Esses são os fatos reais: Em 2 de fevereiro de 1959 um grupo de nove esquiadores russos foram
encontrados mortos, em circunstâncias misteriosas, em um local chamado Montes
Urais (antiga União Soviética). Seu destino era uma montanha chamada Otorten (que na língua dos povos nativos
significa "não vá até lá"). O que se sabe foi que, no quarto dia, uma
nevasca obrigou o grupo a acampar em um local chamado Montanha Kholat Syakhl
(que significa “Montanha dos Mortos”). Dez dias depois uma equipe de resgate
foi à procura do grupo. A investigação concluiu que as barracas foram cortadas
de dentro para fora; o grupo fugiu de meias ou descalços; não havia sinais de
luta, os corpos estavam prematuramente envelhecidos e suas peles estavam
alaranjadas e os cabelos esbranquiçados.
Eram sete homens e duas mulheres. Os cinco primeiros encontrados
(apenas com roupas íntimas) morreram de hipotermia. Os quatro corpos
encontrados, 2 meses depois, mudaria o rumo das investigações: dois estavam com
fraturas no crânio e outros dois corpos com costelas fraturadas que perfuraram os
corações (mas as peles estavam intactas) e um dos corpos femininos estava sem a língua (jornalistas
chegaram a relatar que 6 dos membros do grupo morreram de hipotermia e 3 de
ferimentos fatais)
A investigação chegou a conclusão que somente uma força extremamente
poderosa poderia ter causado alguns dos ferimentos que se assemelhavam a uma colisão
com um automóvel em alta velocidade ou um esmagamento de alta pressão. E havia
evidências de radiação nas roupas. Houve relatos de estranhas esferas de cor
laranja sobrevoando o local. Nunca se chegou a uma conclusão do ocorrido e o
local passou a ser chamado de “Passo Dyatlov”, em homenagem ao líder do
experiente grupo, Igor Dyatlov. Os corpos foram enterrados em caixões de zinco.
Documentos que foram arquivados pelo serviço secreto só
vieram a público nos anos 90 e com partes faltando sobre o que se denominaria "Incidente
do Passo Dyatlov".
Então chegamos a "O Mistério da Passagem da
Morte", filme de 2013, dirigido pelo diretor Renny Harlin ("A Hora do
Pesadelo 4: O Mestre dos Sonhos"; "Duro de Matar 2"; "Risco Total"; "Do Fundo do
Mar"...) que tenta aproveitar a história e dar o que seria sua versão do
extraordinário. E o problema talvez resida exatamente aí: o filme é baseado em
fatos reais apenas ao contar o ocorrido no local, no início do filme. Daí pra frente
é algo completamente diferente: cinco estudantes norte-americanos resolvem
fazer um trabalho para a faculdade abordando o curioso caso de "Passo
Dyatlov" e nada como ir onde ocorreram as misteriosas mortes e fazer
um trabalho "in loco". E claro que acontecerão vários problemas e o
que quer que esteja no local aparecerá novamente, depois de décadas, atrás dos
incautos estudantes. Isso está bem na cara, nem precisa olhar a sinopse. Já viu esse filme antes? Provavelmente, mas
até que o filme prende a atenção.
O diretor resolveu dirigir uma versão fantástica dos
acontecimentos, onde colocou um pouquinho de cada coisa: monstro das neves,
conspirações e até citou o cobertor de eletricidade de Einstein,
mostrado em forma de ficção no filme "Projeto Filadélfia", aliado a isso temos o paradoxo da predestinação comentado de forma bem sutil, o que
explica um pouco do final que muitos não perceberam. As cenas de ação ficaram boas porque o diretor tem experiência
na área e sabe conduzir bem uma estória.
Não sei se a opção pelo found footage foi a melhor
escolha. Desde "A Bruxa de Blair" muitos tentam esse formato e poucos conseguem
resultados destacados. Se a intenção era dar “veracidade” a estória, o roteiro pecou em juntar diversos elementos para
se aprofundar em apenas um determinado, perto do final. Com isso o espectador deve ter em mente que o
filme não é uma dramatização do ocorrido, mas um exercício de criatividade sob
a história oficial.
Quanto ao elenco, a utilização de atores pouco
conhecidos não influenciou, mas também não funcionou como chamariz para o público querer assistir (a maioria dass pessoas gosta de atores conhecidos). Há dois atores que se destacam (a dupla principal) e o restante compõe a estória.
É um filme bem interessante que vai numa crescente, mas que perto do final perde um pouco de sua força. O diretor deixou algumas pistas pelo caminho. Quem está familiarizado com filmes que abordem paradoxos temporais terá facilidade de compreender, pois há vários clichês do gênero. A dificuldade ficará para aqueles que pouco veem filmes deste tipo. No final causa certa decepção, mas vale pela solução bem louca que o filme apresenta. Mas claro que um mistério que perdura há anos não seria facilmente desvendado em uma produção de ficção.
Trailer (em inglês):
Curiosidades:
O diretor foi até Moscou fazer pesquisas nos arquivos do governo
Trilha Sonora:
Chalyava - Brazza
Choose Life - Mirror Talk
Down and Out - Mirror Talk
Forrest - Yuri Poteyenko
Bunker - Yuri Poteyenko
Au Au -Yuliana Yan
Ninety Nine Pounds of Dynamite - Buddy Stewart
Unrest - Oh Boy Les Mecs
Slowly Moving - Yuri Poteyenko
O Livro de Anna Matveeva:
Dicas para entender o final (contém revelações do filme):
A mulher revela ter estado no local dos acontecimentos na época;
A revelação de que nove seria um número incorreto;
Atenção à cena rápida dos lobos passando ao fundo (lobos ou ...
descubram !!!!);
A explicação do Experimento Filadélfia (explicada em minha análise do filme aqui);
Atenção ao início da análise onde explano os fatos reais e
o estado dos corpos;
Atenção ambientação dos personagens no final do filme
(pela frase dos militares surpresos);
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