangulo do Medo”; "No Limite do Amanhã"). O
que credencia Crimes Temporais a entrar nessa seara ? A direção, o elenco (de
cinco atores) e a forma simples de apresentar os eventos.
O espectador não deve esperar uma conclusão mastigada
como tantas outras. Num gênero que
necessita de constante renovação, a ficção científica, Crimes Temporais
cumpre, no fim das contas, o seu papel primordial: entreter e pensar (ou teorizar).
Trailer:
Curiosidades
Orçado em $2.600.000,00
Trilha Sonora:
Picture This - Blondie
I Need To Be Back Home - Ultraplayback
The Ballad of Coconut Wine and Hidden Dragon - Aránzazu Calleja e Lluis Antonio Gomez Martinez
Dark Country - Santiago Ibarretxe
Agradecimento a Luis Otávio Lango pela indicação do filme
I Need To Be Back Home - Ultraplayback
The Ballad of Coconut Wine and Hidden Dragon - Aránzazu Calleja e Lluis Antonio Gomez Martinez
Dark Country - Santiago Ibarretxe
Agradecimento a Luis Otávio Lango pela indicação do filme
Confesso que me surpreendi com esse filme kkkk. Bem interessante.
ResponderExcluirBoa Noite Marcos. Sem dúvida. Assisti esse filme recomendado por um amigo e me surpreendi com a forma direta e até, diria, divertida como foi feito. O cinema espanhol sempre foi um fornecedor de bons filmes, mas a maioria não chegava por aqui. Agora com novas plataformas como a Netflix e Amazon muita coisa interessante tem se revelado. Já analisei 14 produções que são bem interessantes (ao lado na categoria - Países: Espanha). Muito obrigado por mais esse comentário e volte sempre. Abraços
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